quinta-feira, 3 de setembro de 2020

Como Sócrates influenciou o pensamento de Platão

Sócrates e Platão



Olá! Seja bem-vindo ao Semanário do Pensamento. Nesta semana, estaremos falando um pouco mais sobre o filósofo Sócrates, um dos mais importantes pensadores de todos os tempos e como ele é importante na obra de outro grande filósofo, ninguém menos do que Platão.

No último post nós falamos um pouco sobre o filósofo Sócrates, suas ideias e seu jeito peculiar de ser. Temos que ressaltar que a interpretação deste filósofo é bastante complicada, dado que não deixou obra escrita.

O que se sabe e o que se entende do que Sócrates defendia nos foi deixado por seus alunos e companheiros. O principal deles é Platão, que foi seu discípulo por cerca de 10 anos.

Foi após a condenação e execução de seu mestre, que Platão começou a registrar os ensinamentos aprendidos. A forma como ele escolheu fazer tais registro foi através de diálogos, exceto pelas cartas e pela Apologia de Sócrates. Esta é, de fato um monólogo.

São 35 diálogos e 13 cartas atribuídas a Platão. Entretanto, boa parte dessas obras tem autenticidade discutível.  Já na antiguidade, muitos textos apócrifos apontados como tendo sido escritos por Platão já circulavam.

Nos diálogos autênticos, Sócrates é, na maioria o principal personagem. Ele costumava iniciar uma discussão sobre algo com uma pergunta, que obtinha opiniões de seu interlocutor, que ele primeiramente as aceitava.

Depois, por meio de perguntas e respostas, mostrava o contraditório ou absurdo das opiniões originais, levando o interlocutor a reconhecer seu desconhecimento sobre o assunto. Esta primeira parte do método de Sócrates, destinada a levar o indivíduo à convicção do erro, é a ironia.

Depois, continuando o diálogo, e partindo da opinião primitiva do interlocutor, constrói com o interlocutor o conhecimento daquilo que se discute. Sócrates deu a esta última parte a designação de maiêutica - a arte de fazer nascer as ideias.

Os diálogos socráticos escritos por Platão, na primeira fase de sua obra são considerados autênticos e onde as ideias são predominantemente do mestre e foram escritos pouco depois da sua morte e, 399 a.C.

Já a partir da fase intermediária, as ideias passam a mostrar mais a visão do discípulo e Sócrates servindo mais como um personagem do que Platão lhe servindo de redator.

E assim, pavimentado no fértil terreno preparado por seu professor Sócrates, Platão redefiniu a finalidade da filosofia e sedimentou as bases para a formação e o desenvolvimento do pensamento racional, no ocidente.

Na próxima semana, falaremos mais sobre a vida e a obra de Platão, filosofo que influenciou diretamente boa parte do pensamento ocidental, na filosofia, nas ciências, nas artes, na literatura e até na religião.



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quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Sócrates, o defensor da virtude

 Olá! Seja bem-vindo ao Semanário do Pensamento. Nesta semana, estaremos falando um pouco sobre o filósofo Sócrates, um dos mais importantes pensadores de todos os tempos.



“Só sei que nada sei”!

Sócrates tornou-se tão famoso, quanto odiado, na Grécia do período clássico, utilizando frases como esta.

Sócrates foi contemporâneo de um grupo de mestres da oratória e da retórica, chamados de sofistas. Embora compartilhassem o interesse por questões cívicas, o filosofo se diferenciava por acreditar e buscar a verdade, tendo consciência da sua própria ignorância em contradição com os sofistas que acreditavam serem mais sábios que os demais e que a verdade não existia ou não era passível de ser inteligida, pela mente humana. 

Entretanto, ao contrário de seus antagonistas, que prezavam pelo discurso e pela retórica com finalidade de ganhos pessoais, Sócrates abordava constantemente a ética e a moral, de forma que buscava tanto entender o pensamento dos cidadãos quanto ajudar o desenvolvimento de sua civilização.

Sócrates não deixou nada escrito. O que se sabe sobre ele veio da obra de seus discípulos Platão e Xenofante, bem como do dramaturgo Aristófanes, seu contemporâneo. Viveu mais provavelmente entre 470 e 399 a.C. e é reconhecido como “O Pai da Filosofia”.

É considerado um personagem histórico verdadeiro, apesar de algumas controvérsias. Alguns estudiosos chegaram a acreditar se tratar de um personagem criado por Platão.

