quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Retrospectiva da Filosofia Grega Antiga

SEMANÁRIO DO PENSAMENTO

Retrospectiva da Filosofia Grega Antiga

Olá! Seja bem-vindo ao Semanário do Pensamento. Nesta semana, estaremos fazendo uma Retrospectiva da Filosofia Grega Antiga.






Chegamos ao vigésimo e último vídeo da série sobre a Filosofia Grega Antiga. Agora vamos lembrar da sequência cronológica dos principais pensadores da antiguidade Grega.

1 – O surgimento do pensamento crítico:

Por volta do século VI a.C., mercadores do Mediterrâneo oriundos de Mileto começam a usar o pensamento crítico e racional para explicar o mundo e abandonam gradativamente o pensamento mítico e os dogmas religiosos.

Segundo Aristóteles, o iniciador desse movimento teria sido Tales de Mileto, considerado o primeiro filósofo da Grécia. Ele fora também um dos sete sábios da Grécia antiga, junto com Bias de Priena, Pítaco de Mitilene, Sólon de Atenas, Cleóbulos de Lindos, Periandro de Corinto e Quílon de Lacedemonia

2 – Os Filósofos Pré-Socráticos:



A iniciativa de Tales gera uma onda de reflexões críticas posteriores. Muitos pensadores vão surgindo, aderindo ao pensamento crítico e abandonando as explicações míticas. Os primeiros filósofos buscavam uma explicação para o mundo natural e a realidade sensível.

Era comum que partissem do princípio do elemento primordial, um elemento que teria sido a base para o surgimento de todas as coisas existentes no Universo.

A partir de então surgem diferentes escolas com diferentes explicações e diferentes elementos primordiais, como:

A escola Jônica, fundada por Tales que se caracteriza pelo interesse pela natureza. Fizeram parte dessa linhagem Xenófanes de Colofon e Heráclito de Éfeso.

A escola Italiana, dividida entre a Escola Pitagórica, de Pitágoras e a Escola Eleática, de Parmênides e Zenão.

A segunda fase dos pré-socráticos nos apresentou Anaxágoras, Empédocles e a Escola Atomista, de Leucipo e Demócrito, ambos de Abdera.

O período pré-socrático foi marcado tanto pelo atomismo, quanto pelo embate entre o Monismo, capitaneado por Parmênides que dizia que tudo era imutável e o Mobilismo, defendido por Heráclito que defendia a continuidade do movimento e que tudo era mutável e constantemente se modificava.

3 – Os Sofistas:

Com a passagem da oligarquia para a democracia surgiu e se popularizou uma corrente de pensamento que, não se caracterizava enquanto uma escola, mas que teve vários representantes: Os Sofistas.

Estes eram mestres da retórica e usavam seus conhecimentos da língua e suas habilidades discursivas para adquirir muito poder e riqueza, numa sociedade em que o debate e o discurso eram importantíssimos.

Eles não acreditavam na verdade, ou que a verdade não era alcançável ao ser humano.

4 – Sócrates:

Pelas suas crenças e condutas, os Sofistas encontraram um ferrenho adversário: Sócrates. No Século V a.C., o filosofo ateniense enveredou vários embates marcantes contra seus adversários. Alguns deles forma imortalizados por seus discípulos Platão e Xenofonte, que escreveram seus diálogos.

Sócrates defendia a virtude e a ética e acabou condenado pela elite ateniense e pelos sofistas por “corromper” a juventude e por negar os deuses reconhecidos pelo Estado ateniense.

5 – Platão:

Extremamente contrariado com a condenação de seu mestre, Platão iniciou a escrever seus diálogos logo após a execução de Sócrates, que se deu em 399 a.C. Platão se tornou um dos maiores e mais influentes pensadores de todos os tempos.

Além de aluno de Sócrates, seguiu também a Escola Pitagórica e foi mestre de Aristóteles.

Suas ideias mais conhecidas são sobre o inatismo e o mundo das ideias e sobre uma sociedade ideal e utópica descrita em “A República”, seu livro mais famoso.

Começou retratando os diálogos socráticos com fidedignidade e depois passou a usar Sócrates como personagem que vociferava as ideias do próprio Platão.

Fundou a Academia e foi influente para o pensamento monástico medieval e é referência até os dias atuais.

6 – Aristóteles:

Discípulo de Platão e conselheiro de Alexandre, o Grande, Aristóteles foi um dos filósofos mais atuante e influentes da história. Escreveu sobre muitos assuntos, do quais se destacaram a Política e a Metafísica.

Defendia que o conhecimento surgia da experiência empírica, baseada na observação dos objetos e da natureza para a concepção das ideias.

Fundou o Liceu, escola que teve muitos adeptos na Grécia antiga.

