sábado, 9 de julho de 2022

React é conteúdo?

O "react" é uma forma de gerar conteúdo, principalmente para vídeos, rápida e simples. Ela consiste em um apresentador, ou youtuber que assiste a um vídeo ou ouve uma música e expõe suas expressões e reações ao fazê-lo. 



Essa fórmula se popularizou na última década no youtube, principalmente. Isso se deve em grande parte ao fato de a plataforma restringir ou não permitir monetização para vídeos repetidos sem nenhum conteúdo adicional. 

Para tentar continuar recebendo algum pagamento da empresa sem precisar criar algo essencialmente novo, alguns "produtores de conteúdo" apelam para o modelo, uma vez que não precisariam estar criando nada e só expor publicamente algo que fazem no particular. 

O curioso é que muitas vezes, o vídeo reagido tem mais acessos do que o próprio vídeo original, o que em grande parte é devido pelo tamanho do "produtor" que reage.

Um dos grandes nomes dessa onda, Casimiro Miguel, ou apenas Casimiro, ou mesmo Casé afirmou que "muita gente quer apenas uma companhia para assistir a um vídeo", uma declaração que preocupa para o futuro da humanidade e faz crer ser real a visão mais distópica sobre a inserção da tecnologia na sociedade. 

Mas, ao menos para nós, a grande questão acerca da prática do react é se ela de fato agrega algum conteúdo ou é apenas uma forma esperta e malandreada de enganar os algoritmos do Youtube e outras plataformas de vídeo para gerar monetização (pagamentos) sem precisar se criar conteúdo de fato?

Sendo assim, o quanto pode ser considerado conteúdo novo e o quanto pode ser conteúdo repetitivo em uma produção de reação e, principalmente, até quando as plataformas vão tolerar este tipo de prática e continuar remunerando esses produtores?




Araújo Neto


sexta-feira, 1 de julho de 2022

Como Nasce a Moral

Em um terreno baldio, inabitado, um conjunto de indivíduos chega e aos poucos levanta algumas construções. A partir de certo ponto, tendo se fixado naquela região, o grupo cria regras específicas de acordo com seu modo de vida. 

Moradores de rua aguardam a realização do seu direito à propriedade.


Este modo de vida é orientado pelas condições de subsistência, as condições de produção e relações econômicas e comerciais do povo que se instala em um local específico. 

A partir do momento em que outros indivíduos busquem se instalar naquele local, deverão seguir a cartilha de conceitos e leis determinadas por aquele povo. 

Quando se pensa em sociedades primitivas, essa situação acima destacada parece-nos óbvia e ululante. Entretanto, ela também pode ser percebida nas relações sociais em comunidades e países contemporâneos e exclui inclusive indivíduos pertencentes ao mesmo contexto social.

Isso é notório tanto no ordenamento urbano de uma cidade quanto na distribuição fundiária do campo. O indivíduo que busca ascender por iniciativa própria tende a ter cada vez mais dificuldade em buscar um espaço, seja na busca por sua propriedade seja na instituição de um negócio. 

Ele estará sempre sujeito às vagas disponibilizadas pelos que chegaram primeiro ao lugar, ou herdaram suas vagas de antepassados. 

Ainda que muitos desses donos das vagas gritem que defendam a liberdade de iniciativa, mentem, pois defendem apenas a sua própria iniciativa e sempre se propõem a sacrificar as dos menos privilegiados. 

Dizem defender a propriedade, mas defendem apenas as suas próprias, ignorando solenemente o Artigo 17 da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, que diz que todo ser humano teria direito à propriedade. 

Talvez por isso muitos deles odeiem tanto o termo "direitos humanos", pois querem os direitos apenas que lhes pertençam, afinal, humanidade pouco têm em seus corações. 

E é dessa elite pioneira é que nasce a moral e os tais "bons costumes" que não são outros se não os costumes daqueles que têm poder social em uma circunscrição geográfica.

Obviamente, nem sempre os pioneiros conseguem manter o seu poder por muito tempo. Mas este só troca de mãos a partir de uma ou várias crises de grandes proporções, sejam econômicas ou políticas.

Ou mesmo a partir de uma revolução organizada, que foi a forma como a elite econômica mundial atual chegou ao poder. E por isso, eles parecem tanto odiar o termo. Afinal, ele sabem o que faz as coisas mudar e, quem está no poder detesta mudanças.

Por fim, o poder econômico é tão determinante na vida das pessoas, aprisionadas por suas necessidades materiais, assim como vícios e fetiches muitas vezes desnecessários a ponto de que essas três coisas mantenham a mente das pessoas fixadas nesse ideal moral.

A ideia de ser rico, ou ser o mais rico é muito mais aceita moralmente por uma sociedade dominada por indivíduos ricos, do que a ideia de satisfazer ainda que minimamente as necessidades de todos os indivíduos, dentre os quais muitos são incapazes física ou mentalmente. 

Por isso mesmo, o livre pensador é Amoral! Ou seja, ele não vai nem contra ou a favor de uma moral. Apenas não liga para essa sandice! 

E Se Mantenha Pensante! 


Araújo Neto

sexta-feira, 20 de maio de 2022

Diálogos Platônicos: Íon – Sobre a Inspiração Poética

Platão, cujo nome verdadeiro era Arístocles foi um filósofo e matemático grego que nasceu por volta de 427 a.C. Ainda jovem se tornou discípulo de Sócrates, um pensador que vagava por Atenas conclamando os jovens à reflexão.



Sócrates nascera por volta de 469 a.C. e com cerca de 70 foi condenado a beber cicuta, um tipo de veneno. 

Após a condenação do mestre por perverter a juventude e sua sumária execução, Platão viajou por 12 anos e retornou à Atenas para fundar a sua escola, a Academia, à qual se dedicou até o fim de seus dias.

Platão escrevia prioritariamente através do diálogo! Em sua grande maioria, o personagem principal era seu mestre Sócrates.

Os diálogos da juventude de Platão são considerados mais fidedignos ao pensamento socrático, enquanto os do período de idade mais avançada traduzem mais o pensamento do próprio Platão!

O diálogo entre Sócrates e Íon sobre a inspiração poética, universalmente conhecido como Íon é classificado entre os trabalhos do período da juventude de Platão.

