sexta-feira, 27 de novembro de 2020

O Cinismo

 

Olá! Seja bem-vindo ao Semanário do Pensamento. Nesta semana, estaremos falando um pouco sobre o Cinismo.




Um homem maltrapilho está deitado na beira da estrada. Ele está descalço, com roupa suja e rasgada. Nada tem consigo a não ser a roupa que o veste.

A descrição não trata de um morador de rua contemporâneo e nem de um anarcopunk, da Grã-Bretanha de 1977.  O indivíduo descrito, além de esfarrapado é também um pedinte, mas igualmente educador.

Trata-se de um filósofo cínico, do período Helenista, na Grécia do século IV e III a.C., na Grécia. O Cinismo foi marcado pelo completo desprendimento de bens materiais e pela máxima de viver a virtude em harmonia com a natureza.

Esta corrente foi iniciada por Antístenes, que era discípulo de Sócrates. Para ele, como para seu mestre, não era o prazer, mas a virtude sim a finalidade da existência humana. Por isso, os cínicos não só se abstêm dos bens materiais, como os desprezam profundamente.

Este grupo de filósofos não se constituíram enquanto uma escola, mas era conhecido por suas práticas que envolviam a negação da moral social e o desprendimento material. Viviam pelas ruas pedindo esmolas, como mendigos, porém por opção própria.

Mas quem levou ao extremo o conceito de cinismo foi Diógenes de Sinope, seguidor de Antístenes.

A importância de Diógenes foi tamanha que, o moderno termo “Cínico” deriva da palavra grega “Kynicos”, um adjetivo derivado do substantivo “Kynon”, que quer dizer cão. Era com esta alcunha que seus contemporâneos se dirigiam e falavam de Diógenes.

Ele fora exilado de sua cidade natal e se estabeleceu em Atenas, onde conheceu e passou a seguir Antístenes.

Alguns historiadores afirmam que teria vivido dentro de um barril, como o personagem Chavez, de Roberto Bolaños.

Conta a lenda, que Alexandre, O Grande teria perguntado ao filósofo apelidado de “Cão” o que este poderia fazer por ele. Sem perda de tempo, Diógenes teria respondido: “Você está tirando o meu Sol”, dado que lhe fazia sombra, no momento. Apesar da zombaria dos soldados do Imperador, Alexandre teria dito: “Se não fosse Alexandre, gostaria de ser Diógenes”.

Os cínicos criticavam sobretudo a hipocrisia social. Acreditavam que a sociedade grega era permeada de mentiras e falsidades e defendiam uma vida na pobreza extrema, como forma de máxima virtude.

Defendiam a “Autarkeia” , que em grego significava Auto Suficiência e a apatia, como formas de se alcançar a virtude. Além disso, buscavam a harmonia e a coerência entre pensamento, discurso e ação. Também eram adeptos da liberdade sexual total.

O comportamento antissocial dos cínicos gerou muitas críticas aos seus adeptos desde a Grécia antiga. Eram imorais e desmedidos, assim como praticavam sexo em locais públicos. Afinal nem casa tinham para morar.

Os seguidores desta corrente se espalharam pelos territórios gregos durante a expansão romana. Alguns consideram que ela desapareceu. Outros que foi absorvida pelo cristianismo, em virtude da sua abnegação material, apesar do antagonismo, quanto à sexualidade.

As críticas a essas práticas já por volta do século XIX fizeram com que o termo cínico se tornasse mais conhecido pela forma pejorativa, com a qual é comumente empregada, hoje em dia.

Hoje, cínico é aquele fingido, sarcástico, irônico que se aproveita da ingenuidade alheia e é imoral. Algo que reflete em parte as práticas dos seguidores dessa escola, na Antiguidade Grega, mas também incorpora exatamente as características da sociedade a qual eles tanto criticaram com suas vidas.

Assim, concluímos a descrição das principais correntes filosóficas que predominaram no período Helenista.

Na próxima semana, falaremos um pouco sobre os Sete Sábios da Grécia Antiga.


