sexta-feira, 28 de maio de 2021

Anarquia ou anarquismo? Como surgiu essa ideologia e o que ela significa, hoje?

Anarquia é um termo que vem Do grego antigo ἀναρχία (anarkhia) e significaria algo como anular o governo, ou sociedade sem governo. 



A doutrina política e social que defende a anarquia é chamada de Anarquismo. Essa ideologia se opõe a todo tipo de hierarquia e dominação, seja ela política, econômica, social ou cultural, como o Estado, o capitalismo, as instituições religiosas, o racismo e o patriarcado.

Os anarquistas defendem a socialização da propriedade privada dos meios de produção como um aspecto central na defesa da autogestão econômica. Esse sistema político é baseado na negação do princípio da autoridade.

Sua origem está nas ideias iluministas de Rousseau e no socialismo de Marx e Engels. O anarquismo lutava para construir uma sociedade onde ninguém precisaria de dirigentes para saber aquilo que se deve fazer. Não é, em absoluto, sinônimo de caos.

O anarquismo surge no século XIX, proposto pelo filósofo e político inglês William Godwin, que viveu entre 1756 e 1836. Ele sugere um novo sistema político e econômico distinto do capitalista liberal que imperava desde a Revolução Industrial.

Godwin era um utilitarista, ou seja, defendia uma teoria consequencialista, que afirma que a ação é boa quando tendem a promover a felicidade e más quando tendem a promover o oposto, tratando-se de uma moral eudemonista, que defende a plena liberdade.

O anarquismo, entre 1868 e 1894, já havia se desenvolvido significativamente e também havia sido difundido globalmente. Até 1949, a doutrina exerceu grande influência entre os movimentos operários e revolucionários. 

Os seus principais pensadores foram Mikhail Bakunin e Pierre-Joseph Proudhon.

Bakunin era russo de nascimento e participou de movimentos sociais ao lado de Karl Marx,no início de sua carreira como ativista. Visto como um agitador e extremamente radical, o anarquista logo se desentendeu com a ala comunista do movimento operário e provocando vários atritos, com os mesmos. 

Em sua perspectiva política, Bakunin rejeitou todos os sistemas de governo fossem qual fossem o seu formato. De forma similar, rejeitou a noção de quaisquer posições ou classes privilegiadas,

A forma de socialismo tal qual a concebia Bakunin era conhecida como "anarquismo coletivista", condição na qual os trabalhadores poderiam administrar diretamente os meios de produção através de suas próprias associações produtivas. 

Ele entendia que a organização da sociedade deveria se dar da base até o topo, ou da circunferência ao centro, de acordo com os princípios de livre associação e federação, o que ele chamou de Federalismo!

Bakunin foi severo nas críticas aos marxistas. Embora tenha sido parceiro de Karl Marx, no início, criou várias contendas posteriores e acabou sendo um dos líderes de um movimento ainda mais radical que criou o anarcosocialismo.



Para ele, todas as formas de governo levariam a opressão e, sobre os marxistas chegou a afirmar a seguinte frase:

“Eles defendem que nada além de uma ditadura - a ditadura deles, é claro - pode criar o desejo das pessoas, enquanto nossa resposta para isso é: Nenhuma ditadura pode ter qualquer outro objetivo para além de sua autoperpetuação, ela pode apenas levar à escravidão o povo que tolerá-la; a liberdade só pode ser criada através da liberdade, isto é, por uma rebelião universal de parte das pessoas e organização livre das multidões de trabalhadores de baixo para cima.”

Bakunin foi, posteriormente, criticado pela concepção de revolução violenta que defendia. 


Suas principais obras foram:

  • Die Reaktion in Deutschland (A Reação na Alemanha) – 1842
  • O Império Knuto-Germânico e a Revolução Social - 1871
  • Comuna de Paris e a Noção de Estado - 1871
  • Federalismo, Socialismo e Antiteologia – 1872
  • Estatismo e Anarquia (Gosudarstvennost' i anarkhiia/Staatlichkeit und Anarchie) – 1873
  • Textos Anarquistas - 1874
  • Deus e o Estado – 1882

(Fonte: Wikipedia.org)


Já Pierre-Joseph Proudhon foi um filósofo político e econômico francês, foi membro do Parlamento Francês e primeiro grande ideólogo a se auto intitular anarquista, no Século XIX.


