sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Aristóteles: Quem foi e como era a sua filosofia?

 

Olá! Seja bem-vindo ao Semanário do Pensamento. Nesta semana, estaremos falando um pouco sobre o filósofo Aristóteles, um dos mais influentes de todos os tempos.





Nascido em Estágira (hoje Stravó), na Macedônia e filho de um médico da corte do rei Amintas II, Aristóteles se transferiu para Atenas aos 18 anos, para estudar e se tornou membro da Academia de Platão, de que acabou sendo discípulo por cerca de 19 anos.

Certa vez, Platão teria dito: "Minha Academia se compõe de duas partes: o corpo dos estudantes e o cérebro de Aristóteles”

Porém, com a morte do mestre, Aristóteles rompeu com o pensamento de Platão, especialmente com a Teoria das Ideias e desenvolveu um amplo e complexo sistema filosófico, que o levou a se tornar um dos mais importantes pensadores de todos os tempos.

Em 335 a.C., ele fundou a sua escola, chamada de Liceu. Aristóteles ministrava suas aulas caminhando com seus discípulos, dando origem à escola peripatética (Peripatos significa caminho).

O grande filósofo acabou por redefinir o que é a filosofia, em seu sentido amplo, através da criação de um sistema filosófico próprio, partindo da crítica tanto dos filósofos Pré-Socráticos, quanto do seu mestre Platão.

Seus escritos abrangem diversos assuntos como: a física, a metafísica, as leis da poesia e do drama, a música, a lógica, a retórica, o governo, a ética, a biologia, a linguística, a economia e a zoologia.

Em 343 a.C. torna-se tutor de Alexandre da Macedônia, que viria a ser conhecido como Alexandre O Grande (Ou Alexandre Magno), de quem foi conselheiro.

Segundo muitos estudiosos, Aristóteles iniciou o período Sistemático, na filosofia, substituindo o período Antropológico (Socrático) que existiu depois do período Cosmológico (Pré-Socrático).

A filosofia de Aristóteles abrange a natureza de Deus (Metafísica), do homem (Ética) e do Estado (Política).

O principal ponto da crítica de Aristóteles a Platão se concentra na rejeição do dualismo representado pela teoria das ideias, conforme apresentou em seu escrito “Metafísica”.

O Ser

Aristóteles parte do princípio que existe uma substância individual, considerado o indivíduo material concreto.

Os indivíduos, por sua vez são constituídos por matéria e forma, sendo a primeira o princípio da individuação e a segunda a forma como a matéria se organiza em cada indivíduo.

Encontramos ainda, em Metafísica, três definições adicionais que resultam na elaboração da teoria aristotélica.

1 – Essência e acidente.

Essência é aquilo que faz a coisa ser o que ela é, enquanto os acidentes são as características variáveis que apresentam mudanças, sem que a coisa perca as características essenciais que a define enquanto o que ela é.

Por exemplo: Uma flor é constituída essencialmente por caule, pétalas, folhas e pólen, mas se uma flor tem 4 pétalas e outra tem 3, o que é chamado de acidente.

2 – Necessidade e contingência

Necessário é aquilo que é como é e não pode deixar de ser dessa forma, enquanto contingência seriam as características específicas de alguma coisa, que não lhe tiram a essência.

Estas definições têm relação direta aos conceitos de Essência e Acidente.

Por exemplo:  Um satélite é necessariamente um corpo celeste que orbita um planeta. Seu tamanho, cor e constituição são contingenciais.

3 – Ato e Potência

Uma coisa pode ser uma ou múltipla. Trata da capacidade de transformação natural das coisas.

Por exemplo: uma semente é, em ato semente, mas contém, em potência a árvore. Assim como a árvore é árvore em ato e lenha em potência.

Aristóteles trata também da questão da causalidade e introduz a Teoria das Quatro Causas:

1 – Causa Formal: Trata-se da forma ou modelo, que faz com que a coisa seja o que é. É a resposta da questão: O que é x:

2 - Causa material: É o elemento constituinte da coisa, a matéria e que é feita. Responde à questão: de que é feito x?

3 – Causa eficiente: Consiste na fonte primária da mudança, o agente da transformação da coisa. Responde à questão: por que x é x?, ou o que fez com que x viesse a ser x?

4 – Causa Final: Trata-se do objetivo, da finalidade da coisa. Responde à questão: para que x?