Obrigado por nos assistir! SE MANTENHA PENSANTE! Valeu!


Araújo Neto 27/11/2020


sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Ceticismo

 

Olá! Seja bem-vindo ao Semanário do Pensamento. Nesta semana, estaremos falando um pouco sobre o Ceticismo

No dia 19 de novembro foi comemorado o dia mundial da filosofia.

Agora, vamos ao que interessa:

Com certeza você já ouviu alguma vez alguém dizer uma frase como “Fulano é cético”, ou “estou cético quanto a isso”. Cético é um termo filosófico que se incorporou ao linguajar do cotidiano.

Este vocábulo é oriundo do grego “Skepsis”, que significa investigação. Em geral, o cético era o filósofo que continua buscando a verdade e persiste na busca, mesmo que ainda não a tenha encontrado.

De acordo com o filósofo grego conhecido como Sexto Empírico Pirro de Élis é o verdadeiro e autêntico filósofo cético. Entretanto, a tradição dos estudos acerca do termo considera a existência de diversas escolas que podem ser consideradas céticas.





De acordo com Danilo Marcondes, a tradição cética pode ser dividida em quatro grandes conjuntos:

O proto-ceticismo que seria a fase inicial e teria iniciado já com os Pré-Socráticos. É claro que, para se criar o pensamento crítico e iniciar a filosofia foi preciso que desde Tales uma boa dose de ceticismo teve de ser incorporada pelos primeiros pensadores. Era preciso continuar buscando a verdade para além dos dogmas religiosos daquele tempo.

O próprio Sócrates tem entre suas características mais comumente apresentadas o ceticismo, já que não aceitava inerte as verdades outorgadas a ele pela sociedade, assim como continuava a busca-la, afirmando saber apenas que nada sabe.

Além dele, boa parte dos sofistas poderiam ser incluídos nessa linha de pensamento, uma vez que acreditavam que a verdade, embora pudesse existir, talvez não fosse encontrável, pelo ser humano. Alguns, continuavam a busca.

O segundo conjunto seria capitaneado por Pirro de Élis, que viveu entre 360 e 270 a.C. Seu pensamento ficou conhecido através dos escritos do seu discípulo Tímon de Flios.

Para Pirro, a filosofia não é uma doutrina, uma teoria ou um sistema de saber e sim uma prática, um modo de viver.

Segundo Tímon, Pirro teria apontado resposta a três questões fundamentais:

1 - A Natureza das coisas: Nem a razão e nem os sentidos nos permitem conhecer as coisas tais quais elas realmente são.

2 - Como não conhecemos a natureza das coisas devemos evitar assumir posições em relação a isso.

3 - A consequência disso é manter o distanciamento, que nos leva à tranquilidade.

O terceiro grupo de céticos se refere, segundo Marcondes aos filósofos acadêmicos. Corresponderia, assim à fase cética da Academia fundada por Platão, iniciado por Arcesilau.

Essa tendência se destacou pela contraposição à filosofia estóica, muito popular no período helenista. Essa celeuma se deu em função do critério de verdade, que serve de base para a epistemologia da escola de Zenão.

Para os céticos, há dúvida sobre a possibilidade de se adotar um critério de verdade imune ao questionamento.

Por fim, o quarto grupo seria o pirronismo, ou ceticismo pirrônico, de onde se origina o pensamento de Sexto Empírico.

A grande característica do ceticismo é o que pode ser chamado de equipolência, em relação aos dogmas. Uma vez que várias escolas doutrinárias se apresentam com detentoras da verdade e os critérios por elas apresentadas dependem das teorias que elas próprias defendem, cabe ao cético se manter igualmente afastado de todas elas.

Daí surge a expressão “Juízo Suspenso”, que significa que não há como se determinar qual das várias verdades é mais válida e, portanto é melhor continuar buscando e assim alcançar a tranquilidade.

Essa suspensão de juízo, em grego era chamada de “Époche” e seria de origem estóica. Segundo o próprio Zenão de Cítio já teria usado o termo para afirmar que o sábio verdadeiro deveria suspender o juízo daquilo que a razão não pode apreender.

