quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Quem foi Voltaire

Nascido François-Marie Arouet em 21 de novembro de 1694, em Paris, França,Voltaire foi poeta, romancista, teatrólogo, historiador, contista, filósofo e membro da Academia Francesa. Apesar de ter sido aluno do colégio de Clermont, dirigido por padres jesuítas, o pensador francês foi um ferrenho crítico da religião de seu tempo por toda a sua vida, especialmente em se tratando de seus antigos professores.

Ao sair do colégio tentou se enveredar pelos caminhos da magistratura, mas sua carreira de fato, começou mesmo na prisão. Em 1717, foi acusado de produzir um folheto composto de versos com cunho político e foi parar na Bastilha, a tradicional prisão francesa
No cárcere, começou a escrever suas obras que o tornariam célebre. Depois da sua segunda passagem pela prisão, foi forçado a se exilar na Inglaterra, onde escreveu suas Cartas Filosóficas, ou Cartas da Inglaterra.


Polêmico, como de costume, Voltaire se exilou dentro do próprio exílio. Em um castelo, passou a dedicar-se ao estudo e à escrita. Muitas de suas obras foram escritas ali.

Em 1749 pôde voltar a Paris, já consagrado e reconhecido como um dos grandes filósofos da Europa. Fez parte junto a outros grandes pensadores como Rousseau e Diderot do grupo que produziu a famosa e, claro, polêmica Enciclopédia, que pretendia-se tornar uma referência completa para o estudo das ciências naturais reunindo todo o conhecimento filosófico e científico daquele tempo.

Viveu também em Berlim, para onde se transferiu por solicitação de Frederico II, da Prússia. Mas se desentendeu com este também e de lá partiu.Também andou por Genebra, mas conseguiu ser odiado por católicos e protestantes da região e teve de fugir, novamente.

Em 1758, arrumou uma propriedade na região de Gex, na França, onde viveu até seus últimos dias. Em 1778, faleceu. Um ano depois, aconteceu a Revolução Francesa, movimento que sofreu muita influência do pensamento e da obra de Voltaire.Suas principais obras são Cândido ou O Otimismo; Zadig ou O Destino; Tratado Sobre a Tolerância; Dicionário Filosófico e A Princesa da Babilônia.

O pensador gostava e escrever romances. Neles, costuma usar personagens em histórias distantes do contexto social para fazer severas críticas à sociedade, à política e à religião de seu tempo. Iluminista, Voltaire tinha como principais antagonistas figuras religiosas, políticas e até outros filósofos, dos quais discordava. Mesmo usando contos ficcionais, sempre criou desavenças com essas personalidades proeminentes, colecionando detenções, confinamentos e exílios, por toda a sua vida.

Sua obra, porém, é de importância inestimável. Foi influente nas revoluções liberais que começaram no século XVIII, na Europa e nas Américas. Defendia, notadamente as liberdades individuais, a igualdade entre os homens e o direito à educação. Seus escritos têm um forte caráter laico, secular e anticlerical.


O escritor francês é referência quando se trata do Iluminismo e do período pré-revolucionário em seu país. Seus livros são um misto de crítica, ironia, sarcasmo e incitação política, com boa dose de humor cuja contribuição para o pensamento moderno e contemporâneo é incontestável. 

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Teocontratualismo No Judaísmo Mosaico

O contratualismo surgiu no pensamento ocidental por volta do séc XVII. O primeiro a colocar em pauta esta teoria foi Thomas Hobbes. Em sua obra “O Leviatã” de 1651, Hobbes afirma que o homem vivia em um estado primitivo, o qual chamou de “Estado de Natureza”.

Nessa condição, as vontades individuais sem freios mantinham os seres humanos em constante estado de tensão e de ‘guerra’ de uns contra os outros. Para garantir a subsistência da espécie, os homens abriram mão da plena liberdade individual, se sujeitando a um poder central, chamado de Estado. Este teria toda a força sobre a sociedade, para garantir a ordem.

Continuando a tradição, porém vendo sob outro aspecto, Locke coloca que o Estado é fruto da confiança e do consentimento entre os homens. O aparato Estatal não é mais um opressor, mas um administrador das relações inter-humanas.

Para completar a tríade que serve de pilar para a teoria contratualista moderna, aparece Rousseau. O filósofo francês questiona a vida em sociedade sem liberdade e acredita que os homens se unem por um interesse comum. Para ele, o homem nasce bom, porém a vida em sociedade o corrompe.

E o que têm os 3 filósofos a ver com Moisés?


A história começa muito antes, com Abraão. Este era já muito idoso e não tinha filhos. Deus o chama e promete que da aliança entre ambos vai se desenvolver um povo, uma Nação na qual nascerá o Filho Unigênito do criador.