Assim como Bakunin, Proudhon participou ativamente dos movimentos operários do século XIX, em princípio ao lado dos comunistas e marxistas. Mas a ruptura foi inevitável. 

O debate entre Marx e Proudhon se deu por trocas de escritos literários, tendo o anarquista escrito “A Filosofia da Miséria”, enquanto o comunista lhe respondera com “A Miséria da Filosofia”.

Suas obras foram:

  • O que é a Propriedade? Pesquisa sobre o Princípio do Direito e do Governo (1840)
  • Aviso aos Proprietários (1842)
  • Sistema das Contradições Econômicas, ou A Filosofia da Miséria (1846)
  • A Ideia Geral de Revolução no Século XIX(General Idea of the Revolution in the Nineteenth Century, (1851)
  • Le manuel du spéculateur à la bourse (2012)
  • De la justice dans la révolution et dans l'Eglise (1858)
  • La Guerre et la Paix (2012)
  • Do Princípio Federativo (1863)
  • De la capacité politique des classes ouvrières (1865)
  • Théorie de la propriété (2012)
  • Théorie du mouvement constitutionnel (2012)
  • Du principe de l'art (2012)
  • Correspondences (2012)

(Fonte: Wikipedia.org)

Iain McKay apontou uma divisão entre o anarquismo individualista, representado por autores como Stirner e Tucker, e o anarquismo social, representado por autores como Bakunin e Kropotkin.

Johann Kaspar Schmidt, mais conhecido como Max Stirner, foi um filósofo alemão muitas vezes visto como um dos precursores do niilismo, do existencialismo, da teoria psicanalítica, do pós-modernismo e do anarquismo, especialmente do anarquismo individualista.

Benjamin Tucker foi o principal defensor americano do anarquismo individualista e do anarquismo americano no século XIX Foi editor do periódico anarquista americano Liberty. 


Piotr Alexeyevich Kropotkin foi um geógrafo, economista, cientista político, sociólogo, zoólogo, historiador, filósofo e ativista político russo, um dos principais pensadores do anarquismo no fim do século XIX, considerado também o fundador da vertente anarco-comunista.

Haveria para McKay duas correntes maiores de anarquismo aquelas relativas à estratégia — com os primeiros priorizando a educação e a propaganda e os segundos priorizando as intervenções econômicas e políticas na busca por uma revolução — e aquelas relativas à economia de uma possível sociedade futura baseada nos princípios libertários.

Após a segunda guerra mundial, o poder político, econômico e militar da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas acabou por dominar todos os movimentos, outorgando o seu viés de socialismo ou comunismo e extirpando os anarquistas deste meio.

As ideias anarquistas retornam a ter força no final da década de 1970, quando o movimento Punk ganha o Reino Unido. Embora nem todo punk seja necessariamente anarquista, a ideologia foi propagada e defendida por muitos seguidores deste movimento, que aliou uma estética chocante com um movimento musical baseado em músicas agressivas, com temáticas contestadoras.

O punk se baseava nas ideias de liberdade máxima e seu lema é o “faça você mesmo”. O pensamento anarquista tem um papel importante na cultura punk, assim como o punk teve uma influência significativa no anarquismo contemporâneo.

A maior influência literária no período talvez tenha sido Giovanni Baldelli, escritor italiano, que publicou suas obras nos Estados Unidos e na Inglaterra, no início da década de 70.

No campo político-econômico se convencionou aceitar uma corrente chamada de anarco-capitalismo, que seria uma radicalização do liberalismo econômico e do neoliberalismo. Essa corrente defende o fim do Estado político e o livre mercado, mas com a continuidade da propriedade privada. 

Anarcocapitalismo é uma filosofia política capitalista que pretende a eliminação do Estado e a proteção à soberania do indivíduo através da propriedade privada e do mercado livre. 

Há um outro conjunto de ideias que por vezes se mistura e se confunde com o anarquismo, o chamado libertarianismo ou libertarismo. Esta é uma filosofia política e movimento que defende a liberdade como um princípio central. 