Neste episódio que retrata um pouco do dia a dia do mestre, Sócrates encontra um rapsodo, um recitador profissional de poesias, cujo nome é Íon.

Filósofo e rapsodo debatem então sobre o ofício deste e sobre a possibilidade de se apreciar ima obra literária, assim como o papel da inspiração, na crítica.

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Escrito provavelmente entre 398 e 391 a.C. o diálogo nos mostra um Íon que, além de declamar, recitar e cantar os versos dos poetas clássicos buscava também entender e praticar a crítica da poesia, explicando para seus interlocutores os sentidos das palavras escolhidas pelos poetas.

E, com base nessa particularidade que Sócrates se interpõe a Íon, considerando sua predileção por Homero. O filósofo afirma ao rapsodo que este deveria falar tão bem de outros poetas, como Hesíodo, além de Homero. 

Sendo assim, Sócrates conclui que Íon não exerce uma técnica, pois se o fizesse falaria tão bem das ideias de todos os poetas clássicos, mas ao fazer explicações melhores de seu poeta preferido age por inspiração divina não pela excelência de seu ofício. 

Veja mais neste link:




Araújo Neto

sexta-feira, 6 de maio de 2022

5 FUNÇÕES DO FILÓSOFO CONTEMPORÂNEO

Para que serve o filósofo hoje,  se já temos uma ciência desenvolvida e conhecimento da física, da química e da biologia comprovados ao ponto de manipularmos essas disciplinas e criarmos coisas práticas com elas? 



A filosofia ocidental é resultado da busca de uma explicação  racional da realidade, com base no pensamento crítico e na observação empírica. 

Entretanto, o termo filosofia segundo autores mais antigos teria vindo de Pitágoras, filósofo e matemático grego, que viveu no século VI a.C. Para ele, a filosofia seria o amor pelo saber, a busca pela sabedoria que só poderia ser experimenta pelo ser consciente, o ser-humano. 

Já o platonismo considera a filosofia como a investigação da realidade e das suas propriedades, forma abrangente e afastada da opinião irrefletida, do senso comum. 

No início, a principal reflexão levantada pelos filósofos na Grécia era sobre a metafísica. Como o mundo surgiu, de onde tudo veio e o que constitui a matéria eram as principais discussões do meio filosófico daquele tempo. 

Com o aparecimento de Sócrates (470 a 399 a.C.) a filosofia passou a adentrar o campo da ética, da moral, da política, do comportamento e da civilidade. Seu principal discípulo, Platão buscou conciliar tanto a reflexão metafísica com a cívica, além do estudo da matemática. 

Não podemos nos esquecer que o termo filosofia também é empregado para nos referirmos a pensadores orientais que, diferentemente dos gregos não se afastaram da religião, para esquematizar suas ideias, se assemelhando em certo grau aos filósofos medievais católicos, aos modernos protestantes e aos meso orientais, como Salomão, o sábio.

É necessário salientar que ao longo da história, os grandes pensadores foram, em geral pessoas importantes em seus contextos sociais. Não eram todos desabrigados e maltrapilhos, como muitos hoje tentam fazer parecer. 

Aristóteles foi conselheiro de Alexandre, o Grande e Marco Aurélio, Imperador romano era filósofo ele próprio. Thomas Morus foi chanceler. E muitos outros que tiveram cargos públicos ou um relacionamento próximo com seus governantes, ou mesmo foram líderes de movimentos revolucionários que alteraram significativamente a realidade social em que viviam.

Dessa forma, podemos compreender que o filósofo tem ainda uma grande importância na sociedade e não pode ser ignorada, apesar da pressão social pela descrença dos pensadores, como fazia o clássico "Jogo da Vida"! 

Este era um jogo de tabuleiro muito conhecido nos anos 80 e 90 no qual o vencedor virava milionário(ou magnata) e o perdedor ia morar no campo e viver como filósofo, dando claramente a impressão de que o filósofo era o retrato do fracasso social.

Ao contrário, toda sociedade, todo governo, todos os princípios econômicos têm suas filosofias intrínsecas e, obviamente um pensador (ou vários pensadores) por trás de todo o sistema. 

Sendo assim, consideramos que haja notadamente cinco funções práticas que devem ser assumidas por pensadores racionais e críticos:

1 - A Esquematização Sistemática do Pensamento.

Aqui, o filósofo é responsável pela organização da forma de explicação de mundo. Mesmo que a ciência empírica seja positiva, demonstrável e sendo assim explicada em si mesma, ela deve possuir uma organização sistematizada através da qual as razões sobre as quais as leis da ciência são formuladas possam ser apresentadas e explicadas àqueles que não são praticantes e/ou conhecedores das técnicas científicas aplicadas. 

2 - Convívio Social e Político.

Toda profissão tem seu código de ética e toda sociedade tem a sua moral social. É função do pensador buscar compreender os valores morais e éticos de uma sociedade e apresentar e explicar as razões que formam as leis cívicas e a doutrina política para a sociedade na qual está inserido. 

3 - A Sabedoria em si.

Neste ponto podemos aproximar o filósofo contemporâneo ao sábio bíblico Salomão. Neste caso, a sabedoria seria uma forma superior de discernimento usado para tomar as melhores decisões visando o bem maior para todos. Não se trataria de uma visão matemática ou cientificista, mas sim unindo conhecimento à bondade e até aproximando-se da religiosidade. 

4 - Transcendência Religiosa.



Nosso conhecimento das ciências físicas hoje é avançado, mas a metafísica ainda é campo para elucubrações. Ninguém conseguiu provar que Deus existe e nem que não existe. Obviamente, cada doutrina tem a sua explicação para o caso. O filósofo pode apresentar explicações intermediárias ou até lançar ideias diferentes e inovadores sobre essa questão.

5 Reflexão Para Transformação da Realidade Social, Moral, Material e Econômica.

A história não acabou. Nem todos estão plenamente satisfeitos com a sociedade em que vivem. Novas formas de organizações sociais podem ser apresentadas através da construção crítica de um sistema de pensamentos. É claro que os mais bem sucedidos vão tentar sempre forçar a todos a acreditarem que a sociedade em que eles são mais poderosos é a melhor para todo mundo. Cabe ao filósofo, o livre pensador a mostrar que isso nem sempre é a verdade. 