Com a cristianização do Império Romano, o ceticismo, como muitas doutrinas filosóficas consideradas pagãs acabaram sendo suprimidas. Ainda assim influenciaram teólogos e pensadores cristãos, como Eusébio, Lactâncio e Santo Agostinho.

Enfim, o Ceticismo é uma doutrina filosófica que se determina a examinar cética e criteriosamente dos sistemas dogmáticos que se apresentam como verdades.

Isso é algo que tem sido cada vez mais incomum, no mundo atual, dominado por tiranos intelectuais que impõe suas verdades, geralmente aceitas pela maioria que não se dá tempo para pensar a respeito e aceita o interesse como se fosse a verdade.

No próximo vídeo, falaremos um pouco sobre o Cinismo.



Obrigado por nos assistir! SE MANTENHA PENSANTE! Valeu!

 

Epicurismo

O que é o prazer? Como ele pode fazer-nos elevar a consciência e a virtude? Parece loucura ou contradição, mas existiu uma escola filosófica que, de fato propôs essa linah de pensamento. 

Passeando pelos jardins de Atenas em 306 a.C. alguém poderia assistir à palestra de um filósofo local que ensinava que o prazer era algo natural e deveria ser buscado de forma moderada para se alcançar a felicidade.

Ao ouvir tal apresentação muitos poderiam e puderam pensar se tratar de uma eloquente defesa hedonista do prazer acima de tudo. 

Bem, se esse filósofo em questão se chama Epicuro de Samos, percebemos que se trata de um completo exagero.


Para Epicuro esta vida que temos é única e é nela que temos que buscar a elevação e dela se aproveitar. Após a morte, nada poderemos fazer, segundo sua doutrina. 

O epicurismo foi originado por seu prógono Epicuro, em Atenas. Ele se reunia com seus discípulos em um jardim. E foi com o nome de Jardim (Keps, em grego) que esta escola ficou conhecida, em seu tempo.

O epicurismo é conhecido por muitos como “a filosofia do prazer”, No entanto,  na verdade se assemelha bastante ao estoicismo, por sugerir a busca da moderação e da tranquilidade como forma de se alcançar  estados de espíritos mais elevados: a ataraxia e a aponia.

A primeira seria um estado de tranquilidade considerado pela escola como o bem supremo e que seria conseguido através da busca moderada pelos prazeres.

Já o segundo conceito, chamado de Aponia consistiria em um estágio físico e psicológico no qual o indivíduo se afastaria das dores corporais, ao mesmo tempo em que se libertaria do medo. Essa liberdade seria alcançada pelo conhecimento do mundo e da natureza.

Ao unir os dois estados, aponia e ataraxia, o ser humano seria capaz de alcançar a plena felicidade. Epicuro afirmava que para ser feliz, o ser-humano precisa buscar o equilíbrio entre os medos e prazeres, de forma que o estágio de tranquilidade e felicidade seja contínuo e duradouro.

Nesse sentido, o prazer para o homem seria a prática da virtude, afastando-se das paixões e dos temores mundanos, carnais, buscando o equilíbrio e a moderação.

Os filósofos epicuristas valorizavam antes de tudo a experiência imediata, como forma de se acessar e adquirir o conhecimento. Por meio de uma pré-noção, que seria proporcionada pelos elementos percebidos pelos sentidos nessa experiência, seria possível adquirir conhecimentos posteriores. O conhecimento verdadeiro seria assim adquirido através da repetição das sensações. 

A principal obra de Epicuro foi seu tratado “Da natureza”. Nessa obra é retomada a teoria atomista. A partir de então, esta escola se notabilizou como defensora da física materialista e do mobilismo.

Epicuro não acreditava em vida após a morte. Para ele, o homem não é filho de deus algum. Sua existência é dada ao acaso. Dizia que a alma é apenas um conjunto de átomos, que se desintegra após o falecimento.

Por isso mesmo, as pessoas devem buscar a melhor vida possível, para que dentro da sua filosofia a moderação se alcançar o prazer virtuoso, ou seja, a virtude.

