Vejo que é muito comum as pessoas associarem o estudo da Filosofia com "viagens" mentais insanas, elucubrações abstratas vazia, niilismo absoluto e falta de sentido prático do pensamento.
Muitas pessoas cotidianamente associam o sentido de Filosofia a um conjunto de preceitos de trabalho, o que até tem mais a ver, mas também não seria o sentido mais profundo que o termo pode significar.
Mas aqui nos importa diferenciar o que é de fato a Filosofia, ou seja a busca da razão e das explicações através da reflexão crítica, racional e independente.
Pensando desta forma, devermos afastar o que significa Filosofia, dos que defendem pseudociências sem reflexão severamente crítica ou os que atacam cientistas que fazem reflexão crítica e, inclusive autocrítica para formular explicações plausíveis e verificáveis acerca do mundo natural.
Não é porque a disciplina em questão se debruça sobre temas, que muitas das vezes são indemonstráveis ou inverificáveis, como a metafísica, por exemplo, que podemos considerar como ramos ou matéria dela quaisquer afirmações abstrata sobre a criação do universo e o modus operandi do cosmo.
Atacar a ciência por puro desolamento intelectual, por solidão social ou por desilusão política não faz com que o autor dos ataques seja filósofo.
A Filosofia não é a pura abstração sem explicação, mas o contrário, é a abstração que busca a explicação racional e o conhecimento através da crítica construtiva.
E por Crítica se entende a análise com base em critérios e não a sua ausência.
Dessa maneira, é fácil notar que temos muitos falsos filósofos no nosso mundo contemporâneo. Aproveitadores e charlatães que fazem uso de técnicas de vendas vãs e banais e convencem alguns solitários desesperados a se unirem a sua luta quixotesca contra moinhos de ventos sociais.
Os falsos intelectuais conquistam outros falsos intelectuais, em geral são apenas defensores de algum interesse material ou social evidente, se escondendo sobre o escudo da falsa metafísica e de uma abstração sem critério.
Não deixemos nossas mentes serem trituradas nesses liquidificadores de interesses. Filosofia não é delírio e também não é copywriting.
Em um terreno baldio, inabitado, um conjunto de indivíduos chega e aos poucos levanta algumas construções. A partir de certo ponto, tendo se fixado naquela região, o grupo cria regras específicas de acordo com seu modo de vida.
Moradores de rua aguardam a realização do seu direito à propriedade.
Este modo de vida é orientado pelas condições de subsistência, as condições de produção e relações econômicas e comerciais do povo que se instala em um local específico.
A partir do momento em que outros indivíduos busquem se instalar naquele local, deverão seguir a cartilha de conceitos e leis determinadas por aquele povo.
Quando se pensa em sociedades primitivas, essa situação acima destacada parece-nos óbvia e ululante. Entretanto, ela também pode ser percebida nas relações sociais em comunidades e países contemporâneos e exclui inclusive indivíduos pertencentes ao mesmo contexto social.
Isso é notório tanto no ordenamento urbano de uma cidade quanto na distribuição fundiária do campo. O indivíduo que busca ascender por iniciativa própria tende a ter cada vez mais dificuldade em buscar um espaço, seja na busca por sua propriedade seja na instituição de um negócio.
Ele estará sempre sujeito às vagas disponibilizadas pelos que chegaram primeiro ao lugar, ou herdaram suas vagas de antepassados.
Ainda que muitos desses donos das vagas gritem que defendam a liberdade de iniciativa, mentem, pois defendem apenas a sua própria iniciativa e sempre se propõem a sacrificar as dos menos privilegiados.
Dizem defender a propriedade, mas defendem apenas as suas próprias, ignorando solenemente o Artigo 17 da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, que diz que todo ser humano teria direito à propriedade.
Talvez por isso muitos deles odeiem tanto o termo "direitos humanos", pois querem os direitos apenas que lhes pertençam, afinal, humanidade pouco têm em seus corações.
E é dessa elite pioneira é que nasce a moral e os tais "bons costumes" que não são outros se não os costumes daqueles que têm poder social em uma circunscrição geográfica.
Obviamente, nem sempre os pioneiros conseguem manter o seu poder por muito tempo. Mas este só troca de mãos a partir de uma ou várias crises de grandes proporções, sejam econômicas ou políticas.
Ou mesmo a partir de uma revolução organizada, que foi a forma como a elite econômica mundial atual chegou ao poder. E por isso, eles parecem tanto odiar o termo. Afinal, ele sabem o que faz as coisas mudar e, quem está no poder detesta mudanças.