7 – O Período Helenista



Quando Alexandre o Grande marchou pelo Mediterrâneo tornou grande o Império helênico, o mundo grego se ampliou. Em consequência várias escolas acabam surgindo ou crescendo em um período relativamente curto.

Além dos seguidores de Platão e Aristóteles, os Pitagóricos também ganharam relevância, nesse período, com sua Geometria Sagrada e, assim ajudaram a desenvolver a engenharia.

Já os Estoicos dividiam a filosofia em Física, Lógica e Ética. Defendem que para atingir a plenitude da felicidade, é preciso se afastar das paixões terrenas, das contrariedades e do desassossego.

Através da prática da apatia, da ataraxia, uma postura impassível, do indivíduo que nada espera e nada teme, acreditavam que se chegaria à virtude plena.

Além deles, os Epicuristas também buscavam a plena felicidade, unindo os dois estados: aponia e ataraxia.



Epicuro afirmava que para ser feliz, o ser-humano precisa buscar o equilíbrio entre os medos e prazeres, de forma que o estágio de tranquilidade e felicidade seja contínuo e duradouro.

E Enquanto os Céticos continuavam a buscar a verdade, se mantendo afastados de todos os dogmas de forma equipolente, os Cínicos não estavam nem aí e se mantinham independentes e desapegados de bens materiais

Bem, esses foram os principais pontos da Filosofia Grega Antiga, que pudemos apresentar. Por hora daremos uma pausa em novos vídeos. Em 2021, voltaremos com novos temas.




Esperamos ter ajudado, entretido e divertido a todos que viram nossos vídeos este ano.

Certamente não cercamos todos os detalhes e todos os grandes nomes, mas certamente abordamos boa parte das principais ideias dos principais filósofos da Grécia Antiga.

Feliz Natal e um próspero 2021.



Obrigado por nos assistir! SE MANTENHA PENSANTE! Valeu! 

sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

As Grandes Celeumas da Filosofia Antiga



As Grandes Celeumas da Filosofia Antiga

Olá! Seja bem-vindo ao Semanário do Pensamento. Nesta semana, estaremos falando um pouco sobre – As Grandes Celeumas da Filosofia Antiga.


Na semana passada dissemos que falaríamos das grandes celeumas da filosofia da Grécia Antiga.





Do ponto de vista jurídico, “uma celeuma é uma algazarra que se forma quando existe uma discórdia, uma dissonância de opiniões, quando as ideias ou os pontos de vista são contrários, quando algum conceito ou modo de ver se contradizem”, segundo o site significados.com.br.

O termo também é usado para se referir ao canto com o qual barqueiros e marinheiros ritmavam seu trabalho.

Vamos adotar aqui o significado jurídico.

A filosofia surgiu quando marinheiros fenícios e gregos abandonaram os dogmas religiosos e buscaram a razão e o pensamento crítico para explicar a natureza e o mundo. Ao fazer isso, passaram a abolir os dogmas e doutrinas de forma mais profunda.

Inclusive, acredita-se que Tales de Mileto estimulava seus discípulos a discordarem de suas ideias e a buscar outras explicações diferentes da sua. A perspectiva de que ninguém era dono da verdade se radicalizaria, a partir de então.

E se hoje liberais e socialistas se engalfinham em redes sociais e programas de televisão sobre os melhores caminhos para a economia dos países, na antiguidade questões mais profundas e mais intelectualizadas foram motivos de embates acalorados e geraram rivalidades entre algumas escolas de pensamento.

A primeira grande dicotomia da antiguidade grega provavelmente foi a disputa entre Mobilismo e Monismo.

O mobilismo fora defendido pelo filósofo Heráclito de Éfeso. Seguindo a linha de Tales e buscando o elemento primordial que teria gerado todo o Universo, Heráclito elegeu o fogo, para este fim.

O elemento foi muito apropriado para a sua explicação da natureza. Para o filósofo de Éfeso, o movimento era o que caracterizava toda a natureza. Tudo muda o tempo todo e nada fica estático. Para Heráclito, não há unidade natural, no mundo, mas um conflito perpétuo.

Sua frase mais famosa é aquela na qual afirma: “Não podemos banhar-nos duas vezes no mesmo rio, porque o rio não é mais o mesmo”!

Em contrapartida, Parmênides de Eleia, continuando as teorias de Xenofante, seu professor, que dizia que a unidade sustentaria toda a criação. Ao contrário de seus antecessores, Parmênides não defendia um conceito de Arché, mas que todo o universo era mantido por uma unidade lógica. Sua motivação inicial teria sido exatamente contestar a filosofia de Heráclito.

