sexta-feira, 10 de setembro de 2021
"Assim Falou Zaratrusta: Um Livro Para Todos e Para Ninguém"
sexta-feira, 3 de setembro de 2021
O Contrato Social
Se hoje vemos celeumas irreconciliáveis entre socialistas e liberais econômicos essa não foi a tônica quando essas doutrinas surgiram na Europa, no final do século XVIII. Nessa época, todos os que tinham visões contra o regime político-econômico vigente, o chamado "Acien Régime"*, eram agrupados nas fileiras do liberalismo.
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Jean-Jacques Rousseau - Wikipedia |
Essa nova orientação político-social de cunho burguês tinha como objetivo trazer à sociedade europeia daquela época um conjunto de novos direitos que envolviam liberdade individual e econômica, além de avanços produtivos criando assim uma sociedade bem diferente da que existia até então.
Esse conjunto de preceitos fomentou a consolidação da sociedade liberal-burguesa, no Ocidente e trouxe consigo, além das questões políticas outas visões em diversas áreas do saber, como a ciência e a arte. Um dos seus resultados foi a ampliação da Revolução Industrial, originada na Inglaterra, para toda a Europa e além.
Na literatura e nas artes foi base para o desenvolvimento do romantismo, uma corrente literária caracterizada pela idealização e pelo sentimento, em contraponto ao industrialismo material da ciência, que mais tarde vai gerar o surgimento das correntes realistas.
E é nesse contexto do afloramento do romantismo que Jean-Jacques Rousseau dá a partida para seus escritos. O mais célebre deles é exatamente este livro: "Do Contrato Social " (ou "O Contrato Social"), obra pela qual o autor ficou historicamente conhecido.
Rousseau fora um romântico liberal, ainda que com uma forte inclinação naturalista e igualitarista, além de admitir uma grande tendência espiritualista, a qual o fez criar desavenças com outro célebre filósofo francês, Voltaire.
No Contrato Social, Rousseau expõe suas visões sobre a origem do ser humano e da sociedade e como esta tem efeito nocivo na moral e no espírito natural daquele, correndo sua mente e seu coração. Para abrir mão da sua liberdade natural em troca da segurança da sociedade, o autor defende que o indivíduo deveria ter garantido o direito à liberdade civil, garantido exatamente pelo "Contrato Social".
Este contrato seria uma espécie de mecanismo pelo qual o povo deveria ser agente ativo da relação com o governo desta sociedade, ao mesmo tempo em que deveria obedecer às leis proporcionando a mesma liberdade aos demais indivíduos componentes do agrupamento social. O Estado em si, apesar da importância não seria o soberano, mas suas ações deveriam se dar em nome da liberdade do seu povo.
Um dos enunciados mais repetidos propostos pelo filósofo francês foi a máxima de que o "homem nasce bom e a sociedade" o corrompe. Para ele, as instituições sociais eram o que de pior. No estado de natureza, ou seja, antes do surgimento da sociedade, haveria harmonia e abundância para o homem, pelo fato de ter igualdade e liberdade, além da coletividade ser uma constante que inclinava o indivíduo à busca do bem comum.
Para ele, a propriedade privada e desigualmente distribuída era o princípio pelo qual se caracterizava a corrupção da coletividade. No "Contrato Social", Rousseau afirmou que:
"O homem nasceu livre e, em toda parte vive acorrentado. O que se crê amo dos outros não deixa de ser mais escravo que eles"!
E este é o princípio que define não só este livro, mas toda a filosofia de Rousseau, uma busca pela liberdade, pelo felicidade coletiva e pela justiça social, deste que é um filósofo contratualista e liberal no sentido máximo, que influenciou revoluções burguesas que se seguiram ao seu período, além das doutrinas liberais, socialistas e anarquistas.
Certamente é um dos livros mais importantes sobre política e filosofia da modernidade e ajuda a explicar boa parte das visões políticas mais marcantes dos acontecimentos históricos do final do século XVIII e do início do século XIX, antes que a dialética comunismo x capitalismo dominasse o discurso político ocidental.
Araújo Neto (2021)
* Termo em francês que significa Antigo Regime
sábado, 14 de agosto de 2021
Técnica x popularidade
O que importa mais: ser profundamente bom ou ser amplamente popular?
Quando tratamos de um produto, de um objeto, de uma máquina ou de um serviço, a qualidade técnica é facilmente definida. Se um produto funciona como ele se propõe a funcionar e acima da média de seus similares, assim como se tem uma durabilidade alta dizemos que ele tem qualidade.
Entretanto, quando analisamos indivíduos e ações humanas esse conceito se torna amplamente relativo. Vemos músicas, livros, até mesmo profissionais que podem ser muito populares, mas que não apresentam a chamada qualidade técnica que muitas vezes é vista em obras e pessoas menos requisitadas.
