sábado, 23 de janeiro de 2021

Liberdade!

 

Olá! Seja bem-vindo ao Semanário do Pensamento. Nesta semana, estaremos falando um pouco sobre a liberdade, segundo as principais correntes filosóficas que abordam o tema.




Nos tempos atuais o debate sobre a liberdade individual ganhou notoriedade, seja nas redes sociais, nos programas televisivos ou mesmo nas conversas do nosso dia a dia. Mas será que a noção de liberdade abraça os mesmos conceitos nas diferentes visões sobre o assunto.

Decerto que ao avaliarmos algumas visões de juristas, filósofos e sociólogos ao longo da história, vemos posições até opostas sobre o conceito.

Uma máxima popular muito difundida é aquela que diz que a liberdade de um termina quando começa a do outro. Esse entendimento está em desuso na prática do cotidiano. O que vemos é cada vez mais os indivíduos defenderem a sua suposta liberdade e a submissão da liberdade do outro. Principalmente se o outro for de alguma forma mais fraco, seja fisicamente, financeiramente, ou ainda que seja um veículo menor, trafegando na mesma rodovia. Aí dele, se for pedestre...

Entre grandes filósofos da antiguidade, o termo já despertava celeumas e interpretações bem diferente.

Sócrates acreditava que a liberdade consistiria na capacidade do homem de dominar a si mesmo, seus sentimentos e seus pensamentos. Esta dimensão do pensamento socrático é bem definida pela sua clássica frase: “Conhece-te a ti mesmo”. A própria profissão de pensar, o ser pensador era um exercício para homens livres. E Sócrates defendeu esta sua liberdade até o fim, quando preferiu sofrer a execução à qual fora condenado, do que renegar a seus pensamentos.

Já Platão considerava que a liberdade era a possibilidade de o ser humano, enquanto racional decidir se viveria dentro da moral ou não. O que acaba sendo parecido com a definição de seu discípulo mais importante, Aristóteles. Este afirmara que a liberdade seria para o homem a capacidade de escolher entre agir ou se omitir. Para ele, a Liberdade seria a possibilidade de se decidir entre diversas possibilidades, sendo esta decisão um ato voluntário, ou seja, proporcionado pela vontade do indivíduo.

Por fim, Epicuro atesta que a liberdade garante ao homem a capacidade de buscar objetivos e metas e desviar-se das fatalidades do mundo. Assim, o homem assume a postura de agente e não apenas de um ser passivo sobre o qual recaem as vicissitudes naturais do mundo.

Já no medievalismo europeu a Igreja Católica estabelecera um conceito próprio, segundo o qual seria livre o homem para seguir a Palavra de Deus. Para Santo Agostinho, seria a definição de livre-arbítrio, uma dádiva divina que permitiria ao homem escolher entre o bem e o mal.

Após o fim da Idade Média e com influência do Renascimento, o pioneiro das ciências políticas na Europa, Nicolau Maquiavel concebeu a definição de que a liberdade somente poderia ser alcançada por meio de um equilíbrio entre forças conflitantes. Dessa forma propunha que os conflitos não fossem anulados, mas regulados e racionalizados por meios de instituições. Assim, Maquiavel defendeu o sistema republicano, para substituir a monarquia, vigente na maioria dos países do Velho Continente, até então.

Baruch Spinoza considerava o conceito como um elemento na identificação do ser. Assim, ser livre seria a possibilidade de agir conforme a própria natureza constituinte do indivíduo.

Já os liberais começaram a discutir o conceito em relação à política, ao Estado e à economia. Para Locke, o Estado era necessário para criar leis que regulem o direito naturais dos indivíduos. Entre eles citava o direito à propriedade. Chegou a afirmar que “onde não há lei, não há liberdade”!

Jean Jacques Rousseau afirmou, porém, que a liberdade não existe sem igualdade e que a democracia só se faz com a livre circulação de ideias. Ele dizia que o homem nasce livre e bom. Assim como a criação das leis seria um ato de liberdade e o povo é responsável por elas, através do contrato social, da mesma forma que é livre quem faz a lei, o é também o que as obedece.

Enquanto isso, Kant definia a liberdade como a autonomia para cumprir seus deveres, de acordo com as leis.

Para Arthur Schopenhauer o ser não é livre, em si. Todo o agir humano é uma objetivação da “coisa-em-si” kantiana, identificada por Schopenhauer como puramente vontade.

Karl Marx criticou a sociedade e as relações econômicas do seu tempo, ao ponto que afirmara que a liberdade só aparece a partir do momento em que são satisfeitas as necessidades. Assim o conceito se manifestaria a partir da capacidade de alteração da realidade coletiva, à qual estariam os indivíduos submetidos.