Na sua concepção o elemento que gerara o universo era o “Ser”. Tudo o que existia possui o “Ser” em seu interior. Tudo o que existe é dotado de essência e existe de forma infinita de maneira imóvel. Todo o erro e a mentira são ilusões causadas pelos sentidos.

Sua Frase mais famosa é o fragmento: “o Ser é! O Não-Ser não é”!

A segunda grande celeuma seria o embate entre Sócrates e os Sofistas. A maioria das passagens de Sócrates que chegaram até nós são escritos de seu pupilo Platão. Então podemos dizer que a Celeuma se trada dos Sofistas x Sócrates/Platão, uma vez que o aluno usa a figura do mestre muitas vezes para expressar suas próprias ideias e o faz em contradição aos Sofistas. A contradição teria seguido até Aristóteles, discípulo de Platão.

Os sofistas não eram uma escola ou tinham uma linha de pensamento. Trata-se de uma classificação geral que é empregada a pensadores e juristas da Grécia, por volta dos séculos V e IV a.C.

Eram mestres do discurso e usavam seus conhecimentos da linguagem e das palavras para convencer as pessoas contra seus adversários e levar vantagem na incipiente democracia ateniense.

No geral, criam que a verdade não existia, ou que, caso existisse, nós não seríamos capazes de compreendê-la e assimilá-la. Portanto, agiam de maneira que a ética se dobrasse aos interesses do discursante. Usavam seus conhecimentos para adquirir grandes fortunas.

Já Sócrates e seus sucessores defendiam exatamente o contrário. Os socráticos acreditavam que a verdade existia, embora estivessem abertos à outras interpretações diferentes das suas.

Defendiam também que a ética e a virtude deveriam balizar as atitudes do homem, especialmente em sociedade. Ao contrário dos sofistas, Sócrates defendia o desapego material.

Sócrates acreditava que o conhecimento da verdade estaria dentro de cada indivíduo. Por isso usava seu método conhecido como “Maiêutica”, ou “o parto de ideias”, para fazer com que o seu interlocutor chegasse ao conhecimento verdadeiro, que estava dentro de si.

E essa questão levou ao terceiro grande embate da filosofia antiga, que confrontava exatamente os seguidores de Platão e de Aristóteles.

Platão defendia o inatismo, ou seja, o ser humano nasce com princípios racionais e com as ideias em nossa mente. Estas ideias viriam de um mundo perfeito, o qual chama de “mundo das ideias”, no qual existiríamos antes de nascermos.

Ao chegarmos no que chamou de “mundo sensível”, ou seja, o nosso mundo real compartilhado por todos, precisamos “relembrar” as ideias perfeitas, ainda que a tenhamos de forma imperfeita, aqui.  

Já Aristóteles defendia que todo o conhecimento humano advém da experiência e da observação racional, que é chamada de empirismo. É a partir da observação dos objetos que são criadas as ideias, uma vez que o mundo sensível era, para o filósofo o único mundo existente.

Durante o período helenista, muitas escolas de pensamento coexistiram e suscitaram debates importantes. Algumas, como o Epicurismo e o Platonismo se tornaram bases para antagonistas de períodos posteriores, como durante o apogeu do Império Romano e na Idade Média.

Da mesma fora o Epicurismo foi resgatado para suplantar o aristotelismo do final do período Medieval.

Mas grandes celeumas intensos e inovadores no interior da filosofia só voltariam a gerar grandes debates, no Ocidente, após o Renascimento, quando grandes pensadores como Descartes, Maquiavel, Kant e grandes iluministas e contratualista puderam publicar suas obras sem o terror da teocracia da Europa Medieval.

Na próxima Semana, faremos uma retrospectiva da Filosofia Grega Antiga.


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sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

Quais foram os 7 Sábios da Grécia

 

Olá! Seja bem-vindo ao Semanário do Pensamento. Nesta semana, estaremos falando um pouco sobre os 7 Sábios da Grécia Antiga.



Historiadores, antropólogos, filósofos, pensadores e pesquisadores em geral consideram que o pensamento crítico ocidental, que pavimentou o terreno para o desenvolvimento da ciência contemporânea surgiu na Grécia, por volta do século VI ou VII a.C.

Nessa época, os jônios foram os primeiros, ao menos documentadamente a relativizar as explicações religiosas do mundo em que viviam e começaram a buscar explicações do mundo na própria natureza.

A partir deste grupo, liderado por Tales de Mileto, a filosofia ocidental passou a se desenvolver sem a intervenção do dogmatismo religioso.

Mas a secularização do pensamento possibilitou o surgimento de outros sábios que não eram apenas pensadores, mas atuavam em diversas funções e forma igualmente importantes para o desenvolvimento das ciências e da política, a partir de então.

Alguns desses sábio foram tão marcantes, na sua sociedade que as frases ditas por eles se tornaram ditados populares na Grécia. A diferença é que os autores destes ditados são conhecidos.

