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sexta-feira, 28 de maio de 2021

Anarquia ou anarquismo? Como surgiu essa ideologia e o que ela significa, hoje?

Anarquia é um termo que vem Do grego antigo ἀναρχία (anarkhia) e significaria algo como anular o governo, ou sociedade sem governo. 



A doutrina política e social que defende a anarquia é chamada de Anarquismo. Essa ideologia se opõe a todo tipo de hierarquia e dominação, seja ela política, econômica, social ou cultural, como o Estado, o capitalismo, as instituições religiosas, o racismo e o patriarcado.

Os anarquistas defendem a socialização da propriedade privada dos meios de produção como um aspecto central na defesa da autogestão econômica. Esse sistema político é baseado na negação do princípio da autoridade.

Sua origem está nas ideias iluministas de Rousseau e no socialismo de Marx e Engels. O anarquismo lutava para construir uma sociedade onde ninguém precisaria de dirigentes para saber aquilo que se deve fazer. Não é, em absoluto, sinônimo de caos.

O anarquismo surge no século XIX, proposto pelo filósofo e político inglês William Godwin, que viveu entre 1756 e 1836. Ele sugere um novo sistema político e econômico distinto do capitalista liberal que imperava desde a Revolução Industrial.

Godwin era um utilitarista, ou seja, defendia uma teoria consequencialista, que afirma que a ação é boa quando tendem a promover a felicidade e más quando tendem a promover o oposto, tratando-se de uma moral eudemonista, que defende a plena liberdade.

O anarquismo, entre 1868 e 1894, já havia se desenvolvido significativamente e também havia sido difundido globalmente. Até 1949, a doutrina exerceu grande influência entre os movimentos operários e revolucionários. 

Os seus principais pensadores foram Mikhail Bakunin e Pierre-Joseph Proudhon.

Bakunin era russo de nascimento e participou de movimentos sociais ao lado de Karl Marx,no início de sua carreira como ativista. Visto como um agitador e extremamente radical, o anarquista logo se desentendeu com a ala comunista do movimento operário e provocando vários atritos, com os mesmos. 

Em sua perspectiva política, Bakunin rejeitou todos os sistemas de governo fossem qual fossem o seu formato. De forma similar, rejeitou a noção de quaisquer posições ou classes privilegiadas,

A forma de socialismo tal qual a concebia Bakunin era conhecida como "anarquismo coletivista", condição na qual os trabalhadores poderiam administrar diretamente os meios de produção através de suas próprias associações produtivas. 

Ele entendia que a organização da sociedade deveria se dar da base até o topo, ou da circunferência ao centro, de acordo com os princípios de livre associação e federação, o que ele chamou de Federalismo!

Bakunin foi severo nas críticas aos marxistas. Embora tenha sido parceiro de Karl Marx, no início, criou várias contendas posteriores e acabou sendo um dos líderes de um movimento ainda mais radical que criou o anarcosocialismo.



Para ele, todas as formas de governo levariam a opressão e, sobre os marxistas chegou a afirmar a seguinte frase:

“Eles defendem que nada além de uma ditadura - a ditadura deles, é claro - pode criar o desejo das pessoas, enquanto nossa resposta para isso é: Nenhuma ditadura pode ter qualquer outro objetivo para além de sua autoperpetuação, ela pode apenas levar à escravidão o povo que tolerá-la; a liberdade só pode ser criada através da liberdade, isto é, por uma rebelião universal de parte das pessoas e organização livre das multidões de trabalhadores de baixo para cima.”

Bakunin foi, posteriormente, criticado pela concepção de revolução violenta que defendia. 


Suas principais obras foram:

  • Die Reaktion in Deutschland (A Reação na Alemanha) – 1842
  • O Império Knuto-Germânico e a Revolução Social - 1871
  • Comuna de Paris e a Noção de Estado - 1871
  • Federalismo, Socialismo e Antiteologia – 1872
  • Estatismo e Anarquia (Gosudarstvennost' i anarkhiia/Staatlichkeit und Anarchie) – 1873
  • Textos Anarquistas - 1874
  • Deus e o Estado – 1882

(Fonte: Wikipedia.org)


Já Pierre-Joseph Proudhon foi um filósofo político e econômico francês, foi membro do Parlamento Francês e primeiro grande ideólogo a se auto intitular anarquista, no Século XIX.


Assim como Bakunin, Proudhon participou ativamente dos movimentos operários do século XIX, em princípio ao lado dos comunistas e marxistas. Mas a ruptura foi inevitável. 

