sexta-feira, 16 de abril de 2021

Democracia

Olá! Seja bem-vindo ao Semanário do Pensamento. Nesta semana, estaremos falando um pouco sobre a Democracia, segundo as principais correntes filosóficas que abordam o tema.

A grande maioria dos historiadores consentem que a Democracia surgira na Grécia, mais precisamente na Cidade-Estado de Atenas. Suas origens remontam as assembleias dos guerreiros, uma espécie de reunião, mesa redonda, na qual os soldados após regressarem vitoriosos de uma batalha decidiam sobre a destinação dos espólios, objetos saqueados nos confrontos contra os adversários.

Nessas assembleias, os guerreiros eram vistos como iguais e deveriam discursar diante dos demais para convencer a seus companheiros sobre a posse de alguma peça, ou qualquer coisa que o grupo tenha conquistado, seja por sua participação direta na batalha ou importância dentro do grupo. Destacavam-se os que tinham melhor oratória e essa iniciativa acabou sendo disseminada na região grega daquele tempo.

Em 510 a.C. Clístenes comanda uma revolução que derruba o governo de Hípias, o último tirano de Atenas. Nos anos seguintes, ele institui o que é considerado como o primeiro governo democrático, na história do Ocidente.

Com esse novo modelo, os cidadãos passaram a interferir diretamente das decisões políticas, participando das assembleias. Por isso o nome do sistema é Democracia, já que em grego antigo “Demos” significa povo e “Kratos” (radical da palavra da qual deriva o sufixo “cracia”) significa governo. Assim nasceu o “Governo do Povo”. Todo cidadão ateniense tinha direito a voz e voto, nas assembleias.



Um detalhe é que, naquele tempo mulheres, escravos, estrangeiros e pessoas sem propriedades não eram considerados cidadãos e, por isso, não participavam das assembleias. Dessa forma, o número de participantes não chegava a 30% da população local.

Mas o sistema acabou sendo aplicado em outras épocas e em outros lugares. O próprio Império Romano replicou em certo grau o modelo, durante o período no qual Roma foi uma República. Embora não fosse exatamente uma democracia, guardou diversas similaridades com o modelo grego.

Depois dos avanços imperiais, dos helenos e dos romanos, a Democracia volta a ser pauta política somente no final do período medieval. Somente com o advento do pensamento republicano na Europa pode-se dizer que ideais democráticos reapareceram, no Velho Continente, de forma abrangente.

Primeiro, com a Confederação Helvética, uma união livre de municípios da Europa Central que resultou no surgimento da Suíça. Depois disso, a influência do Renascimento, da Reforma Protestante, do Liberalismo e do Contratualismo fizeram reflorescer a busca por ideais democráticos no Mundo Ocidental.

O termo passou a ser buscado a partir da Idade Contemporânea e se consolidou após as importantes revoluções do século XVIII e a crise social da Europa, no século XIX.

A independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa colocaram a busca pela democracia como uma pauta a ser debatida, embora muitos revolucionários contestassem a sua institucionalização de forma ferrenha.

Mas a democracia Jeffesoniana, inspirada em Thomas Jefferson, um dos autores da carta de independência americana e um dos “Pais da Nação” que primeiro defendeu o direito de voto a homens brancos sem posses, dando o primeiro passo para a instituição do Sufrágio Universal, na América.

Embora sejam vistas no sentido contrário, em decorrência de fatos históricos excepcionais, as correntes socialistas e comunistas, assim com as anarquistas foram fundamentais no desenvolvimento e na busca pela democracia.

Algumas das correntes socialistas pré-Marx, as quais foram consideradas utópicas defendiam a criação de novas sociedades nas quais os indivíduos seriam plenamente livres e viveriam em comunidades sem propriedade.

Na compreensão do comunismo marxista, chamado de científico a verdadeira democracia só seria alcançada quando o proletariado derrubasse o Estado e instituísse a Ditadura do Proletariado. Assim haveria o governo das massas e todos deveriam ter o direito de decidir, ao mesmo tempo que tivessem o dever de trabalhar.

Aos nossos dias chegou o conceito de democracia liberal. Hoje o mais comum é vermos o sistema conhecido como Democracia Representativa, na qual os cidadãos elegem seus representantes por um período determinado de tempo, através do voto.