Os libertários compartilham um ceticismo em relação à autoridade e ao Estado, mas divergem no escopo de sua oposição aos sistemas políticos e econômicos. 

Enfim, entendemos que foram desenvolvidas diversas interpretações para o termo anarquia e seu derivado anarquismo. Algumas delas são conflitantes e até antagônicas.

O importante é que todas conservam a ideia central de que a anarquia consiste na ausência de controle, em alguma escala. 

Aplica-se o termo à qualquer perspectiva de liberdade extrema, seja política, econômica, social etc. 

Muito obrigado por ter lido. Esperamos ter ajudado a ampliar seu entendimento, assim como ampliamos o nosso, ao realizar esta pesquisa. 

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sexta-feira, 21 de maio de 2021

Socialismo e Comunismo


Socialismo e comunismo são vistos como sinônimos, atualmente e integrados ao que se chama de viés político de esquerda. Entretanto, muitas das atribuições que os termos têm recebido atualmente podem ser equivocadas e até antagonizam com os conceitos originais que formaram essas teorias. 

Por que? Vamos ver neste artigo!

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Nesta semana, estaremos falando um pouco sobre o Socialismo e Comunismo.

Os termos socialismo e comunismo despertam mais do que entendimento e compreensão técnica. Essas nomenclaturas invocam hoje sentimentos extremos, de amor e ódio, se aproximando de um entendimento quase religioso, para seus adeptos. 

Seu defensores e seus críticos têm em comum a dificuldade de refletir criticamente sobre os conceitos que envolvem e, em função desse caráter impositivo, há uma discrepância muito grande entre correntes que se intitulam dessa forma e as teorias que defendem em comparação à história de outras correntes que se autoproclamaram socialistas e/ou comunistas. 

É importante citar, que os termos não representam exatamente sinônimos, embora possam ser consecutivos e congruentes, em muitos casos, mas não necessariamente sempre. 

Essa celeuma se deve em grande parte à forte influência que o Marxismo, principal corrente comunista teve no mundo a partir da segunda metade do século XIX. A doutrina foi elaborada pelos filósofos alemães Karl Marx e Friedrich Engels, em meados do Século XIX. 

Seus inventores imaginaram criar uma teoria com bases científicas a partir da história, da economia e da sociologia, para justificar a transformação social através do comunismo, alcançado através de uma revolução popular. 

Segundo defendiam, os trabalhadores eram quem de fato produziam a riqueza. Estes eram, porém, expropriados do máximo retorno, pelos capitalistas, os donas das grandes indústrias, através do processo que denominaram "mais - valia". 

Esta seria a diferença entre o que produz o operário e o que fica para o capitalista. Enquanto este recebe os lucros, aquele fica com o salário, que seria a expressão máxima da Mais Valia e combatido com veemência pela dupla de pensadores. 

Embora hoje em dia muita gente opine sobre o tema e se ache entendedora do assunto, podemos afirmar que a maioria esmagadora das afirmações feitas sobre o tema ou são falsas ou estão redondamente enganadas.

Marx e Engels não foram os primeiros comunistas/socialistas. Ao contrário, faziam parte de associações de socialistas, que existiam bem antes deles. Muito menos o conceito de coletivismo fora criado por eles. Na verdade, Marx e Engels eram industriais burgueses, que criticavam o que consideravam ser uma extrema exploração dos operários por parte dos industriais.

Sua doutrina não era anticapitalista, mas pressuponha sua superação. Apesar de admitir os benefícios trazidos pela sociedade industrial burguesa, os filósofos alemães pretendiam estender as benesses da indústria àqueles que de fato punham a mão na massa: os trabalhadores.

Como dito anteriormente eles faziam parte de um grupo cada vez mais numeroso na Europa do século XIX de trabalhadores e teóricos que defendiam uma transformação radical da sociedade. A Europa do Século XIX passava por muitas turbulências políticas e sociais derivadas do período revolucionário do final do século anterior.

Muitas outras propostas surgiram na mesma época buscando criar ou recuperar algum tipo de ordem social, como o Positivismo, do filósofo-religioso francês Auguste Comte. Hoje, o positivismo influencia de certo modo algumas correntes associadas ao socialismo e comunismo, uma vez que defende a ordem e a ciência para o progresso social.

