Pelas cristalinas águas azuis dos mares Mediterrâneo, Grego e Jônico, comerciantes do sul da Europa, do Norte da África e do Oriente Médio navegavam buscando riqueza e prosperidade, no século VI a.C.. Muitos tornaram-se proeminentes no comércio e foram bem abastados por muitos anos.
Porém, poucos tiveram a relevância e mantiveram seu nome vivo por tantos séculos quanto um mercador de ascendência fenícia, de família nobre que saíra da cidade de Mileto, onde hoje é a atual Turquia e singrou os mares fazendo comércio e aprendendo ciências.
Seu nome era Tales e ele se tornou importante e renomado em diversas áreas. Era de fato um Homem Universal.
Saindo de sua terra natal, Tales conheceu o Antigo Egito e aprendeu matemática e astronomia. Aplicando seus conhecimentos na prática, inclusive comercial, tornou-se consideravelmente rico.
Mas para ele não bastava apenas o sucesso material. Ele tinha algo que o impelia a querer mais. E assim, trouxe para o mundo grego, que em sua época era uma grande metrópole, em função da sua posição geográfica, uma gama de novos conhecimentos que inspiraram uma radical mudança no modo de pensar o mundo, posteriormente.
Esta mudança foi a passagem do pensamento mítico-religioso para o pensamento filosófico-científico, que foi proporcionado pela criação da sua escola: a Escola Jônica.
Ao observar que cada povo tinha uma explicação mítica para o surgimento do mundo, da vida e do homem, Tales pensou que, provavelmente, não poderiam estar todos certos. Afinal, o mundo era o mesmo e as explicações eram diversas.
A lógica aflorou em seu pensamento e então ele concluiu que a causa do surgimento do mundo não estava nas explicações mitológicas, mas sim, na própria natureza que nos cerca.
Dessa forma, propôs que a origem de tudo vinha de alguma coisa natural e específica e que de alguma forma, esta coisa sofreu alterações que transformou-a em uma multiplicidade de seres e objetos.
Essa coisa que teria gerado todas as outras recebeu o nome de "Elemento Primordial" ou "Arché". Este elemento, para Tales era a água.
A água era assim a "Physis" do Universo, que no idioma persa antigo significava tanto que era a fonte originária quanto processo de surgimento.
Mas Tales era contra o dogmatismo e, ao contrário dos religiosos que ditavam as regras do surgimento do Mundo e que não admitiam o contraditório, Tales propôs que seu novo sistema fosse sempre encarado de forma crítica e, assim também pudesse ser revisto e aceitasse novas proposições.
Assim, seus discípulos propuseram novos elementos primordiais, novas Archés e novas Physis, buscando sempre apresentar razões críticas e com base na observação do mundo natural.
Essa nova forma de pensar o mundo se chamou filosofia e foi a base para o desenvolvimento científico do ocidente.
Tales iniciou a corrente filosófica grega, que diferia das filosofias orientais por seu caráter crítico, sua proposição por frequentes revisões, por sua sistemática e continuidade com base na crítica dos pensadores anteriores.
Sua escola foi chamada e Escola Jônica e foi uma corrente de pensamento fisiocrática que buscava explicar a existência do Universo através de causas naturais e não explicações supersticiosas e sobrenaturais que não pudessem ser observadas.
Devido a esta iniciativa, temos hoje a filosofia e a ciência que nos proporcionam a capacidade e entender e interagir com a natureza deste e de outros mundos.
E a continuidade do trabalho de Tales, vamos ver na próxima postagem!
Se mantenham pensantes!
Alípio de Araújo Neto
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