sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Epicurismo

O que é o prazer? Como ele pode fazer-nos elevar a consciência e a virtude? Parece loucura ou contradição, mas existiu uma escola filosófica que, de fato propôs essa linah de pensamento. 

Passeando pelos jardins de Atenas em 306 a.C. alguém poderia assistir à palestra de um filósofo local que ensinava que o prazer era algo natural e deveria ser buscado de forma moderada para se alcançar a felicidade.

Ao ouvir tal apresentação muitos poderiam e puderam pensar se tratar de uma eloquente defesa hedonista do prazer acima de tudo. 

Bem, se esse filósofo em questão se chama Epicuro de Samos, percebemos que se trata de um completo exagero.


Para Epicuro esta vida que temos é única e é nela que temos que buscar a elevação e dela se aproveitar. Após a morte, nada poderemos fazer, segundo sua doutrina. 

O epicurismo foi originado por seu prógono Epicuro, em Atenas. Ele se reunia com seus discípulos em um jardim. E foi com o nome de Jardim (Keps, em grego) que esta escola ficou conhecida, em seu tempo.

O epicurismo é conhecido por muitos como “a filosofia do prazer”, No entanto,  na verdade se assemelha bastante ao estoicismo, por sugerir a busca da moderação e da tranquilidade como forma de se alcançar  estados de espíritos mais elevados: a ataraxia e a aponia.

A primeira seria um estado de tranquilidade considerado pela escola como o bem supremo e que seria conseguido através da busca moderada pelos prazeres.

Já o segundo conceito, chamado de Aponia consistiria em um estágio físico e psicológico no qual o indivíduo se afastaria das dores corporais, ao mesmo tempo em que se libertaria do medo. Essa liberdade seria alcançada pelo conhecimento do mundo e da natureza.

Ao unir os dois estados, aponia e ataraxia, o ser humano seria capaz de alcançar a plena felicidade. Epicuro afirmava que para ser feliz, o ser-humano precisa buscar o equilíbrio entre os medos e prazeres, de forma que o estágio de tranquilidade e felicidade seja contínuo e duradouro.

Nesse sentido, o prazer para o homem seria a prática da virtude, afastando-se das paixões e dos temores mundanos, carnais, buscando o equilíbrio e a moderação.

Os filósofos epicuristas valorizavam antes de tudo a experiência imediata, como forma de se acessar e adquirir o conhecimento. Por meio de uma pré-noção, que seria proporcionada pelos elementos percebidos pelos sentidos nessa experiência, seria possível adquirir conhecimentos posteriores. O conhecimento verdadeiro seria assim adquirido através da repetição das sensações. 

A principal obra de Epicuro foi seu tratado “Da natureza”. Nessa obra é retomada a teoria atomista. A partir de então, esta escola se notabilizou como defensora da física materialista e do mobilismo.

Epicuro não acreditava em vida após a morte. Para ele, o homem não é filho de deus algum. Sua existência é dada ao acaso. Dizia que a alma é apenas um conjunto de átomos, que se desintegra após o falecimento.

Por isso mesmo, as pessoas devem buscar a melhor vida possível, para que dentro da sua filosofia a moderação se alcançar o prazer virtuoso, ou seja, a virtude.

Dentre os epicuristas mais importantes do Período Helenista podemos destacar Filomeno de Gadara e Tito Lucrécio Caro.

Epicuro buscou conhecimento em mais de um mestre. A sua filosofia nasce em um período de crise social, na Grécia, quando o Império Alexandrino avança pela costa do Mediterrâneo.

Como buscava o recolhimento e a serenidade, fundou o seu “Jardim” em um local mais isolado, longe dos grandes centros, até para se afastar das polêmicas sofistas, de sua época, que ainda estavam muito em voga. 

Embora tenha permanecido ativa por cerca de 7 séculos, a fama de Epicuro e seus seguidores só ganhou o mundo mesmo no período renascentista.

Pensadores daquele período buscaram no epicurismo uma alternativa ao aristotelismo que predominou na Europa, até o final da Idade Média.

Na próxima semana falaremos do Ceticismo! 

Obrigado por ter lido! SE MANTENHA PENSANTE! Valeu!


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