A origem do uso do voto remete à Esparta, por volta do ano 700 a.C. Este pode ser hoje direto, elegendo diretamente o representante, como acontece no Brasil, ou indireto, elegendo um intermediário que elegerá o representante, com o acontece nos EUA.

Esse regime não é exclusivamente republicano e pode coexistir com Monarquias, geralmente chamadas de Monarquia Parlamentarista, onde o Monarca é o chefe de Estado e o Primeiro Ministro, eleito indiretamente, é o chefe do governo.

Para alguns teóricos, a democracia é apenas uma ilusão e que a separação entre elite e plebe é parte da natureza social humana. O jurista Italiano Gaetano Mosca e Vilfredo Pareto são defensores dessa ideia.

Uma curiosidade: Aristóteles, em “A Política” definiu três formas de governo, compartilhada por Políbio. Segundo o clássico filósofo grego, existiriam três formas de se governar: a Monarquia – O governo de um; a Aristocracia – O governo dos melhores; e a República – o governo de muitos.

O filósofo atentava para o que se poderia chamar de deturpações dessas ideias, quando não fossem moderados os governos e que não buscassem ser bons. Para Aristóteles, o bom governo deveria se pautar pela conquista do “bem comum”.  Se afastando dessa ideia e focando em interesses pessoais, as formas de governo poderiam se degradar em Tirania, Oligarquia e Democracia, respectivamente.

Já Políbio diferia no tratamento dos termos apenas quando afirmara que a Democracia seria a versão boa e a sua degradação seria a Oclocracia, na qual o governo enfrentaria uma situação crítica e as decisões políticas se dariam pelo jugo das multidões e sua irracionalidade, afastando-se do direito, algo bem próximo do que podemos ver no julgamento de Jesus Cristo e o que observamos no Brasil de hoje.

Enfim, a Democracia é historicamente definida como um sistema, uma forma de organização social na qual os indivíduos gozam de liberdade e tem participação em maior ou menor escala no governo de sua cidade, Estado, nação, país, república ou qualquer outra forma de governo.

Na próxima semana falaremos mais a fundo sobre a formação do Estado, como surgiu, qual é a sua definição e o que se pensa sobre este conceito e o que se entende da sua função, hoje.

Muito Obrigado!


 

sexta-feira, 9 de abril de 2021

O Contratualismo

Olá! Seja bem-vindo ao Semanário do Pensamento. Nesta semana, estaremos falando um pouco sobre a Formação da Sociedade e o Contratualismo, segundo as principais correntes filosóficas que abordam o tema.




A sociedade não surgiu como ela é hoje! O presente é resultado de muitos processos e acontecimentos históricos que se sucederam no passado mais ou menos próximo.

Até hoje, religiosos e cientistas discutem qual teria sido o surgimento do homem e, por conseguinte das estruturas sociais desenvolvidas por ele. As família, os clã, as tribos, as cidades, os Estados, enfim como todas essas formações humanas tiveram início?

Embora se busque respostas científicas através da arqueologia e da antropologia, a verdade é que não se tem ainda hoje uma resposta concreta sobre o surgimento das coletividades, ou se elas existem desde o primeiro homem, ou primeiro grupo humano.

Por isso, a resposta à questão da formação social acaba sendo buscada por meio de ideias abstratas e suposições filosóficas e teóricas sobre este princípio. Pode-se conceber que hoje o Estado é composto por três elementos: a obrigação política, o povo e o território. Nesse texto, abordaremos a formação do povo.

Aristóteles foi um dos primeiros pensadores a se dedicar ao tema. Ele propusera que a formação social teria se dado de forma progressiva, a partir do casamento entre homem e mulher, gerando filhos e formando, assim a família, que proporcionaria a formação dos primeiros núcleos sociais.

Aristóteles defendia o conceito do direito natural e até do direito divino, testemunhando em favor do poder do Estado e até mesmo defendendo a escravidão, alegando que a natureza fizera uns para mandar e outros para obedecer.

Porém, já no século XVI, Nicolau Maquiavel escreveu sua obra mais famosa, “O Príncipe”. Nela se desenvolve o primeiro estudo moderno acerca das relações políticas e assim Maquiavel é considerado o pai da Ciência Política. Em O Príncipe, o autor pretende apresentar a Lourenço II de Médici, Duque de Florença a como instituir um governo nacional sólido e que persistisse ao tempo e às vicissitudes sociais.