Enfim, o pensamento livre e crítico e a criação de sistemas organizados de pensamento fora do campo estritamente científico ainda possuem espaço para comportarem a figura do filósofo, o pensador independente, tanto da ciência quanto da religião. 

Eles não querem que pensemos. 

Mesmo assim, se mantenha pensante! 


Araújo Neto! 

sexta-feira, 8 de abril de 2022

Se Mantenha Pensante!



O livre pensamento sempre sofreu perseguição do poder vigente, assim como das instituições religiosas, que geralmente eram associadas a este poder. 

Mas isso nunca impediu os pensadores e inovadores a seguir adiante, mesmo que tivessem que enfrentar punições terríveis. 

Assim como Sócrates fora condenado e não fugiu de seu destino, aceitando a pena de morte e bebeu o veneno derradeiro, foi também Thomas Morus enforcado e decapitado, após não aceitar os desmandos do rei Henrique VIII. 

Também Jesus Cristo foi perseguido pelos religiosos do seu tempo. Embora fossem líderes da sua própria religião, o Redentor tinha menos apreço por eles do que por pecadores assumidos. 

Também os iluministas liberais tiveram obras proibidas, mas conseguiram levar adiante seu projeto, através da Enciclopédia e disseminaram as novas visões liberais para o mundo e derrubaram o absolutismo que ainda vigorava na Europa. 

Assim, ainda hoje, os pensadores são perseguidos em todos os lugares por fanáticos religiosos e políticos corruptos. 

As redes sociais são palco notório dessa perseguição covarde. É desolador ver alguém tentando fazer o outro pensar enquanto este outro quer, ao contrário tirar o pensamento do debate, substituindo-o por predições e dogmas. 

Mas a função do pensador, do estudioso, daquele que se permite pensar e a buscar o conhecimento e a verdade é se manter pensante! É dar continuidade ao combate, pois o futuro pertence aos que fazem! 

Por isso, não se intimide! E se mantenha pensante!




sexta-feira, 1 de abril de 2022

THOMAS HOBBES: O GÊMEO DO MEDO

Imagine viver em um lugar onde a cada esquina, a cada metro a ameaça do outro está a sua espreita. 



Imagine viver em uma selva inóspita, onde, não só as bestas selvagens, mas também os demais seres humanos são uma constante ameaça a sua sobrevivência. 

Imagine viver em uma realidade em que cada ser humano ao seu redor pode ser um inimigo mortal!

Imagine que a convivência mínima entre indivíduos humanos de famílias ou clãs diferentes é simplesmente impossível. 

Poderíamos estar alando do romance Romeu e Julieta, no qual Montéquios e Capuletos não podem sequer citar o nome da família rival. 

Poderíamos estar falando de qualquer lugar no Mundo em que a guerra é uma constante, como no Oriente Médio, ou na fronteira da Rússia com a Ucrânia.

Poderíamos estar falando da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, onde a criminalidade tem mais poder de fato do que o governo instituído e, muita das vezes seus membros estão no poder.

Mas na verdade estamos tentando retratar um pouco do mundo, da humanidade no chamado Estado de Natureza, que para filósofos contratualistas como Thomas Hobbes era como os seres humanos viviam antes da constituição do Estado e das Leis da Civilização.

Hobbes era certamente o mais pessimista, quanto à natureza humana, entre os pioneiros do contratualismo, como Rousseau e Locke. 

Para o filósofo que nasceu no século XVI e viveu a maior parte da sua vida no século XVII, o homem era naturalmente mau, vil e egoísta.

Dessa forma, a sociedade se constituiu com o objetivo de preservar a espécie humana de sua própria tendência ao auto extermínio. 

Através do Estado, da soberania do poder e das leis civis, o ser humano poderia viver com certa segurança e prosperar, o que seria impensável, no estado de natureza. 

A maior obra de Hobbes é "O Leviatã" , no qual trata de expor suas visões sobre a importância do Estado e das leis, além de apontar a vilania da natureza do homem. 

Hobbes era tão pessimista que chegou a afirmar:



"Ao nascer, minha mãe pariu gêmeos: eu e o medo!" 

O pensamento de Hobbes, apesar de extremamente negativista foi importante para o desenvolvimento do contratualismo, do liberalismo e da consolidação do Estado Nacional moderno, mais notadamente do Antigo Regime, que dominou a Europa nos séculos XVII e XVIII. 


sexta-feira, 25 de março de 2022

O que é Escolástica e como ela surgiu

No últimos anos do Império Romano, a política e a economia local estavam enfrentando uma crise de proporções enormes. Além disso, havia também uma grande e avançada desestruturação militar, sendo que o exército expansionista de Roma fora uma das principais marcas do império em toda a sua história.



A filosofia  não ficou de fora da turbulência social. Com as invasões bárbaras, pouco a pouco as escolas filosóficas foram caindo no ostracismo ou mesmo sendo proibidas pelos governantes de orientação cristã.

Com isso, boa parte das escolas tradicionais da filosofia, em Roma, perderam espaço, se tornaram clandestinas ou mesmo acabaram. Na sua grande parte estas escolas remontavam suas origens à Grécia Antiga.

Na Idade Média, com a consolidação do catolicismo como dominante na Europa, a doutrinação cristã passou a coibir qualquer tipo de pensamento que conflitasse com a interpretação vigente dos Livros Sagrados.

Porém, algumas linhas de pensamento que pudessem ser associadas ao cristianismo foram aceitas, principalmente interpretações da filosofia platônica, bem como da filosofia aristotélica. 

Assim surgiu a Escolástica, o Escolasticismo ou mesmo Filosofia Escolástica que se trata de um método de pensamento crítico, ensino e aprendizagem que busca a conciliação do pensamento racional com a fé cristã, ou pelo menos com a interpretação que faziam os líderes religiosos da Igreja naquela época. 

O crescimento da corrente foi impulsionado pela necessidade da Igreja Medieval de formar sacerdotes. Para isso, a instituição criou várias universidades, uma vez que o estudo gozava de prestígio na sociedade, de então.

A Filosofia Escolástica foi tão importante no pensamento medieval que o período entre os séculos IX e XVI é conhecido como período escolástico, pelo predomínio que o método exerce sobre as universidades da época. 

A obra-prima de Tomás de Aquino, denominado Summa Theologica, é, frequentemente, vista como exemplo maior da escolástica.

