Olá! Seja bem-vindo ao Semanário do Pensamento. Nesta
semana, estaremos falando um pouco sobre a liberdade, segundo as principais
correntes filosóficas que abordam o tema.
Nos tempos atuais o debate sobre a liberdade individual
ganhou notoriedade, seja nas redes sociais, nos programas televisivos ou mesmo
nas conversas do nosso dia a dia. Mas será que a noção de liberdade abraça os
mesmos conceitos nas diferentes visões sobre o assunto.
Decerto que ao avaliarmos algumas visões de juristas,
filósofos e sociólogos ao longo da história, vemos posições até opostas sobre o
conceito.
Uma máxima popular muito difundida é aquela que diz que a
liberdade de um termina quando começa a do outro. Esse entendimento está em
desuso na prática do cotidiano. O que vemos é cada vez mais os indivíduos
defenderem a sua suposta liberdade e a submissão da liberdade do outro.
Principalmente se o outro for de alguma forma mais fraco, seja fisicamente,
financeiramente, ou ainda que seja um veículo menor, trafegando na mesma
rodovia. Aí dele, se for pedestre...
Entre grandes filósofos da antiguidade, o termo já
despertava celeumas e interpretações bem diferente.
Sócrates acreditava que a liberdade consistiria na
capacidade do homem de dominar a si mesmo, seus sentimentos e seus pensamentos.
Esta dimensão do pensamento socrático é bem definida pela sua clássica frase:
“Conhece-te a ti mesmo”. A própria profissão de pensar, o ser pensador era um
exercício para homens livres. E Sócrates defendeu esta sua liberdade até o fim,
quando preferiu sofrer a execução à qual fora condenado, do que renegar a seus
pensamentos.
Já Platão considerava que a liberdade era a possibilidade de
o ser humano, enquanto racional decidir se viveria dentro da moral ou não. O
que acaba sendo parecido com a definição de seu discípulo mais importante,
Aristóteles. Este afirmara que a liberdade seria para o homem a capacidade de
escolher entre agir ou se omitir. Para ele, a Liberdade seria a possibilidade
de se decidir entre diversas possibilidades, sendo esta decisão um ato
voluntário, ou seja, proporcionado pela vontade do indivíduo.
Por fim, Epicuro atesta que a liberdade garante ao homem a
capacidade de buscar objetivos e metas e desviar-se das fatalidades do mundo.
Assim, o homem assume a postura de agente e não apenas de um ser passivo sobre
o qual recaem as vicissitudes naturais do mundo.
Já no medievalismo europeu a Igreja Católica estabelecera um
conceito próprio, segundo o qual seria livre o homem para seguir a Palavra de
Deus. Para Santo Agostinho, seria a definição de livre-arbítrio, uma dádiva
divina que permitiria ao homem escolher entre o bem e o mal.
Após o fim da Idade Média e com influência do Renascimento,
o pioneiro das ciências políticas na Europa, Nicolau Maquiavel concebeu a
definição de que a liberdade somente poderia ser alcançada por meio de um
equilíbrio entre forças conflitantes. Dessa forma propunha que os conflitos não
fossem anulados, mas regulados e racionalizados por meios de instituições.
Assim, Maquiavel defendeu o sistema republicano, para substituir a monarquia,
vigente na maioria dos países do Velho Continente, até então.
Baruch Spinoza considerava o conceito como um elemento na
identificação do ser. Assim, ser livre seria a possibilidade de agir conforme a
própria natureza constituinte do indivíduo.
Já os liberais começaram a discutir o conceito em relação à
política, ao Estado e à economia. Para Locke, o Estado era necessário para
criar leis que regulem o direito naturais dos indivíduos. Entre eles citava o
direito à propriedade. Chegou a afirmar que “onde não há lei, não há
liberdade”!
Jean Jacques Rousseau afirmou, porém, que a liberdade não
existe sem igualdade e que a democracia só se faz com a livre circulação de
ideias. Ele dizia que o homem nasce livre e bom. Assim como a criação das leis
seria um ato de liberdade e o povo é responsável por elas, através do contrato
social, da mesma forma que é livre quem faz a lei, o é também o que as obedece.
Enquanto isso, Kant definia a liberdade como a autonomia
para cumprir seus deveres, de acordo com as leis.
Para Arthur Schopenhauer o ser não é livre, em si. Todo o
agir humano é uma objetivação da “coisa-em-si” kantiana, identificada por
Schopenhauer como puramente vontade.
Karl Marx criticou a sociedade e as relações econômicas do
seu tempo, ao ponto que afirmara que a liberdade só aparece a partir do momento
em que são satisfeitas as necessidades. Assim o conceito se manifestaria a
partir da capacidade de alteração da realidade coletiva, à qual estariam os
indivíduos submetidos.
Contemporâneo e rival de Marx, no movimento operário do
século XIX, Mikhail Bakunin se baseava no conceito prático da realidade
simétrica dos ‘outros’. Acreditava ser livre o ser humano que pudesse se
desenvolver em sua plena capacidade, por meio da educação e do treinamento
científico e pela prosperidade material. Sendo assim, a liberdade é um conceito
social e só poderia se desenvolver em sociedade.
Já Friedrich Nietzsche considerava que o homem, para ser
livre, deveria superar a si mesmo. Desta forma, o livre deve praticar o
desapego e buscar o que o filósofo alemão considerava superior ao raciocínio:
as sensações, especialmente o prazer.
Jean Paul Sartre cunhou a frase: “estamos condenados a ser
livres”. Sartre foi um dos principais filósofos existencialistas de nosso
tempo. Para ele o homem é livre antes de mais nada, inclusive para ser livre.
Enfim, cada escola, cada tempo pode ter uma ideia própria
acerca do tema estudado. Mas em comum existe o apreço pela liberdade. Em
sociedade é preciso que saibamos respeitar a liberdade do outro.
Temos a certeza de que não esgotamos o assunto e não
abordamos todos as definições importantes. Mas certamente levantamos uma
questão crucial para os dias atuais.
Para encerrar, deixamos aqui a pergunta:
Sua liberdade de ir e vir é maior do que a do outro de
viver?
Na próxima semana, falaremos um pouco sobre a FELICIDADE!!!
Obrigado por nos assistir! SE MANTENHA PENSANTE! Valeu!
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