Por fim, o poder econômico é tão determinante na vida das pessoas, aprisionadas por suas necessidades materiais, assim como vícios e fetiches muitas vezes desnecessários a ponto de que essas três coisas mantenham a mente das pessoas fixadas nesse ideal moral.
A ideia de ser rico, ou ser o mais rico é muito mais aceita moralmente por uma sociedade dominada por indivíduos ricos, do que a ideia de satisfazer ainda que minimamente as necessidades de todos os indivíduos, dentre os quais muitos são incapazes física ou mentalmente.
Por isso mesmo, o livre pensador é Amoral! Ou seja, ele não vai nem contra ou a favor de uma moral. Apenas não liga para essa sandice!
Platão, cujo nome verdadeiro era Arístocles foi um filósofo
e matemático grego que nasceu por volta de 427 a.C. Ainda jovem se tornou
discípulo de Sócrates, um pensador que vagava por Atenas conclamando os jovens
à reflexão.
Sócrates nascera por volta de 469 a.C. e com cerca de 70 foi condenado a beber cicuta, um tipo de veneno.
Após a condenação do mestre por perverter a juventude e sua
sumária execução, Platão viajou por 12 anos e retornou à Atenas para fundar a
sua escola, a Academia, à qual se dedicou até o fim de seus dias.
Platão escrevia prioritariamente através do diálogo! Em sua
grande maioria, o personagem principal era seu mestre Sócrates.
Os diálogos da juventude de Platão são considerados mais
fidedignos ao pensamento socrático, enquanto os do período de idade mais
avançada traduzem mais o pensamento do próprio Platão!
O diálogo entre Sócrates e Íon sobre a inspiração poética,
universalmente conhecido como Íon é classificado entre os trabalhos do período
da juventude de Platão.
Neste episódio que retrata um pouco do dia a dia do mestre,
Sócrates encontra um rapsodo, um recitador profissional de poesias, cujo nome é
Íon.
Filósofo e rapsodo debatem então sobre o ofício deste e
sobre a possibilidade de se apreciar ima obra literária, assim como o papel da
inspiração, na crítica.
Escrito provavelmente entre 398 e 391 a.C. o diálogo nos mostra um Íon que, além de declamar, recitar e cantar os versos dos poetas clássicos buscava também entender e praticar a crítica da poesia, explicando para seus interlocutores os sentidos das palavras escolhidas pelos poetas.
E, com base nessa particularidade que Sócrates se interpõe a Íon, considerando sua predileção por Homero. O filósofo afirma ao rapsodo que este deveria falar tão bem de outros poetas, como Hesíodo, além de Homero.
Sendo assim, Sócrates conclui que Íon não exerce uma técnica, pois se o fizesse falaria tão bem das ideias de todos os poetas clássicos, mas ao fazer explicações melhores de seu poeta preferido age por inspiração divina não pela excelência de seu ofício.
O livre pensamento sempre sofreu perseguição do poder vigente, assim como das instituições religiosas, que geralmente eram associadas a este poder.
Mas isso nunca impediu os pensadores e inovadores a seguir adiante, mesmo que tivessem que enfrentar punições terríveis.
Assim como Sócrates fora condenado e não fugiu de seu destino, aceitando a pena de morte e bebeu o veneno derradeiro, foi também Thomas Morus enforcado e decapitado, após não aceitar os desmandos do rei Henrique VIII.
Também Jesus Cristo foi perseguido pelos religiosos do seu tempo. Embora fossem líderes da sua própria religião, o Redentor tinha menos apreço por eles do que por pecadores assumidos.
Também os iluministas liberais tiveram obras proibidas, mas conseguiram levar adiante seu projeto, através da Enciclopédia e disseminaram as novas visões liberais para o mundo e derrubaram o absolutismo que ainda vigorava na Europa.
Assim, ainda hoje, os pensadores são perseguidos em todos os lugares por fanáticos religiosos e políticos corruptos.
As redes sociais são palco notório dessa perseguição covarde. É desolador ver alguém tentando fazer o outro pensar enquanto este outro quer, ao contrário tirar o pensamento do debate, substituindo-o por predições e dogmas.
Mas a função do pensador, do estudioso, daquele que se permite pensar e a buscar o conhecimento e a verdade é se manter pensante! É dar continuidade ao combate, pois o futuro pertence aos que fazem!
Por isso, não se intimide! E se mantenha pensante!
