sábado, 28 de junho de 2025

Comunismo Platônico ( Platão era Comunista? )

 Algumas pessoas têm confundido um pouco as ideias de Platão com as ideais marxistas. 

Por este motivo, trouxemos esta tabela apresentando as principais diferenças entre as ideias platônicas contidas em "A República" e as ideias marxistas, que melhor representam a teoria do comunismo contemporâneo.


Característica

Ideias de Platão (em "A República")

Comunismo Moderno (Marxista)

Contexto Histórico

Grécia Antiga (século IV a.C.), sociedade agrária, escravista, preocupação com a polis ideal.

Revolução Industrial (século XIX), sociedade capitalista, crítica à exploração e desigualdade.

Escopo da "Comunidade"

Aplicada apenas às classes dominantes (Filósofos-Reis e Guardiões); as demais classes mantinham propriedade privada.

Aplicada a toda a sociedade, com a abolição universal da propriedade privada dos meios de produção.

Objetivo Principal

Moral e Político: Garantir a justiça, a estabilidade e a não corrupção dos governantes para um Estado ideal.

Econômico e Social: Abolir a exploração, a luta de classes e a alienação, buscando a igualdade e a abundância para todos.

Natureza da Propriedade Comum

Propriedade pessoal (bens, esposas, filhos) para a elite, visando eliminar laços pessoais e fortalecer a lealdade ao Estado.

Propriedade dos meios de produção (fábricas, terras, recursos), visando a controle coletivo da economia e a distribuição equitativa.

Estrutura Social

Hierárquica e Estratificada: Baseada em aptidões inatas, com classes distintas e sem mobilidade social significativa.

Sem Classes: Busca a eliminação de todas as classes sociais, resultando em uma sociedade igualitária.

Meio de Mudança

Proposta filosófica para um modelo ideal, a ser implementado por governantes sábios. Não há conceito de revolução popular.

Revolução do proletariado, impulsionada pela luta de classes e a contradição do capitalismo.

Papel do Estado

Essencial e Permanente: O Estado ideal é central, governado por uma elite sábia para manter a ordem e a justiça.

Temporário (transição): O Estado (ditadura do proletariado) é uma ferramenta para a socialização, destinada a "definhar" em uma sociedade comunista plena.

As ideias de Platão sobre a propriedade comum para os guardiões eram uma solução para um problema moral e político específico dentro de uma hierarquia social pré-existente, focada na estabilidade de uma elite governante. 

Já o comunismo moderno é uma teoria revolucionária socioeconômica que busca a transformação radical de toda a sociedade, a abolição das classes sociais e da exploração através da socialização dos meios de produção.

Apesar de uma aparente similaridade na "ausência de propriedade privada", os fundamentos, a abrangência e os objetivos dessas duas filosofias são amplamente divergentes.


sexta-feira, 27 de setembro de 2024

Nietzsche: Deus Morreu

Então chegamos à grande questão que a filosofia tem se debruçado há séculos: existe algo além do material?

Foi esta questão que incentivou os pré-socráticos a buscar uma resposta para as diferentes respostas acerca da criação do mundo e os fez criar o elemento primordial. 

Afinal, se a resposta fosse simples, não seriam criadas tantas alternativas diferentes.



E foi exatamente pela falta de respostas, que Friedrich Nietzsche ressuscitou os Pré-Socráticos a fim de remontar as teorias que tratam do materialismo filosófico. 

Este materialismo que ficou tão em voga no século XIX, e nos trouxe a dialética materialista de Karl Marx e o Positivismo de Auguste Comte, mas também elucidou a vontade de potência trazida por Nietzsche.


Afinal, se não existe a transcendência, para que nos serve o moralismo? Para que nos serve a religião e os bons costumes? A não ser para servir ao fraco de prisão do mais forte....?

Então, se algo existe para além da matéria serve para nos prender ou para nos libertar?

Bem, para Nietzsche nada existe para além deste mundo, orientado pelo caos. E o filósofo que busca compreender os valores se envereda contra a própria filosofia, pois desta forma busca algum amparo às suas ilusões metafísicas em detrimento do conhecimento verdadeiro. 

Dessa forma, Nietzsche tenta nos mostrar que somos produtos do nosso tempo, históricos, datados, constantemente influenciados por nossas subjetividades.

Assim sendo, afirma que não existem regras universais e verdades absolutas, se afastando da modernidade que o antecede. 

Desta forma, Nietzsche se afasta de qualquer forma de divindade, seja religiosa, seja científica, afinal, para ele a ordem científica também era um divindade, ainda que buscasse se afastar da religiosidade. 