Contemporâneo e rival de Marx, no movimento operário do século XIX, Mikhail Bakunin se baseava no conceito prático da realidade simétrica dos ‘outros’. Acreditava ser livre o ser humano que pudesse se desenvolver em sua plena capacidade, por meio da educação e do treinamento científico e pela prosperidade material. Sendo assim, a liberdade é um conceito social e só poderia se desenvolver em sociedade.

Já Friedrich Nietzsche considerava que o homem, para ser livre, deveria superar a si mesmo. Desta forma, o livre deve praticar o desapego e buscar o que o filósofo alemão considerava superior ao raciocínio: as sensações, especialmente o prazer.

Jean Paul Sartre cunhou a frase: “estamos condenados a ser livres”. Sartre foi um dos principais filósofos existencialistas de nosso tempo. Para ele o homem é livre antes de mais nada, inclusive para ser livre.

Enfim, cada escola, cada tempo pode ter uma ideia própria acerca do tema estudado. Mas em comum existe o apreço pela liberdade. Em sociedade é preciso que saibamos respeitar a liberdade do outro.

Temos a certeza de que não esgotamos o assunto e não abordamos todos as definições importantes. Mas certamente levantamos uma questão crucial para os dias atuais.

Para encerrar, deixamos aqui a pergunta:

Sua liberdade de ir e vir é maior do que a do outro de viver?



Na próxima semana, falaremos um pouco sobre a FELICIDADE!!!

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sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Três Grandes Questões da Humanidade: O Sentido da Existência Humana!

 

Olá! Seja bem-vindo ao Semanário do Pensamento. Nesta semana, estaremos falando um pouco sobre o sentido da existência humana, segundo as principais correntes filosóficas que abordam o tema.


De onde viemos? Para onde vamos? Por que existimos?



Essas são algumas das questões que há séculos vêm sendo debatidas pelos maiores pensadores, intelectuais, cientistas e religiosos da história. Até hoje não chegamos a nenhuma conclusão.

O sentido da existência humana desperta tanto fascínio entre seus pesquisadores e entusiastas, quanto uma certa dose de desespero e vazio, naqueles que não acreditam que seja possível encontra-lo.

Questões existenciais foram introduzidas à filosofia ocidental, a medida em que o relacionamento social e político começou a ser tema de debate com mais destaque do que as questões naturais.

Um dos primeiros filósofos, entre os mais famosos a introduzir a temática existencialista foi Sócrates. Em sua linha de pensamento, o filósofo grego abordava o sentido da vida, da existência humana, o qual identificou como sendo a busca pela virtude.

Essa noção seria seguida por filósofos gregos de grande importância, inclusive pelos Cínicos, como Diógenes de Sinope, seguidor de Antístenes.

Os Epicuristas acreditavam que o ser humano deveria perseguir o prazer, representado como uma forma de virtude, na qual o homem se afasta das preocupações e dos medos e de forma equidistante dos excessos.

Já os Estoicos criam que a harmonia com a natureza seria o sentido da vida humana e neste conceito estaria a maior virtude.

Durante o período Medieval, o cristianismo prevaleceu sobre toda a Europa, seja pelo Catolicismo Romano, no Ocidente, seja pelo Catolicismo Ortodoxo, na metade oriental. Assim, pela fé cristã o ser humano existe para louvar a Deus e para servi-Lo em sua plenitude. Esta vida seria apenas uma preparação e uma espécie de “seleção” para que o ser humano chegue ao estado pleno e possa encontrar com Deus.

Com o fim da Idade Média e a influencio do Renascimento e da Reforma Protestante levaram os pensadores e filósofos ocidentais a focar em questões éticas, sociais e políticas. Porém René Descartes adentrou a questão existencial, abordando a própria noção de existência.

Embora não tenha se dedicado tanto à questão do sentido da existência sua obra foi fundamental para este debate, pelo menos no sentido em que busca uma confirmação racional para o próprio conceito do qual tratamos.

Para Descartes, se não podemos provar a nossa existência, pelo menos provamos que o pensamento existe. Esta conclusão é dada pelo argumento do “Cogito”, segundo a qual o filósofo afirma: “Penso, logo existo”!

Através desta lógica, Descartes entende que, mesmo que nada mais seja real, o pensamento existe, assim como o ser que pensa.

Após a revolução industrial e a consolidação do capitalismo e do materialismo sobre a sociedade, não só ocidental, mas de todo o mundo, questões existenciais mais profundas passaram a ser tema de elucubrações filosóficas. A temática extrapolou os limites da filosofia e se tornou assunto para as artes, o cinema, a literatura, a política, etc.