Para a escolástica, algumas fontes eram fundamentais no aprofundamento de sua reflexão, por exemplo os filósofos antigos, a Bíblia e os Padres da Igreja, autores dos primeiros séculos cristãos que tinham sobre si a autoridade de fé e de santidade.



O principal representante dessa corrente foi certamente São Tomás de Aquino, mas figuras como João Escoto Erígena, Anselmo de Cantuária e Guilherme de Ockham também tiveram grande importância no desenvolvimento desta escola. E não podemos esquecer a influência de Boécio, considerado o último dos romanos e primeiro dos escolásticos, já nos século V e VI.


Araújo Neto


sexta-feira, 18 de março de 2022

Sócrates e o autoconhecimento como forma de se atingir a virtude!

Em meados do século VI a.C. a democracia eclodiu em Atenas, na antiga Grécia. Os ideias de igualdade e liberdade para os cidadãos da Pólis (cidade) elevou o nível intelectual dos participantes das assembleias, daquele tempo.



A democracia permitiu o desenvolvimento do livre pensamento e com isso, a filosofia pode prosperar desenvolvendo e se ramificando em várias escolas e correntes. 

Entretanto, já nos finas do século V a.C. e início do século 4 a.C. os ideais democráticos estavam sendo, segundo os estudiosos, criando a chamada demagogia. 

Os principais agentes dessa desvirtuação do conceito original forma os sofistas, mestres da retórica e da oratória. 

Estes não acreditavam que existisse uma verdade absoluta que fosse compartilhada por todos os seres pensantes.

Dessa forma, usavam suas habilidades discursivas para conseguir melhores cargos e muito dinheiro,  se beneficiando do desconhecimento.

Entretanto, um dos maiores filósofos daquele tempo se levantou contra esta prática e defendeu que a verdade estaria dentro do homem. Por causa de preconceitos e pelo uso de métodos incorretos, a verdade se afastara do homem.

Porém se afastando dessas obstruções, seria possível alcançar a verdade e, por conseguinte a virtude. 

Este opositor se chamava Sócrates.



O pensamento e o método de Sócrates


O pensamento de Sócrates foi tão importante, que além de  ter sido mestre de Platão diretamente (e indiretamente de Aristóteles) ele também influenciou bastante o estoicismo, o cinismo e o ceticismo, posterior. 

A filosofia de Sócrates pode ser resumida pela epígrafe escrita no templo de Apolo: “Conhece-te a ti mesmo”. Assim, ele buscava ajudar o seu ouvinte a fazer uma auto reflexão , para entender a partir de suas próprias ideais e conceitos o conhecimento que o levaria a encontrar a verdade.

Sócrates acreditava ser possível chegar até a verdade, através da reflexão e do pensamento.

Era preciso, então derrubar esses obstáculos para se chegar ao verdadeiro conhecimento, ao qual chama de virtude. Por isso, ele também disse “Ninguém faz o mal voluntariamente”.

A concepção filosófica de Sócrates pode ser identificada como um método de análise conceitual. 

A célebre questão socrática é identificada na sua questão “O que é..X?” encontrada em todos os seus diálogos. 

É dessa forma que busca a definição de determinada coisa, geralmente uma virtude ou qualidade moral.


O conhecimento liberta


Assim sendo, ao conhecermos a nós mesmos, ao descobrimos de onde viemos, qual a nossa vocação, o que é correto e virtuoso, podemos pavimenta a estrada em busca da felicidade e da plena realização.

Através do pensamento, o homem é capaz de criar, mas também é capaz de destruir. Ao conhecermos nossos pensamentos, nossos sentimentos, podemos guiar nossa vida para construirmos nossa realidade de forma positiva e virtuosa.

Porém, deixar de lado essa busca, deixar correr frouxo é o primeiro passo para que tudo dê errado. 





Araújo Neto

sexta-feira, 11 de março de 2022

Vale a pena discutir?

Vale a pena discutir?




É importante ter pessoas que pensem diferente de você, ao seu lado. 

Imagine se cercar com um monte de gente que só fala as mesmas coisas que você,
que só goste das mesmas coisas que vocês,
que pense igual a vocês,
que aja igual a você,
que se vista como você,
que coma a mesma comida que você,

Parece bom? 

Mas, se você estiver errado e isso estiver te prejudicando? Quem vai te avisar, se todos estão na mesma, que você? 

Por isso, é fundamental termos a discordância em nossas vidas.

Não podemos estar certos 100% das vezes e ter alguém para nos contradizer pode fortalecer nossas ações.

Vale a pena discutir, dentro de certo nível. Mas se afastar só vale quando não há outra alternativa. 

A diferença de pensamento é crucial para o desenvolvimento social. 

O radicalismo é o berço do conflito, da guerra. 

É muito melhor debatermos, do que combatermos! 





sexta-feira, 4 de março de 2022

Por que Bolsonaro chamou Putin de "amigo" ?

Muita gente achou estranho a aproximação entre o presidente brasileiro Jair Bolsonaro, de extrema direita ao presidente Russo Vladimir Putin. 




A visão brasileira é de que a Rússia é necessariamente comunista, sempre foi e nunca deixou de ser. 

Por que esta visão está completamente equivocada?

Primeiro temos que entender o que é comunismo. Este termo pode ser bem compreendido separando-se duas subdivisões bem definidas: o comunismo utópico e o comunismo científico. 

Enquanto o científico é mormente baseado nas teorias socioeconômicas da dupla Karl Marx e Friedrich Engels, o comunismo chamado de utópico pode ter raízes diversas, como na sociedade alternativa dos falanstérios de Charles Fourier; na Utopia, livro de Thomas Morus; no anarquismo de Bakunin e Proudhon, ou mesmo nos livros da Bíblia Sagrada. 

A aproximação da antiga União Soviética com qualquer versão utópica é facilmente desmentida. 

Já com a versão científica se limitou à coletivização das propriedades rurais, pequenas e médias e de forma forçada. Mas ao contrário de gerar um sistema no qual o coletivo teria o poder, o modelo soviético acabou gerando uma oligarquia estatal, substituindo a oligarquia privada que reinava no czarismo, anterior. 