A única ordem no Universo é o caos absoluto....



sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Tales de Mileto é o Primeiro Filósofo, para Nietzsche, mas...

Era por volta do ano 585 a.C., quando Tales, considerado o primeiro físico grego florescia em sua filosofia. Sua escola de pensamento começava a ganhar notoriedade. 

Ele inaugurou a a linha de pensamento crítico ocidental, que buscava explicação racional e com base na natureza para a explicação do surgimento do Universo. 

A Escola Jônica foi a primeira a buscar explicações racionais par ao mundo, logo seguida pela Eleata e pela Pitagórica, as principais correntes filosóficas consideradas pré-socráticas.

Os pré-socráticos são os filósofos gregos que aparecera antes de Sócrates, considerado um divisor de águas na história da filosofia. Isso porque o ateniense foi o primeiro a buscar trazer reflexões sobre a ética e a sociedade e não só apenas buscar explicações para fenômenos fisiocráticos. 

Por sua vez, os Pré-Socráticos foram considerados filósofos fisiocráticos exatamente porque se concentravam principalmente em explicações para o mundo físico e metafísico.

Tales de Mileto foi o primeiro a propor este tipo de explicação. Utilizando-se do senso crítico e da razão propôs o conceito de elemento primordial, do qual derivariam todos os outros elementos e objetos existente em nossa realidade. 




O fundador da Escola Jônica não pretendia ser dogmático e propôs, talvez até mesmo tenha incentivado seus discípulos a contestar sua proposição de forma crítica e embasada. 

Além de físico, Tales também foi astrônomo, político, comerciante e chegou a ser considerado um dos 7 sábios da Grécia Antiga.

Esses filósofos Pré-Socráticos poucos escritos deixaram e pouquíssimos fragmentos e citações chegaram até nossos dias. 

As maiores fontes de referência a seus pensamentos advém de relatos de historiadores e citações de outros filósofos, como Aristóteles, Platão e Simplício.

Mas o que torna Tales tão diferente que o faz ser considerado o primeiro filósofo da história ocidental?

Antes de responder à pergunta é preciso considerar os estudiosos que remontaram a importância dos primeiros pensadores críticos da Grécia.

Na modernidade Georg Wilhelm Friedrich Hegel e Friedrich Nietzsche foram 2 filósofos que buscaram nos primeiros pensadores gregos referências para suas análises e reflexões. 

Nietzsche foi, inclusive, um dos principais utilizadores das referências dos Pré-Socráticos e ajudou a dar mais visibilidade aos pensamentos e teoria dos fisiocratas de outrora. E é exatamente o radical filósofo alemão que tenta dar essa complexa explicação. 

Segundo afirmou Nietzsche, existem 3 razões para considerar a importância do pensamento filosófico iniciado por Tales em Mileto como o primeiro passível de ser chamado de filosófico.

A primeira refere-se ao fato de de enunciar algo sobre a origem das coisas, embora essa parte ainda mantenha de certa forma próximo dos místicos e religiosos. Mas por si mesma já demonstra uma certa capacidade racional, pelo simples fato de entender que as coisas que existem nem sempre existiram como são hoje. 

A segunda a separa do grupo dos supersticiosos e míticos por buscar essa explicação inicial sem o uso de fábulas, mitos e alegorias. 

A terceira é a que faz a diferença. Segundo Nietzsche, embora incipiente está contido o pensamento "Tudo é um", para ele, um postulado metafísico baseado na intuição mística do primeiro filósofo, que gerou uma "tirana" generalização.

Apesar da apreciação apresentada, Nietzsche usa sua argumentação para traçar uma crítica profunda à constituição da filosofia com base em algo que considerou uma contemplação movida por uma crença ilógica, fantasiosa e indemonstrável. 

O filósofo alemão propôs uma revolução na visão da filosofia ocidental, libertando o pensamento de mundos ideais, criticando o moralismo religioso, o niilismo existencialista e o racionalismo filosófico. 

sexta-feira, 13 de setembro de 2024

O Surgimento da Filosofia Grega

Pelas cristalinas águas azuis dos mares Mediterrâneo, Grego e Jônico, comerciantes do sul da Europa, do Norte da África e do Oriente Médio navegavam buscando riqueza e prosperidade, no século VI a.C.. Muitos tornaram-se proeminentes no comércio e foram bem abastados por muitos anos. 

Porém, poucos tiveram a relevância e mantiveram seu nome vivo por tantos séculos quanto um mercador de ascendência fenícia, de família nobre que saíra da cidade de Mileto, onde hoje é a atual Turquia e singrou os mares fazendo comércio e aprendendo ciências. 

