sexta-feira, 9 de julho de 2021

Além da liberdade!

Quem está mais próximo da liberdade?



John Stuart Mill, considerado por alguns como o pai do liberalismo e que era utilitarista que defende o limite do poder que pode ser exercido legitimamente pela sociedade sobre o indivíduo?

Ou seria Karl Marx que defende o oposto e, para ele, o indivíduo estaria livre a medida que a sociedade se impusesse sobre todos os indivíduos de maneira comum?

É difícil fazer tal julgamento, pois se há alguns mais livres que outros estes outros terão de fato alguma liberdade, ou serão prisioneiros das vontades dos que são verdadeiramente livres?

De outro modo, se a sociedade se impõe ao indivíduo e lhe priva de qualquer tipo de liberdade haveria a possibilidade de se entender que estes indivíduos estariam de fato livres de forma absolutamente idêntica? Haveria sequer a possibilidade se haver realmente uma determinação que tornasse exatamente igualitária as relações de todos os indivíduos com a sua sociedade?

O fato é que os radicalismos nunca se provaram práticos e eficientes como se propunham. Ao mesmo tempo que sociedades democráticas se mostram muito "simpáticas" ao autoritarismo sazonal, as sociedades ditas igualitárias sempre ostentaram poder centralizado e hierarquias rígidas. 

O que fica para a história é a clássica máxima que afirma: "falar é fácil"!

Araújo Neto

sexta-feira, 2 de julho de 2021

Heráclito, o filósofo obscuro

Entre os anos 540 e 470 a.C., na região de Éfeso, uma pólis grega que fica onde hoje é território da Turquia, circulava um sábio enigmático e complexo. Se nome era Heráclito e ele acreditava que a natureza estava em constante transformação.



Este filósofo ficou famoso pela máxima "Panta Rei", que significa de forma simplificada que tudo flui, tudo se move. Dessa forma a natureza é classificada pelo eterno Devir, ou seja tudo se torna outra coisa, tudo se transforma. Como diria o verso daquela canção, "tudo muda o tempo todo, no mundo"*.

Heráclito de Éfeso é considerado o pai da dialética e foi chamado de " o obscuro", devido à dificuldade de entender suas teorias, inclusive por outros filósofos. 

Para o filósofo de Éfeso tudo era movimento. Tudo se move, exceto o movimento. E
o "devir" que está presente em todas as coisas e é recorrente trata-se de uma alternância entre os contrários, como o quente que esfria, o seco que se molha e vice-versa. 

Assim o pensador conclui que há uma harmonia nessa relação entre opostos, o que se configura como um ciclo que se repete.

Sua passagem mais célebre é o aforismo do rio, no qual o pensador compara tudo às águas de um rio. Tudo flui, como as águas de um rio. E daí formulou o conceito:

"Não se pode percorrer duas vezes o mesmo rio e não se pode tocar duas vezes uma substância mortal no mesmo estado; por causa da impetuosidade e da velocidade da mutação, esta se dispersa e se recolhe, vem e vai."

— Diels-KranzOs fragmentos dos pré-socráticos, 91

Heráclito foi um pré-socrático da escola jônica. Como tal aderiu à formulação de um elemento primordial. Para a função, ele escolheu o fogo. 

O filósofo de Éfeso também tratou da cosmologia, com base na sua crença de que o fogo gerara todas as outras coisas. Além disso, também propôs um conceito de divino no qual Deus seria não um ser criador e onipotente, mas sim a composição de opostos, como o dia e a noite, a guerra e a paz, etc. 

É mais conhecido pela contraposição com a filosofia de Parmênides. Este considerara a unidade e o imobilismo do ser, uno, eterno e imutável. Esta fora uma das grandes celeumas da história da filosofia ocidental.

Heráclito era um homem sábio e inteligente, porém excessivamente arrogante e antissocial. Conta-se que, em seu tempo, teria se desentendido com os médicos de sua cidade. 

Em dado momento se retirou da vida social e foi viver isolado em uma montanha. 

Aconteceu que ficou doente e decidiu voltar para se tratar. Alguns historiadores acreditam que se trata-se de um edema. 

Como não confiava em médicos, consultou um curandeiro das proximidades, que recomendou que ele se cobrisse com esterco, o que acredita-se que tenha feito. 




Não se sabe ao certo o que aconteceu, mas após isso o filósofo acabou falecendo. Uns apontam que teria se sufocado no estrume, enquanto outros acreditam que tenha sido devorado por cães famintos. Outros apontam ainda que teria morrido naturalmente em decorrência da sua doença.