Está firmado o primeiro contrato social, sob a égide divina! Não entre uma comunidade e seus membros, mas entre o Criador e um homem fiel, que será herdado por toda a sua descendência. A confirmação e estruturação completa deste contrato acontece muitos anos mais tarde.

Quando Moisés lidera os hebreus para a liberdade fugindo da escravidão no Egito, o Contrato Sagrado é resgatado. Não sem antes o povo retornar ao Estado de Natureza.

Gozando de plena liberdade em sua caminhada rumo à Terra Prometida, o povo judeu se encontrava em completa anarquia. Todos os problemas eram levados ao patriarca libertador. Impossibilitado de resolver todas as pendências entre os libertos, Moisés pediu ajuda divina!

Deus enviou ao profeta um conjunto de Leis às quais todos do povo deveriam seguir indistintamente. A função dessas leis era, em primeiro lugar, louvar o Todo Poderoso. Mas também existiam para manter a ordem, a fim de que o povo chegasse ao fim da jornada.

Essa história é muito conhecida em nossa cultura, que herda boa parte das tradições judaicas. Mas o importante é que analisemos um exemplo clássico de como o homem pôde se encontrar em estado de natureza. Advindo dele, celebra um acordo que cria um aparato virtual com um objetivo claro de gerar ordem e bem-estar geral.

Este exemplo ilustra a visão de Locke sobre o Estado de Natureza. Para o filósofo, este estado não era um momento histórico específico e poderia ser atingido a qualquer momento por um motivo ou outro, contrariando a visão de Hobbes, que cria ser apenas um momento histórico ao qual não se poderia voltar.

Por vontade divina ou por acordo livre, expresso ou tácito entre os homens, a teoria contratualista continua válida. Sua importância é grande tanto para o Príncipe que quer saber como governar, quanto para o povo que deseja ser bem governado.


quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

A Inexorável Pendência Acerca do Entendimento Definitivo do Real

O que é a realidade? O que existe e o que não existe? O real é explicado a partir de elementos presentes no mundo sensível, como acreditavam os filósofos Pré-Socráticos? Ou seria um reflexo de um mundo perfeito ao qual temos acesso somente às suas impressões, semelhante ao mundo das idéias de Platão? Ou quem sabe ainda, não temos nenhuma possibilidade de acesso ao que é de fato real e somente podemos nos ater ao que nossos sentidos podem captar e, a partir disso criar uma noção de realidade sobre o que é provável racionalmente e não o que É de fato?

Essas reflexões não são novas. Mas são muito atuais.

A humanidade discute esse tema desde os primeiros filósofos na antiga Grécia. Hoje, em um mundo permeado de realidade virtual, esse debate ganha contornos mais práticos. Jogos de realidade alternativa e reality shows aguçam ainda mais esse debate.
Um jovem que cria um avatar em um jogo online em um ambiente virtual e depois de avançar diversos níveis com a personagem o vende para outro jogador por dinheiro real (ou crédito) é algo comum hoje! Mas seria este procedimento real?

O real é só material ou algo que não pudesse ser percebido pelos sentidos humano também poderia receber esta denominação?  Se for possível, então uma imaginação poderia ser algo real, na medida em que é algo sensível a uma pessoa, embora seja uma experiência que não possa ser compartilhada? Logo, uma alucinação poderia ser qualificada como algo verdadeiro? Ou só poderíamos assim qualificar coisas que possam ser compartilhadas entre várias pessoas, ou seja, que diversos produtores de sentidos possam captar?

Mas se for assim, seria irreal um alto nível de raciocínio ao qual os seres humano normais não teriam acesso? Mas o pensamento não seria algo que de fato existe, como propôs o filósofo francês, René Descartes? Se sei que existo porque penso, logo o pensamento deve existir, tendo em vista que é ele quem me faz existir e ter consciência disto.

Mas se só eu penso, pode ser este pensamento alucinação? Então meu pensamento deve ser compartilhado pelos outros que pensam e, logo, também existem? Ou será que esses outros são frutos do meu pensamento que creio que exista, mas cria coisa que não existem! Então essas coisas que não existem fazem com que meu pensamento também inexista ou meu pensamento existente cria coisas e, por este existir, essas coisas vêm para o campo do que existe?

Ou podemos crer que existe o real e o irreal? Mas se é irreal, na prática, não é inexistente? A imaginação, a fábula, a literatura, o cinema, tratam de que? Coisas que existem em imaginação ou que não existem? Se não existem como podemos percebê-las? Então nosso cérebro nos engana? Então não poderia estar nos enganando acerca de nossos pensamentos, logo estes não existem também?

Se para o corpo o real é o que pode ser sentido, para a mente é o que pode ser pensado.  Seria para o grupo, o que pode ser compartilhado sensorialmente? Dessa forma não estaria um grupo de mentes, submetidos ao seu grupo de corpos? Então quem define o que é real, o corpo, a mente ou o grupo?


Então, o que é realidade...?