quinta-feira, 3 de setembro de 2020

Como Sócrates influenciou o pensamento de Platão

Sócrates e Platão



Olá! Seja bem-vindo ao Semanário do Pensamento. Nesta semana, estaremos falando um pouco mais sobre o filósofo Sócrates, um dos mais importantes pensadores de todos os tempos e como ele é importante na obra de outro grande filósofo, ninguém menos do que Platão.

No último post nós falamos um pouco sobre o filósofo Sócrates, suas ideias e seu jeito peculiar de ser. Temos que ressaltar que a interpretação deste filósofo é bastante complicada, dado que não deixou obra escrita.

O que se sabe e o que se entende do que Sócrates defendia nos foi deixado por seus alunos e companheiros. O principal deles é Platão, que foi seu discípulo por cerca de 10 anos.

Foi após a condenação e execução de seu mestre, que Platão começou a registrar os ensinamentos aprendidos. A forma como ele escolheu fazer tais registro foi através de diálogos, exceto pelas cartas e pela Apologia de Sócrates. Esta é, de fato um monólogo.

São 35 diálogos e 13 cartas atribuídas a Platão. Entretanto, boa parte dessas obras tem autenticidade discutível.  Já na antiguidade, muitos textos apócrifos apontados como tendo sido escritos por Platão já circulavam.

Nos diálogos autênticos, Sócrates é, na maioria o principal personagem. Ele costumava iniciar uma discussão sobre algo com uma pergunta, que obtinha opiniões de seu interlocutor, que ele primeiramente as aceitava.

Depois, por meio de perguntas e respostas, mostrava o contraditório ou absurdo das opiniões originais, levando o interlocutor a reconhecer seu desconhecimento sobre o assunto. Esta primeira parte do método de Sócrates, destinada a levar o indivíduo à convicção do erro, é a ironia.

Depois, continuando o diálogo, e partindo da opinião primitiva do interlocutor, constrói com o interlocutor o conhecimento daquilo que se discute. Sócrates deu a esta última parte a designação de maiêutica - a arte de fazer nascer as ideias.

Os diálogos socráticos escritos por Platão, na primeira fase de sua obra são considerados autênticos e onde as ideias são predominantemente do mestre e foram escritos pouco depois da sua morte e, 399 a.C.

Já a partir da fase intermediária, as ideias passam a mostrar mais a visão do discípulo e Sócrates servindo mais como um personagem do que Platão lhe servindo de redator.

E assim, pavimentado no fértil terreno preparado por seu professor Sócrates, Platão redefiniu a finalidade da filosofia e sedimentou as bases para a formação e o desenvolvimento do pensamento racional, no ocidente.

Na próxima semana, falaremos mais sobre a vida e a obra de Platão, filosofo que influenciou diretamente boa parte do pensamento ocidental, na filosofia, nas ciências, nas artes, na literatura e até na religião.



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quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Sócrates, o defensor da virtude

 Olá! Seja bem-vindo ao Semanário do Pensamento. Nesta semana, estaremos falando um pouco sobre o filósofo Sócrates, um dos mais importantes pensadores de todos os tempos.



“Só sei que nada sei”!

Sócrates tornou-se tão famoso, quanto odiado, na Grécia do período clássico, utilizando frases como esta.

Sócrates foi contemporâneo de um grupo de mestres da oratória e da retórica, chamados de sofistas. Embora compartilhassem o interesse por questões cívicas, o filosofo se diferenciava por acreditar e buscar a verdade, tendo consciência da sua própria ignorância em contradição com os sofistas que acreditavam serem mais sábios que os demais e que a verdade não existia ou não era passível de ser inteligida, pela mente humana. 

Entretanto, ao contrário de seus antagonistas, que prezavam pelo discurso e pela retórica com finalidade de ganhos pessoais, Sócrates abordava constantemente a ética e a moral, de forma que buscava tanto entender o pensamento dos cidadãos quanto ajudar o desenvolvimento de sua civilização.