Dessa forma, Joseph Stalin, ditador soviético se tornou, ao contrário de um líder popular em uma nova versão de imperador e tratou de destruir a revolução comunista mandando executar todos os seus antigos parceiros, incluindo Trotski e mesmo seu cunhado.

E hoje, ainda que de forma sutil e não abertamente, Putin demonstra certo apreço pela figura de Stalin. E isso não o aproxima em nada do pretenso comunismo soviético, que fora definitivamente derrubado em 1990 e substituído por uma nova velha oligarquia privada.

Na verdade, Putin, assim como Bolsonaro, vem a público defender "Deus e a família", além de ser exacerbadamente nacionalista. 

Há quem ache que ser "de direita" politicamente é ser liberal ou neoliberal. Entretanto sabemos que a aproximação da direita com o liberalismo só se dá no campo econômico e por motivo de interesse direto na manutenção de privilégios sociais e financeiros. Nada tem de ideológico. 



Assim, é perfeitamente compreensível e esperado a aproximação dos dois presidentes que em muito se assemelham. 

Além disso, não podemos esquecer que 25% dos fertilizantes usados pelo agronegócio brasileiro vem da Rússia.

Lembram que falei de interesse? 

Leia mais:

https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2022/02/16/bolsonaro-chama-putin-de-amigo-e-diz-ter-valores-em-comum-deus-e-familia.htm

Araújo Neto


sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

O QUE A BÍBLIA DIZ SOBRE OUTROS SERES RACIONAIS?

Imagino que você que acompanhou nossa séria sobre a vida e o Universo deve ter achado estranho! Talvez esteja se perguntando "por que um blog sobre filosofia toca nesses assuntos?"



É possível que essa seja a nova fronteira da filosofia contemporânea, a "xenofilosofia". Imaginar a possibilidade de outros seres viventes no Universo, com outras visões da existência, talvez mais complexas, talvez mais simples. 

Existem algumas concepções que indicam uma probabilidade muito grande de existirem outros seres viventes inteligentes, talvez superiores aos seres humanos. 

Não bastassem as diversas lendas existentes em todo o mundo que tratam de entidades espirituais e mesmo seres de carne e osso que seriam de uma natureza diferente e superior ao ser humano. 

Espíritos, deuses, anjos permeiam mitos e religiões em todo o mundo, desde a pré-história. Será que essa tendência da forma de interpretação de mundo dos antigos é apenas uma visão distorcida da realidade ou realmente algo diferente do que a história convencional defende, aconteceu na Terra?

A própria Bíblia Sagrada apresenta pelo menos dois outros seres racionais não humanos: Os Anjos e os Gigantes. Enquanto estes seriam criaturas de carne e osso, aqueles seriam seres espirituais, à serviço de Deus.

Além dessas espécies determinadas, a Bíblia mostra a presença de outros seres que não foram tão bem definidos. Em Gênesis aparecem as figuras dos "Filhos de Deus", como mostra a passagem a seguir:

"Viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram.
Então disse o Senhor: Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem; porque ele também é carne; porém os seus dias serão cento e vinte anos.
Havia naqueles dias gigantes na terra; e também depois, quando os filhos de Deus entraram às filhas dos homens e delas geraram filhos; estes eram os valentes que houve na antiguidade, os homens de fama."


Gênesis 6:2-4


Quem seriam estes "Filhos de Deus"? Não é explicado! 

Mas não para por aí. Ezequiel teve uma "visão" na qual interagia com quatro seres viventes. Também não nos é explicado que seres seriam estes. 

Mas qual a conclusão podemos tirar ao ler o trecho a seguir:

"Olhei, e eis que um vento tempestuoso vinha do norte, uma grande nuvem, com um fogo revolvendo-se nela, e um resplendor ao redor, e no meio dela havia uma coisa, como de cor de âmbar, que saía do meio do fogo.
E do meio dela saía a semelhança de quatro seres viventes. E esta era a sua aparência: tinham a semelhança de homem.
E cada um tinha quatro rostos, como também cada um deles quatro asas.
E os seus pés eram pés direitos; e as plantas dos seus pés como a planta do pé de uma bezerra, e luziam como a cor de cobre polido.
E tinham mãos de homem debaixo das suas asas, aos quatro lados; e assim todos quatro tinham seus rostos e suas asas.
Uniam-se as suas asas uma à outra; não se viravam quando andavam, e cada qual andava continuamente em frente.
E a semelhança dos seus rostos era como o rosto de homem; e do lado direito todos os quatro tinham rosto de leão, e do lado esquerdo todos os quatro tinham rosto de boi; e também tinham rosto de águia todos os quatro.
Assim eram os seus rostos. As suas asas estavam estendidas por cima; cada qual tinha duas asas juntas uma a outra, e duas cobriam os corpos deles.
E cada qual andava para adiante de si; para onde o espírito havia de ir, iam; não se viravam quando andavam.
E, quanto à semelhança dos seres viventes, o seu aspecto era como ardentes brasas de fogo, com uma aparência de lâmpadas; o fogo subia e descia por entre os seres viventes, e o fogo resplandecia, e do fogo saíam relâmpagos;
E os seres viventes corriam, e voltavam, à semelhança de um clarão de relâmpago.
E vi os seres viventes; e eis que havia uma roda sobre a terra junto aos seres viventes, uma para cada um dos quatro rostos.
O aspecto das rodas, e a obra delas, era como a cor de berilo; e as quatro tinham uma mesma semelhança; e o seu aspecto, e a sua obra, era como se estivera uma roda no meio de outra roda.
Andando elas, andavam pelos seus quatro lados; não se viravam quando andavam.
E os seus aros eram tão altos, que faziam medo; e estas quatro tinham as suas cambotas cheias de olhos ao redor.
E, andando os seres viventes, andavam as rodas ao lado deles; e, elevando-se os seres viventes da terra, elevavam-se também as rodas.
Para onde o espírito queria ir, eles iam; para onde o espírito tinha de ir; e as rodas se elevavam defronte deles, porque o espírito do ser vivente estava nas rodas."

