sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Os Filósofos Pré-Socráticos


 

Olá! Seja bem-vindo ao Semanário do Pensamento! Nesta semana, estaremos falando um pouco sobre os Filósofos que vieram antes de Sócrates, os chamados “Pré-Socráticos”!



Muitos foram os filósofos gregos que tiveram alguma participação com maior ou menor importância par ao desenvolvimento do pensamento crítico. 

Sócrates foi um filósofo tão importante para a filosofia grega e para todo o pensamento científico ocidental, que se tornou um divisor de águas no estudo da história da filosofia. Ele foi o primeiro dos filósofos gregos a se interessar pelas questões cotidianas, humanas, políticas e sociais.

As questões metafísicas e que tratavam da criação do mundo cederam boa parte do seu espaço para as questões cívicas e sociais. Sócrates foi chamado de o filósofo da virtude, pois defendia que o ser humano deveria buscá-la como finalidade de sua existência. 

Dessa forma acabou influenciando várias áreas do conhecimento, como a política, a psicologia, a comunicação e principalmente o estudo da ética. Foi com Sócrates que a discussão sobre a ética e a problemática humana foram inseridas na filosofia.

No entanto, muitos filósofos gregos se debruçaram sobre questões essenciais acerca da física e da natureza, antes do aparecimento de Sócrates. Esses filósofos passaram a ser conhecidos como "Filósofos Pré-Socráticos". 

Além de terem surgido antes de Sócrates, este filósofos tinha outras características em comum, além de habitarem a região leste das margens do Mar Mediterrâneo. As principais questões abordadas por eles se referem à natureza, à criação do mundo, da realidade e similares.

Existe uma grande dificuldade para estudarmos esses pensadores, pois temos acesso a pouquíssimas obras dos filósofos Pré-Socráticos. A maior parte do que sabemos sobre eles vem de referências indiretas de filósofos posteriores, como Platão e Aristóteles. O próprio Sócrates não deixou obra escrita e, o que se sabe sobre ele foi retirado a obra de seus discípulos, com Platão, principalmente. Mas da maioria, só sobrou fragmentos e referências.

O primeiro conjunto de filósofos é conhecido como Escola Jônica e reúne os pensadores oriundos de cidades banhadas pelo Mar Jônico, cuja característica comum entre eles era o interesse pelas questões naturais.

Tales foi considerado por Aristóteles como o primeiro filósofo. Junto de seus discípulos Anaximandro e Anaxímenes Tales formou a Escola de Mileto (Milésia). Xenófanes de Colofon e Heráclito de Éfeso são outros nomes importantes desse grupo.

O conceito fundamental inserido por Tales é do elemento primordial. Segundo ele, todas as coisas teriam surgido de um elemento originário. Para este filósofo, o elemento que geraria todos os demais era a água. Para ele, todas as coisas vivas ou inanimadas estariam cheias de vida e as mudanças só eram possíveis em virtude da rarefação e da condensação. 

Estimulado por Tales a buscar outras explicações Anaximandro, considerado o segundo filósofo afirmou que o início de tudo seria uma substância infinita, a qual chamou de "apeiron". Já Anaxímenes elegeu o ar, como elemento primordial, em virtude de suas observações acerca da condensação do ar, que o tornava visível, como em um nevoeiro.

O segundo grupo é chamado comumente de Escola Italiana e é capitaneada por ninguém menos do que Pitágoras. Sua escola foi chamada de Pitagórica e muitas lendas e mistérios são associadas a ela. 

Mais famoso na matemática do que na filosofia, Pitágoras era originário de Samos, na Jônia, mas migrou para a Itália, após a invasão Persa, na sua região de origem. O filóloso fundou sua escola em Crotona. Sua linha de pensamento adiciona um pouco mais do quesito mítico-religioso, sendo sua filosofia mais próxima de uma religião ou seita iniciática.

Além das questões físicas, Pitágoras abordava questões metafísicas, como a imortalidade e a transmigração da alma. Sua influência perdurou e superou seu tempo, tendo inclusive influenciado toda uma geração de filósofos chamados de Neo-pitagóricos.