O Sócrates Humano

Sócrates era uma figura bastante controversa. Não só por suas ideias e metodologia, mas também por sua aparência. Era baixo, corpulento, andava descalço e esfarrapado, além de passar muitas horas mergulhado em seus pensamentos, vagando por Atenas, ajudando seus alunos na busca pela verdade ou provocando debates acalorados com os sofistas.

O Método Socrático

O método socrático é uma técnica de investigação filosófica feita em diálogo, que consiste em o professor conduzir o aluno a um processo de reflexão e descoberta dos próprios valores.

Para isso o professor faz uso de perguntas simples e quase ingênuas que têm por objetivo, em primeiro lugar, revelar as contradições presentes na atual forma de pensar do aluno, normalmente baseadas em valores e preconceitos da sociedade, e auxiliá-lo assim a redefinir tais valores, aprendendo a pensar por si mesmo.

Seu discurso era caracterizado pela Maiêutica, que buscava fazer com que o seu interlocutor chegasse ao conhecimento a partir do seu próprio raciocínio. Esse também era como se chamava a forma de se fazer um parto, naquela época.  A mãe de Sócrates era parteira e ele provavelmente foi influenciado por esta questão. Seu método também era conhecido com ‘um parto de ideia”.

Sócrates também é lembrado pela sua ironia. Em alguns casos, ele é considerado um autêntico cínico.

A filosofia de Sócrates

A filosofia de Sócrates pode ser resumida pela epígrafe escrita no templo de Apolo: “Conhece-te a ti mesmo”. Assim, ele buscava ajudar o seu ouvinte a fazer uma auto reflexão , para entender a partir de suas próprias ideais e conceitos o conhecimento que o levaria a encontrar a verdade.

Ao contrário dos sofistas, Sócrates cria que era possível chegar até a verdade, através da reflexão e do pensamento.

Segundo disse: “A verdade já está no próprio homem, mas ele não pode atingi-la, porque não só está envolto em falsas ideias, em preconceitos, como está desprovido de métodos adequados”.

Era preciso, então derrubar esses obstáculos para se chegar ao verdadeiro conhecimento, ao qual chama de virtude. Por isso, ele também disse “Ninguém faz o mal voluntariamente”.



A concepção filosófica de Sócrates pode ser identificada como um método de análise conceitual. A célebre questão socrática é identificada na sua questão “O que é..X?” encontrada em todos os seus diálogos. É dessa forma que busca a definição de determinada coisa, geralmente uma virtude ou qualidade moral.

Por exemplo, no diálogo Ménon, o próprio Menon pergunta a Sócrates se a virtude pode ser ensinada. Sócrates então responde: “como poderia saber se uma coisa pode ser ensinada, se não sei sequer o que ela é.” E, em seguida diz: “Diga-me você mesmo: O que é a virtude.”

Assim, o pai da filosofia buscava entender o que o termo significava para a pessoa com quem dialogava. Com isso, se tornou extremamente importante para o desenvolvimento da gramática grega, assim como para a pedagogia e, mais tarde seria muito influente na psicanálise.

Em 399 a.C. Sócrates é acusado de graves crimes e sua morte é pedida por diversos cidadãos atenienses.  O filósofo criticava abertamente o que considerava desvirtuamento da democracia ateniense e questionava os valores e atitudes da sua época.

Em seu julgamento, que ficou conhecido como Apologia de Sócrates, um dos clássicos diálogos Platônicos, Sócrates recusou-se a se declarar inocente, ironiza seus acusadores e assume as acusações dizendo-se coerente com o que ensinava.

Sócrates é condenado à morte e obrigado a beber cicuta, um veneno usado na época. Apesar de alguns amigos sugerirem uma fuga para um exílio, o filósofo prefere a morrer “domo cidadão ateniense e sempre coerente com suas ideias e princípios.



Na próxima semana, falaremos mais um pouco sobre Sócrates e a interpretação de suas ideias por parte do seu discípulo mais famoso: Platão; e a importância dos diálogos socráticos.

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sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Quem foram os Sofistas


Olá! Seja bem-vindo, ao Semanário do Pensamento! Nesta semana, estaremos falando um pouco sobre os Mestres da Argumentação, na Antiga Grécia, os chamados “Sofistas”!




Em postagens anteriores, falamos que a filosofia se desenvolveu na Grécia, resultante das reflexões de mercadores que, ao entrar em contato com outras culturas, começaram a questionar sobre os mitos que tratavam do surgimento do mundo e do homem.