Naquele tempo, a Itália ainda não havia se unificado e a união dos Médicis com o Papa Leão X era vista por Maquiavel como uma oportunidade de que essa unificação fosse realizada. Por isso, O Príncipe pretende fundamentar as bases do entendimento das relações sociais a fim de que o país pudesse ser unido e assim permanecer.

Maquiavel morreu em 1527 e sua obra máxima foi publicada em 1532, de maneira póstuma.

Em 1651, Thomas Hobbes, matemático, teórico político e filósofo inglês publicou sua obra prima, O Leviatã. Esta publicação é considerada um marco, pois traz as bases do Contratualismo moderno.

O Contratualismo considera que a sociedade se estabelece a partir de um acordo entre os seres humanos. A partir da ‘celebração’ desse contrato, a sociedade se forma para a busca de interesses comuns, do enfrentamento da natureza e da paz social.

Para Hobbes, antes do acordo a humanidade vivia em um conflito permanente chamado de “Guerra de Todos Contra Todos”. O contrato social se estabeleceria assim para promover a paz social e manter a ordem.

A filosofia de Hobbes é pautada pelo medo. O filósofo chegou a afirmar que sua mãe teria dado a luz a gêmeos: ele e o medo. Afirmou também que o homem é o lobo do homem e é apenas pela submissão da vontade individual ao soberano e de abrir mão de sua plena liberdade em prol da segurança, que os homens poderiam viver em paz e buscar a prosperidade.

Em estado de natureza, os homens seriam iguais e a força seria o jugo da sociedade. Desta forma, um indivíduo não teria segurança para manter suas propriedades e a injustiça poderia prevalecer.

O soberano a quem Hobbes se refere é o Estado, cujo poder central deveria ser suficientemente forte para manter a ordem e garantir a segurança dos indivíduos. Segundo o autor, o homem em estado de natureza seria cruel e violento.

A ideia de Hobbes era que o povo lesse sua obra e aceitasse melhor a monarquia. Na época da publicação de “O Leviatã”, a Inglaterra passava pelo seu período revolucionário e o autor defendia abertamente o lado monárquico.

John Locke foi outro teórico político e filósofo inglês. Mas ao contrário de Hobbes, ele defendeu o parlamentarismo e era contra a monarquia.

A Inglaterra vivia uma época de forte oposição política entre o parlamento e o rei, que culminou na Revolução Inglesa, de 1640 a 1688. Apesar do fim do período revolucionário muitas das diferenças entre os lados se mantiveram ao longo da história e formam cadeiras no parlamento até os dias atuais.

Locke nasceu pouco antes do início da Revolução, em 1632 e acabou influenciando os desdobramentos da mesma. Liberal e contratualista, o filósofo fundamentou sua concepção de que o governo deve ser consentido pelos governados e que as autoridades das leis devem respeitar o direito natural do ser humano à vida, à liberdade e à propriedade. Os governos, para Locke deveriam assim garantir esses direitos naturais.

Atribuiu grande importância à tolerância e à liberdade, sendo visto como precursor da Democracia Liberal. Dessa maneira, foi crítico do Absolutismo, que reinara em seu país, no século anterior a ele.

Por fim, Jean-Jacques Rousseau, filósofo, pensador, teórico político e músico suíço já na fase do iluminismo concebe uma visão contratualista diametralmente oposta à de Hobbes. Enquanto este crê num homem natural cruel e vil, aquele entende que o homem nasce bom e justo, mas é corrompido pelas instituições sociais.

Rousseau fez parte com Diderot e Voltaire da Enciclopédia, obra que buscava reunir o máximo do conhecimento humano disponível na época em um conjunto de livros. Em sua época fora um liberal, porém, hoje poderia ser visto como um socialista.

Em sua obra “A Origem da Desigualdade entre os Homens”, o filósofo chega a afirmar:

"O primeiro que, ao cercar um terreno, teve a audácia de dizer: “isto é meu” e encontrou gente bastante simples para acreditar nele foi o verdadeiro fundador da sociedade civil. Quantos crimes, guerras e assassinatos, quantas misérias e horrores teria poupado ao gênero humano aquele que, arrancando as estacas e cobrindo o fosso, tivesse gritado a seus semelhantes: "Não escutem a esse impostor! Estarão perdidos se esquecerem que os frutos são de todos e a terra é de ninguém".

