sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

As Grandes Celeumas da Filosofia Antiga



As Grandes Celeumas da Filosofia Antiga

Olá! Seja bem-vindo ao Semanário do Pensamento. Nesta semana, estaremos falando um pouco sobre – As Grandes Celeumas da Filosofia Antiga.


Na semana passada dissemos que falaríamos das grandes celeumas da filosofia da Grécia Antiga.





Do ponto de vista jurídico, “uma celeuma é uma algazarra que se forma quando existe uma discórdia, uma dissonância de opiniões, quando as ideias ou os pontos de vista são contrários, quando algum conceito ou modo de ver se contradizem”, segundo o site significados.com.br.

O termo também é usado para se referir ao canto com o qual barqueiros e marinheiros ritmavam seu trabalho.

Vamos adotar aqui o significado jurídico.

A filosofia surgiu quando marinheiros fenícios e gregos abandonaram os dogmas religiosos e buscaram a razão e o pensamento crítico para explicar a natureza e o mundo. Ao fazer isso, passaram a abolir os dogmas e doutrinas de forma mais profunda.

Inclusive, acredita-se que Tales de Mileto estimulava seus discípulos a discordarem de suas ideias e a buscar outras explicações diferentes da sua. A perspectiva de que ninguém era dono da verdade se radicalizaria, a partir de então.

E se hoje liberais e socialistas se engalfinham em redes sociais e programas de televisão sobre os melhores caminhos para a economia dos países, na antiguidade questões mais profundas e mais intelectualizadas foram motivos de embates acalorados e geraram rivalidades entre algumas escolas de pensamento.

A primeira grande dicotomia da antiguidade grega provavelmente foi a disputa entre Mobilismo e Monismo.

O mobilismo fora defendido pelo filósofo Heráclito de Éfeso. Seguindo a linha de Tales e buscando o elemento primordial que teria gerado todo o Universo, Heráclito elegeu o fogo, para este fim.

O elemento foi muito apropriado para a sua explicação da natureza. Para o filósofo de Éfeso, o movimento era o que caracterizava toda a natureza. Tudo muda o tempo todo e nada fica estático. Para Heráclito, não há unidade natural, no mundo, mas um conflito perpétuo.

Sua frase mais famosa é aquela na qual afirma: “Não podemos banhar-nos duas vezes no mesmo rio, porque o rio não é mais o mesmo”!

Em contrapartida, Parmênides de Eleia, continuando as teorias de Xenofante, seu professor, que dizia que a unidade sustentaria toda a criação. Ao contrário de seus antecessores, Parmênides não defendia um conceito de Arché, mas que todo o universo era mantido por uma unidade lógica. Sua motivação inicial teria sido exatamente contestar a filosofia de Heráclito.

Na sua concepção o elemento que gerara o universo era o “Ser”. Tudo o que existia possui o “Ser” em seu interior. Tudo o que existe é dotado de essência e existe de forma infinita de maneira imóvel. Todo o erro e a mentira são ilusões causadas pelos sentidos.

Sua Frase mais famosa é o fragmento: “o Ser é! O Não-Ser não é”!

A segunda grande celeuma seria o embate entre Sócrates e os Sofistas. A maioria das passagens de Sócrates que chegaram até nós são escritos de seu pupilo Platão. Então podemos dizer que a Celeuma se trada dos Sofistas x Sócrates/Platão, uma vez que o aluno usa a figura do mestre muitas vezes para expressar suas próprias ideias e o faz em contradição aos Sofistas. A contradição teria seguido até Aristóteles, discípulo de Platão.

Os sofistas não eram uma escola ou tinham uma linha de pensamento. Trata-se de uma classificação geral que é empregada a pensadores e juristas da Grécia, por volta dos séculos V e IV a.C.

Eram mestres do discurso e usavam seus conhecimentos da linguagem e das palavras para convencer as pessoas contra seus adversários e levar vantagem na incipiente democracia ateniense.

No geral, criam que a verdade não existia, ou que, caso existisse, nós não seríamos capazes de compreendê-la e assimilá-la. Portanto, agiam de maneira que a ética se dobrasse aos interesses do discursante. Usavam seus conhecimentos para adquirir grandes fortunas.

Já Sócrates e seus sucessores defendiam exatamente o contrário. Os socráticos acreditavam que a verdade existia, embora estivessem abertos à outras interpretações diferentes das suas.

Defendiam também que a ética e a virtude deveriam balizar as atitudes do homem, especialmente em sociedade. Ao contrário dos sofistas, Sócrates defendia o desapego material.

Sócrates acreditava que o conhecimento da verdade estaria dentro de cada indivíduo. Por isso usava seu método conhecido como “Maiêutica”, ou “o parto de ideias”, para fazer com que o seu interlocutor chegasse ao conhecimento verdadeiro, que estava dentro de si.

E essa questão levou ao terceiro grande embate da filosofia antiga, que confrontava exatamente os seguidores de Platão e de Aristóteles.

Platão defendia o inatismo, ou seja, o ser humano nasce com princípios racionais e com as ideias em nossa mente. Estas ideias viriam de um mundo perfeito, o qual chama de “mundo das ideias”, no qual existiríamos antes de nascermos.

Ao chegarmos no que chamou de “mundo sensível”, ou seja, o nosso mundo real compartilhado por todos, precisamos “relembrar” as ideias perfeitas, ainda que a tenhamos de forma imperfeita, aqui.  

Já Aristóteles defendia que todo o conhecimento humano advém da experiência e da observação racional, que é chamada de empirismo. É a partir da observação dos objetos que são criadas as ideias, uma vez que o mundo sensível era, para o filósofo o único mundo existente.

Durante o período helenista, muitas escolas de pensamento coexistiram e suscitaram debates importantes. Algumas, como o Epicurismo e o Platonismo se tornaram bases para antagonistas de períodos posteriores, como durante o apogeu do Império Romano e na Idade Média.

Da mesma fora o Epicurismo foi resgatado para suplantar o aristotelismo do final do período Medieval.

Mas grandes celeumas intensos e inovadores no interior da filosofia só voltariam a gerar grandes debates, no Ocidente, após o Renascimento, quando grandes pensadores como Descartes, Maquiavel, Kant e grandes iluministas e contratualista puderam publicar suas obras sem o terror da teocracia da Europa Medieval.

Na próxima Semana, faremos uma retrospectiva da Filosofia Grega Antiga.


Obrigado por nos assistir! SE MANTENHA PENSANTE! Valeu!



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