Durante o século XIX surge uma nova tendência na filosofia chamada de Existencialismo. Embora congregue autores e pensadores com características diversas e mesmo com pensamentos antagônicos, tornou-se habitual esta classificação para filósofos, escritores e roteiristas que levantassem questões e abordassem temas acerca da existência humana.

Inseridos em um mundo de constantes transformações onde as crenças tradicionais eram dia a pós dias desacreditadas por novas descobertas científicas e novas visões os existencialistas surgem em uma realidade banhada pela incerteza, onde a confusão e a desorientação se tornam mais comuns entre as pessoas normais, diante de um mundo aparentemente absurdo e sem sentido.

Essas sensações são em muito resultado tanto dos conflitos sociais de grandes proporções que se seguem após a Revolução Industrial, assim como uma maior interação entre diversas culturas, possibilitadas pelo avanço tecnológico, assim como a troca de informações, cada vez mais rápida.

Como recebemos uma informação negativa com um impacto duas vezes e meia maior do que a positiva, o pessimismo tomou conta da sociedade naturalmente.


Soren Kierkegaard é considerado o pai do existencialismo contemporâneo, iniciado no Século XIX. Oriundo de uma abastada família dinamarquesa, Kierkegaard nasceu em Copenhague, em 1813. Protestante radical, dedicou-se a escrever livros críticos quanto à religião. Para ele, só existimos por acreditar em algo e relaciona a fé com a identidade do indivíduo.

Friedrich Nietzsche foi também um filósofo muito influente, no tocante à temática existencial. Foi ferrenho crítico da Igreja Católica e defendia o louvor à vida. Para o filósofo alemão, provar a existência de um deus criador não era importante, até porque não seria possível para o homem. Chegou a afirmar “Deus está morto” e que toda a verdade é relativa.

Assim, Nietzsche seria o oposto de Descartes, uma vez que reduziria a existência ao nada, ao “Niilismo”! Não haveria, para ele qualquer sentido na existência. Então nada mais nos resta se não aproveitar a vida e chegar a vitória.

Martin Heidegger, que estudou a hermenêutica da filosofia e dos textos sagrados, também exerceu grande influência sobre o existencialismo contemporâneo, assim como Edmund Husserl, fundador da Fenomenologia, uma linha de pensamento que busca estudar filosoficamente os fenômenos em relação aos sentidos.

Jean Paul Sartre e Karl Jaspers foram outros filósofos importantes que se dedicaram ao tema.

Franz Kafka, Fiódor Dostoyevsky, Albert Camus e até Fernando Pessoa são alguns dos escritores que se enveredaram pelos caminhos da reflexão existencialista.

No cinema, nomes famosos como Jean Luc Godard, Akira Kurosawa e Ingmar Bergman tiveram muita repercussão, ao longo do século XX.

Para esses autores, a vida, o mundo são pautados pelo absurdo e não existiria de fato um sentido para a existência humana. Dessa forma, o significado da vida seria o que damos a ela.

Assim demos uma passada geral sobre o que os principais filósofos e escritores ocidentais sobre o sentido da existência humana.

No próximo vídeo, falaremos um pouco sobre a LIBERDADE!!!

Se não se inscreveu, se inscreva lá que vai chegar a informação quando o novo vídeo estiver disponível. Dá uma curtida no canal e aguarde as novidades.



Obrigado por nos assistir! SE MANTENHA PENSANTE! Valeu!

 

sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Nova Série em 2021

Olá! Seja bem vindo ao Semanário do Pensamento!

2021 começou sem grandes novidades e a nossa maior expectativa é a resolução do problema da pandemia. 

Enquanto sobrevivemos, vamos pensando, refletindo, buscando respostas para questões fundamentais! 

Separamos três questões sobre as quais abordaremos em nossas postagens neste primeiro mês do ano novo. Vamos comparar afirmações de alguns dos principais pensadores da história da filosofia.



As questões abordadas serão:

1 - O Sentido da Existência Humana

2 - A Liberdade

3 - A Felicidade e a Virtude

A partir do dia 15 de janeiro, falaremos sobre estas questões no nosso blog e no nosso canal do youtube: 



Obrigado! Se Mantenha Pensante! 




quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Retrospectiva da Filosofia Grega Antiga

SEMANÁRIO DO PENSAMENTO

Retrospectiva da Filosofia Grega Antiga

Olá! Seja bem-vindo ao Semanário do Pensamento. Nesta semana, estaremos fazendo uma Retrospectiva da Filosofia Grega Antiga.






Chegamos ao vigésimo e último vídeo da série sobre a Filosofia Grega Antiga. Agora vamos lembrar da sequência cronológica dos principais pensadores da antiguidade Grega.