No últimos anos do Império Romano, a política e a economia local estavam enfrentando uma crise de proporções enormes. Além disso, havia também uma grande e avançada desestruturação militar, sendo que o exército expansionista de Roma fora uma das principais marcas do império em toda a sua história.
A filosofia não ficou de fora da turbulência social. Com as invasões bárbaras, pouco a pouco as escolas filosóficas foram caindo no ostracismo ou mesmo sendo proibidas pelos governantes de orientação cristã.
Com isso, boa parte das escolas tradicionais da filosofia, em Roma, perderam espaço, se tornaram clandestinas ou mesmo acabaram. Na sua grande parte estas escolas remontavam suas origens à Grécia Antiga.
Na Idade Média, com a consolidação do catolicismo como dominante na Europa, a doutrinação cristã passou a coibir qualquer tipo de pensamento que conflitasse com a interpretação vigente dos Livros Sagrados.
Porém, algumas linhas de pensamento que pudessem ser associadas ao cristianismo foram aceitas, principalmente interpretações da filosofia platônica, bem como da filosofia aristotélica.
Assim surgiu a Escolástica, o Escolasticismo ou mesmo Filosofia Escolástica que se trata de um método de pensamento crítico, ensino e aprendizagem que busca a conciliação do pensamento racional com a fé cristã, ou pelo menos com a interpretação que faziam os líderes religiosos da Igreja naquela época.
O crescimento da corrente foi impulsionado pela necessidade da Igreja Medieval de formar sacerdotes. Para isso, a instituição criou várias universidades, uma vez que o estudo gozava de prestígio na sociedade, de então.
A Filosofia Escolástica foi tão importante no pensamento medieval que o período entre os séculos IX e XVI é conhecido como período escolástico, pelo predomínio que o método exerce sobre as universidades da época.
A obra-prima de Tomás de Aquino, denominado Summa Theologica, é, frequentemente, vista como exemplo maior da escolástica.
Para a escolástica, algumas fontes eram fundamentais no aprofundamento de sua reflexão, por exemplo os filósofos antigos, a Bíblia e os Padres da Igreja, autores dos primeiros séculos cristãos que tinham sobre si a autoridade de fé e de santidade.
O principal representante dessa corrente foi certamente São Tomás de Aquino, mas figuras como João Escoto Erígena, Anselmo de Cantuária e Guilherme de Ockham também tiveram grande importância no desenvolvimento desta escola. E não podemos esquecer a influência de Boécio, considerado o último dos romanos e primeiro dos escolásticos, já nos século V e VI.
Em meados do século VI a.C. a democracia eclodiu em Atenas, na antiga Grécia. Os ideias de igualdade e liberdade para os cidadãos da Pólis (cidade) elevou o nível intelectual dos participantes das assembleias, daquele tempo.
A democracia permitiu o desenvolvimento do livre pensamento e com isso, a filosofia pode prosperar desenvolvendo e se ramificando em várias escolas e correntes.
Entretanto, já nos finas do século V a.C. e início do século 4 a.C. os ideais democráticos estavam sendo, segundo os estudiosos, criando a chamada demagogia.
Os principais agentes dessa desvirtuação do conceito original forma os sofistas, mestres
da retórica e da oratória.
Estes não acreditavam que existisse uma verdade absoluta que fosse compartilhada por todos os seres pensantes.
Dessa forma, usavam suas habilidades discursivas para conseguir melhores cargos e muito dinheiro, se beneficiando do desconhecimento.
Entretanto, um dos maiores filósofos daquele tempo se levantou contra esta prática e defendeu que a verdade estaria dentro do homem. Por causa de preconceitos e pelo uso de métodos incorretos, a verdade se afastara do homem.
Porém se afastando dessas obstruções, seria possível alcançar a verdade e, por conseguinte a virtude.
Este opositor se chamava Sócrates.
O pensamento e o método de Sócrates
O pensamento de Sócrates foi tão importante, que além de ter sido mestre de Platão diretamente (e indiretamente de Aristóteles) ele também influenciou bastante o estoicismo, o cinismo e o ceticismo, posterior.
A filosofia de Sócrates pode ser resumida pela epígrafe
escrita no templo de Apolo: “Conhece-te a ti mesmo”. Assim, ele buscava ajudar
o seu ouvinte a fazer uma auto reflexão , para entender a partir de suas
próprias ideais e conceitos o conhecimento que o levaria a encontrar a verdade.
Sócrates acreditava ser possível
chegar até a verdade, através da reflexão e do pensamento.