O fato é que Heráclito foi um pensador muito influente e é referência ainda hoje, mais de dois séculos após a sua morte!




*Como Uma Onda (Lula Santos e Nelson Motta)!

Araújo Neto

sexta-feira, 25 de junho de 2021

Quem não gosta de Política?

"Não gosto de política"! 

Muito provavelmente você já ouviu alguém proferir essa frase. Mas será que a pessoa sabia de fato o que estava falando? 



A menos que se tratasse de um anarquista antissocial, provavelmente ela estava enganada. A política nada mais é do que a  ciência que estuda e pratica organização, direção e administração de uma sociedade. 

A própria vida social é uma forma de política, a partir do momento em que todas as suas relações sociais interferem em maior ou menor grau na vida das demais pessoas que fazem parte daquele meio.

O filósofo grego Aristóteles classificou o ser humano como "politikon zoon" , ou  melhor um "animal político". A vida social é uma das características mais marcantes da humanidade em sua existência na Terra.

A espécie humana prosperou no planeta muito em função da sua capacidade organizativa e do uso da coletividade associado à divisão de tarefas. 

Como cada indivíduo tem características diferentes e suas próprias preferências e aptidões peculiares, os trabalhos acabaram sendo divididos conforme essas tendências. 

É muito pouco provável que indivíduos tenham sido autossuficientes o bastante para se perpetuarem na Terra, espalharem seus genes vivendo em absoluta solidão. Se o fizeram, em algum tempo, acabaram sobrepujados pelos que viviam em sociedade e não puderam gerar descendentes. A força do número não pode ser ignorada. 

Iniciar um relacionamento amoroso é parte da política também. É preciso ser político para convencer a outra pessoa que ela deve abrir mão de todos os outros indivíduos para ficar exclusivamente contigo. 

Da mesma maneira, é preciso convencer a todos os outros de que aquela pessoa está exclusivamente contigo. A menos que vocês tenham aderido a uma proposta mais aberta, ou tenham simpatia com ruminantes. 

Mas da ida ao supermercado até o estudo dos astros, tudo tem política envolvida. 

Não confunda o conceito pleno de política com o de eleição. É aí que muita gente se confunde. Obviamente, as eleições em um Estado organizado na forma de governo representativo é a expressão máxima da política civil. 



Mas todas as etapas entre sua casa e a urna são influenciadas por decisões políticas, ou seja organizacionais e sociais, desde o café da manhã que você toma, passando pelo meio de transporte utilizado (coletivo ou individual) e até a urna utilizada, seja a manual, seja a eletrônica. 

Se você continua afirmando que odeia política, sugiro uma heráclita retirada para as montanhas. Só lembrando que o sábio filósofo grego, Heráclito o fez e não acabou muito bem. 

Na próxima semana, vamos contar a história dele e como ele morreu literalmente na ...


Araújo Neto

sexta-feira, 18 de junho de 2021

O que é espectro político

Quando um candidato a um cargo público se apresenta para pedir votos, as pessoas podem se referir a ele como "de esquerda", "de direita" ou "de centro", ou mesmo como um intermediário entre estes. Mas de onde vem essa terminologia?

A dicotomia é relativa ao momento e não é constante no espectro político. 


Em geral as ideologias políticas são enquadradas dentro de uma linha conhecida como "espectro político" que tem como função classificar e caracterizar os diversos pensamentos políticos em relação aos outros. 

Originalmente se via a política em uma linha reta bidimensional, ou seja, com um centro e de um lado a esquerda e de outro a direita como visões diametralmente opostas. 

A maioria dos historiadores apontam a Revolução Francesa como o momento da história em que essaa referência do espectro se popularizou, embora algumas vertentes de pensamento indiquem que essa nomenclatura já era usada bem antes, como na Idade Moderna. 

Algumas lendas relatam que os termos teriam surgido em relação ao Rei, no Antigo Regime que dominou a Europa, no período pós medieval. Os aliados do rei ficariam a sua direita, enquanto seus opositores se posicionariam à esquerda. 

Durante muitos séculos, a lógica foi essa e se identificava a direita como conservadores ou reacionários e sempre em alinhamento com a monarquia e o tradicionalismo, ou mesmo ao retorno à moral monárquica ou imperial. 