Para ele a sociedade não tinha um objetivo e a “vontade geral” não existe. Dessa forma propunha não que a sociedade tivesse sido criada por um contrato, mas que este deveria ser celebrado a partir de então.

Para ele a “Guerra de Todos Contra Todos” se inicia no estabelecimento da propriedade privada. Sua proposta de sociedade visa superar a dicotomia entre indivíduo e Estado, propondo leis que se pautassem pela igualdade, nas relações. Assim as leis devem representar toda a sociedade, sendo reconhecidas como “vontade geral”, estas sim!

Já o filosofo alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel foi ferrenho crítico do Contratualismo. Idealista, ele defendia que a “Vontade Geral” seria um conceito puro e deveria ser mantido na instância racional e não ser apenas um mero elemento contratual, como propunham os seus criticados.

A teoria Contratualista-Liberal ajudou a promover as revoluções burguesas, tanto na Inglaterra do século XVII, quanto nos Estados Unidos e na França, no século XVIII e até as guerras e insurreições da tumultuada Europa no século XIX.

Suas concepções de liberdade e igualdade ajudaram a promover o ideal republicano e de forma tão importante na consolidação do liberalismo político-econômico, quanto na formação do socialismo, do comunismo e do anarquismo.

Embora não seja pauta do debate político atual, essa doutrina foi fundamental para a formação dos blocos que hoje se enfrentam.

Na próxima semana falaremos mais a fundo sobre a democracia, sua idealização e formação na Grécia Antiga e seus desdobramentos e deturpações, que imperam hoje.


Muito obrigado! 

domingo, 21 de fevereiro de 2021

A Política 2021

 


Olá! Seja bem-vindo ao Semanário do Pensamento.

A Nova Temporada do Semanário do Pensamento está para começar!

Antes de mais nada, pedimos que se inscreva no canal e deixe sua curtida. Esse pequeno gesto seu é muito importante para nós.

Neste ano de 2021, vamos abordar o tema sobre a política e as correntes de pensamento que mais impactam na atualidade.

Como surgiram? Quem as criou? Quais as suas deturpações? Como se tornaram o que são hoje?

Essas e outras questões políticas, filosóficas, históricas e científicas serão abordadas na série semanal de 2021, no nosso blog Semanário do Pensamento e no nosso canal do YouTube.



Semanário do Pensamento: A Política 2021!!!

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Obrigado por nos assistir! SE MANTENHA PENSANTE! Valeu!

sábado, 6 de fevereiro de 2021

A Felicidadade!

 

Olá! Seja bem-vindo ao Semanário do Pensamento. Nesta semana, estaremos falando um pouco sobre a liberdade, segundo as principais correntes filosóficas que abordam o tema.




Thomas Jefferson foi o terceiro presidente da história dos Estados Unidos da América. Certamente foi um dos mais influentes dentre os “pais fundadores” da então inovadora nação. Foi um dos principais autores da Declaração da Independência dos EUA, em 1776. Nela se pode ler que todo homem tem direito à vida, à liberdade e à busca da felicidade.

Entretanto, este conceito parece até hoje ambíguo e difícil de definição. Quantas pessoas vemos investir toda a sua vida, todo o seu tempo e todos os seus esforços em buscar dinheiro e sucesso e, mesmo quando conseguem acabam entrando em depressão, se envolvendo com drogas e desperdiçando tudo o que juntaram com vícios vazios e atitudes impensadas?!

A felicidade para um não tem o mesmo sentido que para outro. Se para alguns pode ser o ajunte de bens materiais, para outros pode ser pertencer a um grupo, ou ter uma família, ou simplesmente ter o poder.

Quantas pessoas bem sucedidas estão insatisfeitas com a vida. Quantos atletas não entram em depressão quando encerram suas carreiras e vem o vazio que a aposentadoria deixou em suas vidas?!

Quantos não são os aposentados que se recusam a parar de trabalhar, nas mais diversas funções e permanecem na ativa até o fim da vida?!