Era preciso, então derrubar esses obstáculos para se chegar
ao verdadeiro conhecimento, ao qual chama de virtude. Por isso, ele também
disse “Ninguém faz o mal voluntariamente”.
A concepção filosófica de Sócrates pode ser identificada
como um método de análise conceitual.
A célebre questão socrática é
identificada na sua questão “O que é..X?” encontrada em todos os seus diálogos.
É dessa forma que busca a definição de determinada coisa, geralmente uma
virtude ou qualidade moral.
O conhecimento liberta
Assim sendo, ao conhecermos a nós mesmos, ao descobrimos de
onde viemos, qual a nossa vocação, o que é correto e virtuoso, podemos
pavimenta a estrada em busca da felicidade e da plena realização.
Através do pensamento, o homem é capaz de criar, mas também
é capaz de destruir. Ao conhecermos nossos pensamentos, nossos sentimentos,
podemos guiar nossa vida para construirmos nossa realidade de forma positiva e virtuosa.
Porém, deixar de lado essa busca, deixar correr frouxo é o
primeiro passo para que tudo dê errado.
A partir de agora, o Semanário do Pensamento vai entrar em nova fase! Aqui, no Blog vamos experimentar expor algumas visões filosóficas próprias, ao invés de falar de outros autores.
Essa parte, a da crítica, da resenha sobre a história da filosofia e dos principais autores será exposta no nosso canal do Youtube, cujo link você tem aqui:
A primeira ideia a ser explicitada é acerca da constituição da existência, do cosmo e da Entidade Criadora do Universo.
A principal abordagem é sobre como isso pode ser materialmente apresentado.
Será que a existência de Deus, ou de um Demiurgo é estritamente espiritual ou será que há margem para uma interpretação lógica e científica para um fenômeno metafísico desta magnitude?
Obviamente, não temos a intensão de criar uma "verdade" ou impor essa ideia como a teoria correta ou predominante. Mas não é por isso que deixaremos de apresentar esta opção para o pensamento e para reflexão.
Posteriormente, ao fim desta séria, apresentaremos algumas questões sobre política e a formação da sociedade, aproveitando o ano eleitoral e a extrema polarização política que acomete o Brasil, atualmente.
É evidente que vemos essa polarização como uma questão forçada e adotada pelas mentes mais pueris e frágeis, que são a maioria do nosso povo!
Caso sobre tempo, espaço, energia e motivação terminaremos a temporada tratando de matemática, da física e das ciências em geral!
Encerrados em seus próprios mundos e escravizados pela tecnologia, cada ser humano do século XXI vive, a sua própria realidade.
A verdade não se encontra na experiência ou no raciocínio, mas no pronunciamento da celebridade favorita, em sua rede social.
As palavras, geralmente vazias, do artista, músico, político, modelo, ou atleta favorito torna-se verdade, sem julgo, sem crítica, sem a menor tentativa de experimentação.
Se pensamos que um remédio vai tratar certa doença, não há estudo ou prática laboral que demova o ser humano de sua crença.
Vivemos um mundo em que dogmas são impostos e raramente discutidos, em todos os âmbitos.
O ser humano hoje vive encarcerado em sua caverna, vendo as sombras da vida, acreditando que estas são as coisas reais e não a suas impressões.
O mito da caverna é uma passagem do livro "A República", escrito por Platão e que tem Sócrates, como personagem principal.
Este conceito é apresentado por Platão, que se refere a um grupo de homens presos no interior de um caverna. Eles estão sempre de costas para a saída e há um muro entre eles e o mundo exterior. Do lado de fora, algumas pessoas passam com figuras e as sombras desses objetos aparece na parede interior da caverna.
Os homens ali acorrentados observam as sombras e as tratam como se fossem os próprios objetos reais. Dessa forma, ele entendem como o mundo real o mundo das sombras que aparece no interior da caverna.
Até que um deles se solta e descobre o que há no mundo exterior, o que há na realidade. Ele volta e tenta libertar os demais, mas Sócrates e Glauco (seu interlocutor no diálogo) acreditam que este seria punido severamente, ou considerado insano, pelos prisioneiros que não conheciam a luz.
Esta passagem introduz ao dualismo platônico, que é representado pela dicotomia entre a luz e a sombra, entre o mundo sensível e o mundo das ideias, que seria o mundo pleno.
Ela também mostra a importância do filósofo como aquele que busca o conhecimento verdadeiro e tem a possibilidade de apresentá-lo à sociedade. Entretanto também aponta a possibilidade deste não ser bem recebido pela sociedade.