Na visão de Aristóteles tudo tem uma finalidade. O filósofo é extremamente teológico.

Em Metafísica ele aborda a questão de Deus, com sendo o motor do universo, a causa primeira de todas as coisas. Assim, Deus é o investigador de todo o pensamento, primeiro e último Motor do Mundo.

Deus não pode ser resultado de alguma ação, não pode ser escravo de amo algum.

No próximo vídeo, falaremos um pouco mais sobre Aristóteles, seu sistema e a finalidade da existência humana, segundo ele.



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sexta-feira, 18 de setembro de 2020

Como Platão influenciou a filosofia ocidental

 

Olá! Seja bem-vindo ao Semanário do Pensamento. Nesta semana, estaremos falando um pouco mais sobre o filósofo Platão, um dos mais influentes de todos os tempos.

Na última semana falamos um pouco sobre Platão, um dos pilares da filosofia ocidental. 



Todas as obras de Platão que eram conhecidas na antiguidade foram preservadas, com exceção da palestra sobre o Bem, a partir da qual houve um pós-escrito de Aristóteles, que se encontra perdido.

Há também obras que foram distribuídas sob o nome de Platão, mas possivelmente ou definitivamente não são genuínas; apesar disso, elas também pertencem ao Corpus Platonicum (o conjunto das obras tradicionalmente atribuídas a Platão), mesmo com sua falsidade sendo reconhecida ainda nos tempos antigos.

Um total de 47 obras são reconhecidas por terem sido escritas por Platão ou das quais ele foi tomado como autor. Dentre elas, as mais importantes são provavelmente a “ República” e a “Apologia de Sócrates”. Também podemos considerar “Crítias, ou a Atlântida” como muito referenciada na contemporaneidade.

Para o pensador grego, a filosofia não deveria se bastar apenas pelo seu caráter reflexivo, mas deveria buscar a ação para transformar o mundo. E essa ideia não ficou no discurso.

Platão fundou em 387 a.C. a Academia, que seria sua escola de pensamento. A academia platônica assemelhava-se a uma congregação religiosa, consagrada a Apolo e às musas.

Platão afirmava a existência de uma verdade suprema: as ideias das formas ideais, eternas, imutáveis e incorruptíveis, das quais se origina o mundo sensível, tal como o percebemos, e que é sujeito ao devir, à corrupção e à morte.

Com esse projeto filósofo influenciou o surgimento de uma importante corrente de pensamento, o Platonismo. Este consiste na afirmação da existência de objetos abstratos, que se assevera existirem em um terceiro reino distinto tanto do mundo externo sensível quanto do mundo interno da consciência.

A filosofia plantonista consiste na ideia de abstração e se utiliza da dialética para buscar o conhecimento.

Essa doutrina vai influenciar também o surgimento da escolástica, um método de aprendizado e pensamento crítico ocidental que teve origem nas escolas monásticas cristãs e fora muito utilizado nos idos do ensinamento católico, durante boa parte da Idade Média.

O método consiste na busca da conciliação da Fé Cristã com o Pensamento Racional e a Filosofia Grega, considerado um método Aristotélico-Platônico.

Platão é também referenciado pela citação do continente perdido de Atlântida (que em grego significaria “a Filha de Atlas”), uma lenda muito conhecida desde a antiguidade, que o autor cita nos diálogos “Timeu” e “Crítias”.

A ilha seria uma potência naval que conquistara parte da Europa ocidental e o noroeste da África cerca de 9.600 anos a.C.. Ela ficaria além das Colunas de Hércules (estreito de Gibraltar), no Oceano Atlântico.

Para muitos, Platão teria inventado a história, baseada em eventos antigos como a erupção de Thera ou a guerra de Troia, enquanto outros insistem que ele teve inspiração em acontecimentos contemporâneos, como a destruição de Helique em 373 a.C. ou a fracassada invasão ateniense da Sicília em 415 a.C. – 413 a.C..

Porém, nos tempos atuais, muitos investigadores buscam pistas da existência da ilha, baseados em correlações com mitos de outras partes do mundo, como do Antigo Egito, dos povos ameríndios e das teorias sobre antigos astronautas.

Seja uma versão de Utopia da antiguidade ou um relato histórico, a Atlântida é uma lenda que tem sido muito influente tanto nas ideias, quanto na literatura e no cinema contemporâneo.

