Uma das discussões mais comuns travadas em redes sociais na última década foi sobre de qual lado do espectro político, o nazismo e o fascismo estaria.
Para entender a alocação política do nazismo, precisamos primeiro entender as suas origens e preceitos. Primeiro temos que entender que o nazismo é uma subdivisão do Fascismo, uma ideologia política ultranacionalista e autoritarista, que se caracteriza pelo poder ditatorial e centralizador, pela repressão violenta de opositores e pelo forte controle social e da economia.
O Fascismo se opôs fortemente ao liberalismo e ao comunismo, ao mesmo tempo que não era favorável ao conservadorismo, embora alianças com setores da direita tradicional tenham sido vistas.
Esta ideologia política aceitava os avanços tecnológicos positivos e científicos, mas propunha a emergência de uma nova classe dominante, baseada na força.
Já o nazismo é uma forma de fascismo que acrescenta o antissemitismo e o "racismo científico" como doutrina base.
Sua argumentação se baseava na crença de que o povo germânico pertencia a uma raça mais elevada de seres humanos, a chamada Raça Ariana.
Sua origem remonta a derrota da Alemanha na primeira guerra mundial e foi influenciada pelos Freikorps, grupos paramilitares que surgiram após o mega evento.
O nazismo apoiava a noção pseudo-científica da hierarquia racial e do darwinismo social. É comumente referida como o nacional-socialismo pois pretendia se diferenciar radicalmente tanto do capitalismo de livre mercado, quanto do comunismo marxista.
É nesse ponto que reside a dúvida que cria toda a confusão.
Apesar de se denominar socialismo, é um doutrina nacionalista radical.
Dessa forma não pode ser vista como associada ao conceito de esquerda, que temos hoje, visto que esta é uma ideia associada ao liberalismo libertário, que defendia exatamente seu inverso: a liberdade individual.
O erro analítico associado ao termo nasce ao tentar se ver a história de trás para frente. Quem analisa a forma de atuação e governo dos nazistas os associa ao modus operandi soviético.
Isso é perceptível.
Entretanto, é preciso primeiro entender o que foi caracterizado como esquerda, quando este termo se tornou emblemático para tratar da política, entre os séculos XVIII e XIX.
Por seguinte, devemos entender a busca do governo soviético em influenciar partidos de oposição e esquerda do mundo ocidental, principalmente do chamado "Terceiro Mundo".
Depois, temos que entender como funciona o jogo político da nossa sociedade, na qual as ideias de economia e sociedade se confundem.
Nesse contexto surge a figura do conservador nos costumes e liberal na economia, que nada mais é do que uma ideologia dos grandes possuidores de capital que guardam publicamente valores tradicionais (ainda que na vida privada façam completamente diferente) visando agradar a opinião pública, principalmente dialogar com os mais pobres, que em geral, tem mais apreço ao conservadorismo social.
Entretanto, no aspecto econômico propõem menos intervenção do Estado, o que não acontece por moral, ou por crença filosófica, mas apenas na tentativa de pagar menos tributos e aumentar suas margens de lucro.
Assim, na política econômica reformista da esquerda, as ideias keynesiana (de John Maynard Keynes, economista britânico que defendeu a intervenção do Estado na economia para salvar o capitalismo) se coloca como a ideologia econômica que predomina entre os setores da esquerda.
Apesar de se colocar como defensora do comunismo marxista, em razão da influência soviética do século XX, a esquerda é na verdade uma versão moderada do liberalismo libertário, com forte tendência reformista, com pouca inclinação revolucionária.
Considerando estes fatores, o nazismo e o fascismo são facilmente entendidos como teorias de direita. Mas uma direita menos conservadora e mais progressista, no quesito técnico e muito mais reacionária, na questão social, nacional e étnica.