Foram tão importantes que algumas de suas máximas foram gravadas no templo de Delfos.

Diógenes Laércio teria agrupado algumas lendas sobre o surgimento de como foram agrupados estes sete homens. Uma das mais importantes e divulgadas conta que pescadores de Mileto encontraram uma trípode de ouro.

Após consultarem o oráculo de Delfos, este indicou que a trípode deveria ser dada ao homem mais sábio da Grécia. Então a trípode passou pelos 7 e todos disseram que não eram dignos de recebe-la, até que Sólon, que teria sido o último, ofereceu-a a Apolo, que era o deus mais sábio do panteão grego.

Costuma-se a considerar que 7 foram os grandes sábios da Grécia Antiga. Entretanto, nem sempre os mesmos sete foram considerados os maiores. Cerca de 22 homens chegaram a ser citados como estando entre os 7.

Tales de Mileto, Bias de Pirene, Sólon de Atenas e Pítaco de Mitilene forma os únicos que sempre estiveram no posto. Mas hoje, a maioria dos historiadores concorda que Cleóbulos de Lindos, Periandro de Corinto e Quílon de Lacedemonia também integram o grupo.

Vamos conhecer melhor um por um dos sete principais.

Tales de Mileto – Considerado o primeiro filósofo da Grécia, também foi matemático e astrônomo. Tinha a água como elemento primordial. Foi ele que explicou o fenômeno do eclipse solar.

Suas principais máximas foram: Conhece-te a ti mesmo. -  A certeza é precursora da ruína. -  A ignorância é incômoda. - Espera receber de teus filhos, quando fores velho, o mesmo tratamento que dispensaste a teus pais. - Evita as palavras que possam ferir os amigos. Evita enriquecer por vias desonestas. - Evita os adornos exteriores e procura os interiores. - Perto ou longe, importa lembrar os amigos. - Quem promete, falta. - Se és chefe, começa por saber dominar-te.

Sólon de Atenas – Poeta e jurista grego, foi um dos maiores legisladores da história.

Suas frases mais famosas são: Aconselha o que for justo, não o que aches agradável - Evita a mentira, confessando a verdade - Evita o prazer, se ele for causa de remorso - Guia-te pela razão - Honra pai e mãe - Mede as tuas palavras pelo silêncio e o silêncio pelas circunstâncias - Nada em excesso - Nunca digas tudo o que sabes - Procura ser honesto, porque a honestidade é melhor do que uma palavra honrada - Respeita os amigos - Quando souberes obedecer, saberás chefiar - Se exiges a honestidade dos outros, começa por ser honesto - Toma a peito as coisas importantes.

Bias de Priena – Como filósofo pregava o desapego aos bens materiais. Quando o lugar onde residia foi invadido pelos persas e os seus moradores obrigados a pegar os seus pertences ou o que possuíam de mais valor e saírem da cidade, ele disse: “Tudo o que tenho carrego comigo”, numa alusão ao fato de que tudo o que possuía de valor era a sua sabedoria.

Seus ditos foram: A maioria dos homens é perversa - Adolescente, sê activo; velho, sê sábio - Aprende a saber ouvir - Fala sempre com propósito - Não sejas nem mau, nem tolo - O cargo revela o homem - Persuade pelo bem, e nunca pela força - Reflete nos teus atos. - Sê cuidadoso na realização de um projeto e, uma vez iniciado, prossegue sem desfalecimento. - Vê-te num espelho.

Pítaco de Mitilene – General grego originário de Mitilene. Depois de destronar o governador de Mitilene, foi o seu administrador por dez anos. Quando lhe trouxeram o assassino de seu filho para ser punido, deu-lhe a liberdade e disse: “O perdão é melhor do que o castigo”.

Foi dito por ele: A ambição é insaciável - Ama a educação, a temperança, a prudência, a verdade, a fidelidade, a experiência, a gentileza, a companhia dos outros, a exatidão, os cuidados domésticos, a arte e a piedade. - Dá-te ao respeito - Não faças o que não gostares que te façam - Não reveles projetos para, se falhares, não seres motivo de troça - Sabe aproveitar a oportunidade  - Sábio é quem sabe discernir o futuro; o passado é passado, mas o porvir é incerto.

Quílon ou Chilon de Esparta - Foi fiscal da vida pública e da atuação dos reis, cargo conhecido como “éforo”. Era também oficial superior da antiga Esparta. Criador da educação militar dos jovens.

Suas afirmações mais importantes foram: Conhece-te a ti mesmo - Nada em excesso - Foge dos intriguistas - Não desejes o impossível - Não maldigas dos outros, para não ouvires críticas desagradáveis - Põe a razão antes da língua - Quando beberes, fala pouco para não cometeres indiscrições - Respeita os velhos.