1 – O surgimento do pensamento crítico:

Por volta do século VI a.C., mercadores do Mediterrâneo oriundos de Mileto começam a usar o pensamento crítico e racional para explicar o mundo e abandonam gradativamente o pensamento mítico e os dogmas religiosos.

Segundo Aristóteles, o iniciador desse movimento teria sido Tales de Mileto, considerado o primeiro filósofo da Grécia. Ele fora também um dos sete sábios da Grécia antiga, junto com Bias de Priena, Pítaco de Mitilene, Sólon de Atenas, Cleóbulos de Lindos, Periandro de Corinto e Quílon de Lacedemonia

2 – Os Filósofos Pré-Socráticos:



A iniciativa de Tales gera uma onda de reflexões críticas posteriores. Muitos pensadores vão surgindo, aderindo ao pensamento crítico e abandonando as explicações míticas. Os primeiros filósofos buscavam uma explicação para o mundo natural e a realidade sensível.

Era comum que partissem do princípio do elemento primordial, um elemento que teria sido a base para o surgimento de todas as coisas existentes no Universo.

A partir de então surgem diferentes escolas com diferentes explicações e diferentes elementos primordiais, como:

A escola Jônica, fundada por Tales que se caracteriza pelo interesse pela natureza. Fizeram parte dessa linhagem Xenófanes de Colofon e Heráclito de Éfeso.

A escola Italiana, dividida entre a Escola Pitagórica, de Pitágoras e a Escola Eleática, de Parmênides e Zenão.

A segunda fase dos pré-socráticos nos apresentou Anaxágoras, Empédocles e a Escola Atomista, de Leucipo e Demócrito, ambos de Abdera.

O período pré-socrático foi marcado tanto pelo atomismo, quanto pelo embate entre o Monismo, capitaneado por Parmênides que dizia que tudo era imutável e o Mobilismo, defendido por Heráclito que defendia a continuidade do movimento e que tudo era mutável e constantemente se modificava.

3 – Os Sofistas:

Com a passagem da oligarquia para a democracia surgiu e se popularizou uma corrente de pensamento que, não se caracterizava enquanto uma escola, mas que teve vários representantes: Os Sofistas.

Estes eram mestres da retórica e usavam seus conhecimentos da língua e suas habilidades discursivas para adquirir muito poder e riqueza, numa sociedade em que o debate e o discurso eram importantíssimos.

Eles não acreditavam na verdade, ou que a verdade não era alcançável ao ser humano.

4 – Sócrates:

Pelas suas crenças e condutas, os Sofistas encontraram um ferrenho adversário: Sócrates. No Século V a.C., o filosofo ateniense enveredou vários embates marcantes contra seus adversários. Alguns deles forma imortalizados por seus discípulos Platão e Xenofonte, que escreveram seus diálogos.

Sócrates defendia a virtude e a ética e acabou condenado pela elite ateniense e pelos sofistas por “corromper” a juventude e por negar os deuses reconhecidos pelo Estado ateniense.

5 – Platão:

Extremamente contrariado com a condenação de seu mestre, Platão iniciou a escrever seus diálogos logo após a execução de Sócrates, que se deu em 399 a.C. Platão se tornou um dos maiores e mais influentes pensadores de todos os tempos.

Além de aluno de Sócrates, seguiu também a Escola Pitagórica e foi mestre de Aristóteles.

Suas ideias mais conhecidas são sobre o inatismo e o mundo das ideias e sobre uma sociedade ideal e utópica descrita em “A República”, seu livro mais famoso.

Começou retratando os diálogos socráticos com fidedignidade e depois passou a usar Sócrates como personagem que vociferava as ideias do próprio Platão.

Fundou a Academia e foi influente para o pensamento monástico medieval e é referência até os dias atuais.

6 – Aristóteles:

Discípulo de Platão e conselheiro de Alexandre, o Grande, Aristóteles foi um dos filósofos mais atuante e influentes da história. Escreveu sobre muitos assuntos, do quais se destacaram a Política e a Metafísica.

Defendia que o conhecimento surgia da experiência empírica, baseada na observação dos objetos e da natureza para a concepção das ideias.

Fundou o Liceu, escola que teve muitos adeptos na Grécia antiga.

7 – O Período Helenista



Quando Alexandre o Grande marchou pelo Mediterrâneo tornou grande o Império helênico, o mundo grego se ampliou. Em consequência várias escolas acabam surgindo ou crescendo em um período relativamente curto.

Além dos seguidores de Platão e Aristóteles, os Pitagóricos também ganharam relevância, nesse período, com sua Geometria Sagrada e, assim ajudaram a desenvolver a engenharia.

