Olá! Seja bem-vindo ao Semanário do Pensamento. Nesta semana, estaremos falando um pouco sobre a Democracia, segundo as principais correntes filosóficas que abordam o tema.
A grande maioria dos
historiadores consentem que a Democracia surgira na Grécia, mais precisamente
na Cidade-Estado de Atenas. Suas origens remontam as assembleias dos
guerreiros, uma espécie de reunião, mesa redonda, na qual os soldados após
regressarem vitoriosos de uma batalha decidiam sobre a destinação dos espólios,
objetos saqueados nos confrontos contra os adversários.
Nessas assembleias, os guerreiros
eram vistos como iguais e deveriam discursar diante dos demais para convencer a
seus companheiros sobre a posse de alguma peça, ou qualquer coisa que o grupo
tenha conquistado, seja por sua participação direta na batalha ou importância
dentro do grupo. Destacavam-se os que tinham melhor oratória e essa iniciativa
acabou sendo disseminada na região grega daquele tempo.
Em 510 a.C. Clístenes comanda uma
revolução que derruba o governo de Hípias, o último tirano de Atenas. Nos anos
seguintes, ele institui o que é considerado como o primeiro governo
democrático, na história do Ocidente.
Com esse novo modelo, os cidadãos
passaram a interferir diretamente das decisões políticas, participando das
assembleias. Por isso o nome do sistema é Democracia, já que em grego antigo
“Demos” significa povo e “Kratos” (radical da palavra da qual deriva o sufixo
“cracia”) significa governo. Assim nasceu o “Governo do Povo”. Todo cidadão
ateniense tinha direito a voz e voto, nas assembleias.
Um detalhe é que, naquele tempo
mulheres, escravos, estrangeiros e pessoas sem propriedades não eram
considerados cidadãos e, por isso, não participavam das assembleias. Dessa
forma, o número de participantes não chegava a 30% da população local.
Mas o sistema acabou sendo
aplicado em outras épocas e em outros lugares. O próprio Império Romano
replicou em certo grau o modelo, durante o período no qual Roma foi uma
República. Embora não fosse exatamente uma democracia, guardou diversas
similaridades com o modelo grego.
Depois dos avanços imperiais, dos
helenos e dos romanos, a Democracia volta a ser pauta política somente no final
do período medieval. Somente com o advento do pensamento republicano na Europa
pode-se dizer que ideais democráticos reapareceram, no Velho Continente, de
forma abrangente.
Primeiro, com a Confederação
Helvética, uma união livre de municípios da Europa Central que resultou no
surgimento da Suíça. Depois disso, a influência do Renascimento, da Reforma
Protestante, do Liberalismo e do Contratualismo fizeram reflorescer a busca por
ideais democráticos no Mundo Ocidental.
O termo passou a ser buscado a
partir da Idade Contemporânea e se consolidou após as importantes revoluções do
século XVIII e a crise social da Europa, no século XIX.
A independência dos Estados
Unidos e a Revolução Francesa colocaram a busca pela democracia como uma pauta
a ser debatida, embora muitos revolucionários contestassem a sua
institucionalização de forma ferrenha.
Mas a democracia Jeffesoniana,
inspirada em Thomas Jefferson, um dos autores da carta de independência
americana e um dos “Pais da Nação” que primeiro defendeu o direito de voto a
homens brancos sem posses, dando o primeiro passo para a instituição do
Sufrágio Universal, na América.
Embora sejam vistas no sentido
contrário, em decorrência de fatos históricos excepcionais, as correntes
socialistas e comunistas, assim com as anarquistas foram fundamentais no
desenvolvimento e na busca pela democracia.
Algumas das correntes socialistas
pré-Marx, as quais foram consideradas utópicas defendiam a criação de novas
sociedades nas quais os indivíduos seriam plenamente livres e viveriam em
comunidades sem propriedade.
Na compreensão do comunismo
marxista, chamado de científico a verdadeira democracia só seria alcançada
quando o proletariado derrubasse o Estado e instituísse a Ditadura do
Proletariado. Assim haveria o governo das massas e todos deveriam ter o direito
de decidir, ao mesmo tempo que tivessem o dever de trabalhar.
Aos nossos dias chegou o conceito
de democracia liberal. Hoje o mais comum é vermos o sistema conhecido como
Democracia Representativa, na qual os cidadãos elegem seus representantes por
um período determinado de tempo, através do voto.
A origem do uso do voto remete à
Esparta, por volta do ano 700 a.C. Este pode ser hoje direto, elegendo
diretamente o representante, como acontece no Brasil, ou indireto, elegendo um intermediário
que elegerá o representante, com o acontece nos EUA.
Esse regime não é exclusivamente
republicano e pode coexistir com Monarquias, geralmente chamadas de Monarquia
Parlamentarista, onde o Monarca é o chefe de Estado e o Primeiro Ministro, eleito
indiretamente, é o chefe do governo.
Para alguns teóricos, a
democracia é apenas uma ilusão e que a separação entre elite e plebe é parte da
natureza social humana. O jurista Italiano Gaetano Mosca e Vilfredo Pareto são
defensores dessa ideia.
Uma curiosidade: Aristóteles, em
“A Política” definiu três formas de governo, compartilhada por Políbio. Segundo
o clássico filósofo grego, existiriam três formas de se governar: a Monarquia –
O governo de um; a Aristocracia – O governo dos melhores; e a República – o
governo de muitos.
O filósofo atentava para o que se
poderia chamar de deturpações dessas ideias, quando não fossem moderados os
governos e que não buscassem ser bons. Para Aristóteles, o bom governo deveria
se pautar pela conquista do “bem comum”.
Se afastando dessa ideia e focando em interesses pessoais, as formas de
governo poderiam se degradar em Tirania, Oligarquia e Democracia,
respectivamente.
Já Políbio diferia no tratamento
dos termos apenas quando afirmara que a Democracia seria a versão boa e a sua
degradação seria a Oclocracia, na qual o governo enfrentaria uma situação
crítica e as decisões políticas se dariam pelo jugo das multidões e sua
irracionalidade, afastando-se do direito, algo bem próximo do que podemos ver
no julgamento de Jesus Cristo e o que observamos no Brasil de hoje.
Enfim, a Democracia é
historicamente definida como um sistema, uma forma de organização social na
qual os indivíduos gozam de liberdade e tem participação em maior ou menor
escala no governo de sua cidade, Estado, nação, país, república ou qualquer
outra forma de governo.
Na próxima semana falaremos mais
a fundo sobre a formação do Estado, como surgiu, qual é a sua definição e o que
se pensa sobre este conceito e o que se entende da sua função, hoje.
Muito Obrigado!
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