Anarquia é um termo que vem Do grego antigo ἀναρχία (anarkhia) e significaria algo como anular o governo, ou sociedade sem governo.
A doutrina política e social que defende a anarquia é chamada de Anarquismo. Essa ideologia se opõe a todo tipo de hierarquia e dominação, seja ela política, econômica, social ou cultural, como o Estado, o capitalismo, as instituições religiosas, o racismo e o patriarcado.
Os anarquistas defendem a socialização da propriedade privada dos meios de produção como um aspecto central na defesa da autogestão econômica. Esse sistema político é baseado na negação do princípio da autoridade.
Sua origem está nas ideias iluministas de Rousseau e no socialismo de Marx e Engels. O anarquismo lutava para construir uma sociedade onde ninguém precisaria de dirigentes para saber aquilo que se deve fazer. Não é, em absoluto, sinônimo de caos.
O anarquismo surge no século XIX, proposto pelo filósofo e
político inglês William Godwin, que viveu entre 1756 e 1836. Ele sugere um novo sistema político e
econômico distinto do capitalista liberal que imperava desde a Revolução
Industrial.
Godwin era um utilitarista, ou seja, defendia uma teoria
consequencialista, que afirma que a ação é boa quando tendem a promover a
felicidade e más quando tendem a promover o oposto, tratando-se de uma moral
eudemonista, que defende a plena liberdade.
O anarquismo, entre 1868 e 1894, já havia se desenvolvido significativamente e também havia sido difundido globalmente. Até 1949, a doutrina exerceu grande influência entre os movimentos operários e revolucionários.
Os seus principais pensadores foram Mikhail Bakunin e Pierre-Joseph
Proudhon.
Bakunin era russo de nascimento e participou de movimentos sociais ao lado de Karl Marx,no início de sua carreira como ativista. Visto como um agitador e extremamente radical, o anarquista logo se desentendeu com a ala comunista do movimento operário e provocando vários atritos, com os mesmos.
Em sua perspectiva política, Bakunin rejeitou todos os sistemas de governo fossem qual fossem o seu formato. De forma similar, rejeitou a noção de quaisquer posições ou classes privilegiadas,
A forma de socialismo tal qual a concebia Bakunin era conhecida como "anarquismo coletivista", condição na qual os trabalhadores poderiam administrar diretamente os meios de produção através de suas próprias associações produtivas.
Ele entendia que a organização da sociedade deveria se dar da base até o topo, ou da circunferência ao centro, de acordo com os princípios de livre associação e federação, o que ele chamou de Federalismo!
Bakunin foi severo nas críticas aos marxistas. Embora tenha
sido parceiro de Karl Marx, no início, criou várias contendas posteriores e
acabou sendo um dos líderes de um movimento ainda mais radical que criou o
anarcosocialismo.
Para ele, todas as formas de governo levariam a opressão e,
sobre os marxistas chegou a afirmar a seguinte frase:
“Eles defendem que nada além de uma ditadura - a ditadura
deles, é claro - pode criar o desejo das pessoas, enquanto nossa resposta para
isso é: Nenhuma ditadura pode ter qualquer outro objetivo para além de sua
autoperpetuação, ela pode apenas levar à escravidão o povo que tolerá-la; a
liberdade só pode ser criada através da liberdade, isto é, por uma rebelião
universal de parte das pessoas e organização livre das multidões de trabalhadores
de baixo para cima.”
Bakunin foi, posteriormente, criticado pela concepção de
revolução violenta que defendia.
Suas principais obras foram:
Die Reaktion in Deutschland (A Reação na Alemanha) – 1842
O Império Knuto-Germânico e a Revolução Social - 1871
A Comuna de Paris e a Noção de Estado - 1871
Federalismo, Socialismo e Antiteologia – 1872
Estatismo e Anarquia (Gosudarstvennost' i anarkhiia/Staatlichkeit und Anarchie) – 1873
Textos Anarquistas - 1874
Deus e o Estado – 1882
(Fonte: Wikipedia.org)
Já Pierre-Joseph Proudhon foi um filósofo político e econômico francês, foi membro do Parlamento Francês e primeiro grande ideólogo a se auto intitular anarquista, no Século XIX.
Assim como Bakunin, Proudhon participou ativamente dos movimentos operários do século XIX, em princípio ao lado dos comunistas e marxistas. Mas a ruptura foi inevitável.