Buscando uma razão universal que explicasse o mundo sem que se tivesse que recorrer ao mítico, ao religioso e ao sobrenatural, os gregos criaram a filosofia, que serviria de base para a ciência natural que conhecemos hoje.

Socialmente, o crescimento do comércio acabou levando a sociedade grega a desenvolver outro conceito muito importante e difundido em nossos dias: A Democracia!

Entre os séculos VI e IV A.C. as Cidades-Estados gregas vão abandonando a estrutura política baseada na oligarquia, na autoridade militarizada e poder religioso e passam gradualmente a adotar um modelo democrático de política.

A força, a guerra, a imposição, o direito divino e o privilégio de classe dão lugar ao debate, à argumentação, ao discurso, à busca pela razão, etc. Surgem assim as assembleias, onde os debates políticos e cívicos se darão, dali em diante.

A origem dessas assembleias é creditada à Assembleia dos Guerreiros. Segundo alguns estudiosos, os guerreiros dessas Cidades-Estados gregas, após saírem vitoriosos em um combate, se reuniam em assembleia e debatiam sobre quem levaria os espólios da guerra. Nesse debate, todos tinham iguais direitos e ganhava o direito às melhores escolhas aquelas que convenciam os demais.
Com o tempo, a democracia dos guerreiros se estendeu pelo mundo grego e se tornou comum a diversas cidades.

Diante desse cenário, o conhecimento da língua e do discurso, assim como o poder de convencimento do outro tornou-se habilidade fundamental para o sucesso na sociedade grega.
E foi aí que nasceram os Sofistas. Eles são mestres da retórica e da oratória.

Eles nunca formaram uma escola ou tiveram uma doutrina homogênea. Os elementos que os une são a sua prática que é a busca pelo debate, pelo discurso, assim como a noção de que a verdade absoluta não existe ou, caso exista, não é possível ao ser-humano alcança-la ou compreendê-la por completo. Além disso, a problemática ético-política era predominante, nas elucubrações sofistas.

Outra característica desse grupo é que foram oradores conceituados e costumavam a viajar pelas cidades da antiga Grécia para ensinar suas doutrinas e conhecimentos, sendo, geralmente, muito bem remunerados, por isso.

Não restou muito do que escreveram esses filósofos e o que chegou até nós, em geral são fragmentos e citações de outros autores. A maioria desses relatos são encontrados nos diálogos do Platão, nos quais o famoso filósofo grego coloca frente a frente em debate um sofista contra seu mestre Sócrates.
Dentre os mais importantes sofistas podemos citar:

Protágoras de Abdera: Segundo Platão, é de Protágoras a célebre frase “O homem é a medida de todas as coisas”! Aqui, deixa transparecer as ideias essenciais comum aos sofistas, o humanismo e o relativismo.

Protágoras usa como técnica argumentativa a antilógica, na qual ele aborda o pró e o contra de cada argumentação. Com isso, ele busca se antecipar ao argumento contrário que encontraria em um debate de ideias.

Górgias de Leontinos -  Defende que o conhecimento humano estável e definitivo é impossível. Segundo Górgias, não podemos conhecer a natureza das coisas. Então nos resta o discurso. Não por acaso, era considerado um dos maiores oradores e principais mestres da retórica, em sua época.

Pródico de Ceos - Se tornou mais famoso porque teria sido mestre de Sócrates. Ao contrário de Protágoras que focava na retórica e no estilo , Pródico ensinava predominantemente a ética a seus pupilos. Seu interesse principal era buscar a precisão no uso das palavras, elemento muito bem aprendido por Sócrates.

Hípias, Trasímaco e Licofron foram outros nomes importantes desse movimento.
Apesar de ter adquirido uma conotação pejorativa, inclusive o termo sofisma, hoje remete a uma inverdade de origem meramente vocabular, os sofistas foram muito importantes no desenvolvimento da filosofia grega.

Assim como forma fundamentais para a linguística e a correção vocabular e gramatical da língua grega.
Seus principais opositores foram os famosos filósofos da antiguidade clássica. Sócrates, adversário deles nos clássicos diálogos, Platão autor de vários diálogo em que confrontava as ideias dos sofistas à de Sócrates e Aristóteles. Isócrates e Aristófanes também antagonizaram, com os mestres da retórica.

É claro que não foi dito tudo, mas acreditamos que tenhamos ajudado a entender um pouco desses autores tão importante, mas também tão subestimados.



No próxima semana, falaremos Sócrates, um divisor de águas na história do pensamento crítico ocidental.

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