Sócrates não deixou nada escrito. O que se sabe sobre ele veio da obra de seus discípulos Platão e Xenofante, bem como do dramaturgo Aristófanes, seu contemporâneo. Viveu mais provavelmente entre 470 e 399 a.C. e é reconhecido como “O Pai da Filosofia”.

É considerado um personagem histórico verdadeiro, apesar de algumas controvérsias. Alguns estudiosos chegaram a acreditar se tratar de um personagem criado por Platão.

O Sócrates Humano

Sócrates era uma figura bastante controversa. Não só por suas ideias e metodologia, mas também por sua aparência. Era baixo, corpulento, andava descalço e esfarrapado, além de passar muitas horas mergulhado em seus pensamentos, vagando por Atenas, ajudando seus alunos na busca pela verdade ou provocando debates acalorados com os sofistas.

O Método Socrático

O método socrático é uma técnica de investigação filosófica feita em diálogo, que consiste em o professor conduzir o aluno a um processo de reflexão e descoberta dos próprios valores.

Para isso o professor faz uso de perguntas simples e quase ingênuas que têm por objetivo, em primeiro lugar, revelar as contradições presentes na atual forma de pensar do aluno, normalmente baseadas em valores e preconceitos da sociedade, e auxiliá-lo assim a redefinir tais valores, aprendendo a pensar por si mesmo.

Seu discurso era caracterizado pela Maiêutica, que buscava fazer com que o seu interlocutor chegasse ao conhecimento a partir do seu próprio raciocínio. Esse também era como se chamava a forma de se fazer um parto, naquela época.  A mãe de Sócrates era parteira e ele provavelmente foi influenciado por esta questão. Seu método também era conhecido com ‘um parto de ideia”.

Sócrates também é lembrado pela sua ironia. Em alguns casos, ele é considerado um autêntico cínico.

A filosofia de Sócrates

A filosofia de Sócrates pode ser resumida pela epígrafe escrita no templo de Apolo: “Conhece-te a ti mesmo”. Assim, ele buscava ajudar o seu ouvinte a fazer uma auto reflexão , para entender a partir de suas próprias ideais e conceitos o conhecimento que o levaria a encontrar a verdade.

Ao contrário dos sofistas, Sócrates cria que era possível chegar até a verdade, através da reflexão e do pensamento.

Segundo disse: “A verdade já está no próprio homem, mas ele não pode atingi-la, porque não só está envolto em falsas ideias, em preconceitos, como está desprovido de métodos adequados”.

Era preciso, então derrubar esses obstáculos para se chegar ao verdadeiro conhecimento, ao qual chama de virtude. Por isso, ele também disse “Ninguém faz o mal voluntariamente”.



A concepção filosófica de Sócrates pode ser identificada como um método de análise conceitual. A célebre questão socrática é identificada na sua questão “O que é..X?” encontrada em todos os seus diálogos. É dessa forma que busca a definição de determinada coisa, geralmente uma virtude ou qualidade moral.

Por exemplo, no diálogo Ménon, o próprio Menon pergunta a Sócrates se a virtude pode ser ensinada. Sócrates então responde: “como poderia saber se uma coisa pode ser ensinada, se não sei sequer o que ela é.” E, em seguida diz: “Diga-me você mesmo: O que é a virtude.”

Assim, o pai da filosofia buscava entender o que o termo significava para a pessoa com quem dialogava. Com isso, se tornou extremamente importante para o desenvolvimento da gramática grega, assim como para a pedagogia e, mais tarde seria muito influente na psicanálise.

Em 399 a.C. Sócrates é acusado de graves crimes e sua morte é pedida por diversos cidadãos atenienses.  O filósofo criticava abertamente o que considerava desvirtuamento da democracia ateniense e questionava os valores e atitudes da sua época.

Em seu julgamento, que ficou conhecido como Apologia de Sócrates, um dos clássicos diálogos Platônicos, Sócrates recusou-se a se declarar inocente, ironiza seus acusadores e assume as acusações dizendo-se coerente com o que ensinava.

Sócrates é condenado à morte e obrigado a beber cicuta, um veneno usado na época. Apesar de alguns amigos sugerirem uma fuga para um exílio, o filósofo prefere a morrer “domo cidadão ateniense e sempre coerente com suas ideias e princípios.