E os inteligentes que se veem solitário em um mundo no qual a inteligência mediana fica tão aquém do razoável!

Como é difícil definir o que nos deixa feliz!

Se para a maioria das pessoas a felicidade é uma finalidade, para monges zen-budistas como Thich Nhat Hanh a felicidade é o caminho pelo qual se deve seguir para chegar até o objetivo, que no caso dos monges seria a paz interior.

Zoroastro teria sido um profeta da antiga Pérsia que fundara o Zoroastrimo, uma doutrina filosófico-religiosa praticamente monoteísta, segundo a qual a vida seria a eterna luta do bem contra o mal. Segundo esta religião, o deus do bem Aúra-Masda teria dito que a felicidade se encontraria no “abrigo do fogo, dos animais ferozes, mulher, filhos e rebanhos de gado”.

Segundo Sócrates, a felicidade não seria apenas um estado de espírito, mas consistiria em um bem da alma humana e só seria alcançado através da prática da virtude.

Platão foi além do seu mestre e afirmou que a função da alma é ser virtuosa e justa. Ao exercer a virtude e a justiça, o homem alcançaria a felicidade.

Para Aristóteles, a felicidade é fruto das ações do ser humano. Para o grego, era preciso cultivar os hábitos que levariam o homem a encontrar a virtude e assim ser plenamente feliz.

Epicuro valorizava o prazer e afirmava que para ser feliz, o ser-humano precisa buscar o equilíbrio entre os medos e prazeres, de forma que o estágio de tranquilidade e felicidade seja contínuo e duradouro.

Para os estoicos A felicidade é na verdade a tranquilidade, a ausência de preocupações que é alcançada pelo autocontrole, da austeridade e da aceitação do curso dos acontecimentos. Este estágio seria dificílimo de se alcançar, só conseguido pelo verdadeiro sábio. Porém deveria ser buscada constantemente.

Os cínicos, por sua vez defendiam a “Autarkeia”, a Auto Suficiência e a apatia, como formas de se alcançar a virtude e assim ser de alguma forma feliz.

Para Nietzsche a felicidade residiria na força vital que o indivíduo deve ter para superar os obstáculos que se lhe apresentarem. Criticava a noção de felicidade comum, afirmando que estar bem por causas de circunstâncias favoráveis e boa sorte não era realmente felicidade.

Arthur Schopenhauer disse que a felicidade tinha mais a ver com o que temos na cabeça e não nos bolsos, enquanto Karl Marx acreditava que a completa alteração das estruturas sociais e das condições de produção e distribuição dos bens traria a felicidade para todos.

Por sua vez, Sigmund Freud, o pai da psicanálise considerava se tratar de um ‘programa’ de buscar o prazer e evitar o desprazer, o qual não era realizado por questões culturais e psíquicas.

Jeremy Bentham e John Stuart Mill criaram o utilitarismo, uma doutrina filosófica que apregoava que as ações humanas se baseavam na busca pela maior felicidade. Dessa forma os governos nacionais deveriam procurar realizar a felicidade para o maior número possível de seus cidadãos.

Auguste Comte, criou o positivismo e propôs que a ciência e a razão deveriam nortear a busca pela felicidade. Esta seria encontrada através da prática do altruísmo e da solidariedade.

E você, com qual pensador se identificou mais? Deixe sua resposta nos comentários e ajude o nosso canal a procurar novos temas interessantes e que nos mantenham pensantes.

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¹CARVALHO, S. S. Os mestres da terra: os místicos e líderes religiosos da humanidade. São Paulo. Hemus. pp. 57-60.


OBS: Pedimos desculpas pelo atraso de 8 dias, que ocorreu por problemas técnicos!

sábado, 23 de janeiro de 2021

Liberdade!

 

Olá! Seja bem-vindo ao Semanário do Pensamento. Nesta semana, estaremos falando um pouco sobre a liberdade, segundo as principais correntes filosóficas que abordam o tema.




Nos tempos atuais o debate sobre a liberdade individual ganhou notoriedade, seja nas redes sociais, nos programas televisivos ou mesmo nas conversas do nosso dia a dia. Mas será que a noção de liberdade abraça os mesmos conceitos nas diferentes visões sobre o assunto.