Seu nome era Tales e ele se tornou importante e renomado em diversas áreas. Era de fato um Homem Universal.



Saindo de sua terra natal, Tales conheceu o Antigo Egito e aprendeu matemática e astronomia. Aplicando seus conhecimentos na prática, inclusive comercial, tornou-se consideravelmente rico. 

Mas para ele não bastava apenas o sucesso material. Ele tinha algo que o impelia a querer mais. E assim, trouxe para o mundo grego, que em sua época era uma grande metrópole, em função da sua posição geográfica, uma gama de novos conhecimentos que inspiraram uma radical mudança no modo de pensar o mundo, posteriormente. 

Esta mudança foi a passagem do pensamento mítico-religioso para o pensamento filosófico-científico, que foi proporcionado pela criação da sua escola: a Escola Jônica.

Ao observar que cada povo tinha uma explicação mítica para o surgimento do mundo, da vida e do homem, Tales pensou que, provavelmente, não poderiam estar todos certos. Afinal, o mundo era o mesmo e as explicações eram diversas.

A lógica aflorou em seu pensamento e então ele concluiu que a causa do surgimento do mundo não estava nas explicações mitológicas, mas sim, na própria natureza que nos cerca. 

Dessa forma, propôs que a origem de tudo vinha de alguma coisa natural e específica e que de alguma forma, esta coisa sofreu alterações que transformou-a em uma multiplicidade de seres e objetos.

Essa coisa que teria gerado todas as outras recebeu o nome de "Elemento Primordial" ou "Arché". Este elemento, para Tales era a água.

A água era assim a "Physis" do Universo, que no idioma persa antigo significava tanto que era  a fonte originária quanto processo de surgimento. 

Mas Tales era contra o dogmatismo e, ao contrário dos religiosos que ditavam as regras do surgimento do Mundo e que não admitiam o contraditório, Tales propôs que seu novo sistema fosse sempre encarado de forma crítica e, assim também pudesse ser revisto e aceitasse novas proposições.

Assim, seus discípulos propuseram novos elementos primordiais, novas Archés e novas Physis, buscando sempre apresentar razões críticas e com base na observação do mundo natural.

Essa nova forma de pensar o mundo se chamou filosofia e foi a base para o desenvolvimento científico do ocidente. 

Tales iniciou a corrente filosófica grega, que diferia das filosofias orientais por seu caráter crítico, sua proposição por frequentes revisões, por sua sistemática e continuidade com base na crítica dos pensadores anteriores.

Sua escola foi chamada e Escola Jônica e foi uma corrente de pensamento fisiocrática que buscava explicar a existência do Universo através de causas naturais e não explicações supersticiosas e sobrenaturais que não pudessem ser observadas.

Devido a esta iniciativa, temos hoje a filosofia e a ciência que nos proporcionam a capacidade e entender e interagir com a natureza deste e de outros mundos. 

E a continuidade do trabalho de Tales, vamos ver na próxima postagem! 

Se mantenham pensantes! 




Alípio de Araújo Neto

sexta-feira, 30 de agosto de 2024

Política: Existem regras gerais ou cada povo tem a sua própria maneira de formular leis?

Nesta semana publicamos dois vídeos trazendo passagens emblemáticas de dois importantes pensadores pós-medievais.

Numa, tivemos Maquiavel e noutra Rousseau.

São dois pensadores bem divergentes em termos de pensamentos, mas que trazem similaridades intrínsecas entre si.



São dois pensadores modernos que trouxeram reflexões importantes sobre a política europeia pós-renascentista. 

No caso de Maquiavel, escritor e político italiano do século XVI, este buscou formular uma teoria política universal, que seria acessível a qualquer um em qualquer momento em qualquer situação. 

Daí sua visão de que a ideia de castigo exemplar seria o suficiente para doutrinar toda uma sociedade.

Por outro lado, a visão de Jean-Jacques Rousseau, genebrino pensador do século XVIII idealizava o homem natural.

Dessa forma, propunha que as leis observassem as disposições naturais de cada homem em cada situação natural e, que em cada situação específica uma lei específica deveria ser formulada.

De fato,  existem situações  em que regras gerais podem ser observadas em sociedades humanas, mas em geral as especificidades são determinantes para as formulações de leis especificas.

Não podemos afirmar que exista uma regra geral ou específica para a ação humana em sociedade. Ao contrário, isso ainda é tema de muitos debates e discussões das maiores e melhores mentes da atualidade.



Mas as dicotômicas visões destes dois grandes pensadores de outrora nos trazem este importante debate acerca da teoria política.