Dentre os epicuristas mais importantes do Período Helenista podemos destacar Filomeno de Gadara e Tito Lucrécio Caro.

Epicuro buscou conhecimento em mais de um mestre. A sua filosofia nasce em um período de crise social, na Grécia, quando o Império Alexandrino avança pela costa do Mediterrâneo.

Como buscava o recolhimento e a serenidade, fundou o seu “Jardim” em um local mais isolado, longe dos grandes centros, até para se afastar das polêmicas sofistas, de sua época, que ainda estavam muito em voga. 

Embora tenha permanecido ativa por cerca de 7 séculos, a fama de Epicuro e seus seguidores só ganhou o mundo mesmo no período renascentista.

Pensadores daquele período buscaram no epicurismo uma alternativa ao aristotelismo que predominou na Europa, até o final da Idade Média.

Na próxima semana falaremos do Ceticismo! 

Obrigado por ter lido! SE MANTENHA PENSANTE! Valeu!


sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Estoicismo

 

Olá! Seja bem-vindo ao Semanário do Pensamento. Nesta semana, estaremos falando um pouco sobre o Estoicismo







A ilha do Chipre é famosa por suas belas praias. Situado no Mar Mediterrâneo, a ilha pertence ao continente asiático, geograficamente. Porém suas ligações mais estreitas são com a Europa, inclusive fazendo parte da União Europeia.

Essas ligações advêm das tradições da maior parte do seu povo, que pertence à comunidade greco-cipriota, ou seja, de gregos que habitam o Chipre. E essa ocupação vem de longa data.

Por volta do ano 333 a.C., os fenícios ocupavam a ilha. Onde hoje está localizado o distrito cipriota de Lárnaca, existia uma cidade de nome Cítio.

Os fenícios eram exímios navegadores e, com seus barcos viajaram até os confins da Terra. Eram também conhecidos por serem habilidosos mercadores. Um desses mercadores chamava-se Zenão.

Além de xará do filósofo de Eleia, o Zenão de Cítio também ficou historicamente famoso por criar uma linha filosófica própria. Esta é conhecida como Estoicismo.

Segundo os relatos dos historiadores, como Diógenes Laércio, Zenão foi um comerciante de sucesso, além de um nobre filósofo. Teria sido também uma pessoa considerada séria e reservada e, até certo modo ele era visto como sombrio e obscuro.

Por volta do ano 300 a.C. fundou a sua escola. Antes, porém ele teria frequentado a Academia, de Platão. E de lá ele partiu par criar a sua própria doutrina filosófica. Mas teriam sido seus discípulos Cleantes e Crisipo, que desenvolveram o estoicismo, após Zenão.

A doutrina estóica propõe uma divisão da filosofia em três partes: a Física, a Lógica e a Ética. Os estóicos comparam esta divisão às partes que compõem a árvore. A física seria a raiz, enquanto a lógica seria o tronco e a ética os frutos.

Deste modo, criam que a ética seria a parte mais importante da filosofia, pois são os frutos que colhemos dela.

O estoicismo tem uma visão fisiocrática e considera o homem como um microcosmo dentro do macrocosmo. Dessa forma, para se alcançar a conduta ética, as ações do indivíduo devem estar de acordo com os princípios naturais, em harmonia com todo o cosmo. Agir bem seria então agir de acordo com a natureza.

Para tal, os estóicos consideram haver três virtudes básicas: A inteligência, que consiste no conhecimento do bem e do mal; A coragem, ou conhecimento do que temer e o que não temer e a justiça, que é a sabedoria em dar a cada um o que lhe é devido.

Como Zenão, fundador da escola fora influenciado pelos filósofos cínicos, defendia uma vida de virtudes, em sintonia com a natureza e a plena liberdade. A doutrina do filósofo afirmava também que nenhum homem era escravo por natureza.



E é a harmonia com a natureza que o estoicismo crê que seja o sentido da vida.