Hoje, nossas cavernas são nossos celulares, tablets, notebooks, computadores. Vemos por meio destes, em nossas redes sociais um mundo de sombras e fingimentos e acreditamos neste como uma realidade de fatos.
Será possível que consigamos nos livrar dessas amarras e buscarmos a luz?
Nada de romantismo e nem de ideologia. O livro que abordamos hoje traz essencialmente fundamentos das relações políticas entre as pessoas em sociedade e, principalmente, entre governantes e governados.
"O Príncipe" foi a obra máxima do escritor italiano Nicolau Maquiavel. O autor dedicou seu escrito a Lourenço II de Médici, Duque de Urbino.
Para alguns historiadores, Maquiavel seria um republicano, que via no ducado uma solução para a unificação da Itália, que só aconteceria de fato três séculos depois.
Neste tratado, o autor tenta demonstrar a natureza do relacionamento político apontando os meios como o governante pode manter a sociedade em paz e prosperidade, sendo ao mesmo tempo amado e temido pelo povo.
Porém, não se pode dizer que seja uma defesa do absolutismo crescente, na época em que fora escrito, em 1513. Ao contrário, o próprio escritor aponta que ao mesmo tempo em que em sina o soberano a governar, busca mostrar o caminho para o povo saber cobrá-lo.
Este livro é considerado por muitos cientistas políticos, sociólogos, historiadores e filósofos como uma das mais completas e bem estruturadas teorias políticas da historia, sendo um dos primeiros da Europa pós-medieval.
A obra também é vista com um olhar um tanto tendencioso. Após sua publicação, o termo "maquiavélico" acaba sendo incorporado ao linguajar cotidiano, sendo associado à maldade, ao ardil, ao interesseiro, em virtude da clássica frase contida nele que diz "os fins justificam os meios".
No entanto, Maquiavel defende uma visão material e objetiva e, pela afirmação defende que o monarca deve buscar de todas as formas para manter sua autoridade e essa visão tem como base as relações complicadas que existiam na região italiano, no início do século XVI.
Apesar de ser seu maior trabalho, Maquiavel não colheu os frutos do seu sucesso. "O Príncipe" foi publicado postumamente, ou seja, após a morte de seu autor.
O que tem a ver filosofia e esportes? Filósofo pratica esportes? Qual filósofo participou das Olimpíadas na antiguidade?
Quem acha que filósofos são "nerds" meio lesados, com dificuldades para esportes está enganado. Ao menos se estamos falando de filósofos gregos.
Ao contrário do que os estereótipos atuais possam sugerir, os filósofos de Grécia Antiga costumavam-se a dedicar a muitas disciplinas e, por essa razão foram considerados homens universais.
Aristóteles, Sócrates e Platão, por exemplo, foram relatados como expectadores dos jogos olímpicos em algumas oportunidades.
Platão foi além. Apesar da sua filosofia contemplativa, sua prática foi muito mais incisiva do que aparentaria.
O filósofo inclusive participou dos jogos como competidor e teria sido bicampeão olímpico no pancrácio, um espécie de luta misturada com pugilato (quase um boxe), um "vale-tudo" da época.
Outro que pode ter participado dos Jogos foi Pitágoras. Pode, porque até hoje não se sabe ao certo se foi mesmo o matemático de Samos, que chegou a ser proibido de competir no pugilato, o boxe da época, mas foi proibido de competir entre os meninos por ter sido considerado "efeminado". No entanto, competiu entre os homens e ganhou de todos os adversários.
Segundo o clássico historiador e biógrafo dos filósofos gregos, Diógenes Laércio, não se tratavam da mesma pessoa, embora alguns autores contemporâneos discutam essa identidade.
Aliás, hoje os especialistas em educação já admitem que há uma relação direta entre a prática de esportes e o desenvolvimento intelectual. Quem pratica esportes na escola aprende mais facilmente.
Portanto, tenha cuidado! Não ache que aquele fortão que puxa ferro na academia tem a cabeça vazia. Muito filósofos também foram atletas. Filósofo também pratica esportes.
Socialismo e comunismo são vistos como sinônimos, atualmente e integrados ao que se chama de viés político de esquerda. Entretanto, muitas das atribuições que os termos têm recebido atualmente podem ser equivocadas e até antagonizam com os conceitos originais que formaram essas teorias.
Por que? Vamos ver neste artigo!
Olá! Seja bem-vindo ao Semanário
do Pensamento.