Platão também fora mestre de um outro filósofo tão ou até mais importante do que ele próprio: Aristóteles.

Na próxima semana, falaremos um pouco sobre Aristóteles, suas obras mais importantes e as mais controversas.



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sexta-feira, 11 de setembro de 2020

As Ideias de Platão

Olá! Seja bem-vindo ao Semanário do Pensamento. Nesta semana, estaremos falando um pouco mais sobre o filósofo Platão, um dos mais influentes de todos os tempos.



Nascido em Atenas em 428 a.C., Platão pertencia a uma família da aristocracia ateniense. Na filosofia, foi aluno de Sócrates pelos últimos 10 anos da vida do seu mestre. Porém, antes disso, o pensador seguiu primeiramente Crátilo e depois Heráclito.

Após a morte de Sócrates, viajou pelo Mediterrâneo. Na Sicília, foi influenciado pelo pitagórico Arquitas de Tarento e pela Escola Eleática. Também manteve contato dom Dion, que era cunhado de Dionísio I, tirano de Siracusa.

Quando voltou para a sua cidade natal, Platão fundou a sua escola, a qual deu o nome de Academia, em homenagem ao herói grego Academos. Por influência dos pensadores pitagóricos, mandou escrever nos portais da escola: “Que ninguém entre se não souber geometria”.

Platão foi importante não somente pelas suas propostas filosóficas, como também por ser o principal autor que manteve vivas as ideias e os métodos de Sócrates, através dos seus diálogos.

Ideias:

A característica fundamental da obra de Platão é o foco na preocupação com a ciência, a moral e a política. Para o filósofo, a ciência é o verdadeiro conhecimento e este identifica-se com o bem, propriamente dito!

Platão fez uso basicamente dos diálogos para expor suas ideias. Sócrates, era geralmente o principal personagem desses escritos. Com eles, utilizava da dialética para se buscar o conhecimento legítimo.

No modelo platônico, a filosofia deve se preocupar em chegar à verdade, através da argumentação racional e não apenas dizer e afirmar. O diálogo seria a forma pela qual o consenso se estabeleceria.

Platão começou sua carreira após a morte de Sócrates. A condenação de seu professor o fez se desiludir com a política. Assim, sua obra pode ser considerada uma reflexão profunda sobre a degradação da democracia ateniense no seu tempo e ao que o autor considerava injusto e ilegítimo.

Sob essa perspectiva, a ideia de política de Platão pode ser vista como contrária à democracia, a qual considerava submissa a paixões, opiniões e interesses e contrário ao conhecimento e à verdade, sendo assim contra a justiça.

No tocante à filosofia, Platão propôs que seria essencialmente teoria, a capacidade de ver por meio de um processo de abstração e de superação da experiência concreta a verdadeira natureza das coisas em seu sentido eterno e imutável.

Nesse ponto, se afastou bastante de Sócrates, que considerava a filosofia como um método de reflexão que levaria o indivíduo a uma melhor compreensão de si, de sua experiência e da realidade que o cerca.

Teoria das Ideias e o Mito da Caverna:

Platão escreveu em forma de diálogo, no livro VII da "República", a história "mito da caverna", onde relata a vida de alguns homens que desde a infância se encontram aprisionados em uma caverna, com uma pequena abertura por onde penetra a luz.

Os homens ficam todo o tempo olhando para uma parede de fundo. Lá fora, nas costas dos cativos, brilha um fogo aceso sobre uma colina e entre ela e os presos, passam homens carregando pequenas estátuas, cujas sombras são projetadas no fundo da caverna.

Os cativos creem que as vozes ouvidas são das próprias sombras, para eles a única realidade. Quando um dos prisioneiros consegue sair da caverna, percebe que tinha vivido num mundo irreal.

Platão usa esse mito para ilustrar a ideia de que o mundo que percebemos com nossos sentidos é uma ilusão, é confuso e impreciso, um “reino de sombras”. Mas esta não é a única realidade do universo e nem a verdade, nem a perfeição.

Esta seria comparada a realidade criada por sofistas e políticos para enganar a população, o que Platão se opunha veementemente.

Porém, há um reino mais elevado, espiritual, eterno, onde está o que existe de verdade, é o mundo das ideias, que só a razão pode conhecer.