Na próxima semana, falaremos mais um pouco sobre Sócrates e a interpretação de suas ideias por parte do seu discípulo mais famoso: Platão; e a importância dos diálogos socráticos.

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sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Quem foram os Sofistas


Olá! Seja bem-vindo, ao Semanário do Pensamento! Nesta semana, estaremos falando um pouco sobre os Mestres da Argumentação, na Antiga Grécia, os chamados “Sofistas”!




Em postagens anteriores, falamos que a filosofia se desenvolveu na Grécia, resultante das reflexões de mercadores que, ao entrar em contato com outras culturas, começaram a questionar sobre os mitos que tratavam do surgimento do mundo e do homem.

Buscando uma razão universal que explicasse o mundo sem que se tivesse que recorrer ao mítico, ao religioso e ao sobrenatural, os gregos criaram a filosofia, que serviria de base para a ciência natural que conhecemos hoje.

Socialmente, o crescimento do comércio acabou levando a sociedade grega a desenvolver outro conceito muito importante e difundido em nossos dias: A Democracia!

Entre os séculos VI e IV A.C. as Cidades-Estados gregas vão abandonando a estrutura política baseada na oligarquia, na autoridade militarizada e poder religioso e passam gradualmente a adotar um modelo democrático de política.

A força, a guerra, a imposição, o direito divino e o privilégio de classe dão lugar ao debate, à argumentação, ao discurso, à busca pela razão, etc. Surgem assim as assembleias, onde os debates políticos e cívicos se darão, dali em diante.

A origem dessas assembleias é creditada à Assembleia dos Guerreiros. Segundo alguns estudiosos, os guerreiros dessas Cidades-Estados gregas, após saírem vitoriosos em um combate, se reuniam em assembleia e debatiam sobre quem levaria os espólios da guerra. Nesse debate, todos tinham iguais direitos e ganhava o direito às melhores escolhas aquelas que convenciam os demais.
Com o tempo, a democracia dos guerreiros se estendeu pelo mundo grego e se tornou comum a diversas cidades.

Diante desse cenário, o conhecimento da língua e do discurso, assim como o poder de convencimento do outro tornou-se habilidade fundamental para o sucesso na sociedade grega.
E foi aí que nasceram os Sofistas. Eles são mestres da retórica e da oratória.

Eles nunca formaram uma escola ou tiveram uma doutrina homogênea. Os elementos que os une são a sua prática que é a busca pelo debate, pelo discurso, assim como a noção de que a verdade absoluta não existe ou, caso exista, não é possível ao ser-humano alcança-la ou compreendê-la por completo. Além disso, a problemática ético-política era predominante, nas elucubrações sofistas.

Outra característica desse grupo é que foram oradores conceituados e costumavam a viajar pelas cidades da antiga Grécia para ensinar suas doutrinas e conhecimentos, sendo, geralmente, muito bem remunerados, por isso.

Não restou muito do que escreveram esses filósofos e o que chegou até nós, em geral são fragmentos e citações de outros autores. A maioria desses relatos são encontrados nos diálogos do Platão, nos quais o famoso filósofo grego coloca frente a frente em debate um sofista contra seu mestre Sócrates.
Dentre os mais importantes sofistas podemos citar:

Protágoras de Abdera: Segundo Platão, é de Protágoras a célebre frase “O homem é a medida de todas as coisas”! Aqui, deixa transparecer as ideias essenciais comum aos sofistas, o humanismo e o relativismo.

Protágoras usa como técnica argumentativa a antilógica, na qual ele aborda o pró e o contra de cada argumentação. Com isso, ele busca se antecipar ao argumento contrário que encontraria em um debate de ideias.

Górgias de Leontinos -  Defende que o conhecimento humano estável e definitivo é impossível. Segundo Górgias, não podemos conhecer a natureza das coisas. Então nos resta o discurso. Não por acaso, era considerado um dos maiores oradores e principais mestres da retórica, em sua época.