Já a esquerda ficaria entre os revolucionários organizados (como comunistas) reformadores (liberais e socialistas) e libertários extremos (anarquistas). 

Entretanto, cientistas políticos contemporâneos avaliam a existência de pensamentos e tendências intermediárias tão diferentes entre si e tão equidistantes dos extremos que esse espectro não pode, ou não deveria ser entendido como linear. 

Análises "geométricas" considerando um espectro político plano ou até esférico vem sendo muito mais utilizadas na contemporaneidade. 

Os próprios conceitos sobre autoritarismo e libertarismo são relativizados e podem ser entendidos como "de esquerda" ou "de direita". 

Hoje, muitos modelos são utilizados para classificar um pensamento ou ideologia política e, ao que parece nenhum parece definitivo, dado que a cada dia outras visões e outras formas de pensar o mundo surgem das mentes mais brilhantes... e dos memes também! 





Araújo Neto

sexta-feira, 11 de junho de 2021

Nazismo: esquerda ou direita?

Uma das discussões mais comuns travadas em redes sociais na última década foi sobre de qual lado do espectro político, o nazismo e o fascismo estaria. 



Para entender a alocação política do nazismo, precisamos primeiro entender as suas origens e preceitos. Primeiro temos que entender que o nazismo é uma subdivisão do Fascismo, uma ideologia política ultranacionalista e autoritarista, que se caracteriza pelo poder ditatorial e centralizador, pela repressão violenta de opositores e pelo forte controle social e da economia. 

O Fascismo se opôs fortemente ao liberalismo e ao comunismo, ao mesmo tempo que não era favorável ao conservadorismo, embora alianças com setores da direita tradicional tenham sido vistas.

Esta ideologia política aceitava os avanços tecnológicos positivos e científicos, mas propunha a emergência de uma nova classe dominante, baseada na força. 

Já o nazismo é uma forma de fascismo que acrescenta o antissemitismo e o "racismo científico" como doutrina base. 

Sua argumentação se baseava na crença de que o povo germânico pertencia a uma raça mais elevada de seres humanos, a chamada Raça Ariana. 

Sua origem remonta a derrota da Alemanha na primeira guerra mundial e foi influenciada pelos Freikorps, grupos paramilitares que surgiram após o mega evento. 

O nazismo apoiava a noção pseudo-científica da hierarquia racial e do darwinismo social. É comumente referida como o nacional-socialismo pois pretendia se diferenciar radicalmente tanto do capitalismo de livre mercado, quanto do comunismo marxista. 

É nesse ponto que reside a dúvida que cria toda a confusão.

Apesar de se denominar socialismo, é um doutrina nacionalista radical. 

Dessa forma não pode ser vista como associada ao conceito de esquerda, que temos hoje, visto que esta é uma ideia associada ao liberalismo libertário, que defendia exatamente seu inverso: a liberdade individual.

O erro analítico associado ao termo nasce ao tentar se ver a história de trás para frente. Quem analisa a forma de atuação e governo dos nazistas os associa ao modus operandi soviético. 

Isso é perceptível.



Entretanto, é preciso primeiro entender o que foi caracterizado como esquerda, quando este termo se tornou emblemático para tratar da política, entre os séculos XVIII e XIX. 

Por seguinte, devemos entender a busca do governo soviético em influenciar partidos de oposição e esquerda do mundo ocidental, principalmente do chamado "Terceiro Mundo".

Depois, temos que entender como funciona o jogo político da nossa sociedade, na qual as ideias de economia e sociedade se confundem. 

Nesse contexto surge a figura do conservador nos costumes e liberal na economia, que nada mais é do que uma ideologia dos grandes possuidores de capital que guardam publicamente valores tradicionais (ainda que na vida privada façam completamente diferente) visando agradar a opinião pública, principalmente dialogar com os mais pobres, que em geral, tem mais apreço ao conservadorismo social. 

Entretanto, no aspecto econômico propõem menos intervenção do Estado, o que não acontece por moral, ou por crença filosófica, mas apenas na tentativa de pagar menos tributos e aumentar suas margens de lucro. 

Assim, na política econômica reformista da esquerda, as ideias keynesiana (de John Maynard Keynes, economista britânico que defendeu a intervenção do Estado na economia para salvar o capitalismo) se coloca como a ideologia econômica que predomina entre os setores da esquerda. 

Apesar de se colocar como defensora do comunismo marxista, em razão da influência soviética do século XX, a esquerda é na verdade uma versão moderada do liberalismo libertário, com forte tendência reformista,  com pouca inclinação revolucionária.