Esta crença, levada ao extremo torna-se deveras determinista, fatalista e apática. Tanto, que os estóicos defendem que para atingir a plenitude da felicidade, é preciso se afastar das paixões terrenas, das contrariedades e do desassossego.

E isto seria conseguido através da prática da apatia, da ataraxia, uma postura impassível, do indivíduo que nada espera e nada teme, se abandonando ao destino.

A felicidade é na verdade a tranquilidade, a ausência de preocupações que é alcançada pelo autocontrole, da austeridade e da aceitação do curso dos acontecimentos.

Este estágio seria dificílimo de se alcançar, só conseguido pelo verdadeiro sábio. Porém deveria ser busca constantemente.

Apesar de ter muitos pontos em comum com o epicurismo, o estoicismo diverge da filosofia de Epicuro pois esta considera que o prazer constitui o bem supremo, enquanto aquela considera a virtude como o maior dos bens.

Zenão de Cítio, fundador da escola defendia a busca pela paz de espírito e a lógica era, para ele uma forma eficiente de se evitar o engano e chegar-se à verdade. Assim, afirmava que a virtude só pode existir dentro da esfera da razão.

No século I a cúpula do estoicismo se descola para Roma, capital do então Império Romano que dominava toda a costa do Mediterrâneo. A partir daí cunhou-se os termos “novo estoicismo” ou “estoicismo imperial” para se referir às inovações associadas à doutrina.

Na versão latina, o estoicismo da ênfase à filosofia prática e humanística que valoriza a indiferença e o autocontrole.

Um dos grandes nomes desse período é Marco Aurélio, que foi imperador romano entre 161 e 180. Outro pensador associado à escola, neste período é Epitecto.

Despois deste período, tanto Roma quanto a Grécia acabam sendo dominados pela tendência eclética e o estoicismo vai se misturando às outras escolas, sendo muitas vezes associado ao neo platonismo. Também teve grande influência no desenvolvimento do cristianismo, na região, pois valorizava o autocontrole, a submissão e a austeridade, além de ser fortemente determinista

Na próxima semana, falaremos um pouco sobre o Epicurismo.

Obrigado por ler! SE MANTENHA PENSANTE! Valeu!



sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Pitágoras e o Neo Pitagorismo

 

Olá! Seja bem-vindo ao Semanário do Pensamento. Nesta semana, estaremos falando um pouco sobre Pitágoras e o Neo Pitagorismo

Agora, vamos ao que interessa:



“A soma dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa”! Quem concluiu o ensino médio certamente já ouviu essa expressão.  Ela representa a relação entre os lados de um triângulo retângulo, ou seja, o triângulo que tem um ângulo interno reto, de 90º.

A hipotenusa é o maior lado do triângulo, enquanto temos os catetos adjacente, aquele que está junto ao ângulo de referência e oposto.

Para provar que o triângulo é verdadeiramente retângulo, suas proporções devem obedecer ao teorema e apresentar a fórmula: a²=b²+c², onde “a” é a hipotenusa enquanto “b” e “c” são os catetos.

O mais famoso triângulo reto é formado pelos números 3, 4 e 5. Nota-se a sua simplicidade aritmética.

Esta fórmula é universalmente conhecida como o “Teorema de Pitágoras”. Este teorema foi base para a geometria desenvolvida na antiga Grécia e que foi fundamental para o desenvolvimento da arquitetura e da engenharia que hoje se apresentam tão evoluídas.

Pitágoras era um pensador, filósofo, matemático e geômetra originário da ilha de Samos, na Grécia. É considerado um filósofo Pré-Socrático fundador da Escola Pitagórica.

Pouco se sabe sobre a vida do filósofo, dado que a maior parte do que chegou até nós sobre ele foi escrita bem após a sua morte. Porém é conhecido que fora aluno da alta profetisa do templo de Delfos Temistocléia, que era também filósofa e matemática.

Talvez esta tenha sido a maior influência para a concepção pitagórica, que não se limitava ao pensamento e à matemática, mas era uma escola iniciática semireligiosa.

