Naquele tempo, cada povo tinha sua própria explicação para o surgimento do mundo e da vida. Cada deus nacional tinha criado o mundo e inserido a vida nele.
Mas isso não poderia ser verdade, pois só há um mundo e, aparentemente para um jovem comerciante grego do século VI a.C. todos os povos pareciam ser compostos por gente, por seres humanos, apesar de marcantes diferenças físicas.
Todos falavam, andavam, comiam, dormiam, construíam, se reproduziam, ou seja, eram todos muito similares. Como um poderia ter sido criado de uma forma por um deus e outro de outra, por outro deus diferente, de um panteão de deuses tão diferentes e com tantas capacidades sobre humanas.
Não será que se tratam do mesmo deus? Ou será que a explicação não é plausível?
Pensando nisso, um comerciante da cidade de Mileto, na costa da Jônia, onde hoje está localizada a Turquia passou a refletir sobre o surgimento do Universo.
Em suas reflexões, considerou a possibilidade de tudo advir de um único elemento, que passou a chamar de "Elemento Primordial" , ou "Arché" , a causa de tudo o que existe.
A noção de Arché propõe que deste elemento original tudo mais se derivou.
Todo o Universo e tudo o que está dele teria surgido desta causa primeira, deste elemento.
O primeiro a propor tal reflexão foi Tales de Mileto, um comerciante, político, astrônomo da antiga Jônia.
Segundo o grego Aristóteles, ele teria sido o primeiro a quem podemos considerar filósofo, na tradição racionalista ocidental.
Através da sua proposição de elemento primordial, ele afastou a explicação do surgimento do Universo e da criação do mundo da esfera mitológica e aproximou do racionalismo.
Tales propusera que a água poderia ter sido este princípio fundamental. Porém, sua consciência de limitação da sua inteligência não fez desta proposição um dogma irrefutável.
Ao contrário, seus discípulos e sucessores propuseram outras substâncias primordiais, outras causas universais e, assim deu início a uma tradição racional e crítica das explicações do mundo e das ciências.
Anaximandro de Mileto, seu primeiro discípulo importante propôs o A-peiron, enquanto Anaxímenes, também de Mileto, sugeriu o Ar, como substância primordial.
E assim, a filosofia ocidental, racional e empirista se desenvolveu de forma crítica, buscando sempre refutações plausíveis, racionais e fundamentadas para as teorias propostas.
A partir desses conceitos, a ciência surge com base na prova prática empírica para teorias racionalmente propostas e sempre buscando explicações para todas as propostas e para as próprias explicações.
Assim nasceu a Escola de Mileto, a primeira corrente da Escola Jônica, a original da filosofia grega.