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possamos fazer mais pesquisas sobre temas relacionados à filosofia, ao
pensamento, à ciência e ao racionalismo:
Nesta semana, estaremos falando
um pouco sobre o Socialismo e Comunismo.
Os termos socialismo e comunismo
despertam mais do que entendimento e compreensão técnica. Essas nomenclaturas
invocam hoje sentimentos extremos, de amor e ódio, se aproximando de um entendimento quase religioso, para seus adeptos.
Seu defensores e seus críticos têm em comum a dificuldade de refletir criticamente sobre os conceitos que envolvem e, em função desse caráter impositivo, há uma discrepância muito grande entre correntes que se intitulam dessa forma e as teorias que defendem em comparação à história de outras correntes que se autoproclamaram socialistas e/ou comunistas.
É importante citar, que os termos não representam exatamente sinônimos, embora possam ser consecutivos e congruentes, em muitos casos, mas não necessariamente sempre.
Essa celeuma se deve em grande parte à
forte influência que o Marxismo, principal corrente comunista teve no mundo a
partir da segunda metade do século XIX. A doutrina foi elaborada pelos
filósofos alemães Karl Marx e Friedrich Engels, em meados do Século XIX.
Seus inventores imaginaram
criar uma teoria com bases científicas a partir da história, da economia e da
sociologia, para justificar a transformação social através do comunismo, alcançado através de uma revolução popular.
Segundo defendiam, os trabalhadores eram quem de fato produziam a riqueza. Estes eram, porém, expropriados do máximo retorno, pelos capitalistas, os donas das grandes indústrias, através do processo que denominaram "mais - valia".
Esta seria a diferença entre o que produz o operário e o que fica para o capitalista. Enquanto este recebe os lucros, aquele fica com o salário, que seria a expressão máxima da Mais Valia e combatido com veemência pela dupla de pensadores.
Embora hoje em dia muita gente
opine sobre o tema e se ache entendedora do assunto, podemos afirmar que a
maioria esmagadora das afirmações feitas sobre o tema ou são falsas ou estão
redondamente enganadas.
Marx e Engels não foram os
primeiros comunistas/socialistas. Ao contrário, faziam parte de associações de
socialistas, que existiam bem antes deles. Muito menos o conceito de
coletivismo fora criado por eles. Na verdade, Marx e Engels eram industriais
burgueses, que criticavam o que consideravam ser uma extrema exploração dos
operários por parte dos industriais.
Sua doutrina não era
anticapitalista, mas pressuponha sua superação. Apesar de admitir os benefícios
trazidos pela sociedade industrial burguesa, os filósofos alemães pretendiam
estender as benesses da indústria àqueles que de fato punham a mão na massa: os
trabalhadores.
Como dito anteriormente eles
faziam parte de um grupo cada vez mais numeroso na Europa do século XIX de
trabalhadores e teóricos que defendiam uma transformação radical da sociedade.
A Europa do Século XIX passava por muitas turbulências políticas e sociais
derivadas do período revolucionário do final do século anterior.
Muitas outras propostas surgiram
na mesma época buscando criar ou recuperar algum tipo de ordem social, como o
Positivismo, do filósofo-religioso francês Auguste Comte. Hoje, o positivismo influencia de certo modo algumas correntes associadas ao socialismo e comunismo, uma vez que defende a ordem e a ciência para o progresso social.
Marx e Engels seriam
mais uma voz, na multidão a não ser por uma perspectiva que os diferenciava dos
demais: a prática revolucionária e a organização partidária. Ambos não ficavam
em seus escritórios somente escrevendo e publicando textos, mas se reuniam com
correligionários e agitavam ações diretas em busca da finalidade de suas obras.
Os principais livros da dupla forma o "Manifesto do Partido Comunista", escrito em conjunto por ambos, "O Capital", "A Ideologia Alemã" e "A Questão Judaica" de Marx, além de "A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado", de Engels.
Seus escritos foram influenciados
por algumas teorias às quais chamaram de “utópicas”. O termo utópico advém da
obra de Thomas More (Morus – latinizado), um filósofo, advogado, escritor e
estadista inglês que viveu entre 1478 e 1535 e escreveu o que talvez seja a
primeira obra escrita do ocidente a tratar de uma forma de coletivização ou
comunismo, na modernidade: A Utopia.
Na obra, More relata a visita de
um europeu à fictícia nação de Utopia, onde o soberano Utopus governava com
serenidade e sabedoria e todas as coisas pertenciam a todos e ninguém era dono
de nada.
