sábado, 23 de janeiro de 2021

Liberdade!

 

Olá! Seja bem-vindo ao Semanário do Pensamento. Nesta semana, estaremos falando um pouco sobre a liberdade, segundo as principais correntes filosóficas que abordam o tema.




Nos tempos atuais o debate sobre a liberdade individual ganhou notoriedade, seja nas redes sociais, nos programas televisivos ou mesmo nas conversas do nosso dia a dia. Mas será que a noção de liberdade abraça os mesmos conceitos nas diferentes visões sobre o assunto.

Decerto que ao avaliarmos algumas visões de juristas, filósofos e sociólogos ao longo da história, vemos posições até opostas sobre o conceito.

Uma máxima popular muito difundida é aquela que diz que a liberdade de um termina quando começa a do outro. Esse entendimento está em desuso na prática do cotidiano. O que vemos é cada vez mais os indivíduos defenderem a sua suposta liberdade e a submissão da liberdade do outro. Principalmente se o outro for de alguma forma mais fraco, seja fisicamente, financeiramente, ou ainda que seja um veículo menor, trafegando na mesma rodovia. Aí dele, se for pedestre...

Entre grandes filósofos da antiguidade, o termo já despertava celeumas e interpretações bem diferente.

Sócrates acreditava que a liberdade consistiria na capacidade do homem de dominar a si mesmo, seus sentimentos e seus pensamentos. Esta dimensão do pensamento socrático é bem definida pela sua clássica frase: “Conhece-te a ti mesmo”. A própria profissão de pensar, o ser pensador era um exercício para homens livres. E Sócrates defendeu esta sua liberdade até o fim, quando preferiu sofrer a execução à qual fora condenado, do que renegar a seus pensamentos.

Já Platão considerava que a liberdade era a possibilidade de o ser humano, enquanto racional decidir se viveria dentro da moral ou não. O que acaba sendo parecido com a definição de seu discípulo mais importante, Aristóteles. Este afirmara que a liberdade seria para o homem a capacidade de escolher entre agir ou se omitir. Para ele, a Liberdade seria a possibilidade de se decidir entre diversas possibilidades, sendo esta decisão um ato voluntário, ou seja, proporcionado pela vontade do indivíduo.

Por fim, Epicuro atesta que a liberdade garante ao homem a capacidade de buscar objetivos e metas e desviar-se das fatalidades do mundo. Assim, o homem assume a postura de agente e não apenas de um ser passivo sobre o qual recaem as vicissitudes naturais do mundo.

Já no medievalismo europeu a Igreja Católica estabelecera um conceito próprio, segundo o qual seria livre o homem para seguir a Palavra de Deus. Para Santo Agostinho, seria a definição de livre-arbítrio, uma dádiva divina que permitiria ao homem escolher entre o bem e o mal.

Após o fim da Idade Média e com influência do Renascimento, o pioneiro das ciências políticas na Europa, Nicolau Maquiavel concebeu a definição de que a liberdade somente poderia ser alcançada por meio de um equilíbrio entre forças conflitantes. Dessa forma propunha que os conflitos não fossem anulados, mas regulados e racionalizados por meios de instituições. Assim, Maquiavel defendeu o sistema republicano, para substituir a monarquia, vigente na maioria dos países do Velho Continente, até então.

Baruch Spinoza considerava o conceito como um elemento na identificação do ser. Assim, ser livre seria a possibilidade de agir conforme a própria natureza constituinte do indivíduo.

Já os liberais começaram a discutir o conceito em relação à política, ao Estado e à economia. Para Locke, o Estado era necessário para criar leis que regulem o direito naturais dos indivíduos. Entre eles citava o direito à propriedade. Chegou a afirmar que “onde não há lei, não há liberdade”!

Jean Jacques Rousseau afirmou, porém, que a liberdade não existe sem igualdade e que a democracia só se faz com a livre circulação de ideias. Ele dizia que o homem nasce livre e bom. Assim como a criação das leis seria um ato de liberdade e o povo é responsável por elas, através do contrato social, da mesma forma que é livre quem faz a lei, o é também o que as obedece.

Enquanto isso, Kant definia a liberdade como a autonomia para cumprir seus deveres, de acordo com as leis.

Para Arthur Schopenhauer o ser não é livre, em si. Todo o agir humano é uma objetivação da “coisa-em-si” kantiana, identificada por Schopenhauer como puramente vontade.

Karl Marx criticou a sociedade e as relações econômicas do seu tempo, ao ponto que afirmara que a liberdade só aparece a partir do momento em que são satisfeitas as necessidades. Assim o conceito se manifestaria a partir da capacidade de alteração da realidade coletiva, à qual estariam os indivíduos submetidos.

Contemporâneo e rival de Marx, no movimento operário do século XIX, Mikhail Bakunin se baseava no conceito prático da realidade simétrica dos ‘outros’. Acreditava ser livre o ser humano que pudesse se desenvolver em sua plena capacidade, por meio da educação e do treinamento científico e pela prosperidade material. Sendo assim, a liberdade é um conceito social e só poderia se desenvolver em sociedade.

Já Friedrich Nietzsche considerava que o homem, para ser livre, deveria superar a si mesmo. Desta forma, o livre deve praticar o desapego e buscar o que o filósofo alemão considerava superior ao raciocínio: as sensações, especialmente o prazer.

Jean Paul Sartre cunhou a frase: “estamos condenados a ser livres”. Sartre foi um dos principais filósofos existencialistas de nosso tempo. Para ele o homem é livre antes de mais nada, inclusive para ser livre.

Enfim, cada escola, cada tempo pode ter uma ideia própria acerca do tema estudado. Mas em comum existe o apreço pela liberdade. Em sociedade é preciso que saibamos respeitar a liberdade do outro.

Temos a certeza de que não esgotamos o assunto e não abordamos todos as definições importantes. Mas certamente levantamos uma questão crucial para os dias atuais.

Para encerrar, deixamos aqui a pergunta:

Sua liberdade de ir e vir é maior do que a do outro de viver?



Na próxima semana, falaremos um pouco sobre a FELICIDADE!!!

Obrigado por nos assistir! SE MANTENHA PENSANTE! Valeu!

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