Curiosidade: Platão foi também atleta e chegou a participar das Olimpíadas como lutador.



Na próxima semana, falaremos um pouco mais sobre Platão, suas obras mais importantes e as mais controversas.

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quinta-feira, 3 de setembro de 2020

Como Sócrates influenciou o pensamento de Platão

Sócrates e Platão



Olá! Seja bem-vindo ao Semanário do Pensamento. Nesta semana, estaremos falando um pouco mais sobre o filósofo Sócrates, um dos mais importantes pensadores de todos os tempos e como ele é importante na obra de outro grande filósofo, ninguém menos do que Platão.

No último post nós falamos um pouco sobre o filósofo Sócrates, suas ideias e seu jeito peculiar de ser. Temos que ressaltar que a interpretação deste filósofo é bastante complicada, dado que não deixou obra escrita.

O que se sabe e o que se entende do que Sócrates defendia nos foi deixado por seus alunos e companheiros. O principal deles é Platão, que foi seu discípulo por cerca de 10 anos.

Foi após a condenação e execução de seu mestre, que Platão começou a registrar os ensinamentos aprendidos. A forma como ele escolheu fazer tais registro foi através de diálogos, exceto pelas cartas e pela Apologia de Sócrates. Esta é, de fato um monólogo.

São 35 diálogos e 13 cartas atribuídas a Platão. Entretanto, boa parte dessas obras tem autenticidade discutível.  Já na antiguidade, muitos textos apócrifos apontados como tendo sido escritos por Platão já circulavam.

Nos diálogos autênticos, Sócrates é, na maioria o principal personagem. Ele costumava iniciar uma discussão sobre algo com uma pergunta, que obtinha opiniões de seu interlocutor, que ele primeiramente as aceitava.

Depois, por meio de perguntas e respostas, mostrava o contraditório ou absurdo das opiniões originais, levando o interlocutor a reconhecer seu desconhecimento sobre o assunto. Esta primeira parte do método de Sócrates, destinada a levar o indivíduo à convicção do erro, é a ironia.

Depois, continuando o diálogo, e partindo da opinião primitiva do interlocutor, constrói com o interlocutor o conhecimento daquilo que se discute. Sócrates deu a esta última parte a designação de maiêutica - a arte de fazer nascer as ideias.

Os diálogos socráticos escritos por Platão, na primeira fase de sua obra são considerados autênticos e onde as ideias são predominantemente do mestre e foram escritos pouco depois da sua morte e, 399 a.C.

Já a partir da fase intermediária, as ideias passam a mostrar mais a visão do discípulo e Sócrates servindo mais como um personagem do que Platão lhe servindo de redator.

E assim, pavimentado no fértil terreno preparado por seu professor Sócrates, Platão redefiniu a finalidade da filosofia e sedimentou as bases para a formação e o desenvolvimento do pensamento racional, no ocidente.

Na próxima semana, falaremos mais sobre a vida e a obra de Platão, filosofo que influenciou diretamente boa parte do pensamento ocidental, na filosofia, nas ciências, nas artes, na literatura e até na religião.



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quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Sócrates, o defensor da virtude

 Olá! Seja bem-vindo ao Semanário do Pensamento. Nesta semana, estaremos falando um pouco sobre o filósofo Sócrates, um dos mais importantes pensadores de todos os tempos.



“Só sei que nada sei”!

Sócrates tornou-se tão famoso, quanto odiado, na Grécia do período clássico, utilizando frases como esta.

Sócrates foi contemporâneo de um grupo de mestres da oratória e da retórica, chamados de sofistas. Embora compartilhassem o interesse por questões cívicas, o filosofo se diferenciava por acreditar e buscar a verdade, tendo consciência da sua própria ignorância em contradição com os sofistas que acreditavam serem mais sábios que os demais e que a verdade não existia ou não era passível de ser inteligida, pela mente humana. 

Entretanto, ao contrário de seus antagonistas, que prezavam pelo discurso e pela retórica com finalidade de ganhos pessoais, Sócrates abordava constantemente a ética e a moral, de forma que buscava tanto entender o pensamento dos cidadãos quanto ajudar o desenvolvimento de sua civilização.