Os relatos de More, sobre a tal terra fictícia envolvia não só a defesa do desapego de bens materiais, mas invadia o terreno da liberdade religiosa. Morus terminou enforcado e decapitado, por defender a Igreja Católica, contra a revolução anglicana, de Henrique VIII.
Apesar de parecer avançado, este conceito se aproximava tanto da noção
de que a terra era de Deus, ideia já presente na filosofia medieval, assim como
já vista no Livro Bíblico “Atos dos Apóstolos”. Este último, inclusive apontado
com um dos primeiros relatos utópicos pelos autores marxistas.
Em “Atos” podemos ler a afirmação,
que diz:
“Todos os fiéis viviam unidos e
tinham tudo em comum” – Atos 2-44 (bíblia online – versão católica).
Antes deles, porém, segundo
alguns historiadores e estudiosos do judaísmo, um grupo de judeus radical vivia
fora das cidades, em cavernas e não possuíam bens materiais e viviam de estudar
a Torá e aguardar a chegada do Messias. Esse grupo era conhecido como
“Essênios” e, para alguns estudiosos, desta seita é que teria saído João
Batista.
Outras tribos primitivas tanto na
América, quanto na África, na Ásia e na Oceania permaneceram por muitos séculos
em estado primitivo, vivendo sem a existência da sociedade privada, embora a
associação com alguma forma de comunismo possa ser considerada um tanto
forçada.
No século XIX outras teorias
socialistas surgiram na Europa. Na maior parte, essas ideias eram originadas no
humanismo, no iluminismo e no liberalismo, sendo derivações naturais desta
última, principalmente.
Claude-Henri Rouvroy, mais
conhecido como Conde de Saint-Simon criou uma ideologia política, que ficou
conhecida como sansimonismo. Segundo esta doutrina, todas as pessoas envolvidas
no processo produtivo deveriam compor uma classe industrial deveriam ter suas
necessidades reconhecidas e satisfeitas para que houvesse uma economia
eficiente.
Defendia assim, um socialismo
tecnocrático em contraposição aos que chamava de “parasitas” da sociedade,
pessoas que se recusavam a trabalhar e produzir. Essa doutrina surge com força
em oposição ao processo de restauração europeia, um movimento através do qual
as monarquias tentavam recuperar o poder perdido após a expansão do Império
Napoleônico.
François Marie Charles Fourier
propôs a criação de unidades de produção e consumo independentes, às quais
chamou de “Falanstérios”, ou falanges. Essas unidades se organizavam na forma
de cooperativas auto suficientes. Também defendia a liberdade individual e a
igualdade entre os gêneros masculino e feminino, ao mesmo tempo em que
criticava a civilização urbana, o matrimônio, a monogamia e o liberalismo.
Considerado um sátiro, Fourier costumeiramente transcendia o caráter
economicista dos demais socialistas.
Louis Jean Joseph Charles Blanc,
mais conhecido como Louis Blanc defendera a criação de associações
profissionais de trabalhadores de um mesmo ramo e de Oficinas nacionais,
financiadas pelo Estado, nas quais os lucros deveriam ser divididos entre
trabalhadores e o Estado.
Defendeu a República contra a
Monarquia, participando ativamente da Revolução de 1848 e teve suas ideias
postas em prática na França. Sua jornada no socialismo começara após a
Revolução de 1830, que fez a sua família ficar falida.
Robert Owen, industrial inglês
que propôs a organização dos trabalhadores em cooperativas é considerado o pai
do termo socialismo. Primeiramente defensor do utilitarismo e do liberalismo,
seu trabalho na indústria o fez se aproximar do socialismo e, para muitos é o
criador da teoria. Além disso, apoiava enormemente a educação e a reforma do
trabalho.
Para ele ninguém era responsável
por sua vontade. O ser humano é fruto de sua genética e do meio em que vive.
Dizia também que toda religião se baseia na ideia de que o homem é um animal
fraco, imbecil e fanático, por isso se manteve afastados delas. Até que aos 83
anos se converteu ao Espiritualismo e defendeu que a humanidade deveria se
preparar para a paz universal e difundir o espírito do amor, da caridade e da
tolerância.
Pierre-Joseph Proudhon foi o primeiro
a se autoproclamar anarquista. Proudhon teve célebres debates com Marx, por quem fora chamado de utópico. Escreveu "A Filosofia da Miséria" , sua obra mais importante que recebeu duras críticas de seu adversário comunista. Assim, Marx o rebateu escrevendo "A Miséria da Filosofia", onde criticou a falta de ação dos anarquistas.