Afinal, podemos ter regras gerais na política, ou devemos observar as singularidades de cada povo para a formulação de leis específicas?

Fica aqui o nosso debate.

sexta-feira, 23 de agosto de 2024

O Paradoxo do Conhecimento

 A busca pelo conhecimento pode nos levar ao encontro com a muralha que chamamos de "paradoxo". O conceito vem de Górgias, sofista de Leontinos, na antiga Grécia, que é reconhecido pelas contribuições que fizera ao uso da retórica e da argumentação. 

Para o filósofo, mais importante do que ser verdadeiro, o conhecimento deveria ser passível de ser provado ou defendido. Isto porque, para ele, não seria possível acessar o conhecimento de fato.

Para Górgias, não é possível encontrar o conhecimento no sentido estático e definitivo. Afirmou nada existe que possa ser conhecido, se puder ser conhecido não poderia ser comunicado, se pudesse ser comunicado não poderia ser compreendido.

Dessa forma, o exacerbado ceticismo sofista, que nos leva à retórica pura e a não-verdade de fato encontra na lógica sensorial o seu respaldo. Os sofistas tinham a visão de que o conhecimento verdadeiro não pode ser adquirido e interpretações pessoais da realidade são o que temos a partir do uso dos sentidos.

Se cada pessoa tem seus próprios órgãos sensitivos e cada órgão gera uma resposta pessoal e dentro do cérebro de cada pessoa há todo um conjunto de formas de interpretações, sejam elas geneticamente programadas, sejam culturalmente assimiladas, um mesmo fenômeno ou acontecimento pode ser visto de inúmeras formas diferentes por inúmeros indivíduos diferentes.

É neste ponto que se torna genérico e plausível a visão argumentativa de Pródicos, contemporâneo sofista de Górgias que afirmou que "o homem é a medida de todas as coisas", frase que se tornou célebre no Renascimento e se tornou um dos principais lemas do Humanismo pós-medieval. 



A visão cética vai influenciar o pensamento de Sócrates, que afirmara que conhecia de fato sua ignorância por mais que buscasse saber e por mais que de fato fosse encontrando novos conhecimentos. 

A ciência e suas descobertas reafirmam tal noção à mediada que vamos descobrindo novos horizontes e novas explicações vão substituindo as antigas, como no caso da gravidade. Para Isaac Newton tratava-se de uma força. Para Albert Einstein trata-se de uma distorção no Espaço-Tempo. Já para alguns religiosos judeus e cristãos ocidentais trata-se de da imposição da Mão Divina que segura as pessoas na Terra.

O que de fato é aquilo que chamamos de gravidade depende obviamente da interpretação dos sentidos de cada um e de seu arcabouço cultural. A própria noção da sua existência depende da própria capacidade do indivíduo em entender que existe a atração ou de mesmo se interessar por este entendimento.

Se não há interesse e nem entendimento, se não há a percepção do fenômeno, a própria noção do seu acontecimento é desconhecida. Dessa forma o conhecimento ficaria assim incomunicável e incompreendido, como dissera Górgias, milênios atrás. 

E assim nasce a retórica do que é provável. E o que é provável depende do contexto do que se considera prova, o que está diretamente ligado à convenção social do meio em que os interlocutores estarão envolvidos. 

Podemos entender que o que se pode comunicar depende diretamente dos indivíduos entre os quais se dará a comunicação. 

Se existe de fato um conhecimento verdadeiro, fixo, estável e imutável, seríamos possível a nós, o compreendermos através dos nossos sentidos?

Nem Descartes convenceu os céticos, com seu argumento do cogito, pelo qual argumenta que o fato de pensar garante a sua existência. Afinal, nossos sentidos podem perceber que estamos pensando, mas essa percepção pode ser enganosa, como as demais que nos são transmitidas por nossos sentidos.

E enfim chegamos ao eterno paradoxo do conhecimento, que nos diz que quanto mais descobrimos, mais sabemos que não sabemos de nada. 

sexta-feira, 16 de agosto de 2024

A Elite [#Part 2 ] Eram os deuses terrestres?

Mitos e lendas de povos antigos relatam feitos heroicos e sobre humanos protagonizados por indivíduos com capacidades superiores às dos seres humanos comuns. A essas entidades foram dados nomes genéricos de "deuses", "semideuses" ou "heróis" (em algumas culturas são espíritos ou simplesmente entidades.

Apesar de no meio científico pouca ou nenhuma relevância é dispensada a relatos mitológicos do passado, estudiosos independentes e "crentes" do meio popular ainda buscam suscitar o debate sobre a veracidade acerca dos textos e tradições mitológicos de civilizações antigas.