Decerto que ao avaliarmos algumas visões de juristas, filósofos e sociólogos ao longo da história, vemos posições até opostas sobre o conceito.

Uma máxima popular muito difundida é aquela que diz que a liberdade de um termina quando começa a do outro. Esse entendimento está em desuso na prática do cotidiano. O que vemos é cada vez mais os indivíduos defenderem a sua suposta liberdade e a submissão da liberdade do outro. Principalmente se o outro for de alguma forma mais fraco, seja fisicamente, financeiramente, ou ainda que seja um veículo menor, trafegando na mesma rodovia. Aí dele, se for pedestre...

Entre grandes filósofos da antiguidade, o termo já despertava celeumas e interpretações bem diferente.

Sócrates acreditava que a liberdade consistiria na capacidade do homem de dominar a si mesmo, seus sentimentos e seus pensamentos. Esta dimensão do pensamento socrático é bem definida pela sua clássica frase: “Conhece-te a ti mesmo”. A própria profissão de pensar, o ser pensador era um exercício para homens livres. E Sócrates defendeu esta sua liberdade até o fim, quando preferiu sofrer a execução à qual fora condenado, do que renegar a seus pensamentos.

Já Platão considerava que a liberdade era a possibilidade de o ser humano, enquanto racional decidir se viveria dentro da moral ou não. O que acaba sendo parecido com a definição de seu discípulo mais importante, Aristóteles. Este afirmara que a liberdade seria para o homem a capacidade de escolher entre agir ou se omitir. Para ele, a Liberdade seria a possibilidade de se decidir entre diversas possibilidades, sendo esta decisão um ato voluntário, ou seja, proporcionado pela vontade do indivíduo.

Por fim, Epicuro atesta que a liberdade garante ao homem a capacidade de buscar objetivos e metas e desviar-se das fatalidades do mundo. Assim, o homem assume a postura de agente e não apenas de um ser passivo sobre o qual recaem as vicissitudes naturais do mundo.

Já no medievalismo europeu a Igreja Católica estabelecera um conceito próprio, segundo o qual seria livre o homem para seguir a Palavra de Deus. Para Santo Agostinho, seria a definição de livre-arbítrio, uma dádiva divina que permitiria ao homem escolher entre o bem e o mal.

Após o fim da Idade Média e com influência do Renascimento, o pioneiro das ciências políticas na Europa, Nicolau Maquiavel concebeu a definição de que a liberdade somente poderia ser alcançada por meio de um equilíbrio entre forças conflitantes. Dessa forma propunha que os conflitos não fossem anulados, mas regulados e racionalizados por meios de instituições. Assim, Maquiavel defendeu o sistema republicano, para substituir a monarquia, vigente na maioria dos países do Velho Continente, até então.

Baruch Spinoza considerava o conceito como um elemento na identificação do ser. Assim, ser livre seria a possibilidade de agir conforme a própria natureza constituinte do indivíduo.

Já os liberais começaram a discutir o conceito em relação à política, ao Estado e à economia. Para Locke, o Estado era necessário para criar leis que regulem o direito naturais dos indivíduos. Entre eles citava o direito à propriedade. Chegou a afirmar que “onde não há lei, não há liberdade”!

Jean Jacques Rousseau afirmou, porém, que a liberdade não existe sem igualdade e que a democracia só se faz com a livre circulação de ideias. Ele dizia que o homem nasce livre e bom. Assim como a criação das leis seria um ato de liberdade e o povo é responsável por elas, através do contrato social, da mesma forma que é livre quem faz a lei, o é também o que as obedece.

Enquanto isso, Kant definia a liberdade como a autonomia para cumprir seus deveres, de acordo com as leis.

Para Arthur Schopenhauer o ser não é livre, em si. Todo o agir humano é uma objetivação da “coisa-em-si” kantiana, identificada por Schopenhauer como puramente vontade.

Karl Marx criticou a sociedade e as relações econômicas do seu tempo, ao ponto que afirmara que a liberdade só aparece a partir do momento em que são satisfeitas as necessidades. Assim o conceito se manifestaria a partir da capacidade de alteração da realidade coletiva, à qual estariam os indivíduos submetidos.

