sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Tales de Mileto é o Primeiro Filósofo, para Nietzsche, mas...

Era por volta do ano 585 a.C., quando Tales, considerado o primeiro físico grego florescia em sua filosofia. Sua escola de pensamento começava a ganhar notoriedade. 

Ele inaugurou a a linha de pensamento crítico ocidental, que buscava explicação racional e com base na natureza para a explicação do surgimento do Universo. 

A Escola Jônica foi a primeira a buscar explicações racionais par ao mundo, logo seguida pela Eleata e pela Pitagórica, as principais correntes filosóficas consideradas pré-socráticas.

Os pré-socráticos são os filósofos gregos que aparecera antes de Sócrates, considerado um divisor de águas na história da filosofia. Isso porque o ateniense foi o primeiro a buscar trazer reflexões sobre a ética e a sociedade e não só apenas buscar explicações para fenômenos fisiocráticos. 

Por sua vez, os Pré-Socráticos foram considerados filósofos fisiocráticos exatamente porque se concentravam principalmente em explicações para o mundo físico e metafísico.

Tales de Mileto foi o primeiro a propor este tipo de explicação. Utilizando-se do senso crítico e da razão propôs o conceito de elemento primordial, do qual derivariam todos os outros elementos e objetos existente em nossa realidade. 




O fundador da Escola Jônica não pretendia ser dogmático e propôs, talvez até mesmo tenha incentivado seus discípulos a contestar sua proposição de forma crítica e embasada. 

Além de físico, Tales também foi astrônomo, político, comerciante e chegou a ser considerado um dos 7 sábios da Grécia Antiga.

Esses filósofos Pré-Socráticos poucos escritos deixaram e pouquíssimos fragmentos e citações chegaram até nossos dias. 

As maiores fontes de referência a seus pensamentos advém de relatos de historiadores e citações de outros filósofos, como Aristóteles, Platão e Simplício.

Mas o que torna Tales tão diferente que o faz ser considerado o primeiro filósofo da história ocidental?

Antes de responder à pergunta é preciso considerar os estudiosos que remontaram a importância dos primeiros pensadores críticos da Grécia.

Na modernidade Georg Wilhelm Friedrich Hegel e Friedrich Nietzsche foram 2 filósofos que buscaram nos primeiros pensadores gregos referências para suas análises e reflexões. 

Nietzsche foi, inclusive, um dos principais utilizadores das referências dos Pré-Socráticos e ajudou a dar mais visibilidade aos pensamentos e teoria dos fisiocratas de outrora. E é exatamente o radical filósofo alemão que tenta dar essa complexa explicação. 

Segundo afirmou Nietzsche, existem 3 razões para considerar a importância do pensamento filosófico iniciado por Tales em Mileto como o primeiro passível de ser chamado de filosófico.

A primeira refere-se ao fato de de enunciar algo sobre a origem das coisas, embora essa parte ainda mantenha de certa forma próximo dos místicos e religiosos. Mas por si mesma já demonstra uma certa capacidade racional, pelo simples fato de entender que as coisas que existem nem sempre existiram como são hoje. 

A segunda a separa do grupo dos supersticiosos e míticos por buscar essa explicação inicial sem o uso de fábulas, mitos e alegorias. 

A terceira é a que faz a diferença. Segundo Nietzsche, embora incipiente está contido o pensamento "Tudo é um", para ele, um postulado metafísico baseado na intuição mística do primeiro filósofo, que gerou uma "tirana" generalização.

Apesar da apreciação apresentada, Nietzsche usa sua argumentação para traçar uma crítica profunda à constituição da filosofia com base em algo que considerou uma contemplação movida por uma crença ilógica, fantasiosa e indemonstrável. 

O filósofo alemão propôs uma revolução na visão da filosofia ocidental, libertando o pensamento de mundos ideais, criticando o moralismo religioso, o niilismo existencialista e o racionalismo filosófico. 

sexta-feira, 13 de setembro de 2024

O Surgimento da Filosofia Grega

Pelas cristalinas águas azuis dos mares Mediterrâneo, Grego e Jônico, comerciantes do sul da Europa, do Norte da África e do Oriente Médio navegavam buscando riqueza e prosperidade, no século VI a.C.. Muitos tornaram-se proeminentes no comércio e foram bem abastados por muitos anos. 

Porém, poucos tiveram a relevância e mantiveram seu nome vivo por tantos séculos quanto um mercador de ascendência fenícia, de família nobre que saíra da cidade de Mileto, onde hoje é a atual Turquia e singrou os mares fazendo comércio e aprendendo ciências. 

Seu nome era Tales e ele se tornou importante e renomado em diversas áreas. Era de fato um Homem Universal.



Saindo de sua terra natal, Tales conheceu o Antigo Egito e aprendeu matemática e astronomia. Aplicando seus conhecimentos na prática, inclusive comercial, tornou-se consideravelmente rico. 

Mas para ele não bastava apenas o sucesso material. Ele tinha algo que o impelia a querer mais. E assim, trouxe para o mundo grego, que em sua época era uma grande metrópole, em função da sua posição geográfica, uma gama de novos conhecimentos que inspiraram uma radical mudança no modo de pensar o mundo, posteriormente. 

Esta mudança foi a passagem do pensamento mítico-religioso para o pensamento filosófico-científico, que foi proporcionado pela criação da sua escola: a Escola Jônica.

Ao observar que cada povo tinha uma explicação mítica para o surgimento do mundo, da vida e do homem, Tales pensou que, provavelmente, não poderiam estar todos certos. Afinal, o mundo era o mesmo e as explicações eram diversas.

A lógica aflorou em seu pensamento e então ele concluiu que a causa do surgimento do mundo não estava nas explicações mitológicas, mas sim, na própria natureza que nos cerca. 

Dessa forma, propôs que a origem de tudo vinha de alguma coisa natural e específica e que de alguma forma, esta coisa sofreu alterações que transformou-a em uma multiplicidade de seres e objetos.

Essa coisa que teria gerado todas as outras recebeu o nome de "Elemento Primordial" ou "Arché". Este elemento, para Tales era a água.

A água era assim a "Physis" do Universo, que no idioma persa antigo significava tanto que era  a fonte originária quanto processo de surgimento. 

Mas Tales era contra o dogmatismo e, ao contrário dos religiosos que ditavam as regras do surgimento do Mundo e que não admitiam o contraditório, Tales propôs que seu novo sistema fosse sempre encarado de forma crítica e, assim também pudesse ser revisto e aceitasse novas proposições.

Assim, seus discípulos propuseram novos elementos primordiais, novas Archés e novas Physis, buscando sempre apresentar razões críticas e com base na observação do mundo natural.

Essa nova forma de pensar o mundo se chamou filosofia e foi a base para o desenvolvimento científico do ocidente. 

Tales iniciou a corrente filosófica grega, que diferia das filosofias orientais por seu caráter crítico, sua proposição por frequentes revisões, por sua sistemática e continuidade com base na crítica dos pensadores anteriores.

Sua escola foi chamada e Escola Jônica e foi uma corrente de pensamento fisiocrática que buscava explicar a existência do Universo através de causas naturais e não explicações supersticiosas e sobrenaturais que não pudessem ser observadas.

Devido a esta iniciativa, temos hoje a filosofia e a ciência que nos proporcionam a capacidade e entender e interagir com a natureza deste e de outros mundos. 

E a continuidade do trabalho de Tales, vamos ver na próxima postagem! 

Se mantenham pensantes! 




Alípio de Araújo Neto