sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Deméritocracia parte 2

Onde vamos parar? Estudar passa a ser vergonha e ser estúpido passa a ser mérito! Quanto mais se grita, mais se é ouvido! Quanto mais se argumenta, mais se é contestado.



Quais são os critérios da nossa sociedade? Se um morador de rua vier te dizer que a Terra é esférica, tu o responderias dizendo o que? Sim? Não já sabe? A sua resposta depende quanto do interlocutor? 

Será que nos vale mais quem está falando do que o que esse alguém está falando? 

E se esse mesmo morador de rua te dissesse que a Terra é plana? O que tu responderias? Será que responderias? Ou deixaria passar em branco, dado que não passa de um morador de rua, sem dinheiro, sem status, sem influência, portanto sem direito ao debate, sem direito à voz? 

Mas um renomeado youtuber faz as mesmas considerações. Aí sim, você não hesita em comentar. Será só a comodidade d estar online? 

Até que você descobre que o youtuber é analfabeto e o mendigo tem PHD! 

Mas o que norteia nossa noção de meritocracia? O sucesso financeiro? O sucesso social? Os títulos diplomados?

Tudo relativo. 

Cada pessoa é uma pessoa, é um ser humano, um universo inteiro dentro de si. Será que o sentido da vida humana não está nisso? Em reconhecer o potencial ilimitado de cada indivíduo? 

sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Cândido - Por que do otimismo?

"Vivemos no melhor dos mundos possíveis"!



Este é o lema do personagem Cândido, do conto filosófico homônimo (Cândido, ou O Otimismo) escrito por Froçois-Marie Arouet, mais conhecido  como Voltaire, em 1758. Na obra, o autor iluminista assina com o pseudônimo de "Monsieur le docteur Ralph (Senhor Dr. Ralph) e satiriza principalmente as ideias otimista de outro famoso filósofo: Leibniz. 

Na obra, o mantra recitado insistentemente por Cândido lhe fora ensinado por seu mentor Dr. Pangloss. O jovem protagonista fora criado apartado do mundo em um castelo no qual recebe os ensinamentos do mestre, otimista como Leibniz. 

Porém, acidentalmente acaba beijando a filha do Barão do Castelo e sua prima, Cunegundes e, por isso é expulso de lá. 

Após esse acontecimento, o jovem é exposto a uma sucessão de desventuras que, pouco a pouco vão destituindo este otimismo exagerado sobre a vida e lhe demonstrando o lado obscuro do mundo. E assim torna a sua visão menos exagerada (digamos assim) pelo otimismo de seus primeiros anos. 

O livro aborda muitas questões filosóficas, como o bem e o mal, a religião, a política, a guerra, até outros filósofos, sempre em tom satírico. 

Os acontecimentos históricos recentes também influenciam muito no roteiro da obra, como a Guerra dos Sete Anos (1756-1763) e o Grande Terremoto de Lisboa (1755).


Voltaire é certamente um dos filósofos iluministas mais icônicos. Sua forma de contar as histórias e tratar de temas relevante, assim com ode fazer suas críticas, de forma satírica e irônica o tornam um dos filósofos de leitura mais simples. 

Neste conto, a mistura de romance, aventura e comédia tornam a leitura leve e agradável até para os mais jovens. 


sexta-feira, 15 de outubro de 2021

Dia dos professores

15 de outubro é o dia em que se homenageia o professor, em todo o Brasil. A data era comemorada de forma informal, desde que D. Pedro I sancionou a primeira lei educacional do Brasil. 



Mas foi um projeto da Deputada Estadual Antonieta de Barros, filha de mãe escrava liberta e eleita por Santa Catarina em 1934 que oficializou a data. 

Ela criou o projeto em 1948 e em 1963, o então presidente João Goulart assinou o decreto federal que oficializou o dia de vez.

Na filosofia, os filósofos em geral são vistos como professores. Tales de mileto teria sido o primeiro deles e, sua visão de construção de conhecimento em conjunto com seus alunos e não apenas impondo sua visão foi determinante para o desenvolvimento do pensamento racional e do senso crítico no Ocidente. 

Deixamos aqui nossos parabéns para todos os professores, em especial para aqueles que se dedicam a alimentar a criatividade e propor participação ativa dos alunos na construção do conhecimento! 