Cleóbulo de Lindos – Poeta, compunha poemas líricos e enigmas em verso.

É autor de numerosos preceitos, tais como: A moderação é coisa ótima - A sabedoria é preferível à ignorância - Aconselha retamente os teus concidadãos - Casa com uma mulher da tua condição; se casares com uma rica, em vez de sogros arranjarás patrões - Considera inimigo público quem odiar o povo - Cuidado com a língua - Evita a violência - Evita acariciar a tua esposa em público; quem a desfruta em público procede mal, mas quem a acaricia, desperta paixões fúteis.

Periandro de Corinto - tinha a fama de déspota e sanguinário. Como administrador, um dos mais sábios e melhores do seu tempo.

Declarara que tudo deve ser estudado com cuidado.

Estes são os classificados como os sete sábios da Grécia Antiga.

Na próxima semana, falaremos um pouco sobre As Grandes Celeumas da Filosofia Ocidental.


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sexta-feira, 27 de novembro de 2020

O Cinismo

 

Olá! Seja bem-vindo ao Semanário do Pensamento. Nesta semana, estaremos falando um pouco sobre o Cinismo.




Um homem maltrapilho está deitado na beira da estrada. Ele está descalço, com roupa suja e rasgada. Nada tem consigo a não ser a roupa que o veste.

A descrição não trata de um morador de rua contemporâneo e nem de um anarcopunk, da Grã-Bretanha de 1977.  O indivíduo descrito, além de esfarrapado é também um pedinte, mas igualmente educador.

Trata-se de um filósofo cínico, do período Helenista, na Grécia do século IV e III a.C., na Grécia. O Cinismo foi marcado pelo completo desprendimento de bens materiais e pela máxima de viver a virtude em harmonia com a natureza.

Esta corrente foi iniciada por Antístenes, que era discípulo de Sócrates. Para ele, como para seu mestre, não era o prazer, mas a virtude sim a finalidade da existência humana. Por isso, os cínicos não só se abstêm dos bens materiais, como os desprezam profundamente.

Este grupo de filósofos não se constituíram enquanto uma escola, mas era conhecido por suas práticas que envolviam a negação da moral social e o desprendimento material. Viviam pelas ruas pedindo esmolas, como mendigos, porém por opção própria.

Mas quem levou ao extremo o conceito de cinismo foi Diógenes de Sinope, seguidor de Antístenes.

A importância de Diógenes foi tamanha que, o moderno termo “Cínico” deriva da palavra grega “Kynicos”, um adjetivo derivado do substantivo “Kynon”, que quer dizer cão. Era com esta alcunha que seus contemporâneos se dirigiam e falavam de Diógenes.

Ele fora exilado de sua cidade natal e se estabeleceu em Atenas, onde conheceu e passou a seguir Antístenes.

Alguns historiadores afirmam que teria vivido dentro de um barril, como o personagem Chavez, de Roberto Bolaños.

Conta a lenda, que Alexandre, O Grande teria perguntado ao filósofo apelidado de “Cão” o que este poderia fazer por ele. Sem perda de tempo, Diógenes teria respondido: “Você está tirando o meu Sol”, dado que lhe fazia sombra, no momento. Apesar da zombaria dos soldados do Imperador, Alexandre teria dito: “Se não fosse Alexandre, gostaria de ser Diógenes”.

Os cínicos criticavam sobretudo a hipocrisia social. Acreditavam que a sociedade grega era permeada de mentiras e falsidades e defendiam uma vida na pobreza extrema, como forma de máxima virtude.

Defendiam a “Autarkeia” , que em grego significava Auto Suficiência e a apatia, como formas de se alcançar a virtude. Além disso, buscavam a harmonia e a coerência entre pensamento, discurso e ação. Também eram adeptos da liberdade sexual total.

O comportamento antissocial dos cínicos gerou muitas críticas aos seus adeptos desde a Grécia antiga. Eram imorais e desmedidos, assim como praticavam sexo em locais públicos. Afinal nem casa tinham para morar.

Os seguidores desta corrente se espalharam pelos territórios gregos durante a expansão romana. Alguns consideram que ela desapareceu. Outros que foi absorvida pelo cristianismo, em virtude da sua abnegação material, apesar do antagonismo, quanto à sexualidade.

As críticas a essas práticas já por volta do século XIX fizeram com que o termo cínico se tornasse mais conhecido pela forma pejorativa, com a qual é comumente empregada, hoje em dia.

Hoje, cínico é aquele fingido, sarcástico, irônico que se aproveita da ingenuidade alheia e é imoral. Algo que reflete em parte as práticas dos seguidores dessa escola, na Antiguidade Grega, mas também incorpora exatamente as características da sociedade a qual eles tanto criticaram com suas vidas.