Sócrates não deixou nada escrito. O que se sabe sobre ele veio da obra de seus discípulos Platão e Xenofante, bem como do dramaturgo Aristófanes, seu contemporâneo. Viveu mais provavelmente entre 470 e 399 a.C. e é reconhecido como “O Pai da Filosofia”.

É considerado um personagem histórico verdadeiro, apesar de algumas controvérsias. Alguns estudiosos chegaram a acreditar se tratar de um personagem criado por Platão.

O Sócrates Humano

Sócrates era uma figura bastante controversa. Não só por suas ideias e metodologia, mas também por sua aparência. Era baixo, corpulento, andava descalço e esfarrapado, além de passar muitas horas mergulhado em seus pensamentos, vagando por Atenas, ajudando seus alunos na busca pela verdade ou provocando debates acalorados com os sofistas.

O Método Socrático

O método socrático é uma técnica de investigação filosófica feita em diálogo, que consiste em o professor conduzir o aluno a um processo de reflexão e descoberta dos próprios valores.

Para isso o professor faz uso de perguntas simples e quase ingênuas que têm por objetivo, em primeiro lugar, revelar as contradições presentes na atual forma de pensar do aluno, normalmente baseadas em valores e preconceitos da sociedade, e auxiliá-lo assim a redefinir tais valores, aprendendo a pensar por si mesmo.

Seu discurso era caracterizado pela Maiêutica, que buscava fazer com que o seu interlocutor chegasse ao conhecimento a partir do seu próprio raciocínio. Esse também era como se chamava a forma de se fazer um parto, naquela época.  A mãe de Sócrates era parteira e ele provavelmente foi influenciado por esta questão. Seu método também era conhecido com ‘um parto de ideia”.

Sócrates também é lembrado pela sua ironia. Em alguns casos, ele é considerado um autêntico cínico.

A filosofia de Sócrates

A filosofia de Sócrates pode ser resumida pela epígrafe escrita no templo de Apolo: “Conhece-te a ti mesmo”. Assim, ele buscava ajudar o seu ouvinte a fazer uma auto reflexão , para entender a partir de suas próprias ideais e conceitos o conhecimento que o levaria a encontrar a verdade.

Ao contrário dos sofistas, Sócrates cria que era possível chegar até a verdade, através da reflexão e do pensamento.

Segundo disse: “A verdade já está no próprio homem, mas ele não pode atingi-la, porque não só está envolto em falsas ideias, em preconceitos, como está desprovido de métodos adequados”.

Era preciso, então derrubar esses obstáculos para se chegar ao verdadeiro conhecimento, ao qual chama de virtude. Por isso, ele também disse “Ninguém faz o mal voluntariamente”.



A concepção filosófica de Sócrates pode ser identificada como um método de análise conceitual. A célebre questão socrática é identificada na sua questão “O que é..X?” encontrada em todos os seus diálogos. É dessa forma que busca a definição de determinada coisa, geralmente uma virtude ou qualidade moral.

Por exemplo, no diálogo Ménon, o próprio Menon pergunta a Sócrates se a virtude pode ser ensinada. Sócrates então responde: “como poderia saber se uma coisa pode ser ensinada, se não sei sequer o que ela é.” E, em seguida diz: “Diga-me você mesmo: O que é a virtude.”

Assim, o pai da filosofia buscava entender o que o termo significava para a pessoa com quem dialogava. Com isso, se tornou extremamente importante para o desenvolvimento da gramática grega, assim como para a pedagogia e, mais tarde seria muito influente na psicanálise.

Em 399 a.C. Sócrates é acusado de graves crimes e sua morte é pedida por diversos cidadãos atenienses.  O filósofo criticava abertamente o que considerava desvirtuamento da democracia ateniense e questionava os valores e atitudes da sua época.

Em seu julgamento, que ficou conhecido como Apologia de Sócrates, um dos clássicos diálogos Platônicos, Sócrates recusou-se a se declarar inocente, ironiza seus acusadores e assume as acusações dizendo-se coerente com o que ensinava.

Sócrates é condenado à morte e obrigado a beber cicuta, um veneno usado na época. Apesar de alguns amigos sugerirem uma fuga para um exílio, o filósofo prefere a morrer “domo cidadão ateniense e sempre coerente com suas ideias e princípios.



Na próxima semana, falaremos mais um pouco sobre Sócrates e a interpretação de suas ideias por parte do seu discípulo mais famoso: Platão; e a importância dos diálogos socráticos.