Marx e Engels seriam mais uma voz, na multidão a não ser por uma perspectiva que os diferenciava dos demais: a prática revolucionária e a organização partidária. Ambos não ficavam em seus escritórios somente escrevendo e publicando textos, mas se reuniam com correligionários e agitavam ações diretas em busca da finalidade de suas obras.

Os principais livros da dupla forma o "Manifesto do Partido Comunista", escrito em conjunto por ambos, "O Capital", "A Ideologia Alemã" e "A Questão Judaica" de Marx, além de "A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado", de Engels. 

Seus escritos foram influenciados por algumas teorias às quais chamaram de “utópicas”. O termo utópico advém da obra de Thomas More (Morus – latinizado), um filósofo, advogado, escritor e estadista inglês que viveu entre 1478 e 1535 e escreveu o que talvez seja a primeira obra escrita do ocidente a tratar de uma forma de coletivização ou comunismo, na modernidade: A Utopia.



Na obra, More relata a visita de um europeu à fictícia nação de Utopia, onde o soberano Utopus governava com serenidade e sabedoria e todas as coisas pertenciam a todos e ninguém era dono de nada. 

Os relatos de More, sobre a tal terra fictícia envolvia não só a defesa do desapego de bens materiais, mas invadia o terreno da liberdade religiosa. Morus terminou enforcado e decapitado, por defender a Igreja Católica, contra a revolução anglicana, de Henrique VIII.

Apesar de parecer avançado, este conceito se aproximava tanto da noção de que a terra era de Deus, ideia já presente na filosofia medieval, assim como já vista no Livro Bíblico “Atos dos Apóstolos”. Este último, inclusive apontado com um dos primeiros relatos utópicos pelos autores marxistas.

Em “Atos” podemos ler a afirmação, que diz:

“Todos os fiéis viviam unidos e tinham tudo em comum” – Atos 2-44 (bíblia online – versão católica).

Antes deles, porém, segundo alguns historiadores e estudiosos do judaísmo, um grupo de judeus radical vivia fora das cidades, em cavernas e não possuíam bens materiais e viviam de estudar a Torá e aguardar a chegada do Messias. Esse grupo era conhecido como “Essênios” e, para alguns estudiosos, desta seita é que teria saído João Batista.

Outras tribos primitivas tanto na América, quanto na África, na Ásia e na Oceania permaneceram por muitos séculos em estado primitivo, vivendo sem a existência da sociedade privada, embora a associação com alguma forma de comunismo possa ser considerada um tanto forçada.

No século XIX outras teorias socialistas surgiram na Europa. Na maior parte, essas ideias eram originadas no humanismo, no iluminismo e no liberalismo, sendo derivações naturais desta última, principalmente.

Claude-Henri Rouvroy, mais conhecido como Conde de Saint-Simon criou uma ideologia política, que ficou conhecida como sansimonismo. Segundo esta doutrina, todas as pessoas envolvidas no processo produtivo deveriam compor uma classe industrial deveriam ter suas necessidades reconhecidas e satisfeitas para que houvesse uma economia eficiente.

Defendia assim, um socialismo tecnocrático em contraposição aos que chamava de “parasitas” da sociedade, pessoas que se recusavam a trabalhar e produzir. Essa doutrina surge com força em oposição ao processo de restauração europeia, um movimento através do qual as monarquias tentavam recuperar o poder perdido após a expansão do Império Napoleônico.

François Marie Charles Fourier propôs a criação de unidades de produção e consumo independentes, às quais chamou de “Falanstérios”, ou falanges. Essas unidades se organizavam na forma de cooperativas auto suficientes. Também defendia a liberdade individual e a igualdade entre os gêneros masculino e feminino, ao mesmo tempo em que criticava a civilização urbana, o matrimônio, a monogamia e o liberalismo. Considerado um sátiro, Fourier costumeiramente transcendia o caráter economicista dos demais socialistas.

Louis Jean Joseph Charles Blanc, mais conhecido como Louis Blanc defendera a criação de associações profissionais de trabalhadores de um mesmo ramo e de Oficinas nacionais, financiadas pelo Estado, nas quais os lucros deveriam ser divididos entre trabalhadores e o Estado.

