sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Os Sábios que não creem na Verdade!!!

   Há cerca de 2.500 anos atrás, no século V a.C., uma cidade se destacava no centro da planície Ática, às margens do Mar Egeu. Sua cultura urbana e cosmopolita era baseada na democracia e na participação de todos os cidadãos (homens adultos e livres) nas decisões política. Seu nome era Atenas, em homenagem à deusa da sabedoria da antiga mitologia grega. 

   Mas não foi a mitologia que direcionou a cidade ao eu esplendor cultural e a sua importância histórica. Ao contrário, foi a razão. 

   Naquele período, o povo grego passava por um período de conflitos e mudanças significativas que acabariam por impactar, não somente a sua própria história, como também em toda a civilização ocidental. Dividida em Cidades-Estado, que tinham formas de organização política, leis e economias próprias, a Grécia começava a desenvolver o pensamento crítico em confronto ao pensamento mítico. 
  
  Esse desenvolvimento foi possível pelas transformações que algumas das principais Cidades-Estados passaram. Monarquias e tiranias baseadas na força e no direito divino vinham sendo substituídas por uma forma mais igualitária e participativa de organização sócio-política, chamada Democracia.
  Com a implantação desta organização a capacidade discursiva, a oratória e o conhecimento ganharam força e se sobrepuseram a direitos inatos e à força bélica, ao menos internamente a esses Estados. O poder do convencimento sobrepujou o poder da espada. Nesse contexto, surgiu uma nova classe: Os Filósofos. E posteriormente uma importante subclasse: Os Sofistas.

  Mestres do discurso e da oratória, os Sofistas marchavam pela Grécia, geralmente vendendo seu conhecimento e preparando grandes estadistas para os embates nas Assembleias de Cidadãos, nas cidades em que a democracia imperava. 
  Muitas vezes são vistos como enganadores, especialmente hoje, uma vez que os conhecemos principalmente devido a citações de seus adversários mais famosos (como Platão e Aristóteles) uma vez que poucos escritos dos próprios sofistas permaneceram. Mas o termo sofista deriva da palavra sábio. Mestres da retórica, nãos constituíram uma escola de penamento em si, como monistas ou eleatas. Em geral acreditavam que a explicação do real poderia ser dada apenas por meio de fenômenos percebidos sensorialmente. A realidade é mutável e o que é provável se torna mais importante do que seria de fato verdadeiro, dado que a verdade é praticamente inalcançável aos sentidos humanos. 

  "O homem é a medida de todas as coisas" - frase célebre do filósofo Protágoras, conhecido como o sofista mais importante. Esta afirmação é comumente considerada como a melhor síntese para o penamento atribuído aos sofistas. Apesar de uma forma de pensar que pôde-se analisar padronizadamente, a principal função deste grupo foi ensinar retórica e oratória aos cidadãos que pudessem lhes pagar. 
  Os sofistas tiveram grande importância no desenvolvimento da poética e da gramática, devido ao rigor vocabular e ao estudo da linguagem e da tradição cultural do seu povo.


  

  

Um comentário:

  1. Mas ao mesmo tempo que contribuíram para o desenvolvimento de disciplinas tão importantes, não teriam também feito um desserviço à democracia ao afastar os cidadãos da busca da verdade e da justiça e os aproximado do convencimento por interesse? Não poderiam, ao contrário dos primeiros pensadores, distanciar homem do conhecimento científico e deixá-lo a mercê da lábia e da esperteza, criando um reino da malandragem?

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