Olá! Seja bem-vindo ao Semanário do Pensamento. Nesta
semana, estaremos falando um pouco sobre o Cinismo.
Um homem maltrapilho está deitado na beira da estrada. Ele
está descalço, com roupa suja e rasgada. Nada tem consigo a não ser a roupa que
o veste.
A descrição não trata de um morador de rua contemporâneo e
nem de um anarcopunk, da Grã-Bretanha de 1977.
O indivíduo descrito, além de esfarrapado é também um pedinte, mas
igualmente educador.
Trata-se de um filósofo cínico, do período Helenista, na
Grécia do século IV e III a.C., na Grécia. O Cinismo foi marcado pelo completo
desprendimento de bens materiais e pela máxima de viver a virtude em harmonia
com a natureza.
Esta corrente foi iniciada por Antístenes, que era discípulo
de Sócrates. Para ele, como para seu mestre, não era o prazer, mas a virtude
sim a finalidade da existência humana. Por isso, os cínicos não só se abstêm
dos bens materiais, como os desprezam profundamente.
Este grupo de filósofos não se constituíram enquanto uma
escola, mas era conhecido por suas práticas que envolviam a negação da moral
social e o desprendimento material. Viviam pelas ruas pedindo esmolas, como
mendigos, porém por opção própria.
Mas quem levou ao extremo o conceito de cinismo foi Diógenes
de Sinope, seguidor de Antístenes.
A importância de Diógenes foi tamanha que, o moderno termo
“Cínico” deriva da palavra grega “Kynicos”, um adjetivo derivado do substantivo
“Kynon”, que quer dizer cão. Era com esta alcunha que seus contemporâneos se
dirigiam e falavam de Diógenes.
Ele fora exilado de sua cidade natal e se estabeleceu em
Atenas, onde conheceu e passou a seguir Antístenes.
Alguns historiadores afirmam que teria vivido dentro de um
barril, como o personagem Chavez, de Roberto Bolaños.
Conta a lenda, que Alexandre, O Grande teria perguntado ao filósofo apelidado de “Cão” o que este poderia fazer por ele. Sem perda de tempo, Diógenes teria respondido: “Você está tirando o meu Sol”, dado que lhe fazia sombra, no momento. Apesar da zombaria dos soldados do Imperador, Alexandre teria dito: “Se não fosse Alexandre, gostaria de ser Diógenes”.
Os cínicos criticavam sobretudo a hipocrisia social.
Acreditavam que a sociedade grega era permeada de mentiras e falsidades e
defendiam uma vida na pobreza extrema, como forma de máxima virtude.
Defendiam a “Autarkeia” , que em grego significava Auto
Suficiência e a apatia, como formas de se alcançar a virtude. Além disso,
buscavam a harmonia e a coerência entre pensamento, discurso e ação. Também
eram adeptos da liberdade sexual total.
O comportamento antissocial dos cínicos gerou muitas
críticas aos seus adeptos desde a Grécia antiga. Eram imorais e desmedidos,
assim como praticavam sexo em locais públicos. Afinal nem casa tinham para
morar.
Os seguidores desta corrente se espalharam pelos territórios
gregos durante a expansão romana. Alguns consideram que ela desapareceu. Outros
que foi absorvida pelo cristianismo, em virtude da sua abnegação material,
apesar do antagonismo, quanto à sexualidade.
As críticas a essas práticas já por volta do século XIX
fizeram com que o termo cínico se tornasse mais conhecido pela forma
pejorativa, com a qual é comumente empregada, hoje em dia.
Hoje, cínico é aquele fingido, sarcástico, irônico que se
aproveita da ingenuidade alheia e é imoral. Algo que reflete em parte as
práticas dos seguidores dessa escola, na Antiguidade Grega, mas também
incorpora exatamente as características da sociedade a qual eles tanto
criticaram com suas vidas.
Assim, concluímos a descrição das principais correntes
filosóficas que predominaram no período Helenista.
Na próxima semana, falaremos um pouco sobre os Sete Sábios da
Grécia Antiga.
Obrigado por nos assistir! SE MANTENHA PENSANTE! Valeu!
Araújo Neto 27/11/2020
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