Defendeu a República contra a Monarquia, participando ativamente da Revolução de 1848 e teve suas ideias postas em prática na França. Sua jornada no socialismo começara após a Revolução de 1830, que fez a sua família ficar falida.

Robert Owen, industrial inglês que propôs a organização dos trabalhadores em cooperativas é considerado o pai do termo socialismo. Primeiramente defensor do utilitarismo e do liberalismo, seu trabalho na indústria o fez se aproximar do socialismo e, para muitos é o criador da teoria. Além disso, apoiava enormemente a educação e a reforma do trabalho.

Para ele ninguém era responsável por sua vontade. O ser humano é fruto de sua genética e do meio em que vive. Dizia também que toda religião se baseia na ideia de que o homem é um animal fraco, imbecil e fanático, por isso se manteve afastados delas. Até que aos 83 anos se converteu ao Espiritualismo e defendeu que a humanidade deveria se preparar para a paz universal e difundir o espírito do amor, da caridade e da tolerância.

Pierre-Joseph Proudhon foi o primeiro a se autoproclamar anarquista. Proudhon teve célebres debates com Marx, por quem fora chamado de utópico. Escreveu "A Filosofia da Miséria" , sua obra mais importante que recebeu duras críticas de seu adversário comunista. Assim, Marx o rebateu escrevendo "A Miséria da Filosofia", onde criticou a falta de ação dos anarquistas.

É curioso perceber que também o termos anarquia e anarquismo sofrem com as deturpações contemporâneas. Primeiramente apresentados no meio dos operários, o termo, hoje foi adotado como uma criação ideológica para defender grandes capitalistas, contra a ação tributária Estatal. 

Há ainda o socialismo Fabiano, concebido pela Sociedade Fabiana, que se propõe a preparar a classe operária para chegar ao poder. Diferentemente dos Marxistas, os Fabianos são contra a revolução e acreditam na gradual evolução social. Seu símbolo é uma tartaruga.

De certa forma, os comunistas e socialistas conseguiram chegar o poder em alguns lugares. A evolução do que se chamou “Social-Democracia” fez surgir um entendimento de assistencialismo estatal, que estaria necessariamente ligado ao termo socialismo, o que não é completamente correto, como apontamos no relato.

Por outro lado, os marxistas revolucionários conseguiram chegar ao poder, primeiramente na Rússia, em 1917, suplantando a revolução liberal-democrata, que acontecera meses antes, no mesmo ano.

Os marxistas já tinham se organizado duas vezes no que se chamou de Internacional Comunista, ou Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT). A primeira foi em 1876 e contou com a presença de Marx e Engels, além de anarquistas, reformistas e defensores das diversas correntes de ideias do movimento operário. A segunda em 1889, foi organizada por Engels.

A terceira acontece em 1919, já na União Soviética, o primeiro Estado a se assumir marxista, propriamente dito. Após a escalada de Stalin ao poder, essa associação passa a defender que os partidos comunistas e trabalhistas no mundo inteiro adiram às causas das minorias, para que, no somatório se tornassem numerosos em adeptos, pois entendiam que a maioria é a soma das minorias.

O resultado da União Soviética foi uma generalização das teorias anteriores amalgamadas de forma abrupta em um modelo que ficou conhecido como “Socialismo de Estado”, o qual acabou sendo chamado por socialistas e comunistas que lhe eram contrários de Capitalismo de Estado. Nele, o Estado é o único com autoridade para empreender e toda iniciativa econômica depende dele, sendo ao mesmo tempo assistencialista e taxador de tributos, excessivamente.

O Estado Soviético se torna forte e intervencionista nas mínimas coisas, ficando tão opulento quanto o Império Russo Czarista, o qual Lênin tratou de derrubar. Da mesma forma, os movimentos sociais ligados à AIT, agora sob o comando dos soviéticos passa a defender igualdade entre os gêneros e os direitos dos homossexuais.

O curioso é que, durante o século XIX, os movimentos operários consideraram uma vitória o fim da obrigação do trabalho feminino nas indústrias, enquanto o do século XX defendia a oportunidade de trabalho para a mulher.