Considerando estes fatores, o nazismo e o fascismo são facilmente entendidos como teorias de direita. Mas uma direita menos conservadora e mais progressista, no quesito técnico e muito mais reacionária, na questão social, nacional e étnica. 

sexta-feira, 4 de junho de 2021

As diferenças entre o Utilitarismo e a Ética do Dever.

O utilitarismo é uma corrente de pensamento que prega a máxima de que uma ação é boa à medida em que promovem a felicidade e más quando trazem infelicidade, ao maior número de pessoas possível.



O pensamento utilitarista é regido pelo princípio do bem-estar máximo, que pode ser resumido na frase: “Agir sempre de forma a produzir a maior quantidade de bem-estar”.

Mais do que apenas uma linha de pensamento, o Utilitarismo foi aplicado à questões concretas, como na política, na economia, nas legislações e foi importante na disseminação de ideias sobre a liberdade sexual e emancipação feminina, no século XIX.

É uma teoria consequencialista, ou seja, as ações propostas devem ter como norte uma finalidade, que será o resultado futuro da ação presente. Em suma, o Utilitarismo é uma moral eudemonista, que busca a felicidade de modo pleno, seja individual ou coletivamente.

Essa teoria tem como base princípios fundamentais como o conceito de bem-estar, a otimização ou a maximização deste conceito, assim como a agregação, a imparcialidade e o universalismo e o racionalismo.

No tocante à agregação, esta pode ser compreendida como o “saldo” final do cálculo da quantidade de bem-estar produzida por uma ação.

Dessa forma, a moral utilitarista é um resultado de um calculo e não baseada em princípios, influenciando decisivamente o pragmatismo, muito abordado na atualidade.

O Utilitarismo acabou sendo muito influente na filosofia do direito penal, uma vez que criticou a pena punitiva que se encerrava no sujeito punido e propunha que as penas produzissem consequências positivas, para toda a sociedade.

Os principais teóricos dessa matéria foram Jeremy Bentham (1748-1832) e John Stuart Mill(1806-1873), considerados os criadores do pensamento. O filósofo liberal David Hume, é considerado um dos precursores do Utilitarismo. A doutrina contou também com a adesão de Jean-Baptiste Say, Condillac , Henry Sidgwick e Willian Godwin, considerado um dos criadores do anarquismo.


Os críticos do Utilitarismo afirmam que a teoria, por ser excessivamente racional, acabou por limitar o individuo a uma unidade autossuficiente, desprezando tanto as relações interdependentes entre eles e as questões acerca dos seus sentimentos.

A incerteza sobre as reais consequências de um ato e a infinitude da cadeia derivada dessas atitudes foram outras questões ignoradas, na elaboração dessa teoria, segundo seus opositores.

As críticas ao utilitarismo também se formam na base conceitual da ética kantiana, que é fundamentada no dever, visto pelo filósofo iluminista alemão Immanuel Kant (1724-1804), como o princípio supremo da moralidade.

Kant desenvolveu sua teoria a partir de um conceito chamado de Imperativo Categórico. Este seria uma lei moral interior ao indivíduo, baseada apenas na razão humana e não possui nenhuma ligação com causas sobrenaturais, supersticiosas ou relacionadas a uma autoridade do Estado ou religiosa.

Esse Imperativo está baseado em três princípios:


1. Age como se a máxima de tua ação devesse ser erigida por tua vontade em lei universal da Natureza.

2. Age de tal maneira que trates a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de outrem, sempre como um fim e nunca como um meio.

3. Age como se a máxima de tua ação devesse servir de lei universal para todos os seres racionais.

Dessa forma, a deontologia kantiana se opõe firmemente à tradição teleológica da ética e, consequentemente aos padrões do utilitarismo.

A ética é uma disciplina que trata da moral e estuda os valores e princípios de um indivíduo ou de um grupo social. Também pode ser vista como conjunto de regras e preceitos de ordem valorativa e moral de um indivíduo, de um grupo social ou de uma sociedade.

Dessa forma, tanto a deontologia utilitarista, quanto à kantiana podem ser consideradas valores éticos, do ponto de vista filosófico

E você, o que acha sobre a ética?

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Araújo Neto


sexta-feira, 28 de maio de 2021

Anarquia ou anarquismo? Como surgiu essa ideologia e o que ela significa, hoje?