Já os Estoicos dividiam a filosofia em Física, Lógica e Ética. Defendem que para atingir a plenitude da felicidade, é preciso se afastar das paixões terrenas, das contrariedades e do desassossego.

Através da prática da apatia, da ataraxia, uma postura impassível, do indivíduo que nada espera e nada teme, acreditavam que se chegaria à virtude plena.

Além deles, os Epicuristas também buscavam a plena felicidade, unindo os dois estados: aponia e ataraxia.



Epicuro afirmava que para ser feliz, o ser-humano precisa buscar o equilíbrio entre os medos e prazeres, de forma que o estágio de tranquilidade e felicidade seja contínuo e duradouro.

E Enquanto os Céticos continuavam a buscar a verdade, se mantendo afastados de todos os dogmas de forma equipolente, os Cínicos não estavam nem aí e se mantinham independentes e desapegados de bens materiais

Bem, esses foram os principais pontos da Filosofia Grega Antiga, que pudemos apresentar. Por hora daremos uma pausa em novos vídeos. Em 2021, voltaremos com novos temas.




Esperamos ter ajudado, entretido e divertido a todos que viram nossos vídeos este ano.

Certamente não cercamos todos os detalhes e todos os grandes nomes, mas certamente abordamos boa parte das principais ideias dos principais filósofos da Grécia Antiga.

Feliz Natal e um próspero 2021.



Obrigado por nos assistir! SE MANTENHA PENSANTE! Valeu! 

sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

As Grandes Celeumas da Filosofia Antiga



As Grandes Celeumas da Filosofia Antiga

Olá! Seja bem-vindo ao Semanário do Pensamento. Nesta semana, estaremos falando um pouco sobre – As Grandes Celeumas da Filosofia Antiga.


Na semana passada dissemos que falaríamos das grandes celeumas da filosofia da Grécia Antiga.





Do ponto de vista jurídico, “uma celeuma é uma algazarra que se forma quando existe uma discórdia, uma dissonância de opiniões, quando as ideias ou os pontos de vista são contrários, quando algum conceito ou modo de ver se contradizem”, segundo o site significados.com.br.

O termo também é usado para se referir ao canto com o qual barqueiros e marinheiros ritmavam seu trabalho.

Vamos adotar aqui o significado jurídico.

A filosofia surgiu quando marinheiros fenícios e gregos abandonaram os dogmas religiosos e buscaram a razão e o pensamento crítico para explicar a natureza e o mundo. Ao fazer isso, passaram a abolir os dogmas e doutrinas de forma mais profunda.

Inclusive, acredita-se que Tales de Mileto estimulava seus discípulos a discordarem de suas ideias e a buscar outras explicações diferentes da sua. A perspectiva de que ninguém era dono da verdade se radicalizaria, a partir de então.

E se hoje liberais e socialistas se engalfinham em redes sociais e programas de televisão sobre os melhores caminhos para a economia dos países, na antiguidade questões mais profundas e mais intelectualizadas foram motivos de embates acalorados e geraram rivalidades entre algumas escolas de pensamento.

A primeira grande dicotomia da antiguidade grega provavelmente foi a disputa entre Mobilismo e Monismo.

O mobilismo fora defendido pelo filósofo Heráclito de Éfeso. Seguindo a linha de Tales e buscando o elemento primordial que teria gerado todo o Universo, Heráclito elegeu o fogo, para este fim.

O elemento foi muito apropriado para a sua explicação da natureza. Para o filósofo de Éfeso, o movimento era o que caracterizava toda a natureza. Tudo muda o tempo todo e nada fica estático. Para Heráclito, não há unidade natural, no mundo, mas um conflito perpétuo.

Sua frase mais famosa é aquela na qual afirma: “Não podemos banhar-nos duas vezes no mesmo rio, porque o rio não é mais o mesmo”!

Em contrapartida, Parmênides de Eleia, continuando as teorias de Xenofante, seu professor, que dizia que a unidade sustentaria toda a criação. Ao contrário de seus antecessores, Parmênides não defendia um conceito de Arché, mas que todo o universo era mantido por uma unidade lógica. Sua motivação inicial teria sido exatamente contestar a filosofia de Heráclito.

Na sua concepção o elemento que gerara o universo era o “Ser”. Tudo o que existia possui o “Ser” em seu interior. Tudo o que existe é dotado de essência e existe de forma infinita de maneira imóvel. Todo o erro e a mentira são ilusões causadas pelos sentidos.

Sua Frase mais famosa é o fragmento: “o Ser é! O Não-Ser não é”!