Assim como Marx pautou toda sua obra na visão de que o trabalhador não tendo propriedades materiais teria como único bem a sua capacidade de reprodução. Por isso deu à essa classe o nome de proletariado, exatamente porque sua única fonte de riqueza era gerar descendentes que faziam com que a classe se tornasse numerosa e por isso guardaria em seu interior o futuro do mundo, tendo a força necessária para fazer a revolução.

Exatamente nesse ponto vem o contrassenso do esquerdismo atual, que defende exatamente o aborto e outras formas de planejamento familiar a fim de ajudar num controle populacional. Mar provavelmente não gostaria muito dessa defesa. 

O esquerdismo, por sua vez é geralmente associado ao socialismo e ao comunismo. Entretanto, principalmente no Brasil e nos Estados Unidos, hoje, o que se chama de esquerda política tem muito mais relação com o desenvolvimento da ala social do liberalismo do que com alguma proposta marxista, comunista ou socialista. 

Uma das confusões que normalmente aparecem é em relação à presença e atuação do Estado. Marx e Engels pressupunham que o Estado é um instrumento dos capitalistas para controlar a sociedade e manter a ordem econômica nela inscrita. 

A esquerda política, em geral defende um Estado forte e atuante, além de assistencialista, se afastando amplamente dos conceitos originários que foram primeiramente associados ao comunismo e ao socialismo. 

Em sua história, o comunismo/socialismo nasce liberal-anarquista, evolui para o reformismo e termina em um estatismo imperialista.

Na próxima semana falaremos mais a fundo sobre Anarquismo.

Muito Obrigado, por sua leitura! Valeu!  

sábado, 15 de maio de 2021

Relação entre Território e Guerra!

 

Qual a relação entre o território e a guerra? Só existem guerras pelo território? Não! Mas certamente, a terra e seus frutos foram decisivamente os fatores mais importantes e recorrentes para conflitos humanos, ao longo de toda a história. 

Seja bem-vindo ao Semanário do Pensamento. Nesta semana, estaremos falando um pouco sobre o Território e a Guerra.



O homem era nômade, quando apareceu neste mundo. Esta visão é compartilhada pelos diferentes ramos da ciência que estudam a humanidade, desde o seu surgimento. 

Mas após descobrir como cultivar plantas e domesticar animais o homem começou a se estabelecer em determinadas porções de terras. Essas porções se tornaram seu território.

Na natureza a noção que envolve o termo é comum a diversas espécies animais que demarcam suas posses usando seus excrementos ou usando restos encontrados na natureza.

A humanidade teve então que aprender a criar o seu território com o passar dos tempos. Antes, viviam de terra em terra buscando alimentos que extraída da natureza bruta. A partir do momento em que se fixou em um lugar específico, o homem, mais do que se alimentar bem, passou a desenvolver tecnologia.

A tecnologia surge com o avanço da compreensão sobre a natureza, o que permitiu melhores técnicas na agricultura e pecuária, assim como dominar melhor o fogo e canalizar a água. Foi dessa maneira que a humanidade pode estabelecer colônias e assentamentos por todo o Globo Terrestre.

Porém, nem todos os homens existentes habitavam juntos e nem todos abandonaram o nomadismo ao mesmo tempo. Enquanto uns começaram a cultivar o solo, outros se mantinham em estado de natureza selvagem e coletora. Ao encontrar os que aravam o solo, o combate tinha início.

Essa relação pode ter existido até por volta da Idade Média, na Europa, por exemplo. Mesmo com a formação de grandes Estados e Impérios ainda haviam homens sem território, até recentemente, em termos históricos.

Várias tribos europeias permaneceram buscando e conquistando territórios na base da força, Idade Média adentro, como povos de origens góticas e visigóticas, dentre outros. 

Não é o caso de confundir com tribos que se estabeleceram em determinadas áreas especificamente, que em geral tinham seus territórios e terras sagradas.

Com a consolidação dos assentamentos, a humanidade criou uma relação bem próxima com a terra em que vivia, uma vez que dela ele tirava seu alimento e até sua segurança. Sabia que nem todas as terras pelas quais passara poderiam apresentar os mesmos resultados, tanto em relação ao cultivo do solo, quando à criação de animais.