Pródico de Ceos - Se tornou mais famoso porque teria sido mestre de Sócrates. Ao contrário de Protágoras que focava na retórica e no estilo , Pródico ensinava predominantemente a ética a seus pupilos. Seu interesse principal era buscar a precisão no uso das palavras, elemento muito bem aprendido por Sócrates.

Hípias, Trasímaco e Licofron foram outros nomes importantes desse movimento.
Apesar de ter adquirido uma conotação pejorativa, inclusive o termo sofisma, hoje remete a uma inverdade de origem meramente vocabular, os sofistas foram muito importantes no desenvolvimento da filosofia grega.

Assim como forma fundamentais para a linguística e a correção vocabular e gramatical da língua grega.
Seus principais opositores foram os famosos filósofos da antiguidade clássica. Sócrates, adversário deles nos clássicos diálogos, Platão autor de vários diálogo em que confrontava as ideias dos sofistas à de Sócrates e Aristóteles. Isócrates e Aristófanes também antagonizaram, com os mestres da retórica.

É claro que não foi dito tudo, mas acreditamos que tenhamos ajudado a entender um pouco desses autores tão importante, mas também tão subestimados.



No próxima semana, falaremos Sócrates, um divisor de águas na história do pensamento crítico ocidental.

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sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Os Filósofos Pré-Socráticos


 

Olá! Seja bem-vindo ao Semanário do Pensamento! Nesta semana, estaremos falando um pouco sobre os Filósofos que vieram antes de Sócrates, os chamados “Pré-Socráticos”!



Muitos foram os filósofos gregos que tiveram alguma participação com maior ou menor importância par ao desenvolvimento do pensamento crítico. 

Sócrates foi um filósofo tão importante para a filosofia grega e para todo o pensamento científico ocidental, que se tornou um divisor de águas no estudo da história da filosofia. Ele foi o primeiro dos filósofos gregos a se interessar pelas questões cotidianas, humanas, políticas e sociais.

As questões metafísicas e que tratavam da criação do mundo cederam boa parte do seu espaço para as questões cívicas e sociais. Sócrates foi chamado de o filósofo da virtude, pois defendia que o ser humano deveria buscá-la como finalidade de sua existência. 

Dessa forma acabou influenciando várias áreas do conhecimento, como a política, a psicologia, a comunicação e principalmente o estudo da ética. Foi com Sócrates que a discussão sobre a ética e a problemática humana foram inseridas na filosofia.

No entanto, muitos filósofos gregos se debruçaram sobre questões essenciais acerca da física e da natureza, antes do aparecimento de Sócrates. Esses filósofos passaram a ser conhecidos como "Filósofos Pré-Socráticos". 

Além de terem surgido antes de Sócrates, este filósofos tinha outras características em comum, além de habitarem a região leste das margens do Mar Mediterrâneo. As principais questões abordadas por eles se referem à natureza, à criação do mundo, da realidade e similares.

Existe uma grande dificuldade para estudarmos esses pensadores, pois temos acesso a pouquíssimas obras dos filósofos Pré-Socráticos. A maior parte do que sabemos sobre eles vem de referências indiretas de filósofos posteriores, como Platão e Aristóteles. O próprio Sócrates não deixou obra escrita e, o que se sabe sobre ele foi retirado a obra de seus discípulos, com Platão, principalmente. Mas da maioria, só sobrou fragmentos e referências.

O primeiro conjunto de filósofos é conhecido como Escola Jônica e reúne os pensadores oriundos de cidades banhadas pelo Mar Jônico, cuja característica comum entre eles era o interesse pelas questões naturais.

Tales foi considerado por Aristóteles como o primeiro filósofo. Junto de seus discípulos Anaximandro e Anaxímenes Tales formou a Escola de Mileto (Milésia). Xenófanes de Colofon e Heráclito de Éfeso são outros nomes importantes desse grupo.

O conceito fundamental inserido por Tales é do elemento primordial. Segundo ele, todas as coisas teriam surgido de um elemento originário. Para este filósofo, o elemento que geraria todos os demais era a água. Para ele, todas as coisas vivas ou inanimadas estariam cheias de vida e as mudanças só eram possíveis em virtude da rarefação e da condensação. 