Apesar de nascido em Samos, na Jônia e ser considerado como um pensador Jônico, Pitágoras fundou sua escola de fato em Crotona, na Itália, para onde migrou por volta do ano 530 a.C., sendo assim um representante da passagem do pensamento jônico para a escola italiana.  

Antes ele viajara pela Grécia e pelo Egito, o que faz com que muitos estudiosos e intérpretes acreditem que o matemático tenha sido influenciado pelo pensamento egípcio, no qual a matemática já era muito presente.

Como parte do movimento pré-socrático, o pensamento pitagórico considera a existência de um elemento primordial. Obviamente, este elemento não poderia ser outro, senão o número.

Essa concepção reflete-se no Tetractys, o “grupo dos quatro”, que consiste nos quatro primeiros algarismos (1,2,3,4) que somados formam o número dez (10) e podem ser dispostos formando um triângulo perfeito. Assim simbolizariam a relação perfeita.

Mas além do número e das proporções esta escola também defende a existência da imortalidade e da transmigração da alma.

O Pitagorismo representa uma longa tradição na Antiguidade.  Existiu por volta de dez séculos na antiga Grécia e persistiu no período Helenista através dos Neopitagóricos.

Os pitagóricos foram tão importantes para o desenvolvimento da matemática, que o próprio termo teria surgido a partir deles. Mathematikós, em grego antigo.

Na concepção destes pensadores, a matemática seria um sistema de pensamento feito em bases dedutíveis, ou mais poeticamente, o alfabeto no qual os deuses teriam usado para escrever o Universo.

Para eles, o número é a essência de todas as coisas, ao ponto que Filolau, um conhecido pitagórico chegou a afirmar que “Todas as coisas que podemos conhecer contêm números”.

A harmonia era considerada um conceito fundamental, pela escola. Dessa forma, ela também influenciou o desenvolvimento da música, desde aquele tempo.  Assim, a teoria musical fora incluída, na Antiguidade como uma disciplina matemática.

Esta concepção representa a busca por uma harmonia cósmica na qual todas as coisas se encontram de certa forma relacionadas e equilibradas.

Quando Pitágoras iniciou sua escola, os tiranos da antiga Grécia incentivavam e estimulavam o surgimento e crescimento de cultos religiosos, para garantir a continuidade de seu poder. Talvez esta tenha sido a principal influência para o misticismo associado a sua escola.

Criam seus discípulos, tal qual o professor, na teoria conhecida como Harmonia das Esferas. Esta afirma que, no universo, estrelas e planetas se movem de ac ordo com equações matemáticas que corresponderiam a notas musicais e isto era coordenado pelos deuses.

Na prática da escola, os alunos eram obrigados a fazer um voto, pelo qual se comprometiam a observar a prática religiosa e de ascese, que consiste na busca do desenvolvimento espiritual, abrindo mão de prazeres mundanos.

Assim, eles também viviam como em mosteiros e todos os bens eram comuns a todos os membros, de acordo com a frase atribuída ao fundador da escola: “Todas as coisas em comum, entre amigos”!

Outro voto era solicitado aos membros da escola: o silêncio. Os discípulos eram orientados a fazer o voto para não revelar os símbolos, como eram chamados os ensinamentos de Pitágoras, aos não-alunos.

Acredita-se, que eram também defensores do vegetarianismo e que o próprio fundador da escola seria um crítico da crueldade para com animais e, por isso, não os teriam como parte de sua alimentação.

Por fim, Pitágoras influenciou não só uma legião de filósofos, pensadores e matemáticos gregos, como foi fundamental para o desenvolvimento de grandes nomes da filosofia como Aristóteles e Platão, assim como foi citado por nomes como Copérnico, Dante Alighieri, Mozart, Jonh Dee, Einstein, Shakespeare entre outros.

Sua sociedade serviu de modelo para a constituição da sociedade maçon e a Rosa-Cruz usa seu símbolo.

Enfim, Pitágoras e seus seguidores foram fundamentais para o desenvolvimento das ciências e das artes que chegaram até os nossos dias.