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sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Quem foram os Sofistas


Olá! Seja bem-vindo, ao Semanário do Pensamento! Nesta semana, estaremos falando um pouco sobre os Mestres da Argumentação, na Antiga Grécia, os chamados “Sofistas”!




Em postagens anteriores, falamos que a filosofia se desenvolveu na Grécia, resultante das reflexões de mercadores que, ao entrar em contato com outras culturas, começaram a questionar sobre os mitos que tratavam do surgimento do mundo e do homem.

Buscando uma razão universal que explicasse o mundo sem que se tivesse que recorrer ao mítico, ao religioso e ao sobrenatural, os gregos criaram a filosofia, que serviria de base para a ciência natural que conhecemos hoje.

Socialmente, o crescimento do comércio acabou levando a sociedade grega a desenvolver outro conceito muito importante e difundido em nossos dias: A Democracia!

Entre os séculos VI e IV A.C. as Cidades-Estados gregas vão abandonando a estrutura política baseada na oligarquia, na autoridade militarizada e poder religioso e passam gradualmente a adotar um modelo democrático de política.

A força, a guerra, a imposição, o direito divino e o privilégio de classe dão lugar ao debate, à argumentação, ao discurso, à busca pela razão, etc. Surgem assim as assembleias, onde os debates políticos e cívicos se darão, dali em diante.

A origem dessas assembleias é creditada à Assembleia dos Guerreiros. Segundo alguns estudiosos, os guerreiros dessas Cidades-Estados gregas, após saírem vitoriosos em um combate, se reuniam em assembleia e debatiam sobre quem levaria os espólios da guerra. Nesse debate, todos tinham iguais direitos e ganhava o direito às melhores escolhas aquelas que convenciam os demais.
Com o tempo, a democracia dos guerreiros se estendeu pelo mundo grego e se tornou comum a diversas cidades.

Diante desse cenário, o conhecimento da língua e do discurso, assim como o poder de convencimento do outro tornou-se habilidade fundamental para o sucesso na sociedade grega.
E foi aí que nasceram os Sofistas. Eles são mestres da retórica e da oratória.

Eles nunca formaram uma escola ou tiveram uma doutrina homogênea. Os elementos que os une são a sua prática que é a busca pelo debate, pelo discurso, assim como a noção de que a verdade absoluta não existe ou, caso exista, não é possível ao ser-humano alcança-la ou compreendê-la por completo. Além disso, a problemática ético-política era predominante, nas elucubrações sofistas.

Outra característica desse grupo é que foram oradores conceituados e costumavam a viajar pelas cidades da antiga Grécia para ensinar suas doutrinas e conhecimentos, sendo, geralmente, muito bem remunerados, por isso.

Não restou muito do que escreveram esses filósofos e o que chegou até nós, em geral são fragmentos e citações de outros autores. A maioria desses relatos são encontrados nos diálogos do Platão, nos quais o famoso filósofo grego coloca frente a frente em debate um sofista contra seu mestre Sócrates.
Dentre os mais importantes sofistas podemos citar:

Protágoras de Abdera: Segundo Platão, é de Protágoras a célebre frase “O homem é a medida de todas as coisas”! Aqui, deixa transparecer as ideias essenciais comum aos sofistas, o humanismo e o relativismo.

Protágoras usa como técnica argumentativa a antilógica, na qual ele aborda o pró e o contra de cada argumentação. Com isso, ele busca se antecipar ao argumento contrário que encontraria em um debate de ideias.

Górgias de Leontinos -  Defende que o conhecimento humano estável e definitivo é impossível. Segundo Górgias, não podemos conhecer a natureza das coisas. Então nos resta o discurso. Não por acaso, era considerado um dos maiores oradores e principais mestres da retórica, em sua época.

Pródico de Ceos - Se tornou mais famoso porque teria sido mestre de Sócrates. Ao contrário de Protágoras que focava na retórica e no estilo , Pródico ensinava predominantemente a ética a seus pupilos. Seu interesse principal era buscar a precisão no uso das palavras, elemento muito bem aprendido por Sócrates.

Hípias, Trasímaco e Licofron foram outros nomes importantes desse movimento.
Apesar de ter adquirido uma conotação pejorativa, inclusive o termo sofisma, hoje remete a uma inverdade de origem meramente vocabular, os sofistas foram muito importantes no desenvolvimento da filosofia grega.