Assim, concluímos a descrição das principais correntes filosóficas que predominaram no período Helenista.

Na próxima semana, falaremos um pouco sobre os Sete Sábios da Grécia Antiga.


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Araújo Neto 27/11/2020


sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Ceticismo

 

Olá! Seja bem-vindo ao Semanário do Pensamento. Nesta semana, estaremos falando um pouco sobre o Ceticismo

No dia 19 de novembro foi comemorado o dia mundial da filosofia.

Agora, vamos ao que interessa:

Com certeza você já ouviu alguma vez alguém dizer uma frase como “Fulano é cético”, ou “estou cético quanto a isso”. Cético é um termo filosófico que se incorporou ao linguajar do cotidiano.

Este vocábulo é oriundo do grego “Skepsis”, que significa investigação. Em geral, o cético era o filósofo que continua buscando a verdade e persiste na busca, mesmo que ainda não a tenha encontrado.

De acordo com o filósofo grego conhecido como Sexto Empírico Pirro de Élis é o verdadeiro e autêntico filósofo cético. Entretanto, a tradição dos estudos acerca do termo considera a existência de diversas escolas que podem ser consideradas céticas.





De acordo com Danilo Marcondes, a tradição cética pode ser dividida em quatro grandes conjuntos:

O proto-ceticismo que seria a fase inicial e teria iniciado já com os Pré-Socráticos. É claro que, para se criar o pensamento crítico e iniciar a filosofia foi preciso que desde Tales uma boa dose de ceticismo teve de ser incorporada pelos primeiros pensadores. Era preciso continuar buscando a verdade para além dos dogmas religiosos daquele tempo.

O próprio Sócrates tem entre suas características mais comumente apresentadas o ceticismo, já que não aceitava inerte as verdades outorgadas a ele pela sociedade, assim como continuava a busca-la, afirmando saber apenas que nada sabe.

Além dele, boa parte dos sofistas poderiam ser incluídos nessa linha de pensamento, uma vez que acreditavam que a verdade, embora pudesse existir, talvez não fosse encontrável, pelo ser humano. Alguns, continuavam a busca.

O segundo conjunto seria capitaneado por Pirro de Élis, que viveu entre 360 e 270 a.C. Seu pensamento ficou conhecido através dos escritos do seu discípulo Tímon de Flios.

Para Pirro, a filosofia não é uma doutrina, uma teoria ou um sistema de saber e sim uma prática, um modo de viver.

Segundo Tímon, Pirro teria apontado resposta a três questões fundamentais:

1 - A Natureza das coisas: Nem a razão e nem os sentidos nos permitem conhecer as coisas tais quais elas realmente são.

2 - Como não conhecemos a natureza das coisas devemos evitar assumir posições em relação a isso.

3 - A consequência disso é manter o distanciamento, que nos leva à tranquilidade.

O terceiro grupo de céticos se refere, segundo Marcondes aos filósofos acadêmicos. Corresponderia, assim à fase cética da Academia fundada por Platão, iniciado por Arcesilau.

Essa tendência se destacou pela contraposição à filosofia estóica, muito popular no período helenista. Essa celeuma se deu em função do critério de verdade, que serve de base para a epistemologia da escola de Zenão.

Para os céticos, há dúvida sobre a possibilidade de se adotar um critério de verdade imune ao questionamento.

Por fim, o quarto grupo seria o pirronismo, ou ceticismo pirrônico, de onde se origina o pensamento de Sexto Empírico.

A grande característica do ceticismo é o que pode ser chamado de equipolência, em relação aos dogmas. Uma vez que várias escolas doutrinárias se apresentam com detentoras da verdade e os critérios por elas apresentadas dependem das teorias que elas próprias defendem, cabe ao cético se manter igualmente afastado de todas elas.

Daí surge a expressão “Juízo Suspenso”, que significa que não há como se determinar qual das várias verdades é mais válida e, portanto é melhor continuar buscando e assim alcançar a tranquilidade.

Essa suspensão de juízo, em grego era chamada de “Époche” e seria de origem estóica. Segundo o próprio Zenão de Cítio já teria usado o termo para afirmar que o sábio verdadeiro deveria suspender o juízo daquilo que a razão não pode apreender.

Com a cristianização do Império Romano, o ceticismo, como muitas doutrinas filosóficas consideradas pagãs acabaram sendo suprimidas. Ainda assim influenciaram teólogos e pensadores cristãos, como Eusébio, Lactâncio e Santo Agostinho.

Enfim, o Ceticismo é uma doutrina filosófica que se determina a examinar cética e criteriosamente dos sistemas dogmáticos que se apresentam como verdades.