Parabéns! E se mantenham pensantes !

sexta-feira, 8 de outubro de 2021

Demeritocracia [Parte 1]

Será que existe meritocracia, na sociedade atual?

Quantas horas de estudo e trabalho até bem feitos são necessários para tratar de assuntos complexos e necessário, úteis e que não têm retorno, porque a sociedade se ocupa em consumir conteúdos rasos, descartáveis e imediatistas, que apenas divertem por um curto período?



Quando se vê funções que, embora sejam interessantes, mas que não são imprescindíveis para a sociedade são tão bem remuneradas, enquanto muitas funções fundamentais para a manutenção da vida geral recebem remunerações pífias é preciso refletir sobre a moral remuneratória e o conceito de renome e mérito.

Na prática, a meritocracia é um conceito altamente contestável e deve ser relativizado. Principalmente na questão da heteronomia, um fenômeno que acontece quando alguém que não tem formação ou histórico em uma área usa veículos de comunicação para abordar o assunto, como se fosse um especialista. 

Vemos artistas, atletas, "influencers" que tratam de política e medicina, sem nunca ter estudada sequer um pouco sobre isso e usam suas famas para influenciar os menos abastados cognitivamente. 

Ao mesmo tempo em que isso acontece, vemos os recursos naturais se tornarem cada vez  mais escassos, em um mundo que é comandado exatamente por pessoas, cujo sucesso é resultado dessa mesma forma pitoresca e distorcida de meritocracia. 

Vivemos em uma sociedade que acha que fraude é mérito, que acha bonito quando se paga fichas telefônicas para os colegas ligarem pra rádio e pedirem a música dos filhos. Ou acha esperteza aqueles que criam perfis alternativos para cumprirem metas de inscritos, em redes sociais. 

Quanto mais idiota, melhor. Muita cultura, muito conteúdo não traz retorno. 



Araújo Neto


sexta-feira, 1 de outubro de 2021

A Nova Caverna

Encerrados em seus próprios mundos e escravizados pela tecnologia, cada ser humano do século XXI vive,  a sua própria realidade. 



A verdade não se encontra na experiência ou no raciocínio, mas no pronunciamento da celebridade favorita, em sua rede social. 

As palavras, geralmente vazias, do artista, músico, político, modelo, ou atleta favorito torna-se verdade, sem julgo, sem crítica, sem a menor tentativa de experimentação. 

Se pensamos que um remédio vai tratar certa doença, não há estudo ou prática laboral que demova o ser humano de sua crença. 

Vivemos um mundo em que dogmas são impostos e raramente discutidos, em todos os âmbitos. 

O ser humano hoje vive encarcerado em sua caverna, vendo as sombras da vida, acreditando que estas são as coisas reais e não a suas impressões. 

O mito da caverna é uma passagem do livro "A República", escrito por Platão e que tem Sócrates, como personagem principal. 

Este conceito é apresentado por Platão, que se refere a um grupo de homens presos no interior de um caverna. Eles estão sempre de costas para a saída e há um muro entre eles e o mundo exterior. Do lado de fora, algumas pessoas passam com figuras e as sombras desses objetos aparece na parede interior da caverna. 

Os homens ali acorrentados observam as sombras e as tratam como se fossem os próprios objetos reais. Dessa forma, ele entendem como o mundo real o mundo das sombras que aparece no interior da caverna. 

Até que um deles se solta e descobre o que há no mundo exterior, o que há na realidade. Ele volta e tenta libertar os demais, mas Sócrates e Glauco (seu interlocutor no diálogo) acreditam que este seria punido severamente, ou considerado insano, pelos prisioneiros que não conheciam a luz. 

Esta passagem introduz ao dualismo platônico, que é representado pela dicotomia entre a luz e a sombra, entre o mundo sensível e o mundo das ideias, que seria o mundo pleno. 

Ela também mostra a importância do filósofo como aquele que busca o conhecimento verdadeiro e tem a possibilidade de apresentá-lo à sociedade. Entretanto também aponta a possibilidade deste não ser bem recebido pela sociedade. 



Hoje, nossas cavernas são nossos celulares, tablets, notebooks, computadores. Vemos por meio destes, em nossas redes sociais um mundo de sombras e fingimentos e acreditamos neste como uma realidade de fatos. 

Será possível que consigamos nos livrar dessas amarras e buscarmos a luz? 

Será que queremos?


Araújo Neto