Assim como forma fundamentais para a linguística e a correção vocabular e gramatical da língua grega.
Seus principais opositores foram os famosos filósofos da antiguidade clássica. Sócrates, adversário deles nos clássicos diálogos, Platão autor de vários diálogo em que confrontava as ideias dos sofistas à de Sócrates e Aristóteles. Isócrates e Aristófanes também antagonizaram, com os mestres da retórica.

É claro que não foi dito tudo, mas acreditamos que tenhamos ajudado a entender um pouco desses autores tão importante, mas também tão subestimados.



No próxima semana, falaremos Sócrates, um divisor de águas na história do pensamento crítico ocidental.

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sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Os Filósofos Pré-Socráticos


 

Olá! Seja bem-vindo ao Semanário do Pensamento! Nesta semana, estaremos falando um pouco sobre os Filósofos que vieram antes de Sócrates, os chamados “Pré-Socráticos”!



Muitos foram os filósofos gregos que tiveram alguma participação com maior ou menor importância par ao desenvolvimento do pensamento crítico. 

Sócrates foi um filósofo tão importante para a filosofia grega e para todo o pensamento científico ocidental, que se tornou um divisor de águas no estudo da história da filosofia. Ele foi o primeiro dos filósofos gregos a se interessar pelas questões cotidianas, humanas, políticas e sociais.

As questões metafísicas e que tratavam da criação do mundo cederam boa parte do seu espaço para as questões cívicas e sociais. Sócrates foi chamado de o filósofo da virtude, pois defendia que o ser humano deveria buscá-la como finalidade de sua existência. 

Dessa forma acabou influenciando várias áreas do conhecimento, como a política, a psicologia, a comunicação e principalmente o estudo da ética. Foi com Sócrates que a discussão sobre a ética e a problemática humana foram inseridas na filosofia.

No entanto, muitos filósofos gregos se debruçaram sobre questões essenciais acerca da física e da natureza, antes do aparecimento de Sócrates. Esses filósofos passaram a ser conhecidos como "Filósofos Pré-Socráticos". 

Além de terem surgido antes de Sócrates, este filósofos tinha outras características em comum, além de habitarem a região leste das margens do Mar Mediterrâneo. As principais questões abordadas por eles se referem à natureza, à criação do mundo, da realidade e similares.

Existe uma grande dificuldade para estudarmos esses pensadores, pois temos acesso a pouquíssimas obras dos filósofos Pré-Socráticos. A maior parte do que sabemos sobre eles vem de referências indiretas de filósofos posteriores, como Platão e Aristóteles. O próprio Sócrates não deixou obra escrita e, o que se sabe sobre ele foi retirado a obra de seus discípulos, com Platão, principalmente. Mas da maioria, só sobrou fragmentos e referências.

O primeiro conjunto de filósofos é conhecido como Escola Jônica e reúne os pensadores oriundos de cidades banhadas pelo Mar Jônico, cuja característica comum entre eles era o interesse pelas questões naturais.

Tales foi considerado por Aristóteles como o primeiro filósofo. Junto de seus discípulos Anaximandro e Anaxímenes Tales formou a Escola de Mileto (Milésia). Xenófanes de Colofon e Heráclito de Éfeso são outros nomes importantes desse grupo.

O conceito fundamental inserido por Tales é do elemento primordial. Segundo ele, todas as coisas teriam surgido de um elemento originário. Para este filósofo, o elemento que geraria todos os demais era a água. Para ele, todas as coisas vivas ou inanimadas estariam cheias de vida e as mudanças só eram possíveis em virtude da rarefação e da condensação. 

Estimulado por Tales a buscar outras explicações Anaximandro, considerado o segundo filósofo afirmou que o início de tudo seria uma substância infinita, a qual chamou de "apeiron". Já Anaxímenes elegeu o ar, como elemento primordial, em virtude de suas observações acerca da condensação do ar, que o tornava visível, como em um nevoeiro.

O segundo grupo é chamado comumente de Escola Italiana e é capitaneada por ninguém menos do que Pitágoras. Sua escola foi chamada de Pitagórica e muitas lendas e mistérios são associadas a ela. 