Isso é algo que tem sido cada vez mais incomum, no mundo atual, dominado por tiranos intelectuais que impõe suas verdades, geralmente aceitas pela maioria que não se dá tempo para pensar a respeito e aceita o interesse como se fosse a verdade.

No próximo vídeo, falaremos um pouco sobre o Cinismo.



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Epicurismo

O que é o prazer? Como ele pode fazer-nos elevar a consciência e a virtude? Parece loucura ou contradição, mas existiu uma escola filosófica que, de fato propôs essa linah de pensamento. 

Passeando pelos jardins de Atenas em 306 a.C. alguém poderia assistir à palestra de um filósofo local que ensinava que o prazer era algo natural e deveria ser buscado de forma moderada para se alcançar a felicidade.

Ao ouvir tal apresentação muitos poderiam e puderam pensar se tratar de uma eloquente defesa hedonista do prazer acima de tudo. 

Bem, se esse filósofo em questão se chama Epicuro de Samos, percebemos que se trata de um completo exagero.


Para Epicuro esta vida que temos é única e é nela que temos que buscar a elevação e dela se aproveitar. Após a morte, nada poderemos fazer, segundo sua doutrina. 

O epicurismo foi originado por seu prógono Epicuro, em Atenas. Ele se reunia com seus discípulos em um jardim. E foi com o nome de Jardim (Keps, em grego) que esta escola ficou conhecida, em seu tempo.

O epicurismo é conhecido por muitos como “a filosofia do prazer”, No entanto,  na verdade se assemelha bastante ao estoicismo, por sugerir a busca da moderação e da tranquilidade como forma de se alcançar  estados de espíritos mais elevados: a ataraxia e a aponia.

A primeira seria um estado de tranquilidade considerado pela escola como o bem supremo e que seria conseguido através da busca moderada pelos prazeres.

Já o segundo conceito, chamado de Aponia consistiria em um estágio físico e psicológico no qual o indivíduo se afastaria das dores corporais, ao mesmo tempo em que se libertaria do medo. Essa liberdade seria alcançada pelo conhecimento do mundo e da natureza.

Ao unir os dois estados, aponia e ataraxia, o ser humano seria capaz de alcançar a plena felicidade. Epicuro afirmava que para ser feliz, o ser-humano precisa buscar o equilíbrio entre os medos e prazeres, de forma que o estágio de tranquilidade e felicidade seja contínuo e duradouro.

Nesse sentido, o prazer para o homem seria a prática da virtude, afastando-se das paixões e dos temores mundanos, carnais, buscando o equilíbrio e a moderação.

Os filósofos epicuristas valorizavam antes de tudo a experiência imediata, como forma de se acessar e adquirir o conhecimento. Por meio de uma pré-noção, que seria proporcionada pelos elementos percebidos pelos sentidos nessa experiência, seria possível adquirir conhecimentos posteriores. O conhecimento verdadeiro seria assim adquirido através da repetição das sensações. 

A principal obra de Epicuro foi seu tratado “Da natureza”. Nessa obra é retomada a teoria atomista. A partir de então, esta escola se notabilizou como defensora da física materialista e do mobilismo.

Epicuro não acreditava em vida após a morte. Para ele, o homem não é filho de deus algum. Sua existência é dada ao acaso. Dizia que a alma é apenas um conjunto de átomos, que se desintegra após o falecimento.

Por isso mesmo, as pessoas devem buscar a melhor vida possível, para que dentro da sua filosofia a moderação se alcançar o prazer virtuoso, ou seja, a virtude.

Dentre os epicuristas mais importantes do Período Helenista podemos destacar Filomeno de Gadara e Tito Lucrécio Caro.

Epicuro buscou conhecimento em mais de um mestre. A sua filosofia nasce em um período de crise social, na Grécia, quando o Império Alexandrino avança pela costa do Mediterrâneo.

Como buscava o recolhimento e a serenidade, fundou o seu “Jardim” em um local mais isolado, longe dos grandes centros, até para se afastar das polêmicas sofistas, de sua época, que ainda estavam muito em voga. 

Embora tenha permanecido ativa por cerca de 7 séculos, a fama de Epicuro e seus seguidores só ganhou o mundo mesmo no período renascentista.

Pensadores daquele período buscaram no epicurismo uma alternativa ao aristotelismo que predominou na Europa, até o final da Idade Média.

Na próxima semana falaremos do Ceticismo! 

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sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Estoicismo

 

Olá! Seja bem-vindo ao Semanário do Pensamento. Nesta semana, estaremos falando um pouco sobre o Estoicismo







A ilha do Chipre é famosa por suas belas praias. Situado no Mar Mediterrâneo, a ilha pertence ao continente asiático, geograficamente. Porém suas ligações mais estreitas são com a Europa, inclusive fazendo parte da União Europeia.