Ezequiel 1:4-20


E voltam mais seres VIVENTES e não espíritos em Apocalipse. Agora são tratados como animais, porém, não são exatamente de uma espécie conhecida na Terra e se mostram racionais:


"E havia diante do trono um como mar de vidro, semelhante ao cristal. E no meio do trono, e ao redor do trono, quatro animais cheios de olhos, por diante e por detrás.
E o primeiro animal era semelhante a um leão, e o segundo animal semelhante a um bezerro, e tinha o terceiro animal o rosto como de homem, e o quarto animal era semelhante a uma águia voando.
E os quatro animais tinham, cada um de per si, seis asas, e ao redor, e por dentro, estavam cheios de olhos; e não descansam nem de dia nem de noite, dizendo: Santo, Santo, Santo, é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, que era, e que é, e que há de vir."


Apocalipse 4:6-8


Assim, vemos citação a pelo menos 4 seres racionais diferentes do ser humano, na Bíblia. Suas origens não estão definidas e a explicação é que são de outro MUNDO!

Mas temos que lembrar que a Bíblia foi escrita para todas as pessoas, inclusive as de pensamento mais simples. E, certamente, o homem mediano do ano 100 d.C. não tinha muita ideia do que era um planeta e de que vivia em um deles. 

Para essas pessoas, o Planeta Terra era o Mundo, era o que existia e o céu era o lar de Deus e dos anjos. A concepção de outras formas de vida se resumia a monstruosidades e lendas. Associar essas lendas a seres vindos de outros planetas era inconcebível. 

Entretanto, hoje temos esse conhecimento e entendemos essa possibilidade. 

Determinar se é real ou não, não é nosso objetivo, mas sim chamar a atenção e à reflexão para essa probabilidade que não pode e nem deve ser ignorada. 


Araújo Neto

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

QUEM SÃO OS OUTROS?

Tendo concordado que a possibilidade de vida existir em outros lugares do Cosmo é matematicamente mais provável do que ela só exista em nosso planeta, temos que buscar agora refletir sobre a possibilidade de que haja vida inteligente em outras partes.



Ao longo do século XX fomos educados a crer que alienígenas inteligentes eram coisas de filmes de ficção científica ou de desenhos animados infantis. 

Porém, no anos mais recentes, a própria Agência Espacial Americana, a NASA vem dando pistas de que o que era mito pode estar muito mais perto da realidade do que imaginávamos. 

Em outubro do ano passado, o chefe da Agência Bill Nelson deu a seguinte declaração:

“Há até teorias de que podem haver outros universos. Se esse for o caso, quem sou eu para dizer que o planeta Terra é o único local com uma forma de vida civilizada e organizada como a nossa?”, questionou ele em entrevista ao Centro de Política da Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos. “Existem outros planetas Terra lá fora? Acho que sim, porque o universo é muito grande”, complementou.

A declaração foi sucedida das afirmações do próprio chefe da NASA  confirmando que pilotos da marinha têm relatado avistamento de Objetos Voadores Não Identificados, os OVINIS

"O que acha que estamos fazendo em Marte? Procurando vida. É parte da missão da NASA", concluiu.

Essas afirmações são sustentadas também pelas descobertas feitas nos satélites que orbitam o planeta Saturno, como Encédalus e Titan. Este pode contar água líquida no seu interior enquanto aquele já demonstrou possuir H2O líquido.  

A nova forma de pensamento da agência, que agora parece querer mostrar que é possível que exista vida inteligente em outros planetas, assim como parece querer mostrar que está investigando isso avidamente, assim como parece querer deixar passar a ideia de que eles podem estar entre nós.

Isso é um tanto intrigante, dado que a mesma NASA passou todo o século XX tentando negar ou esconder que o assunto sequer fosse abordado. 

Mas com a chegada do homem à Lua e a iminência da chegada à Marte, a lógica de que seres podem muito bem ir de um planeta a outro passou a ser senso comum, ao invés de mitos ou ideias malucas de hippies ou cientistas loucos. 

Entretanto, a assunção de que a agência investiga OVINIS se dá em um momento em que a nossa tecnologia é capaz de realizar feitos similares ao que poderíamos apontar como extraterrestres e assim simular uma visita de outro planeta. 

Porém, a capacidade de mimetismo do ser humano não pode se entrepor entre a lógica e a busca pela prova empírica. 

A grande questão a respeito da qual devemos refletir mais do que sobre a própria existência de seres vivos e até pensantes em outros lugares do Universo é qual seria a forma como lidaríamos com eles. 

Será que seriam benevolentes e viriam para nos ajudar? Ou será que seriam bestas cruéis e superinteligentes que destruiriam nossa espécie por mero prazer? 

Será que seriam como a maioria de nós e estejam sempre buscando seus interesses imediatos a qualquer custo?

E nós? Deveríamos buscar este encontro ou ele seria penoso para a humanidade?

Araújo Neto

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

O QUE É PANSPERMIA?

Considerando as condições que permitiram o surgimento e a evolução da vida, no planeta Terra buscaremos agora refletir sobre a possibilidade de que o evento tenha se repetido em outras partes do Universo, o que chamamos de Panspermia. 



Talvez nem precisemos ir tão longe, É possível que planetas próximos tenham abrigado no passado remoto formas de vida, ainda que rudimentares. 

O favorito dos cientistas é Marte, que além de ser o mais próximo da Terra em distância e de ter um tamanho um pouco menor, o Planeta Vermelho também possui um campo magnético, porém bem menor que do nosso planeta. Entretanto, este pode ter sido muito maior no passado. 

Outro candidato seria um suposto planeta que fora cataclismicamente devastado e hoje é o cinturão de asteroides entre Júpiter e Marte. Mas sobre esse possível planeta temos poucas informações relevantes. 

A grande questão é que os astrônomos hoje calculam que existam cerca de 70 sextilhões (10 elevado a 22) de planetas no Universo e que cerca de 100 bilhões sejam parecidos com a Terra. 

Com esses números, acreditar que a vida começou aqui e só aqui existe é uma crença limitante, um egocentrismo exacerbado e uma falta de imaginação tremenda.

Isso se consideramos os seres considerados vivos como os que se parecem com os que conhecemos em nosso planeta. 

Dessa maneira, imaginar que a vida está disseminada pelo cosmo acaba sendo plausível, embora ainda não tenha sido possível comprovar tal teoria. 

Porém, considerando nossa visão de que o Universo se originou de um Buraco Branco e que toda massa e energia dele emanou se se espalhou pelo espaço sideral, se torna algo quase automático entender que os componentes que deram origem à vida na Terra estão presentes também em outros lugares do Universo. 