O debate entre Marx e Proudhon se deu por trocas de escritos
literários, tendo o anarquista escrito “A Filosofia da Miséria”, enquanto o
comunista lhe respondera com “A Miséria da Filosofia”.
Suas obras foram:
O que é a Propriedade? Pesquisa sobre o Princípio do Direito e do Governo (1840)
Aviso aos Proprietários (1842)
Sistema das Contradições Econômicas, ou A Filosofia da Miséria (1846)
A Ideia Geral de Revolução no Século XIX(General Idea of the Revolution in the Nineteenth Century, (1851)
Le manuel du spéculateur à la bourse (2012)
De la justice dans la révolution et dans l'Eglise (1858)
La Guerre et la Paix (2012)
Do Princípio Federativo (1863)
De la capacité politique des classes ouvrières (1865)
Théorie de la propriété (2012)
Théorie du mouvement constitutionnel (2012)
Du principe de l'art (2012)
Correspondences (2012)
(Fonte: Wikipedia.org)
Iain McKay apontou uma divisão entre o anarquismo
individualista, representado por autores como Stirner e Tucker,
e o anarquismo social, representado por autores como Bakunin e Kropotkin.
Johann Kaspar Schmidt, mais conhecido como Max Stirner, foi um filósofo alemão muitas vezes visto como um dos precursores do niilismo, do existencialismo, da teoria psicanalítica, do pós-modernismo e do anarquismo, especialmente do anarquismo individualista.
Benjamin Tucker foi o principal defensor americano do anarquismo individualista e do anarquismo americano no século XIX Foi editor do periódico anarquista americano Liberty.
Piotr Alexeyevich Kropotkin foi um geógrafo, economista, cientista político, sociólogo, zoólogo, historiador, filósofo e ativista político russo, um dos principais pensadores do anarquismo no fim do século XIX, considerado também o fundador da vertente anarco-comunista.
Haveria para McKay duas correntes maiores de anarquismo
aquelas relativas à estratégia — com os primeiros priorizando a educação e a
propaganda e os segundos priorizando as intervenções econômicas e políticas na
busca por uma revolução — e aquelas relativas à economia de uma possível
sociedade futura baseada nos princípios libertários.
Após a segunda guerra mundial, o poder político, econômico e
militar da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas acabou por dominar todos
os movimentos, outorgando o seu viés de socialismo ou comunismo e extirpando os
anarquistas deste meio.
As ideias anarquistas retornam a ter força no final da
década de 1970, quando o movimento Punk ganha o Reino Unido. Embora nem todo
punk seja necessariamente anarquista, a ideologia foi propagada e defendida por
muitos seguidores deste movimento, que aliou uma estética chocante com um
movimento musical baseado em músicas agressivas, com temáticas contestadoras.
O punk se baseava nas ideias de liberdade máxima e seu lema
é o “faça você mesmo”. O pensamento anarquista tem um papel importante na
cultura punk, assim como o punk teve uma influência significativa no anarquismo
contemporâneo.
A maior influência literária no período talvez tenha sido Giovanni
Baldelli, escritor italiano, que publicou suas obras nos Estados Unidos e na
Inglaterra, no início da década de 70.
No campo político-econômico se convencionou aceitar uma
corrente chamada de anarco-capitalismo, que seria uma radicalização do
liberalismo econômico e do neoliberalismo. Essa corrente defende o fim do
Estado político e o livre mercado, mas com a continuidade da propriedade
privada.
Anarcocapitalismo é uma filosofia política capitalista que pretende a eliminação do Estado e a proteção à soberania do indivíduo através da propriedade privada e do mercado livre.
Há um outro conjunto de ideias que por vezes se mistura e se
confunde com o anarquismo, o chamado libertarianismo ou libertarismo. Esta é
uma filosofia política e movimento que defende a liberdade como um princípio
central.
Os libertários compartilham um ceticismo em relação à autoridade e ao
Estado, mas divergem no escopo de sua oposição aos sistemas políticos e
econômicos.
Enfim, entendemos que foram desenvolvidas diversas interpretações para o termo anarquia e seu derivado anarquismo. Algumas delas são conflitantes e até antagônicas.
O importante é que todas conservam a ideia central de que a anarquia consiste na ausência de controle, em alguma escala.