Essas ligações advêm das tradições da maior parte do seu povo, que pertence à comunidade greco-cipriota, ou seja, de gregos que habitam o Chipre. E essa ocupação vem de longa data.

Por volta do ano 333 a.C., os fenícios ocupavam a ilha. Onde hoje está localizado o distrito cipriota de Lárnaca, existia uma cidade de nome Cítio.

Os fenícios eram exímios navegadores e, com seus barcos viajaram até os confins da Terra. Eram também conhecidos por serem habilidosos mercadores. Um desses mercadores chamava-se Zenão.

Além de xará do filósofo de Eleia, o Zenão de Cítio também ficou historicamente famoso por criar uma linha filosófica própria. Esta é conhecida como Estoicismo.

Segundo os relatos dos historiadores, como Diógenes Laércio, Zenão foi um comerciante de sucesso, além de um nobre filósofo. Teria sido também uma pessoa considerada séria e reservada e, até certo modo ele era visto como sombrio e obscuro.

Por volta do ano 300 a.C. fundou a sua escola. Antes, porém ele teria frequentado a Academia, de Platão. E de lá ele partiu par criar a sua própria doutrina filosófica. Mas teriam sido seus discípulos Cleantes e Crisipo, que desenvolveram o estoicismo, após Zenão.

A doutrina estóica propõe uma divisão da filosofia em três partes: a Física, a Lógica e a Ética. Os estóicos comparam esta divisão às partes que compõem a árvore. A física seria a raiz, enquanto a lógica seria o tronco e a ética os frutos.

Deste modo, criam que a ética seria a parte mais importante da filosofia, pois são os frutos que colhemos dela.

O estoicismo tem uma visão fisiocrática e considera o homem como um microcosmo dentro do macrocosmo. Dessa forma, para se alcançar a conduta ética, as ações do indivíduo devem estar de acordo com os princípios naturais, em harmonia com todo o cosmo. Agir bem seria então agir de acordo com a natureza.

Para tal, os estóicos consideram haver três virtudes básicas: A inteligência, que consiste no conhecimento do bem e do mal; A coragem, ou conhecimento do que temer e o que não temer e a justiça, que é a sabedoria em dar a cada um o que lhe é devido.

Como Zenão, fundador da escola fora influenciado pelos filósofos cínicos, defendia uma vida de virtudes, em sintonia com a natureza e a plena liberdade. A doutrina do filósofo afirmava também que nenhum homem era escravo por natureza.



E é a harmonia com a natureza que o estoicismo crê que seja o sentido da vida.

Esta crença, levada ao extremo torna-se deveras determinista, fatalista e apática. Tanto, que os estóicos defendem que para atingir a plenitude da felicidade, é preciso se afastar das paixões terrenas, das contrariedades e do desassossego.

E isto seria conseguido através da prática da apatia, da ataraxia, uma postura impassível, do indivíduo que nada espera e nada teme, se abandonando ao destino.

A felicidade é na verdade a tranquilidade, a ausência de preocupações que é alcançada pelo autocontrole, da austeridade e da aceitação do curso dos acontecimentos.

Este estágio seria dificílimo de se alcançar, só conseguido pelo verdadeiro sábio. Porém deveria ser busca constantemente.

Apesar de ter muitos pontos em comum com o epicurismo, o estoicismo diverge da filosofia de Epicuro pois esta considera que o prazer constitui o bem supremo, enquanto aquela considera a virtude como o maior dos bens.

Zenão de Cítio, fundador da escola defendia a busca pela paz de espírito e a lógica era, para ele uma forma eficiente de se evitar o engano e chegar-se à verdade. Assim, afirmava que a virtude só pode existir dentro da esfera da razão.

No século I a cúpula do estoicismo se descola para Roma, capital do então Império Romano que dominava toda a costa do Mediterrâneo. A partir daí cunhou-se os termos “novo estoicismo” ou “estoicismo imperial” para se referir às inovações associadas à doutrina.

Na versão latina, o estoicismo da ênfase à filosofia prática e humanística que valoriza a indiferença e o autocontrole.

Um dos grandes nomes desse período é Marco Aurélio, que foi imperador romano entre 161 e 180. Outro pensador associado à escola, neste período é Epitecto.

Despois deste período, tanto Roma quanto a Grécia acabam sendo dominados pela tendência eclética e o estoicismo vai se misturando às outras escolas, sendo muitas vezes associado ao neo platonismo. Também teve grande influência no desenvolvimento do cristianismo, na região, pois valorizava o autocontrole, a submissão e a austeridade, além de ser fortemente determinista

Na próxima semana, falaremos um pouco sobre o Epicurismo.

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