É curioso perceber que também o termos anarquia e anarquismo sofrem com as deturpações contemporâneas. Primeiramente apresentados no meio dos operários, o termo, hoje foi adotado como uma criação ideológica para defender grandes capitalistas, contra a ação tributária Estatal.
Há ainda o socialismo Fabiano, concebido
pela Sociedade Fabiana, que se propõe a preparar a classe operária para chegar
ao poder. Diferentemente dos Marxistas, os Fabianos são contra a revolução e
acreditam na gradual evolução social. Seu símbolo é uma tartaruga.
De certa forma, os comunistas e
socialistas conseguiram chegar o poder em alguns lugares. A evolução do que se
chamou “Social-Democracia” fez surgir um entendimento de assistencialismo
estatal, que estaria necessariamente ligado ao termo socialismo, o que não é
completamente correto, como apontamos no relato.
Por outro lado, os marxistas
revolucionários conseguiram chegar ao poder, primeiramente na Rússia, em 1917,
suplantando a revolução liberal-democrata, que acontecera meses antes, no mesmo
ano.
Os marxistas já tinham se
organizado duas vezes no que se chamou de Internacional Comunista, ou
Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT). A primeira foi em 1876 e
contou com a presença de Marx e Engels, além de anarquistas, reformistas e
defensores das diversas correntes de ideias do movimento operário. A segunda em
1889, foi organizada por Engels.
A terceira acontece em 1919, já
na União Soviética, o primeiro Estado a se assumir marxista, propriamente dito.
Após a escalada de Stalin ao poder, essa associação passa a defender que os partidos
comunistas e trabalhistas no mundo inteiro adiram às causas das minorias, para
que, no somatório se tornassem numerosos em adeptos, pois entendiam que a
maioria é a soma das minorias.
O resultado da União Soviética
foi uma generalização das teorias anteriores amalgamadas de forma abrupta em um
modelo que ficou conhecido como “Socialismo de Estado”, o qual acabou sendo
chamado por socialistas e comunistas que lhe eram contrários de Capitalismo de
Estado. Nele, o Estado é o único com autoridade para empreender e toda
iniciativa econômica depende dele, sendo ao mesmo tempo assistencialista e
taxador de tributos, excessivamente.
O Estado Soviético se torna forte
e intervencionista nas mínimas coisas, ficando tão opulento quanto o Império
Russo Czarista, o qual Lênin tratou de derrubar. Da mesma forma, os movimentos
sociais ligados à AIT, agora sob o comando dos soviéticos passa a defender
igualdade entre os gêneros e os direitos dos homossexuais.
O curioso é que, durante o século
XIX, os movimentos operários consideraram uma vitória o fim da obrigação do
trabalho feminino nas indústrias, enquanto o do século XX defendia a
oportunidade de trabalho para a mulher.
Assim como Marx pautou toda sua
obra na visão de que o trabalhador não tendo propriedades materiais teria como
único bem a sua capacidade de reprodução. Por isso deu à essa classe o nome de
proletariado, exatamente porque sua única fonte de riqueza era gerar
descendentes que faziam com que a classe se tornasse numerosa e por isso
guardaria em seu interior o futuro do mundo, tendo a força necessária para
fazer a revolução.
Exatamente nesse ponto vem o contrassenso do esquerdismo atual, que defende exatamente o aborto e outras formas de planejamento familiar a fim de ajudar num controle populacional. Mar provavelmente não gostaria muito dessa defesa.
O esquerdismo, por sua vez é geralmente associado ao socialismo e ao comunismo. Entretanto, principalmente no Brasil e nos Estados Unidos, hoje, o que se chama de esquerda política tem muito mais relação com o desenvolvimento da ala social do liberalismo do que com alguma proposta marxista, comunista ou socialista.
Uma das confusões que normalmente aparecem é em relação à presença e atuação do Estado. Marx e Engels pressupunham que o Estado é um instrumento dos capitalistas para controlar a sociedade e manter a ordem econômica nela inscrita.
A esquerda política, em geral defende um Estado forte e atuante, além de assistencialista, se afastando amplamente dos conceitos originários que foram primeiramente associados ao comunismo e ao socialismo.
Em sua história, o
comunismo/socialismo nasce liberal-anarquista, evolui para o reformismo e
termina em um estatismo imperialista.
Na próxima semana falaremos mais
a fundo sobre Anarquismo.