Assim, com cerca de 17 bilhões de planetas (e fora os satélites) iguais ao nosso só na Via Láctea, nossa galáxia, compreender que as condições que propiciaram o desenvolvimento da vida na Terra também estão presentes em outros corpos celestes. 

Desse modo o conceito de panspermia acaba sendo bem aceito. A grande questão seria se o evento se dá por acaso ou se foi realizado de modo deliberado ou intencional por alguma entidade superior. 

Nesse caso a teoria ganha um sobrenome e agora é a panspermia dirigida. Mas falar disso seria especulativo demais. 

O que temos de prático e cientificamente aceito é que a quantidade de planetas semelhantes ao nosso é imensa e que as condições para a formação da vida no Universo se repetem muitas vezes. 

Acrescento que a possibilidade de que o Buraco Branco seja nossa origem, o céu, mas também o passado e o Buraco Negro seja o destino da matéria de todo o Universo e também o futuro. 

Na próxima semana vamos falar sobre a consciência e o Universo!

Mantenha-se pensante! 

Araújo Neto


sábado, 29 de janeiro de 2022

O QUE É VIDA E QUAL A SUA ORIGEM

A partir das considerações que tratamos na última postagem, é interessante que busquemos traçar uma rota para buscarmos entender a origem da vida no Universo. 





Já lembramos que a física, a astronomia e a cosmologia não são nosso objeto de estudo, mas que apresentar alguns conceitos aplicados e debatidos nessas áreas é de vital importância para apresentar nossa teoria filosófica. 

Também não é nossa especialidade a biologia e a química, muito menos a xenobiologia ou a paleontologia. Mas a apresentação de alguns conceitos concernentes a estas disciplinas, ainda que de forma extremamente superficial é de suma importância para o andamento da nossa explanação. 

Considerando assim as teorias sobre o surgimento do Universo, qual seria então a teoria sobre o surgimento da vida?

Sabemos que no Planeta Terra existe vida. Mas será que ela é comum a outros pontos do Universo? Ou será uma dádiva exclusiva de um pequeno e ermo planeta azul e cheio de água?

Antes de entrarmos no debate sobre a possibilidade de vida no fora da Terra e de como ela surgiu em nosso planeta, precisamos definir ou entender a definição do que é vida. 

Afinal, não podemos tratar de analisar a existência ou não de algo sobre o qual não sabemos, ou que não sabemos o que é, de fato.

Uma definição que caracteriza a vida de um modo geral se relaciona com a capacidade de um organismo biologicamente organizado que realiza processos sinalização e comunicação celular e possui autossuficiência. 

Outra questão que envolve a vida está relacionada a sua capacidade de reprodução e também o fato de que suas funções cessem, em determinado momento, o que representa a morte do ser vivo. 

Na Terra, os biólogos consideram a existência de duas macro classificações: a vida não-celular(no caso dos vírus e dos viroides) e a celular (que abrange todo o resto conhecido no planeta, entre animais, plantas, bactérias etc).

Há poucas décadas, os cientistas acreditavam que existiam lugares em que nenhum ser vivo conseguiria viver e prosperar. Mas hoje já se tem conhecimento de extremofilos, seres que vivem em condições ambientais e químicas nas quais a maioria dos seres vivos conhecidos não resistiriam. 

Além deles, conhecemos hoje os tardigrados ou tardigradas, que são microscópicas criaturas capazes de resistir ao inóspito ambiente do espaço sideral. 

Outra informação relevante é que cerca de 800 milhões de vírus por metro quadrado caem dos céus todos os dias. Eles seriam levados por vapores dos mares ou tempestades de areias. E, apesar de ser um agente patógeno, no geral, ele é visto como um importante modulador da evolução das espécies.

Mas qual seria a origem da vida?

Acredita-se prioritariamente, hoje, que moléculas orgânicas se juntaram durante a formação do planeta Terra e assim deram origem aos elementos primordiais para a formação da vida. 

Dessa maneira, os cientistas atualmente correlacionam o conceito de vida com moléculas de carbono e água. Mas isso pode não ser exatamente assim, ou limitar-se a apenas isso, em todo o Universo. 

Eventos como a colisão do planeta conhecido como Thea, que teria sido absorvido para o núcleo da Terra e que este núcleo metálico que proporcionou a formação de um campo magnético que protege o planeta da radiação cósmica também foram preponderantes para o progresso da vida no planeta. 

Na próxima postagem, abordaremos a questão da panspermia, o conceito no qual acreditamos ter originado a vida, não só na Terra, mas em muitos outros pontos do Universo.


Araújo Neto


sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

O CENTRO DO UNIVERSO [O BURACO BRANCO]

Teoria mais aceita no meio científico acerca da formação original do Universo é a do Big Bang (ou Big-Bangue, ou Grande Expansão). 



De acordo com essa teoria, o Universo teria se formado em um dado momento no tempo em que toda a massa do Universo estava concentrada em um ponto bem menor do que ocupa hoje e muito mais quente. 

Esta alta densidade e temperatura provocaram uma espécie de separação e distanciamento da matéria e, a partir de então,  o Universo começou a se expandir e ao mesmo tempo a esfriar e este processo continua ativo, na atualidade. 

Embora a Teoria do Big Bang não conceba a existência de um lugar específico de onde teria partido toda a matéria do Universo, a tendência lógica adotada pelo pensamento humano em geral considera que exista um ponto central no Universo. 

Partindo do princípio que haja de fato um centro  no Universo, este poderia ser uma espécie de "Buraco Branco", um inverso do Buraco Negro. Um Buraco Negro é um ponto no espaço-tempo cuja gravidade é gigantesca e atrai para o seu centro qualquer objeto que se aproxime de sua órbita. 

Já o Buraco Branco apresentaria características inversas, ou seja, esse ponto no espaço-tempo não poderia ser acessado por nada que viesse de fora dele, porém ele emanaria luz, energia, matéria e informação, de dentro dele. 

Essa noção de Buraco Branco é hipotética. Até o presente momento em que escrevo esta postagem, não tenho informações de sua comprovação científica. Porém é um conceito plausível, especialmente se considerarmos a teoria da Grande Expansão, como verdadeira.

Dessa forma, haveria um pedaço, um ponto, um lugar de onde emanaria matéria e energia para abastecer todo o Universo. 