Contemporâneo e rival de Marx, no movimento operário do século XIX, Mikhail Bakunin se baseava no conceito prático da realidade simétrica dos ‘outros’. Acreditava ser livre o ser humano que pudesse se desenvolver em sua plena capacidade, por meio da educação e do treinamento científico e pela prosperidade material. Sendo assim, a liberdade é um conceito social e só poderia se desenvolver em sociedade.

Já Friedrich Nietzsche considerava que o homem, para ser livre, deveria superar a si mesmo. Desta forma, o livre deve praticar o desapego e buscar o que o filósofo alemão considerava superior ao raciocínio: as sensações, especialmente o prazer.

Jean Paul Sartre cunhou a frase: “estamos condenados a ser livres”. Sartre foi um dos principais filósofos existencialistas de nosso tempo. Para ele o homem é livre antes de mais nada, inclusive para ser livre.

Enfim, cada escola, cada tempo pode ter uma ideia própria acerca do tema estudado. Mas em comum existe o apreço pela liberdade. Em sociedade é preciso que saibamos respeitar a liberdade do outro.

Temos a certeza de que não esgotamos o assunto e não abordamos todos as definições importantes. Mas certamente levantamos uma questão crucial para os dias atuais.

Para encerrar, deixamos aqui a pergunta:

Sua liberdade de ir e vir é maior do que a do outro de viver?



Na próxima semana, falaremos um pouco sobre a FELICIDADE!!!

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sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Três Grandes Questões da Humanidade: O Sentido da Existência Humana!

 

Olá! Seja bem-vindo ao Semanário do Pensamento. Nesta semana, estaremos falando um pouco sobre o sentido da existência humana, segundo as principais correntes filosóficas que abordam o tema.


De onde viemos? Para onde vamos? Por que existimos?



Essas são algumas das questões que há séculos vêm sendo debatidas pelos maiores pensadores, intelectuais, cientistas e religiosos da história. Até hoje não chegamos a nenhuma conclusão.

O sentido da existência humana desperta tanto fascínio entre seus pesquisadores e entusiastas, quanto uma certa dose de desespero e vazio, naqueles que não acreditam que seja possível encontra-lo.

Questões existenciais foram introduzidas à filosofia ocidental, a medida em que o relacionamento social e político começou a ser tema de debate com mais destaque do que as questões naturais.

Um dos primeiros filósofos, entre os mais famosos a introduzir a temática existencialista foi Sócrates. Em sua linha de pensamento, o filósofo grego abordava o sentido da vida, da existência humana, o qual identificou como sendo a busca pela virtude.

Essa noção seria seguida por filósofos gregos de grande importância, inclusive pelos Cínicos, como Diógenes de Sinope, seguidor de Antístenes.

Os Epicuristas acreditavam que o ser humano deveria perseguir o prazer, representado como uma forma de virtude, na qual o homem se afasta das preocupações e dos medos e de forma equidistante dos excessos.

Já os Estoicos criam que a harmonia com a natureza seria o sentido da vida humana e neste conceito estaria a maior virtude.

Durante o período Medieval, o cristianismo prevaleceu sobre toda a Europa, seja pelo Catolicismo Romano, no Ocidente, seja pelo Catolicismo Ortodoxo, na metade oriental. Assim, pela fé cristã o ser humano existe para louvar a Deus e para servi-Lo em sua plenitude. Esta vida seria apenas uma preparação e uma espécie de “seleção” para que o ser humano chegue ao estado pleno e possa encontrar com Deus.

Com o fim da Idade Média e a influencio do Renascimento e da Reforma Protestante levaram os pensadores e filósofos ocidentais a focar em questões éticas, sociais e políticas. Porém René Descartes adentrou a questão existencial, abordando a própria noção de existência.

Embora não tenha se dedicado tanto à questão do sentido da existência sua obra foi fundamental para este debate, pelo menos no sentido em que busca uma confirmação racional para o próprio conceito do qual tratamos.

Para Descartes, se não podemos provar a nossa existência, pelo menos provamos que o pensamento existe. Esta conclusão é dada pelo argumento do “Cogito”, segundo a qual o filósofo afirma: “Penso, logo existo”!

Através desta lógica, Descartes entende que, mesmo que nada mais seja real, o pensamento existe, assim como o ser que pensa.