Há uma corrente ainda não considerada científica, mas ainda racionalista que aceita a explicação das ocorrências dos relatos mitológicos como evidência factual do contato dos seres humanos terrestres do passado com povos extraterrestres, certificando assim a existência de vida inteligente e altamente tecnológica em outros planetas.

Não viemos aqui buscar uma resposta definitiva, mas propor um debate pouco usual, considerando o tema em questão. É importante, aqui, aceitar a consideração de que as leis da física são comuns a todos os lugares do Universo conhecido e, ao mesmo tempo, desde o (suposto) "Big Bang" elas também se mantêm as mesmas ao longo do tempo. 

Se as leis da física são as mesmas e os componentes presentes em nosso Planeta se mantiveram em sua maioria e de forma geral os mesmo, é bem possível que, num passado remoto, o ser humano (ou possivelmente outra espécie racional) possa ter desenvolvido a mesma tecnologia que temos hoje, ou mesmo algo mais avançado.

Hoje, temos apenas uma raça humana, a dos homo sapiens. Gorilas, chimpanzés e orangotangos são considerados hominídeos contemporâneos de outros gêneros. No passado tivemos outras raças e mesmo outras espécies do gênero homo habitando a Terra e, até mesmo coexistindo. 



De forma análoga ao desenvolvimento do Homo Sapiens, outras sub famílias de hominídeos conseguiram se desenvolver e prosperar por muito tempo, na Terra. Descobrimos seus fósseis e fizemos testes genéticos que nos dão relativa margem de segurança para afirmar sua existência no passado.

Se as condições físicas, químicas e elementais da Terra são as mesmas há milênios e a presença de indivíduos racionais pode ser mais antiga do que conhecemos, seria impossível imaginar que uma espécie de primata antiga pudesse desenvolver tecnologia antes de nós e no passado ter chegado à conquistas que estamos conseguindo hoje?

Vejamos o Mahabharata, épico sânscrito da antiga Índia que é considerado o poema mais longo já escrito. Ele narra uma guerra entre divindades e as consequências para o mundo desse confronto. 

As armas e artefatos usados pelos "deuses" descritos neste poema se assemelham muito a aparelhos tecnológicos que desenvolvemos hoje, visão compartilhada tanto pelos defensores da teoria dos antigos astronautas, como por muitos estudiosos dos hinduísmo.

E é nesse ponto que a reflexão se faz necessária. Se é possível criar tecnologia hoje, foi igualmente possível tê-la criado há 10 mil anos atrás.

É verdade que, hoje temos um conhecimento acumulado de mais de 5 mil anos, desde que a escrita foi inventada, segundo a antropologia e história convencionais. Entretanto, não é porque não temos prova material de que algo aconteceu que este algo de fato não aconteceu. 

Pode ser que ainda não tenhamos tais provas e que essas apareçam em um momento futuro. No ano 1000 d.C. não haviam esqueletos de dinossauros nos museus. Hoje há! 

Então, seria impossível que uma espécie, uma raça ou mesmo apenas uma tribo diferente e excludente de hominídeos da pré-história tivesse desenvolvido (na Terra mesmo e não fora dela) tecnologia tão avançada que os fez serem vistos pelos que estavam de fora como seres sobrenaturais e divinos?

Seria impossível mesmo que humanos ou hominídeos com uma coeficiente intelectual superior ao do homo sapiens atual tenha chegado a um nível tão elevado de conhecimento que possa ter desenvolvido armas, computadores e fórmulas medicinais superiores às que temos hoje a ponto de não serem resumidamente compreendidas pelos outros homens, da mesma forma que a nossa tecnologia não é compreendida pelos primatas que habitam a Terra nos tempos atuais?

E a parte aterrorizante é que podemos estar vendo isso acontecer atualmente. Como falamos na semana anterior, apesar do acesso fácil à tecnologia, a segregação econômica e social criam uma disparidade muito grande entre a qualidade e a quantidade (ao menos simultânea) da tecnologia acessada. 

Sendo assim, podemos estar criando as condições para a bifurcação da estrada da nossa espécie na Terra. Os caminhos podem vir a diferenciar-se entre o daqueles que tem o acesso ao controle da tecnologia e sua programação e o daqueles que apenas fazem uso e acabam sendo dependentes do que a tecnologia os oferece. 

Não é difícil ou ficcional hoje imaginarmos a separação da humanidade em uma elite biocibernética e uma plebe excluída digitalmente. 

A diferença que a tecnologia propicia é tamanha que impossibilitaria a plebe de sequer perceber a dimensão do poder e da superioridade da elite, tornando a reconciliação improvável pelo resto da história.