Se hoje temos gigantes arranha-céus devemos agradecer a matemáticos e pensadores como Pitágoras e seus seguidores, que se dedicaram ao estudo dos números e puderam desenvolver tanto a geometria, a física, a matemática, a engenharia e a arquitetura.



Na próxima semana, falaremos um pouco sobre o Estoicismo.

Obrigado! SE MANTENHA PENSANTE! Valeu!

sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Liceu e o Aristotelismo

 

Olá! Seja bem-vindo ao Semanário do Pensamento. Nesta semana, estaremos falando um pouco sobre o Liceu e o Aristotelismo.

Agora, vamos ao que interessa:

Depois de deixar a Academia de Platão, Aristóteles criou sua própria escola, ao qual chamou de Liceu. Seu círculo filosófico ficou conhecido como Escola peripatética, porque o filósofo costumava ensinar ao ar livre, muitas vezes caminhando.

O Liceu ganhou este nome porque suas atividades se iniciaram em um bosque, em Atenas consagrado a Apolo Lykeios, uma manifestação do deus Apolo.

O termo Lykeios se refere a iluminação, ao fato de Apolo ser o deus do Sol, inclusive. Esta característica pode ter sido a referência para o nome, considerando o Liceu como um lugar onde se iluminaria as mentes.

A visão filosófica de Aristóteles é caracterizada pelo esforço em captar a realidade de modo unitário .Assim  ele busca restituir as causas últimas de tudo aquilo que é mutável e contingente a um princípio único transcendente.

Com tal propósito, Aristóteles postula quatro causas fundamentais: a matéria e a forma (para explicar a estrutura intrínseca das realidade corpóreas), o agente e a finalidade (para explicar a origem das coisas e seu dinamismo).

Vale-se desses princípios para resolver todos os grande problemas:

Problema cosmológico: composição hilemórfica de todas as coisas, ou seja, todas elas são constituídas de matéria e forma, as quais se encontram na relação de potência e ato; teologia: o dinamismo das coisas e o seu devir são provocados pelo primeiro Motor Imóvel, o que é seu fim último.

Problema antropológico: o homem não é apenas alma, como afirmava Platão, mas é o resultado da união substancial de alma e corpo, a primeira concebida como forma e o segundo como matéria; entretanto, a alma compreende um elemento espiritual, divino e imortal.

O Liceu de Aristóteles tinha cursos regulares, de manhã e à tarde.

Pela manhã, os discursos do filósofo eram esotéricos, isto é, direcionados a um público interno, mais restrito, com maiores e mais avançados conhecimentos sobre lógicafísicametafísica.

 


Os discursos da tarde (chamados exotéricos) destinavam-se ao público em geral e diziam respeito a temas mais acessíveis, como retóricapolíticaliteratura.

Na atualidade, em alguns países, o termo "liceu" designa um estabelecimento do ensino secundário.

Havia muitas semelhanças entre a Universidade de Aristóteles com a de Platão. O que mais as diferenciavam eram os estudos das ciências naturais. Aristóteles desenvolveu a lógica para servir de ferramenta ao raciocínio, visando à elaboração de uma visão científica da realidade.

Assim, como na Academia de Platão, na Escola de Aristóteles a Filosofia era uma atividade especificamente oral. Mas, quanto ao bem maior para os homens, Aristóteles acreditava que o homem só é feliz se puder desenvolver e utilizar suas capacidades e possibilidades para uma vida boa e digna.

O liceu sempre teve uma orientação empírica, em oposição à Academia platônica, muito mais especulativa.

O mais famoso membro da Escola peripatética depois de Aristóteles foi Estratão de Lâmpsaco, que incrementou os elementos naturais da filosofia de Aristóteles e adotou uma forma de deísmo.

Outros membros destacados da escola Peripatética foram:

Aristóxeno de Tarento;

Sátiro, o Peripatético;

Eudemo de Rodes;

Andrônico de Rodes;

Critolau;

Alexandre de Afrodísias;

Temístio.

No próximo vídeo, falaremos um pouco sobre o Pitagorismo.