O debate entre Marx e Proudhon se deu por trocas de escritos literários, tendo o anarquista escrito “A Filosofia da Miséria”, enquanto o comunista lhe respondera com “A Miséria da Filosofia”.

Suas obras foram:

  • O que é a Propriedade? Pesquisa sobre o Princípio do Direito e do Governo (1840)
  • Aviso aos Proprietários (1842)
  • Sistema das Contradições Econômicas, ou A Filosofia da Miséria (1846)
  • A Ideia Geral de Revolução no Século XIX(General Idea of the Revolution in the Nineteenth Century, (1851)
  • Le manuel du spéculateur à la bourse (2012)
  • De la justice dans la révolution et dans l'Eglise (1858)
  • La Guerre et la Paix (2012)
  • Do Princípio Federativo (1863)
  • De la capacité politique des classes ouvrières (1865)
  • Théorie de la propriété (2012)
  • Théorie du mouvement constitutionnel (2012)
  • Du principe de l'art (2012)
  • Correspondences (2012)

(Fonte: Wikipedia.org)

Iain McKay apontou uma divisão entre o anarquismo individualista, representado por autores como Stirner e Tucker, e o anarquismo social, representado por autores como Bakunin e Kropotkin.

Johann Kaspar Schmidt, mais conhecido como Max Stirner, foi um filósofo alemão muitas vezes visto como um dos precursores do niilismo, do existencialismo, da teoria psicanalítica, do pós-modernismo e do anarquismo, especialmente do anarquismo individualista.

Benjamin Tucker foi o principal defensor americano do anarquismo individualista e do anarquismo americano no século XIX Foi editor do periódico anarquista americano Liberty. 


Piotr Alexeyevich Kropotkin foi um geógrafo, economista, cientista político, sociólogo, zoólogo, historiador, filósofo e ativista político russo, um dos principais pensadores do anarquismo no fim do século XIX, considerado também o fundador da vertente anarco-comunista.

Haveria para McKay duas correntes maiores de anarquismo aquelas relativas à estratégia — com os primeiros priorizando a educação e a propaganda e os segundos priorizando as intervenções econômicas e políticas na busca por uma revolução — e aquelas relativas à economia de uma possível sociedade futura baseada nos princípios libertários.

Após a segunda guerra mundial, o poder político, econômico e militar da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas acabou por dominar todos os movimentos, outorgando o seu viés de socialismo ou comunismo e extirpando os anarquistas deste meio.

As ideias anarquistas retornam a ter força no final da década de 1970, quando o movimento Punk ganha o Reino Unido. Embora nem todo punk seja necessariamente anarquista, a ideologia foi propagada e defendida por muitos seguidores deste movimento, que aliou uma estética chocante com um movimento musical baseado em músicas agressivas, com temáticas contestadoras.

O punk se baseava nas ideias de liberdade máxima e seu lema é o “faça você mesmo”. O pensamento anarquista tem um papel importante na cultura punk, assim como o punk teve uma influência significativa no anarquismo contemporâneo.

A maior influência literária no período talvez tenha sido Giovanni Baldelli, escritor italiano, que publicou suas obras nos Estados Unidos e na Inglaterra, no início da década de 70.

No campo político-econômico se convencionou aceitar uma corrente chamada de anarco-capitalismo, que seria uma radicalização do liberalismo econômico e do neoliberalismo. Essa corrente defende o fim do Estado político e o livre mercado, mas com a continuidade da propriedade privada. 

Anarcocapitalismo é uma filosofia política capitalista que pretende a eliminação do Estado e a proteção à soberania do indivíduo através da propriedade privada e do mercado livre. 

Há um outro conjunto de ideias que por vezes se mistura e se confunde com o anarquismo, o chamado libertarianismo ou libertarismo. Esta é uma filosofia política e movimento que defende a liberdade como um princípio central. 

Os libertários compartilham um ceticismo em relação à autoridade e ao Estado, mas divergem no escopo de sua oposição aos sistemas políticos e econômicos. 

Enfim, entendemos que foram desenvolvidas diversas interpretações para o termo anarquia e seu derivado anarquismo. Algumas delas são conflitantes e até antagônicas.

O importante é que todas conservam a ideia central de que a anarquia consiste na ausência de controle, em alguma escala. 

Aplica-se o termo à qualquer perspectiva de liberdade extrema, seja política, econômica, social etc. 

Muito obrigado por ter lido. Esperamos ter ajudado a ampliar seu entendimento, assim como ampliamos o nosso, ao realizar esta pesquisa. 

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