Mais famoso na matemática do que na filosofia, Pitágoras era originário de Samos, na Jônia, mas migrou para a Itália, após a invasão Persa, na sua região de origem. O filóloso fundou sua escola em Crotona. Sua linha de pensamento adiciona um pouco mais do quesito mítico-religioso, sendo sua filosofia mais próxima de uma religião ou seita iniciática.

Além das questões físicas, Pitágoras abordava questões metafísicas, como a imortalidade e a transmigração da alma. Sua influência perdurou e superou seu tempo, tendo inclusive influenciado toda uma geração de filósofos chamados de Neo-pitagóricos.

Os procedimentos da escola envolviam um voto de silêncio e muitos estudiosos consideram que alguns procedimentos adotados nela influenciaram religiões ocidentais e sociedades secretas atuais. 

Segundo Pitágoras, era o Número o Elemento Primordial e sua filosofia foi determinante para a evolução da matemática e geometria grega, inclusive influenciando o desenvolvimento da harmonia musical.

Sua doutrina reflete-se na concepção do TETRACTYS, o “Grupo dos Quatro”, que consiste nos quatro primeiros algarismos que, somam dez e podem ser dispostos na forma triangular, formando um triângulo de dez pontos equidistantes, simbolizando uma relação perfeita.

As escolas Jônica e Italiana formam a primeira fase dos filósofos Pré-Socráticos. A segunda fase agrupa as escolas Atomista, Monista e Mobilista.

A Escola Atomista

A doutrina atomista afirma que a realidade é composta por átomos, em contraposição com o vazio, que seria a ausência de átomos. Os átomos são as partículas mínimas da existência, sendo imperceptíveis, aos humanos e existindo em número infinito.

O átomo, dessa forma é entendido como o Elemento Primordial. Os fenômenos naturais consistiriam em resultado dos movimentos dos átomos que se atraem e se repelem, de acordo com suas formas geométricas.

Apesar de sabermos hoje que os átomos são divisíveis, a teoria de Demócrito foi tão importante e avançada, que influenciou a ciência até a contemporaneidade. O átomo só foi descoberto e comprovado cientificamente no início do Século XX, mais de dois e trezentos anos após a proposição de Demócrito.

Demócrito de Abdera foi o mais influente filósofo dessa escola, embora a fundação desta linha de pensamento seja remetida a Leucipo, seu mestre. Pouco material sobrou de ambos os autores e, sua doutrina acabou ficando marcada na história por posteriores formulações de outros filósofos, sobretudo de Epicuro, no período helenista.

Heráclito e o Mobilismo

Heráclito é um dos pré-socráticos de quem mais fragmentos se mantiveram acessíveis, ao longo do tempo. Na Antiguidade, ele era conhecido como “O Obscuro”, por causa da complexidade do seu pensamento.  O fogo era visto por ele como o Elemento Primordial

Assim como os atomistas, Heráclito considerava o movimento como uma constante no mundo físico. Afirmava que a realidade é marcada pelo conflito. Via a unidade como a equivalência de opostos.  Considerava que a realidade está em constante transformação e ficou famoso seu fragmento no qual diz:

“Não podemos banhar-nos duas vezes no mesmo rio, porque o rio não é mais o mesmo”!

Parmênides e o Monismo

Em contraposição a Heráclito e o mobilismo, Parmênides e os eleatas afirmam o contrário. Para esses filósofos, a realidade é única, pura e imutável e deve ser distinguida da aparência.  Para ele, o movimento é um aspecto superficial, meramente uma aparência.

É através do pensamento que devemos buscar a essência da realidade, sobre qualquer aparência acidental. Em Poema, o mais extenso dos pré-socráticos que chegou a nós, Parmênides afirma que “o ser é, o não-ser não é” e busca eliminar o movimento do conceito de realidade pura, caracterizando-a como imutável.



Melisso de Samos, Zenão de Eléia, Tales de Miletos e Epimênides foram alguns dos pré-socráticos monistas mais importantes da filosofia grega antiga.

O debate entre Monistas e Mobilistas é considerado por muitos estudiosos como a primeira grande celeuma da filosofia. Vamos abordar o tema em postagens mais a frente, quando tratarmos das grandes celeumas da história do pensamento.

Na próxima semana, falaremos sobre os sofistas, os mestres do discurso.

Obrigado! SE MANTENHA PENSANTE! Valeu!