Obrigado por nos assistir! SE MANTENHA PENSANTE! Valeu!


sábado, 17 de outubro de 2020

Academia, Platonismo e Neoplatonismo (História)

 

Olá! Seja bem-vindo ao Semanário do Pensamento. Nesta semana, estaremos falando um Academia Platônica, o Platonismo e o Neoplatonismo.



Platão foi um dos filósofos mais influentes de todos os tempos. Através de seus escritos e de outros atribuídos a ele conhecemos as ideias de Sócrates e a lenda da Atlântida, por exemplo, além de ter apresentado suas próprias ideias sobre a concepção do mundo e da ciência.

Mas Platão não simplesmente expressou suas ideias aleatoriamente. Ele buscou criar uma comunidade de pensamento. Seu sucesso foi tão grande que criou a sua própria escola: a Academia.

Esta teve continuidade pela Antiguidade e manteve a doutrina de Platão pulsante por muito tempo, promovendo o surgimento de outros pensadores importantes, como Aristóteles, por exemplo.

O filósofo grego teria criado a sua Academia aproximadamente em 384/383 a.C. nos jardins localizados no subúrbio de Atenas.

Durante muito tempo, considerou-se a criação da Academia fora para ser uma associação religiosa consagrada às Musas, dado que as leis do Estado ateniense não contemplavam a possibilidade de um estabelecimento semelhante ao que Platão queria construir, assim o filósofo escolhe a única forma de abrir juridicamente e legalmente seu espaço: fez reconhecer sua Academia como comunidade consagrada ao culto das Musas de Apolo.





A escola começou com encontros informais entre Platão, Teeteto, Arquitas de Tarento, Leodamas de Tasos e Neóclides. Mais tarde Espeusípo, que sucedeu Platão na direção da casa, se uniu a eles.

Embora não fosse aberta ao público em geral, a Academia não cobra mensalidades ou similares a seus alunos.

Pelo menos durante o tempo de Platão, a escola não tinha qualquer doutrina especial para ensinar, em vez disso, Platão (e provavelmente outros associados dele) passavam problemas a serem estudados e resolvidos pelos outros Há evidências das aulas dadas, principalmente a palestra de Platão "Do Bem", mas, provavelmente, o uso de dialética era mais comum.

Alguns historiadores dizem que cerca de 700 anos após a fundação da escola, acima da entrada para a Academia estava inscrita a frase "Que ninguém exceto os geómetras entrem aqui".

A Academia ficou destruída, durante a Guerra Mitridática. Embora a destruição tenha sido irremediável, as atividades que ela desempenhara voltaram em outro lugar.

Filósofos continuaram a ensinar platonismo em Atenas durante a Era Romana, mas foi somente ao início do século V que uma Academia renovada foi estabelecida por alguns líderes neoplatônicos. As origens dos ensinamentos neoplatônicos em Atenas é incerta, mas quando Proclo chegou a Atenas no início dos anos 430, ele encontrou Plutarco de Atenas e seu colega Siriano ensinando naquela Academia.

Os Neoplatônicos em Atenas se autodenominavam "sucessores" ("diádocos", mas de Platão) e apresentavam-se como sendo a tradição ininterrupta desde Platão, mas não há nenhuma continuidade entre estes e a Academia original, seja geográfica, institucional, econômica ou pessoal.

A escola parece ter sido uma fundação privada, conduzida em uma casa grande com Proclo eventualmente havendo-a herdado de Plutarco e Siriano.

Os líderes da Academia Neoplatônica foram Plutarco de Atenas, Siriano, Proclo, MarinoIsidoro e, finalmente, Damáscio. A Academia Neoplatônica atingiu seu ápice sob a liderança de Proclo (que morreu em 485).

O platonismo viria também a influenciar a escolástica medieval e o pensamento monástico de boa parte da Idade Média.

No próximo vídeo, falaremos um pouco sobre o Liceu e o Aristotelismo.


Obrigado por nos assistir! SE MANTENHA PENSANTE! Valeu!