Estimulado por Tales a buscar outras explicações Anaximandro, considerado o segundo filósofo afirmou que o início de tudo seria uma substância infinita, a qual chamou de "apeiron". Já Anaxímenes elegeu o ar, como elemento primordial, em virtude de suas observações acerca da condensação do ar, que o tornava visível, como em um nevoeiro.

O segundo grupo é chamado comumente de Escola Italiana e é capitaneada por ninguém menos do que Pitágoras. Sua escola foi chamada de Pitagórica e muitas lendas e mistérios são associadas a ela. 

Mais famoso na matemática do que na filosofia, Pitágoras era originário de Samos, na Jônia, mas migrou para a Itália, após a invasão Persa, na sua região de origem. O filóloso fundou sua escola em Crotona. Sua linha de pensamento adiciona um pouco mais do quesito mítico-religioso, sendo sua filosofia mais próxima de uma religião ou seita iniciática.

Além das questões físicas, Pitágoras abordava questões metafísicas, como a imortalidade e a transmigração da alma. Sua influência perdurou e superou seu tempo, tendo inclusive influenciado toda uma geração de filósofos chamados de Neo-pitagóricos.

Os procedimentos da escola envolviam um voto de silêncio e muitos estudiosos consideram que alguns procedimentos adotados nela influenciaram religiões ocidentais e sociedades secretas atuais. 

Segundo Pitágoras, era o Número o Elemento Primordial e sua filosofia foi determinante para a evolução da matemática e geometria grega, inclusive influenciando o desenvolvimento da harmonia musical.

Sua doutrina reflete-se na concepção do TETRACTYS, o “Grupo dos Quatro”, que consiste nos quatro primeiros algarismos que, somam dez e podem ser dispostos na forma triangular, formando um triângulo de dez pontos equidistantes, simbolizando uma relação perfeita.

As escolas Jônica e Italiana formam a primeira fase dos filósofos Pré-Socráticos. A segunda fase agrupa as escolas Atomista, Monista e Mobilista.

A Escola Atomista

A doutrina atomista afirma que a realidade é composta por átomos, em contraposição com o vazio, que seria a ausência de átomos. Os átomos são as partículas mínimas da existência, sendo imperceptíveis, aos humanos e existindo em número infinito.

O átomo, dessa forma é entendido como o Elemento Primordial. Os fenômenos naturais consistiriam em resultado dos movimentos dos átomos que se atraem e se repelem, de acordo com suas formas geométricas.

Apesar de sabermos hoje que os átomos são divisíveis, a teoria de Demócrito foi tão importante e avançada, que influenciou a ciência até a contemporaneidade. O átomo só foi descoberto e comprovado cientificamente no início do Século XX, mais de dois e trezentos anos após a proposição de Demócrito.

Demócrito de Abdera foi o mais influente filósofo dessa escola, embora a fundação desta linha de pensamento seja remetida a Leucipo, seu mestre. Pouco material sobrou de ambos os autores e, sua doutrina acabou ficando marcada na história por posteriores formulações de outros filósofos, sobretudo de Epicuro, no período helenista.

Heráclito e o Mobilismo

Heráclito é um dos pré-socráticos de quem mais fragmentos se mantiveram acessíveis, ao longo do tempo. Na Antiguidade, ele era conhecido como “O Obscuro”, por causa da complexidade do seu pensamento.  O fogo era visto por ele como o Elemento Primordial

Assim como os atomistas, Heráclito considerava o movimento como uma constante no mundo físico. Afirmava que a realidade é marcada pelo conflito. Via a unidade como a equivalência de opostos.  Considerava que a realidade está em constante transformação e ficou famoso seu fragmento no qual diz:

“Não podemos banhar-nos duas vezes no mesmo rio, porque o rio não é mais o mesmo”!

Parmênides e o Monismo

Em contraposição a Heráclito e o mobilismo, Parmênides e os eleatas afirmam o contrário. Para esses filósofos, a realidade é única, pura e imutável e deve ser distinguida da aparência.  Para ele, o movimento é um aspecto superficial, meramente uma aparência.