Esse apego de uns, conflitando com o nomadismo e posteriormente com a insegurança, a ganância, o primitivismo e o expansionismo de outros criou um conflito complexo entre grupamentos humanos, o que chamamos de Guerra.



No princípio, a guerra era uma busca tanto pela conquista da terra, quanto dos frutos dela gerado, ou mesmo pela tentativa de dominação de outros povos e sua opressão em troca de tributos. A defesa da liberdade ou a pressuposição de futuras invasões também levou diversos povos a 'pegarem em armas'! 

A complexidade e periculosidade desses conflitos amplia-se ainda mais, à medida em que a relação com a terra e com os convivas cria no ser humano sentimentos ainda mais rebuscados como os relacionados ao nacionalismo, à identidade do grupo e mesmo à religiosidade, muitas vezes associada a uma necessidade de se estabelecer ou conquistar uma região específica.

Com o tempo e o desenvolvimento da tecnologia, a guerra evoluiu ao ponto de ser perigosa até mesmo para a existência humana no Planeta Terra.

Ao mesmo tempo que a tecnologia evoluiu, a mentalidade humana se manteve a mesma. Pouco temos hoje de diferente, em relação àqueles homens das cavernas nômades que se enfrentavam com tacapes e pedras. Mesmo com tanta evolução tecnológica, com tantas obras de artes e pensamentos filosóficos evoluídos.

A guerra pela posse ou propriedade do território continua a se fazer presente, mesmo com toda a informação disponível. Pelo visto, a humanidade vai conviver com isso, para sempre!!!

Na próxima semana falaremos mais a fundo sobre Socialismo e Comunismo.

Até a próxima semana!

Muito Obrigado! 


sexta-feira, 7 de maio de 2021

O que é Liberalismo [A VERDADE] Semanário do Pensamento - Liberalismo

 

Olá! Seja bem-vindo ao Semanário do Pensamento. Nesta semana, estaremos falando um pouco sobre o Liberalismo.




“Todo o ser humano tem direito natural à vida, à liberdade e à propriedade”! Esta frase foi dita por John Locke, o qual muitos historiadores e filósofos consideram como o pai do Liberalismo.

Locke afirmara, que o liberalismo deve se pautar pelo Contrato Social. Sendo assim os governos não poderiam ter poder absoluto sobre o povo, mas ao contrário, deveriam garantir a seus cidadãos os direitos anteriormente citados.

O Liberalismo é uma corrente filosófica, econômica e social que preconiza a defesa da liberdade e da garantia dos direitos individuais. Ele surge num contexto de transformações na Europa do século XVII e vai servir de parâmetro para as revoluções que se seguirão nos séculos XVIII e XIX.

Esta corrente surge contestando muitas normas sociais que predominavam no Velho Continente, com o direito divino das monarquias, o absolutismo e o Estado teocrático, confessional.

Assim, se torna a filosofia da burguesia e é por muitos considerada a ideologia da sociedade atual, advinda da era mercantilista e consolidada após as revoluções Industrial, Inglesa, Francesa e Americana.

No campo econômico, os liberais defendem a livre iniciativa, o livre comércio, o livre mercado e no início, foram importantes para desmontar grandes redes monopolistas instituídas pelos Reinos e Estados europeus daqueles tempos.

No campo social, mais uma vez preconiza a liberdade individual, a liberdade de credo, de orientação política, a liberdade de expressão e a igualdade de direitos, de gêneros e étnica.

No campo político, o Liberalismo defende sobretudo a Democracia e a igualdade de direitos, considerando que esta igualdade entre todos, no campo jurídico e social é o que possibilita a liberdade. O termo ganhou contornos benevolentes com o Iluminismo.

Não podemos confundir o conceito com os relativos à libertinagem, um termo pejorativo associado à indiscrição e imoralidade.

Como podemos constatar, o Liberalismo é extremamente predominante na sociedade atual. Nada mais justo, dado que vivemos em uma sociedade derivada da consolidação da burguesia europeia como dominante. Assim, sua ideologia passou a predominar em praticamente todo o mundo chamado de civilizado, salvos exceções dos países chamados de “comunistas” e nos países cujos governos são ligados à seitas religiosas.