Considerando ainda a homogeneidade e a isotropia do Universo, ou seja, ele se expande em todas as direções de modo homogêneo, é plausível imaginar que haja um ponto, em algum lugar dele de onde a energia flua para as demais áreas. 

Dessa maneira, é perfeitamente lógico e aceitável que, embora não o tenhamos descoberto, haja um centro do Universo, de onde tudo o que o compõe tenha sido gerado e é possível imaginar que esta geração continue até hoje. 

É importante lembrar que astrofísica e cosmologia não são nosso interesse principal e que esta explanação serve apenas para introduzir o conceito que pretendermos abordar nesta séria. 

OBS: por motivo de erro nosso, ficamos sem a postagem da semana passada. Por isso enviaremos uma extra, neste sábado! 

Araújo Neto! 

sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

Onde está o Centro do Universo

Como tudo surgiu? De onde viemos? De onde veio o universo? 



Os cientistas têm tentado responder a essa pergunta criando teorias cosmológicas complexas, as quais tentam comprovar por meio de cálculos matemáticos que poucas pessoas conseguem compreender. 

De outra forma, os religiosos encerram a discussão respondendo de forma simplista que Deus criou tudo o que existe.

Mas nenhumas dessas resposta é satisfatoriamente definitiva. A explicação religiosa tenta limitar as origens do Universo em uma Entidade absoluta, frente à qual não existiria questionamentos. 

De outro modo, os cientistas correm atrás do próprio rabo adiando a resposta sobre o início de tudo, criando teorias que geram a busca por novas respostas, sempre adiando a resposta definitiva. 

Mas será que existe essa resposta definitiva?

Talvez! 

Particularmente, eu não acredito na dissociação necessária entre a ciência e a religião. A ciência busca explicações racionais, empíricas e lógicas, com base na realidade sensível e na aplicação da lógica abstrata, para explicar a natureza. 

A religião, por sua vez, não tem tanto interesse em explicar a natureza. Sua função é aproximar o ser humano material, mortal e limitado, com o divino, suas origens metafísicas além da sua capacidade de compreensão. 



Desta forma, não vejo antagonismo algum entre as visões, porque a finalidade dos saberes é diferente. Mesmo que se trate de uma religião aplicada à realidade material, pela qual entidades se manifestem e interajam com os humanos. 

A finalidade da religião em si não é explicar a natureza, mas levar o homem a se integrar espiritual e filosoficamente ao seu criador, às suas origens metafísicas (ou não). A explicação da natureza física e material cabe aos estudiosos das ciências naturais.

Em geral, esses cientistas não tratam ou consideram a existência de uma ou várias entidades supra humanas, que possam ser criadoras do Universo, do Mundo ou da humanidade, sejam espíritos, deuses ou entidades alienígenas. 

Entretanto, conforme as ciências físicas e cósmicas avançam e novas descobertas aparecem, podemos tirar outras conclusões e mesmo questionar se é possível verificarmos a existência material de uma entidade criadora, ou mesmo uma entidade racional superpoderosa em torno da qual o Universo gire. 

O filósofo grego Aristóteles, que viveu entre 384 e 322 definiu como "o pensamento ativo, perfeito, imutável, imóvel, a fonte do bem e a causa indireta e passiva de todo o movimento do Universo". O curioso é que o filósofo não via esta entidade como consciente e ativo, mas como a força motriz que movia todo o Universo e em torno do qual tudo girava.

Para ele, esse Deus seria uma substância, a primeira do Universo que gerou todas as coisas. Assim, seria a causa primeira da natureza. 

Embora Aristóteles tenha feito algumas observações que comprovadamente não correspondem à realidade, como o terraplanismo, a teoria aristotélica de Deus pode ser bem aproximada à ciência física e cosmológica atual. 

Existe uma crença que tudo no Universo esteja em movimento, e o movimento circular seja uma constante, principalmente se tratando de gravidade. A Terra gira em torno do Sol, assim como a Lua gira em torno da Terra. E esses movimentos circulatórias teriam criado a forma universal arredondada dos corpos celestes. 

Entretanto, conforme Tess Jaffe, astrofísico da Universidade de Maryland e cientista assistente da Goddard Space, da NASA relatou, as pesquisas indicam que o Universo com um todo não está girando, apesar de que os corpos celestes individualmente que estão em uma órbita regular giram. 

Embora o Universo tenha um padrão consistente, os corpos que nele se encontram estão em constante movimento, na maioria das vezes, este movimento é circular. 

Dessa forma imaginar que haja um centro fixo no Universo ao redor do qual todos os demais se movimentam e de onde flua a energia do cosmo não é nenhum absurdo! 

Continua

Araújo Neto

sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

SEMANÁRIO 2022 - O QUE ESPERAR?

 A partir de agora, o Semanário do Pensamento vai entrar em nova fase! Aqui, no Blog vamos experimentar expor algumas visões filosóficas próprias, ao invés de falar de outros autores. 



Essa parte, a da crítica, da resenha sobre a história da filosofia e dos principais autores será exposta no nosso canal do Youtube, cujo link você tem aqui: 

https://www.youtube.com/results?search_query=seman%C3%A1rio+do+pensamento


A primeira ideia a ser explicitada é acerca da constituição da existência, do cosmo e da Entidade Criadora do Universo. 

A principal abordagem é sobre como isso pode ser materialmente apresentado. 

Será que a existência de Deus, ou de um Demiurgo é estritamente espiritual ou será que há margem para uma interpretação lógica e científica para um fenômeno metafísico desta magnitude?

Obviamente, não temos a intensão de criar uma "verdade" ou impor essa ideia como a teoria correta ou predominante. Mas não é por isso que deixaremos de apresentar esta opção para o pensamento e para reflexão.


Posteriormente, ao fim desta séria, apresentaremos algumas questões sobre política e a formação da sociedade, aproveitando o ano eleitoral e a extrema polarização política que acomete o Brasil, atualmente. 

É evidente que vemos essa polarização como uma questão forçada e adotada pelas mentes mais pueris e frágeis, que são a maioria do nosso povo! 

Caso sobre tempo, espaço, energia e motivação terminaremos a temporada tratando de matemática, da física e das ciências em geral! 

Muito obrigado por estar conosco! 

Fique ligado e se mantenha pensante!