Os procedimentos da escola envolviam um voto de silêncio e muitos estudiosos consideram que alguns procedimentos adotados nela influenciaram religiões ocidentais e sociedades secretas atuais. 

Segundo Pitágoras, era o Número o Elemento Primordial e sua filosofia foi determinante para a evolução da matemática e geometria grega, inclusive influenciando o desenvolvimento da harmonia musical.

Sua doutrina reflete-se na concepção do TETRACTYS, o “Grupo dos Quatro”, que consiste nos quatro primeiros algarismos que, somam dez e podem ser dispostos na forma triangular, formando um triângulo de dez pontos equidistantes, simbolizando uma relação perfeita.

As escolas Jônica e Italiana formam a primeira fase dos filósofos Pré-Socráticos. A segunda fase agrupa as escolas Atomista, Monista e Mobilista.

A Escola Atomista

A doutrina atomista afirma que a realidade é composta por átomos, em contraposição com o vazio, que seria a ausência de átomos. Os átomos são as partículas mínimas da existência, sendo imperceptíveis, aos humanos e existindo em número infinito.

O átomo, dessa forma é entendido como o Elemento Primordial. Os fenômenos naturais consistiriam em resultado dos movimentos dos átomos que se atraem e se repelem, de acordo com suas formas geométricas.

Apesar de sabermos hoje que os átomos são divisíveis, a teoria de Demócrito foi tão importante e avançada, que influenciou a ciência até a contemporaneidade. O átomo só foi descoberto e comprovado cientificamente no início do Século XX, mais de dois e trezentos anos após a proposição de Demócrito.

Demócrito de Abdera foi o mais influente filósofo dessa escola, embora a fundação desta linha de pensamento seja remetida a Leucipo, seu mestre. Pouco material sobrou de ambos os autores e, sua doutrina acabou ficando marcada na história por posteriores formulações de outros filósofos, sobretudo de Epicuro, no período helenista.

Heráclito e o Mobilismo

Heráclito é um dos pré-socráticos de quem mais fragmentos se mantiveram acessíveis, ao longo do tempo. Na Antiguidade, ele era conhecido como “O Obscuro”, por causa da complexidade do seu pensamento.  O fogo era visto por ele como o Elemento Primordial

Assim como os atomistas, Heráclito considerava o movimento como uma constante no mundo físico. Afirmava que a realidade é marcada pelo conflito. Via a unidade como a equivalência de opostos.  Considerava que a realidade está em constante transformação e ficou famoso seu fragmento no qual diz:

“Não podemos banhar-nos duas vezes no mesmo rio, porque o rio não é mais o mesmo”!

Parmênides e o Monismo

Em contraposição a Heráclito e o mobilismo, Parmênides e os eleatas afirmam o contrário. Para esses filósofos, a realidade é única, pura e imutável e deve ser distinguida da aparência.  Para ele, o movimento é um aspecto superficial, meramente uma aparência.

É através do pensamento que devemos buscar a essência da realidade, sobre qualquer aparência acidental. Em Poema, o mais extenso dos pré-socráticos que chegou a nós, Parmênides afirma que “o ser é, o não-ser não é” e busca eliminar o movimento do conceito de realidade pura, caracterizando-a como imutável.



Melisso de Samos, Zenão de Eléia, Tales de Miletos e Epimênides foram alguns dos pré-socráticos monistas mais importantes da filosofia grega antiga.

O debate entre Monistas e Mobilistas é considerado por muitos estudiosos como a primeira grande celeuma da filosofia. Vamos abordar o tema em postagens mais a frente, quando tratarmos das grandes celeumas da história do pensamento.

Na próxima semana, falaremos sobre os sofistas, os mestres do discurso.

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sexta-feira, 7 de agosto de 2020

O Surgimento do Pensamento Crítico

 

O Pensamento Crítico

 


Olá! Seja bem-vindo ao Semanário do Pensamento. Nesta semana, estaremos falando um pouco sobre o surgimento do Pensamento Crítico, na Grécia Antiga, que foi a base para a construção da Filosofia Ocidental e, posteriormente da Ciência, que temos hoje.