É através do pensamento que devemos buscar a essência da realidade, sobre qualquer aparência acidental. Em Poema, o mais extenso dos pré-socráticos que chegou a nós, Parmênides afirma que “o ser é, o não-ser não é” e busca eliminar o movimento do conceito de realidade pura, caracterizando-a como imutável.



Melisso de Samos, Zenão de Eléia, Tales de Miletos e Epimênides foram alguns dos pré-socráticos monistas mais importantes da filosofia grega antiga.

O debate entre Monistas e Mobilistas é considerado por muitos estudiosos como a primeira grande celeuma da filosofia. Vamos abordar o tema em postagens mais a frente, quando tratarmos das grandes celeumas da história do pensamento.

Na próxima semana, falaremos sobre os sofistas, os mestres do discurso.

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sexta-feira, 7 de agosto de 2020

O Surgimento do Pensamento Crítico

 

O Pensamento Crítico

 


Olá! Seja bem-vindo ao Semanário do Pensamento. Nesta semana, estaremos falando um pouco sobre o surgimento do Pensamento Crítico, na Grécia Antiga, que foi a base para a construção da Filosofia Ocidental e, posteriormente da Ciência, que temos hoje.

Na Antiguidade, era comum que cada povo tivesse o seu próprio conjunto de tradições e lendas através das quais buscavam explicar o surgimento de tudo. Deuses, espíritos, entidades e outros mitos eram, para aquelas pessoas, responsáveis por tudo o que existia. Esse entendimento tivera sido dado pelos próprios criadores, de forma revelada e dogmática e sua doutrina não era passível de discussão.

Por volta do século seis antes de Cristo, na região do Mar Jônico, muito ávida no comércio marítimo, essas tradições até então inquestionáveis passaram a serem discutidas. Os Jônicos foram os primeiros, ao menos documentadamente, a relativizar os mitos e a buscar uma explicação racional universal para explicar o mundo em que viviam.

Segundo relatos de Aristóteles, foi Tales, que vivia em Mileto, o primeiro a buscar uma explicação completamente racional do surgimento do mundo, da vida, da matéria, enfim, de todo o mundo sensível. 

Essa explicação buscada por ele deveria desprezar qualquer tipo de lenda e deveria tentar explicar a realidade através da razão e de elementos que pudessem ser observados pelos sentidos humanos. Assim, Tales funda a chamada escola Jônica e dá o pontapé inicial para o surgimento da filosofia ocidental e do pensamento crítico, como balizador do conhecimento. 

Para tentar chegar a uma explicação racional, Tales de Mileto cunhou a ideia de Elemento Primordial, em grego era o Arqué, que seria o elemento base que serviu para criar todas as coisas e de onde tudo surgiu.

Tales elegeu a água como a base para todas as coisas. Mas de modo algum ele queria que essa explicação fosse absoluta e indiscutível. Ao contrário, para muitos pesquisadores e intérpretes, ele teria até estimulado seus discípulos a escolher outros elementos, como no caso de Anaximandro, que escolheu o apeiron, uma matéria infinita de onde todas as coisas surgiram. Sua doutrina divergia completamente da do seu mestre.

Além do Elemento Primordial, outras cinco características definiam a inovadora forma de pensamento e explicação.

A Physis, que significa a natureza, o mundo natural. Segundo os primeiros filósofos a explicação para toda a realidade pode ser encontrada na natureza.

A Causalidade, que estuda a relação entre causa e efeito dos fenômenos Naturais. Cada causa gera um efeito e cada efeito é gerado por uma causa.  Pensando na infinitude dessa relação, Tales propôs a existência do Elemento Primordial.

O Cosmo, que é entendido como a ordem e a harmonia presente na natureza.

O Logos, que em grego significa literalmente discurso. Entretanto, este discurso é baseado na razão que é fruto do pensamento humano e aplicado ao entendimento da natureza.

E, por fim, o Caráter Crítico, que propõe que não haja conhecimento revelado e dogmático. Todas as proposições são passíveis de crítica, discussão e contestação. A única exigência do pensamento crítico é que as propostas e afirmações possam ser justificadas, fundamentadas e explicadas de forma racional, por seus autores.