A segunda grande celeuma seria o embate entre Sócrates e os Sofistas. A maioria das passagens de Sócrates que chegaram até nós são escritos de seu pupilo Platão. Então podemos dizer que a Celeuma se trada dos Sofistas x Sócrates/Platão, uma vez que o aluno usa a figura do mestre muitas vezes para expressar suas próprias ideias e o faz em contradição aos Sofistas. A contradição teria seguido até Aristóteles, discípulo de Platão.

Os sofistas não eram uma escola ou tinham uma linha de pensamento. Trata-se de uma classificação geral que é empregada a pensadores e juristas da Grécia, por volta dos séculos V e IV a.C.

Eram mestres do discurso e usavam seus conhecimentos da linguagem e das palavras para convencer as pessoas contra seus adversários e levar vantagem na incipiente democracia ateniense.

No geral, criam que a verdade não existia, ou que, caso existisse, nós não seríamos capazes de compreendê-la e assimilá-la. Portanto, agiam de maneira que a ética se dobrasse aos interesses do discursante. Usavam seus conhecimentos para adquirir grandes fortunas.

Já Sócrates e seus sucessores defendiam exatamente o contrário. Os socráticos acreditavam que a verdade existia, embora estivessem abertos à outras interpretações diferentes das suas.

Defendiam também que a ética e a virtude deveriam balizar as atitudes do homem, especialmente em sociedade. Ao contrário dos sofistas, Sócrates defendia o desapego material.

Sócrates acreditava que o conhecimento da verdade estaria dentro de cada indivíduo. Por isso usava seu método conhecido como “Maiêutica”, ou “o parto de ideias”, para fazer com que o seu interlocutor chegasse ao conhecimento verdadeiro, que estava dentro de si.

E essa questão levou ao terceiro grande embate da filosofia antiga, que confrontava exatamente os seguidores de Platão e de Aristóteles.

Platão defendia o inatismo, ou seja, o ser humano nasce com princípios racionais e com as ideias em nossa mente. Estas ideias viriam de um mundo perfeito, o qual chama de “mundo das ideias”, no qual existiríamos antes de nascermos.

Ao chegarmos no que chamou de “mundo sensível”, ou seja, o nosso mundo real compartilhado por todos, precisamos “relembrar” as ideias perfeitas, ainda que a tenhamos de forma imperfeita, aqui.  

Já Aristóteles defendia que todo o conhecimento humano advém da experiência e da observação racional, que é chamada de empirismo. É a partir da observação dos objetos que são criadas as ideias, uma vez que o mundo sensível era, para o filósofo o único mundo existente.

Durante o período helenista, muitas escolas de pensamento coexistiram e suscitaram debates importantes. Algumas, como o Epicurismo e o Platonismo se tornaram bases para antagonistas de períodos posteriores, como durante o apogeu do Império Romano e na Idade Média.

Da mesma fora o Epicurismo foi resgatado para suplantar o aristotelismo do final do período Medieval.

Mas grandes celeumas intensos e inovadores no interior da filosofia só voltariam a gerar grandes debates, no Ocidente, após o Renascimento, quando grandes pensadores como Descartes, Maquiavel, Kant e grandes iluministas e contratualista puderam publicar suas obras sem o terror da teocracia da Europa Medieval.

Na próxima Semana, faremos uma retrospectiva da Filosofia Grega Antiga.


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sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

Quais foram os 7 Sábios da Grécia

 

Olá! Seja bem-vindo ao Semanário do Pensamento. Nesta semana, estaremos falando um pouco sobre os 7 Sábios da Grécia Antiga.



Historiadores, antropólogos, filósofos, pensadores e pesquisadores em geral consideram que o pensamento crítico ocidental, que pavimentou o terreno para o desenvolvimento da ciência contemporânea surgiu na Grécia, por volta do século VI ou VII a.C.

Nessa época, os jônios foram os primeiros, ao menos documentadamente a relativizar as explicações religiosas do mundo em que viviam e começaram a buscar explicações do mundo na própria natureza.

A partir deste grupo, liderado por Tales de Mileto, a filosofia ocidental passou a se desenvolver sem a intervenção do dogmatismo religioso.

Mas a secularização do pensamento possibilitou o surgimento de outros sábios que não eram apenas pensadores, mas atuavam em diversas funções e forma igualmente importantes para o desenvolvimento das ciências e da política, a partir de então.

Alguns desses sábio foram tão marcantes, na sua sociedade que as frases ditas por eles se tornaram ditados populares na Grécia. A diferença é que os autores destes ditados são conhecidos.

Foram tão importantes que algumas de suas máximas foram gravadas no templo de Delfos.

Diógenes Laércio teria agrupado algumas lendas sobre o surgimento de como foram agrupados estes sete homens. Uma das mais importantes e divulgadas conta que pescadores de Mileto encontraram uma trípode de ouro.