Quem apresenta mais qualidade, um pianista clássico que estudou por anos horas e horas o seu instrumento e que faz uma obra afinada e com uma produção sofisticada, mas que tem menos que uma centena de ouvistes ou um artista popular que faz uma produção quase caseira, desafinada e simplória, mas que que tem centenas de milhares de apreciadoras?
Será que importa mais ser tecnicamente ou bom ou ser popularmente reconhecido?
Muitas vezes, em se tratando de questões humanas o que entendemos como bom, pode simplesmente não agradar o público, seja pelo momento social vivido, seja pela falta de compreensão do projeto, por parte das pessoas no meio ao qual ele é exposto.
Será que Mozart e Chopin teriam alguma relevância no meio artístico atual? Será que Michael Jackson e Lady Gaga teriam sido conhecidos, antes do advento da música comercial?
Para ser popular é preciso atender às expectativas do público geral, para o qual a obra será direcionada, assim como ser facilmente assimilável e conter uma grande quantidade de elementos que sejam familiares aos receptores. Novidades devem ser inseridas com cautela.
Já para ser tecnicamente bom é preciso muitas e muitas horas de estudo, prática e aperfeiçoamento. O curioso é que, nos tempos atuais, esta função exige mais investimento em tempo que a primeira, mas o retorno financeiro é altamente questionável.
sexta-feira, 6 de agosto de 2021
Filosofia e Esportes: Olimpíadas na Antiguidade.
O que tem a ver filosofia e esportes? Filósofo pratica esportes? Qual filósofo participou das Olimpíadas na antiguidade?
Quem acha que filósofos são "nerds" meio lesados, com dificuldades para esportes está enganado. Ao menos se estamos falando de filósofos gregos.
Ao contrário do que os estereótipos atuais possam sugerir, os filósofos de Grécia Antiga costumavam-se a dedicar a muitas disciplinas e, por essa razão foram considerados homens universais.
Aristóteles, Sócrates e Platão, por exemplo, foram relatados como expectadores dos jogos olímpicos em algumas oportunidades.
Platão foi além. Apesar da sua filosofia contemplativa, sua prática foi muito mais incisiva do que aparentaria.
O filósofo inclusive participou dos jogos como competidor e teria sido bicampeão olímpico no pancrácio, um espécie de luta misturada com pugilato (quase um boxe), um "vale-tudo" da época.
Outro que pode ter participado dos Jogos foi Pitágoras. Pode, porque até hoje não se sabe ao certo se foi mesmo o matemático de Samos, que chegou a ser proibido de competir no pugilato, o boxe da época, mas foi proibido de competir entre os meninos por ter sido considerado "efeminado". No entanto, competiu entre os homens e ganhou de todos os adversários.
Segundo o clássico historiador e biógrafo dos filósofos gregos, Diógenes Laércio, não se tratavam da mesma pessoa, embora alguns autores contemporâneos discutam essa identidade.
Aliás, hoje os especialistas em educação já admitem que há uma relação direta entre a prática de esportes e o desenvolvimento intelectual. Quem pratica esportes na escola aprende mais facilmente.
Portanto, tenha cuidado! Não ache que aquele fortão que puxa ferro na academia tem a cabeça vazia. Muito filósofos também foram atletas. Filósofo também pratica esportes.
Araújo Neto
sexta-feira, 30 de julho de 2021
Socialismo Utópico X Socialismo Científico
sexta-feira, 23 de julho de 2021
Vale a pena refletir?
Momento como este em que vivemos nos faz refletir sobre nós, sobre o mundo! Nesse momento, temos de nos perguntar: o que de fato vale para nós?
Vale arriscar a vida que não volta, pelo dinheiro que é passageiro, que pode-se perder em um dia e ganhar em um outro?
Vale arriscar a vida dos outros em troca de momentos de glória efêmera e retornos tão imediatos quanto voláteis?
Vemos que muitos que buscam o retorno financeiro e material do que fazem não têm um objetivo para este retorno. O material é o próprio retorno.
Vidas vazias que depositam esperanças em ídolos de luz, que desaparecem quando acaba a bateria.
É um momento interessante para se perguntar se foi mesmo melhor termos criado a sociedade para vencermos a natureza ou se criamos uma selva ainda mais violenta do que a natural, de onde saímos a milênios.
Terão razão os anarquistas que querem quebrar as máquinas?
Terão razão os contratualistas que querem acordos entre os humanos para uma vida social tranquila e produtiva?
Ou terão razão os imperialistas e fascistas que defendem o uso da foça que vença o mais forte e esta é a justiça do mundo?
Será que valerá a pena refletir sobre isso, ou é mera perda de tempo e devemos nos concentrar em acumular mais e mais?
Será que vale a reflexão?
Araújo Neto