Anarquia é um termo que vem Do grego antigo ἀναρχία (anarkhia) e significaria algo como anular o governo, ou sociedade sem governo. 



A doutrina política e social que defende a anarquia é chamada de Anarquismo. Essa ideologia se opõe a todo tipo de hierarquia e dominação, seja ela política, econômica, social ou cultural, como o Estado, o capitalismo, as instituições religiosas, o racismo e o patriarcado.

Os anarquistas defendem a socialização da propriedade privada dos meios de produção como um aspecto central na defesa da autogestão econômica. Esse sistema político é baseado na negação do princípio da autoridade.

Sua origem está nas ideias iluministas de Rousseau e no socialismo de Marx e Engels. O anarquismo lutava para construir uma sociedade onde ninguém precisaria de dirigentes para saber aquilo que se deve fazer. Não é, em absoluto, sinônimo de caos.

O anarquismo surge no século XIX, proposto pelo filósofo e político inglês William Godwin, que viveu entre 1756 e 1836. Ele sugere um novo sistema político e econômico distinto do capitalista liberal que imperava desde a Revolução Industrial.

Godwin era um utilitarista, ou seja, defendia uma teoria consequencialista, que afirma que a ação é boa quando tendem a promover a felicidade e más quando tendem a promover o oposto, tratando-se de uma moral eudemonista, que defende a plena liberdade.

O anarquismo, entre 1868 e 1894, já havia se desenvolvido significativamente e também havia sido difundido globalmente. Até 1949, a doutrina exerceu grande influência entre os movimentos operários e revolucionários. 

Os seus principais pensadores foram Mikhail Bakunin e Pierre-Joseph Proudhon.

Bakunin era russo de nascimento e participou de movimentos sociais ao lado de Karl Marx,no início de sua carreira como ativista. Visto como um agitador e extremamente radical, o anarquista logo se desentendeu com a ala comunista do movimento operário e provocando vários atritos, com os mesmos. 

Em sua perspectiva política, Bakunin rejeitou todos os sistemas de governo fossem qual fossem o seu formato. De forma similar, rejeitou a noção de quaisquer posições ou classes privilegiadas,

A forma de socialismo tal qual a concebia Bakunin era conhecida como "anarquismo coletivista", condição na qual os trabalhadores poderiam administrar diretamente os meios de produção através de suas próprias associações produtivas. 

Ele entendia que a organização da sociedade deveria se dar da base até o topo, ou da circunferência ao centro, de acordo com os princípios de livre associação e federação, o que ele chamou de Federalismo!

Bakunin foi severo nas críticas aos marxistas. Embora tenha sido parceiro de Karl Marx, no início, criou várias contendas posteriores e acabou sendo um dos líderes de um movimento ainda mais radical que criou o anarcosocialismo.



Para ele, todas as formas de governo levariam a opressão e, sobre os marxistas chegou a afirmar a seguinte frase:

“Eles defendem que nada além de uma ditadura - a ditadura deles, é claro - pode criar o desejo das pessoas, enquanto nossa resposta para isso é: Nenhuma ditadura pode ter qualquer outro objetivo para além de sua autoperpetuação, ela pode apenas levar à escravidão o povo que tolerá-la; a liberdade só pode ser criada através da liberdade, isto é, por uma rebelião universal de parte das pessoas e organização livre das multidões de trabalhadores de baixo para cima.”

Bakunin foi, posteriormente, criticado pela concepção de revolução violenta que defendia. 


Suas principais obras foram:

  • Die Reaktion in Deutschland (A Reação na Alemanha) – 1842
  • O Império Knuto-Germânico e a Revolução Social - 1871
  • Comuna de Paris e a Noção de Estado - 1871
  • Federalismo, Socialismo e Antiteologia – 1872
  • Estatismo e Anarquia (Gosudarstvennost' i anarkhiia/Staatlichkeit und Anarchie) – 1873
  • Textos Anarquistas - 1874
  • Deus e o Estado – 1882

(Fonte: Wikipedia.org)


Já Pierre-Joseph Proudhon foi um filósofo político e econômico francês, foi membro do Parlamento Francês e primeiro grande ideólogo a se auto intitular anarquista, no Século XIX.


Assim como Bakunin, Proudhon participou ativamente dos movimentos operários do século XIX, em princípio ao lado dos comunistas e marxistas. Mas a ruptura foi inevitável. 