Após consultarem o oráculo de Delfos, este indicou que a trípode deveria ser dada ao homem mais sábio da Grécia. Então a trípode passou pelos 7 e todos disseram que não eram dignos de recebe-la, até que Sólon, que teria sido o último, ofereceu-a a Apolo, que era o deus mais sábio do panteão grego.

Costuma-se a considerar que 7 foram os grandes sábios da Grécia Antiga. Entretanto, nem sempre os mesmos sete foram considerados os maiores. Cerca de 22 homens chegaram a ser citados como estando entre os 7.

Tales de Mileto, Bias de Pirene, Sólon de Atenas e Pítaco de Mitilene forma os únicos que sempre estiveram no posto. Mas hoje, a maioria dos historiadores concorda que Cleóbulos de Lindos, Periandro de Corinto e Quílon de Lacedemonia também integram o grupo.

Vamos conhecer melhor um por um dos sete principais.

Tales de Mileto – Considerado o primeiro filósofo da Grécia, também foi matemático e astrônomo. Tinha a água como elemento primordial. Foi ele que explicou o fenômeno do eclipse solar.

Suas principais máximas foram: Conhece-te a ti mesmo. -  A certeza é precursora da ruína. -  A ignorância é incômoda. - Espera receber de teus filhos, quando fores velho, o mesmo tratamento que dispensaste a teus pais. - Evita as palavras que possam ferir os amigos. Evita enriquecer por vias desonestas. - Evita os adornos exteriores e procura os interiores. - Perto ou longe, importa lembrar os amigos. - Quem promete, falta. - Se és chefe, começa por saber dominar-te.

Sólon de Atenas – Poeta e jurista grego, foi um dos maiores legisladores da história.

Suas frases mais famosas são: Aconselha o que for justo, não o que aches agradável - Evita a mentira, confessando a verdade - Evita o prazer, se ele for causa de remorso - Guia-te pela razão - Honra pai e mãe - Mede as tuas palavras pelo silêncio e o silêncio pelas circunstâncias - Nada em excesso - Nunca digas tudo o que sabes - Procura ser honesto, porque a honestidade é melhor do que uma palavra honrada - Respeita os amigos - Quando souberes obedecer, saberás chefiar - Se exiges a honestidade dos outros, começa por ser honesto - Toma a peito as coisas importantes.

Bias de Priena – Como filósofo pregava o desapego aos bens materiais. Quando o lugar onde residia foi invadido pelos persas e os seus moradores obrigados a pegar os seus pertences ou o que possuíam de mais valor e saírem da cidade, ele disse: “Tudo o que tenho carrego comigo”, numa alusão ao fato de que tudo o que possuía de valor era a sua sabedoria.

Seus ditos foram: A maioria dos homens é perversa - Adolescente, sê activo; velho, sê sábio - Aprende a saber ouvir - Fala sempre com propósito - Não sejas nem mau, nem tolo - O cargo revela o homem - Persuade pelo bem, e nunca pela força - Reflete nos teus atos. - Sê cuidadoso na realização de um projeto e, uma vez iniciado, prossegue sem desfalecimento. - Vê-te num espelho.

Pítaco de Mitilene – General grego originário de Mitilene. Depois de destronar o governador de Mitilene, foi o seu administrador por dez anos. Quando lhe trouxeram o assassino de seu filho para ser punido, deu-lhe a liberdade e disse: “O perdão é melhor do que o castigo”.

Foi dito por ele: A ambição é insaciável - Ama a educação, a temperança, a prudência, a verdade, a fidelidade, a experiência, a gentileza, a companhia dos outros, a exatidão, os cuidados domésticos, a arte e a piedade. - Dá-te ao respeito - Não faças o que não gostares que te façam - Não reveles projetos para, se falhares, não seres motivo de troça - Sabe aproveitar a oportunidade  - Sábio é quem sabe discernir o futuro; o passado é passado, mas o porvir é incerto.

Quílon ou Chilon de Esparta - Foi fiscal da vida pública e da atuação dos reis, cargo conhecido como “éforo”. Era também oficial superior da antiga Esparta. Criador da educação militar dos jovens.

Suas afirmações mais importantes foram: Conhece-te a ti mesmo - Nada em excesso - Foge dos intriguistas - Não desejes o impossível - Não maldigas dos outros, para não ouvires críticas desagradáveis - Põe a razão antes da língua - Quando beberes, fala pouco para não cometeres indiscrições - Respeita os velhos.

Cleóbulo de Lindos – Poeta, compunha poemas líricos e enigmas em verso.