Na Antiguidade, era comum que cada povo tivesse o seu próprio conjunto de tradições e lendas através das quais buscavam explicar o surgimento de tudo. Deuses, espíritos, entidades e outros mitos eram, para aquelas pessoas, responsáveis por tudo o que existia. Esse entendimento tivera sido dado pelos próprios criadores, de forma revelada e dogmática e sua doutrina não era passível de discussão.

Por volta do século seis antes de Cristo, na região do Mar Jônico, muito ávida no comércio marítimo, essas tradições até então inquestionáveis passaram a serem discutidas. Os Jônicos foram os primeiros, ao menos documentadamente, a relativizar os mitos e a buscar uma explicação racional universal para explicar o mundo em que viviam.

Segundo relatos de Aristóteles, foi Tales, que vivia em Mileto, o primeiro a buscar uma explicação completamente racional do surgimento do mundo, da vida, da matéria, enfim, de todo o mundo sensível. 

Essa explicação buscada por ele deveria desprezar qualquer tipo de lenda e deveria tentar explicar a realidade através da razão e de elementos que pudessem ser observados pelos sentidos humanos. Assim, Tales funda a chamada escola Jônica e dá o pontapé inicial para o surgimento da filosofia ocidental e do pensamento crítico, como balizador do conhecimento. 

Para tentar chegar a uma explicação racional, Tales de Mileto cunhou a ideia de Elemento Primordial, em grego era o Arqué, que seria o elemento base que serviu para criar todas as coisas e de onde tudo surgiu.

Tales elegeu a água como a base para todas as coisas. Mas de modo algum ele queria que essa explicação fosse absoluta e indiscutível. Ao contrário, para muitos pesquisadores e intérpretes, ele teria até estimulado seus discípulos a escolher outros elementos, como no caso de Anaximandro, que escolheu o apeiron, uma matéria infinita de onde todas as coisas surgiram. Sua doutrina divergia completamente da do seu mestre.

Além do Elemento Primordial, outras cinco características definiam a inovadora forma de pensamento e explicação.

A Physis, que significa a natureza, o mundo natural. Segundo os primeiros filósofos a explicação para toda a realidade pode ser encontrada na natureza.

A Causalidade, que estuda a relação entre causa e efeito dos fenômenos Naturais. Cada causa gera um efeito e cada efeito é gerado por uma causa.  Pensando na infinitude dessa relação, Tales propôs a existência do Elemento Primordial.

O Cosmo, que é entendido como a ordem e a harmonia presente na natureza.

O Logos, que em grego significa literalmente discurso. Entretanto, este discurso é baseado na razão que é fruto do pensamento humano e aplicado ao entendimento da natureza.

E, por fim, o Caráter Crítico, que propõe que não haja conhecimento revelado e dogmático. Todas as proposições são passíveis de crítica, discussão e contestação. A única exigência do pensamento crítico é que as propostas e afirmações possam ser justificadas, fundamentadas e explicadas de forma racional, por seus autores.

E assim nasceu o Pensamento Crítico, que pode fundamentar as bases para o surgimento da ciência, como conhecemos hoje.

Na próxima semana, falaremos dos filósofos pré-socráticos.

Assista o vídeo postado no YouTube:



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segunda-feira, 27 de julho de 2020

Super Série de Vídeos Começa em Agosto

Olá!

Estamos dando início ao nosso canal no Youtube! Para começar com o pé direito, vamos lançar a partir da primeira semana de agosto uma série de vídeos sobre a Filosofia Antiga, em especial a Filosofia Grega.

Toda semana, até dezembro, lançaremos um vídeo abordando um tema relacionado à filosofia clássica, da Antiga Grécia e arredores.

A série terá um total de 20 episódios e será aberta a todos os usuário da rede social de compartilhamentos de vídeos mais famosa da internet.

Aguardamos a sua presença!

Em breve, mandaremos o link

SE MANTENHA PENSANTE!