Após a revolução industrial e a consolidação do capitalismo e do materialismo sobre a sociedade, não só ocidental, mas de todo o mundo, questões existenciais mais profundas passaram a ser tema de elucubrações filosóficas. A temática extrapolou os limites da filosofia e se tornou assunto para as artes, o cinema, a literatura, a política, etc.

Durante o século XIX surge uma nova tendência na filosofia chamada de Existencialismo. Embora congregue autores e pensadores com características diversas e mesmo com pensamentos antagônicos, tornou-se habitual esta classificação para filósofos, escritores e roteiristas que levantassem questões e abordassem temas acerca da existência humana.

Inseridos em um mundo de constantes transformações onde as crenças tradicionais eram dia a pós dias desacreditadas por novas descobertas científicas e novas visões os existencialistas surgem em uma realidade banhada pela incerteza, onde a confusão e a desorientação se tornam mais comuns entre as pessoas normais, diante de um mundo aparentemente absurdo e sem sentido.

Essas sensações são em muito resultado tanto dos conflitos sociais de grandes proporções que se seguem após a Revolução Industrial, assim como uma maior interação entre diversas culturas, possibilitadas pelo avanço tecnológico, assim como a troca de informações, cada vez mais rápida.

Como recebemos uma informação negativa com um impacto duas vezes e meia maior do que a positiva, o pessimismo tomou conta da sociedade naturalmente.


Soren Kierkegaard é considerado o pai do existencialismo contemporâneo, iniciado no Século XIX. Oriundo de uma abastada família dinamarquesa, Kierkegaard nasceu em Copenhague, em 1813. Protestante radical, dedicou-se a escrever livros críticos quanto à religião. Para ele, só existimos por acreditar em algo e relaciona a fé com a identidade do indivíduo.

Friedrich Nietzsche foi também um filósofo muito influente, no tocante à temática existencial. Foi ferrenho crítico da Igreja Católica e defendia o louvor à vida. Para o filósofo alemão, provar a existência de um deus criador não era importante, até porque não seria possível para o homem. Chegou a afirmar “Deus está morto” e que toda a verdade é relativa.

Assim, Nietzsche seria o oposto de Descartes, uma vez que reduziria a existência ao nada, ao “Niilismo”! Não haveria, para ele qualquer sentido na existência. Então nada mais nos resta se não aproveitar a vida e chegar a vitória.

Martin Heidegger, que estudou a hermenêutica da filosofia e dos textos sagrados, também exerceu grande influência sobre o existencialismo contemporâneo, assim como Edmund Husserl, fundador da Fenomenologia, uma linha de pensamento que busca estudar filosoficamente os fenômenos em relação aos sentidos.

Jean Paul Sartre e Karl Jaspers foram outros filósofos importantes que se dedicaram ao tema.

Franz Kafka, Fiódor Dostoyevsky, Albert Camus e até Fernando Pessoa são alguns dos escritores que se enveredaram pelos caminhos da reflexão existencialista.

No cinema, nomes famosos como Jean Luc Godard, Akira Kurosawa e Ingmar Bergman tiveram muita repercussão, ao longo do século XX.

Para esses autores, a vida, o mundo são pautados pelo absurdo e não existiria de fato um sentido para a existência humana. Dessa forma, o significado da vida seria o que damos a ela.

Assim demos uma passada geral sobre o que os principais filósofos e escritores ocidentais sobre o sentido da existência humana.

No próximo vídeo, falaremos um pouco sobre a LIBERDADE!!!

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sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Nova Série em 2021

Olá! Seja bem vindo ao Semanário do Pensamento!

2021 começou sem grandes novidades e a nossa maior expectativa é a resolução do problema da pandemia. 

Enquanto sobrevivemos, vamos pensando, refletindo, buscando respostas para questões fundamentais! 

Separamos três questões sobre as quais abordaremos em nossas postagens neste primeiro mês do ano novo. Vamos comparar afirmações de alguns dos principais pensadores da história da filosofia.



As questões abordadas serão:

1 - O Sentido da Existência Humana

2 - A Liberdade

3 - A Felicidade e a Virtude

A partir do dia 15 de janeiro, falaremos sobre estas questões no nosso blog e no nosso canal do youtube: 



Obrigado! Se Mantenha Pensante!