É autor de numerosos preceitos, tais como: A moderação é coisa ótima - A sabedoria é preferível à ignorância - Aconselha retamente os teus concidadãos - Casa com uma mulher da tua condição; se casares com uma rica, em vez de sogros arranjarás patrões - Considera inimigo público quem odiar o povo - Cuidado com a língua - Evita a violência - Evita acariciar a tua esposa em público; quem a desfruta em público procede mal, mas quem a acaricia, desperta paixões fúteis.

Periandro de Corinto - tinha a fama de déspota e sanguinário. Como administrador, um dos mais sábios e melhores do seu tempo.

Declarara que tudo deve ser estudado com cuidado.

Estes são os classificados como os sete sábios da Grécia Antiga.

Na próxima semana, falaremos um pouco sobre As Grandes Celeumas da Filosofia Ocidental.


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sexta-feira, 27 de novembro de 2020

O Cinismo

 

Olá! Seja bem-vindo ao Semanário do Pensamento. Nesta semana, estaremos falando um pouco sobre o Cinismo.




Um homem maltrapilho está deitado na beira da estrada. Ele está descalço, com roupa suja e rasgada. Nada tem consigo a não ser a roupa que o veste.

A descrição não trata de um morador de rua contemporâneo e nem de um anarcopunk, da Grã-Bretanha de 1977.  O indivíduo descrito, além de esfarrapado é também um pedinte, mas igualmente educador.

Trata-se de um filósofo cínico, do período Helenista, na Grécia do século IV e III a.C., na Grécia. O Cinismo foi marcado pelo completo desprendimento de bens materiais e pela máxima de viver a virtude em harmonia com a natureza.

Esta corrente foi iniciada por Antístenes, que era discípulo de Sócrates. Para ele, como para seu mestre, não era o prazer, mas a virtude sim a finalidade da existência humana. Por isso, os cínicos não só se abstêm dos bens materiais, como os desprezam profundamente.

Este grupo de filósofos não se constituíram enquanto uma escola, mas era conhecido por suas práticas que envolviam a negação da moral social e o desprendimento material. Viviam pelas ruas pedindo esmolas, como mendigos, porém por opção própria.

Mas quem levou ao extremo o conceito de cinismo foi Diógenes de Sinope, seguidor de Antístenes.

A importância de Diógenes foi tamanha que, o moderno termo “Cínico” deriva da palavra grega “Kynicos”, um adjetivo derivado do substantivo “Kynon”, que quer dizer cão. Era com esta alcunha que seus contemporâneos se dirigiam e falavam de Diógenes.

Ele fora exilado de sua cidade natal e se estabeleceu em Atenas, onde conheceu e passou a seguir Antístenes.

Alguns historiadores afirmam que teria vivido dentro de um barril, como o personagem Chavez, de Roberto Bolaños.

Conta a lenda, que Alexandre, O Grande teria perguntado ao filósofo apelidado de “Cão” o que este poderia fazer por ele. Sem perda de tempo, Diógenes teria respondido: “Você está tirando o meu Sol”, dado que lhe fazia sombra, no momento. Apesar da zombaria dos soldados do Imperador, Alexandre teria dito: “Se não fosse Alexandre, gostaria de ser Diógenes”.

Os cínicos criticavam sobretudo a hipocrisia social. Acreditavam que a sociedade grega era permeada de mentiras e falsidades e defendiam uma vida na pobreza extrema, como forma de máxima virtude.

Defendiam a “Autarkeia” , que em grego significava Auto Suficiência e a apatia, como formas de se alcançar a virtude. Além disso, buscavam a harmonia e a coerência entre pensamento, discurso e ação. Também eram adeptos da liberdade sexual total.

O comportamento antissocial dos cínicos gerou muitas críticas aos seus adeptos desde a Grécia antiga. Eram imorais e desmedidos, assim como praticavam sexo em locais públicos. Afinal nem casa tinham para morar.

Os seguidores desta corrente se espalharam pelos territórios gregos durante a expansão romana. Alguns consideram que ela desapareceu. Outros que foi absorvida pelo cristianismo, em virtude da sua abnegação material, apesar do antagonismo, quanto à sexualidade.

As críticas a essas práticas já por volta do século XIX fizeram com que o termo cínico se tornasse mais conhecido pela forma pejorativa, com a qual é comumente empregada, hoje em dia.

Hoje, cínico é aquele fingido, sarcástico, irônico que se aproveita da ingenuidade alheia e é imoral. Algo que reflete em parte as práticas dos seguidores dessa escola, na Antiguidade Grega, mas também incorpora exatamente as características da sociedade a qual eles tanto criticaram com suas vidas.

Assim, concluímos a descrição das principais correntes filosóficas que predominaram no período Helenista.

Na próxima semana, falaremos um pouco sobre os Sete Sábios da Grécia Antiga.


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Araújo Neto 27/11/2020