No ocidente, em todos os Estados democráticos, as ideologias dominantes têm raízes liberais, apesar de uma certa dicotomia ter sido criada no interior da sociedade. Questões políticas e eleitorais aproximam alguns grupos do socialismo, outros do anarquismo e outros do fascismo. 

Como podemos entender essa situação?



Muito simples. Alguns grupos focam na questão econômica. Esses se dizem “liberais na economia e conservadores nos costumes”! Este é um uso oportunista do termo, uma vez que é usado pela conveniência, dado que os propagadores dessa ideia geralmente são pessoas associadas ao Mercado de Capitais e ao mundo dos negócios.

Assim bradam a não intervenção estatal, a parte do Liberalismo que lhes interessa, enquanto mantêm alguma aproximação dos costumes conservadores, a fim de ganhar a adesão de grupos religiosos e de pessoas com baixo nível de escolaridade. Apoiam um Estado policial severo, pois o único direito dos defendidos por Locke que lhes é importante é o da propriedade. E só a deles.

Conseguem se entender como liberais e patriotas ao mesmo tempo, algo que historicamente faz pouco ou nenhum sentido. Dessa forma, acabam se aproximando mais de regimes autoritários, como fascista.

Do outro lado, não menos enganado está o que se chama de esquerda hoje. Essa é a parte dos liberais que continuou se chamando de “esquerda”, uma vez que eram assim vistos os primeiros defensores dessa ideologia, na Inglaterra e na França da Idade Moderna.

Esses focam nas liberdades individuais e nos direitos a respeito da igualdade de gênero, de etnias e no internacionalismo. Muitos desses grupos se apresentam como socialistas e usam conceitos marxistas para propagar suas ideias. Na prática, são a parcela reformista dos liberais.

E há um grupo mais radical, que defende boa parte das duas ideias, tanto em relação às liberdades econômicas quanto às liberdades individuais. Uma boa parte deles defende a manutenção do sistema econômico, porém com a completa inexistência do Estado. Esses são chamados de Anarcocapitalistas. Porém, sua participação no cenário político ainda é restrita e não formam um partido ou um grupo de partidos considerável. Até porque são anarquistas e não apreciam esse tipo de organização.

No campo econômico, o Liberalismo Clássico, também chamado de Tradicional ou Laissez-Faire foi defendido por economistas como Adam Smith, Thomas Malthus e David Ricardo. A ideia central dessa doutrina econômica é a livre iniciativa e a liberdade individual, com a limitação do poder do Estado pelo que se chamou de império das leis.

Segundo Adam Smith, em seu célebre livro “A Riqueza das Nações” as interações entre indivíduos obedeceriam a uma determinada ordem e uma espécie de “Mão Invisível” orientaria a economia beneficiando toda a sociedade.

Por fim é importante que falemos do termo neoliberalismo. Ao contrário dos partidários do liberalismo tradicional, os neoliberais se concentram na questão econômica, exclusivamente. Defendem reformas políticas e econômicas que reduzam o papel do Estado na economia e sua moral social está voltada para uma suposta meritocracia, segundo a qual a propriedade e o retorno financeiro do indivíduo estariam associados ao mérito, que teve na conquista de seus objetivos.

Entretanto, esta definição de mérito não é bem clara e, muitas vezes envolve ações antiéticas, imorais e até mesmo contravenções.

Há também os Libertários, uma ramificação do Liberalismo, também associada ao Anarquismo, que defende a liberdade absoluta, compartilhando um alto grau de ceticismo em relação ao Estado, porém com muita divergência sobre o sistema político o qual defendem.

Enfim, o Liberalismo é a ideologia predominante, às qual muitos confundem com o termo Capitalismo, considerados por alguns uma pecha pejorativa criada pelos comunistas e socialistas. Entretanto, todos os três conceitos são derivados da consolidação da sociedade Liberal – Burguesa, que é onde vivemos hoje e deve continuar assim por muitos anos.



Na próxima semana falaremos mais a fundo sobre Território e Guerra.

Muito Obrigado!