O debate entre Marx e Proudhon se deu por trocas de escritos literários, tendo o anarquista escrito “A Filosofia da Miséria”, enquanto o comunista lhe respondera com “A Miséria da Filosofia”.

Suas obras foram:

  • O que é a Propriedade? Pesquisa sobre o Princípio do Direito e do Governo (1840)
  • Aviso aos Proprietários (1842)
  • Sistema das Contradições Econômicas, ou A Filosofia da Miséria (1846)
  • A Ideia Geral de Revolução no Século XIX(General Idea of the Revolution in the Nineteenth Century, (1851)
  • Le manuel du spéculateur à la bourse (2012)
  • De la justice dans la révolution et dans l'Eglise (1858)
  • La Guerre et la Paix (2012)
  • Do Princípio Federativo (1863)
  • De la capacité politique des classes ouvrières (1865)
  • Théorie de la propriété (2012)
  • Théorie du mouvement constitutionnel (2012)
  • Du principe de l'art (2012)
  • Correspondences (2012)

(Fonte: Wikipedia.org)

Iain McKay apontou uma divisão entre o anarquismo individualista, representado por autores como Stirner e Tucker, e o anarquismo social, representado por autores como Bakunin e Kropotkin.

Johann Kaspar Schmidt, mais conhecido como Max Stirner, foi um filósofo alemão muitas vezes visto como um dos precursores do niilismo, do existencialismo, da teoria psicanalítica, do pós-modernismo e do anarquismo, especialmente do anarquismo individualista.

Benjamin Tucker foi o principal defensor americano do anarquismo individualista e do anarquismo americano no século XIX Foi editor do periódico anarquista americano Liberty. 


Piotr Alexeyevich Kropotkin foi um geógrafo, economista, cientista político, sociólogo, zoólogo, historiador, filósofo e ativista político russo, um dos principais pensadores do anarquismo no fim do século XIX, considerado também o fundador da vertente anarco-comunista.

Haveria para McKay duas correntes maiores de anarquismo aquelas relativas à estratégia — com os primeiros priorizando a educação e a propaganda e os segundos priorizando as intervenções econômicas e políticas na busca por uma revolução — e aquelas relativas à economia de uma possível sociedade futura baseada nos princípios libertários.

Após a segunda guerra mundial, o poder político, econômico e militar da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas acabou por dominar todos os movimentos, outorgando o seu viés de socialismo ou comunismo e extirpando os anarquistas deste meio.

As ideias anarquistas retornam a ter força no final da década de 1970, quando o movimento Punk ganha o Reino Unido. Embora nem todo punk seja necessariamente anarquista, a ideologia foi propagada e defendida por muitos seguidores deste movimento, que aliou uma estética chocante com um movimento musical baseado em músicas agressivas, com temáticas contestadoras.

O punk se baseava nas ideias de liberdade máxima e seu lema é o “faça você mesmo”. O pensamento anarquista tem um papel importante na cultura punk, assim como o punk teve uma influência significativa no anarquismo contemporâneo.

A maior influência literária no período talvez tenha sido Giovanni Baldelli, escritor italiano, que publicou suas obras nos Estados Unidos e na Inglaterra, no início da década de 70.

No campo político-econômico se convencionou aceitar uma corrente chamada de anarco-capitalismo, que seria uma radicalização do liberalismo econômico e do neoliberalismo. Essa corrente defende o fim do Estado político e o livre mercado, mas com a continuidade da propriedade privada. 

Anarcocapitalismo é uma filosofia política capitalista que pretende a eliminação do Estado e a proteção à soberania do indivíduo através da propriedade privada e do mercado livre. 

Há um outro conjunto de ideias que por vezes se mistura e se confunde com o anarquismo, o chamado libertarianismo ou libertarismo. Esta é uma filosofia política e movimento que defende a liberdade como um princípio central. 

Os libertários compartilham um ceticismo em relação à autoridade e ao Estado, mas divergem no escopo de sua oposição aos sistemas políticos e econômicos. 

Enfim, entendemos que foram desenvolvidas diversas interpretações para o termo anarquia e seu derivado anarquismo. Algumas delas são conflitantes e até antagônicas.

O importante é que todas conservam a ideia central de que a anarquia consiste na ausência de controle, em alguma escala. 

Aplica-se o termo à qualquer perspectiva de liberdade extrema, seja política, econômica, social etc. 

Muito obrigado por ter lido. Esperamos ter ajudado a ampliar seu entendimento, assim como ampliamos o nosso, ao realizar esta pesquisa. 

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