E assim nasceu o Pensamento Crítico, que pode fundamentar as bases para o surgimento da ciência, como conhecemos hoje.

Na próxima semana, falaremos dos filósofos pré-socráticos.

Assista o vídeo postado no YouTube:



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segunda-feira, 27 de julho de 2020

Super Série de Vídeos Começa em Agosto

Olá!

Estamos dando início ao nosso canal no Youtube! Para começar com o pé direito, vamos lançar a partir da primeira semana de agosto uma série de vídeos sobre a Filosofia Antiga, em especial a Filosofia Grega.

Toda semana, até dezembro, lançaremos um vídeo abordando um tema relacionado à filosofia clássica, da Antiga Grécia e arredores.

A série terá um total de 20 episódios e será aberta a todos os usuário da rede social de compartilhamentos de vídeos mais famosa da internet.

Aguardamos a sua presença!

Em breve, mandaremos o link

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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Quem foi Voltaire

Nascido François-Marie Arouet em 21 de novembro de 1694, em Paris, França,Voltaire foi poeta, romancista, teatrólogo, historiador, contista, filósofo e membro da Academia Francesa. Apesar de ter sido aluno do colégio de Clermont, dirigido por padres jesuítas, o pensador francês foi um ferrenho crítico da religião de seu tempo por toda a sua vida, especialmente em se tratando de seus antigos professores.

Ao sair do colégio tentou se enveredar pelos caminhos da magistratura, mas sua carreira de fato, começou mesmo na prisão. Em 1717, foi acusado de produzir um folheto composto de versos com cunho político e foi parar na Bastilha, a tradicional prisão francesa
No cárcere, começou a escrever suas obras que o tornariam célebre. Depois da sua segunda passagem pela prisão, foi forçado a se exilar na Inglaterra, onde escreveu suas Cartas Filosóficas, ou Cartas da Inglaterra.


Polêmico, como de costume, Voltaire se exilou dentro do próprio exílio. Em um castelo, passou a dedicar-se ao estudo e à escrita. Muitas de suas obras foram escritas ali.

Em 1749 pôde voltar a Paris, já consagrado e reconhecido como um dos grandes filósofos da Europa. Fez parte junto a outros grandes pensadores como Rousseau e Diderot do grupo que produziu a famosa e, claro, polêmica Enciclopédia, que pretendia-se tornar uma referência completa para o estudo das ciências naturais reunindo todo o conhecimento filosófico e científico daquele tempo.

Viveu também em Berlim, para onde se transferiu por solicitação de Frederico II, da Prússia. Mas se desentendeu com este também e de lá partiu.Também andou por Genebra, mas conseguiu ser odiado por católicos e protestantes da região e teve de fugir, novamente.

Em 1758, arrumou uma propriedade na região de Gex, na França, onde viveu até seus últimos dias. Em 1778, faleceu. Um ano depois, aconteceu a Revolução Francesa, movimento que sofreu muita influência do pensamento e da obra de Voltaire.Suas principais obras são Cândido ou O Otimismo; Zadig ou O Destino; Tratado Sobre a Tolerância; Dicionário Filosófico e A Princesa da Babilônia.

O pensador gostava e escrever romances. Neles, costuma usar personagens em histórias distantes do contexto social para fazer severas críticas à sociedade, à política e à religião de seu tempo. Iluminista, Voltaire tinha como principais antagonistas figuras religiosas, políticas e até outros filósofos, dos quais discordava. Mesmo usando contos ficcionais, sempre criou desavenças com essas personalidades proeminentes, colecionando detenções, confinamentos e exílios, por toda a sua vida.

Sua obra, porém, é de importância inestimável. Foi influente nas revoluções liberais que começaram no século XVIII, na Europa e nas Américas. Defendia, notadamente as liberdades individuais, a igualdade entre os homens e o direito à educação. Seus escritos têm um forte caráter laico, secular e anticlerical.


O escritor francês é referência quando se trata do Iluminismo e do período pré-revolucionário em seu país. Seus livros são um misto de crítica, ironia, sarcasmo e incitação política, com boa dose de humor cuja contribuição para o pensamento moderno e contemporâneo é incontestável.