Aplica-se o termo à qualquer perspectiva de liberdade extrema, seja política, econômica, social etc.
Muito obrigado por ter lido. Esperamos ter ajudado a ampliar seu entendimento, assim como ampliamos o nosso, ao realizar esta pesquisa.
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Socialismo e comunismo são vistos como sinônimos, atualmente e integrados ao que se chama de viés político de esquerda. Entretanto, muitas das atribuições que os termos têm recebido atualmente podem ser equivocadas e até antagonizam com os conceitos originais que formaram essas teorias.
Por que? Vamos ver neste artigo!
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Nesta semana, estaremos falando
um pouco sobre o Socialismo e Comunismo.
Os termos socialismo e comunismo
despertam mais do que entendimento e compreensão técnica. Essas nomenclaturas
invocam hoje sentimentos extremos, de amor e ódio, se aproximando de um entendimento quase religioso, para seus adeptos.
Seu defensores e seus críticos têm em comum a dificuldade de refletir criticamente sobre os conceitos que envolvem e, em função desse caráter impositivo, há uma discrepância muito grande entre correntes que se intitulam dessa forma e as teorias que defendem em comparação à história de outras correntes que se autoproclamaram socialistas e/ou comunistas.
É importante citar, que os termos não representam exatamente sinônimos, embora possam ser consecutivos e congruentes, em muitos casos, mas não necessariamente sempre.
Essa celeuma se deve em grande parte à
forte influência que o Marxismo, principal corrente comunista teve no mundo a
partir da segunda metade do século XIX. A doutrina foi elaborada pelos
filósofos alemães Karl Marx e Friedrich Engels, em meados do Século XIX.
Seus inventores imaginaram
criar uma teoria com bases científicas a partir da história, da economia e da
sociologia, para justificar a transformação social através do comunismo, alcançado através de uma revolução popular.
Segundo defendiam, os trabalhadores eram quem de fato produziam a riqueza. Estes eram, porém, expropriados do máximo retorno, pelos capitalistas, os donas das grandes indústrias, através do processo que denominaram "mais - valia".
Esta seria a diferença entre o que produz o operário e o que fica para o capitalista. Enquanto este recebe os lucros, aquele fica com o salário, que seria a expressão máxima da Mais Valia e combatido com veemência pela dupla de pensadores.
Embora hoje em dia muita gente
opine sobre o tema e se ache entendedora do assunto, podemos afirmar que a
maioria esmagadora das afirmações feitas sobre o tema ou são falsas ou estão
redondamente enganadas.
Marx e Engels não foram os
primeiros comunistas/socialistas. Ao contrário, faziam parte de associações de
socialistas, que existiam bem antes deles. Muito menos o conceito de
coletivismo fora criado por eles. Na verdade, Marx e Engels eram industriais
burgueses, que criticavam o que consideravam ser uma extrema exploração dos
operários por parte dos industriais.
Sua doutrina não era
anticapitalista, mas pressuponha sua superação. Apesar de admitir os benefícios
trazidos pela sociedade industrial burguesa, os filósofos alemães pretendiam
estender as benesses da indústria àqueles que de fato punham a mão na massa: os
trabalhadores.
Como dito anteriormente eles
faziam parte de um grupo cada vez mais numeroso na Europa do século XIX de
trabalhadores e teóricos que defendiam uma transformação radical da sociedade.
A Europa do Século XIX passava por muitas turbulências políticas e sociais
derivadas do período revolucionário do final do século anterior.
Muitas outras propostas surgiram
na mesma época buscando criar ou recuperar algum tipo de ordem social, como o
Positivismo, do filósofo-religioso francês Auguste Comte. Hoje, o positivismo influencia de certo modo algumas correntes associadas ao socialismo e comunismo, uma vez que defende a ordem e a ciência para o progresso social.
Marx e Engels seriam
mais uma voz, na multidão a não ser por uma perspectiva que os diferenciava dos
demais: a prática revolucionária e a organização partidária. Ambos não ficavam
em seus escritórios somente escrevendo e publicando textos, mas se reuniam com
correligionários e agitavam ações diretas em busca da finalidade de suas obras.
Os principais livros da dupla forma o "Manifesto do Partido Comunista", escrito em conjunto por ambos, "O Capital", "A Ideologia Alemã" e "A Questão Judaica" de Marx, além de "A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado", de Engels.
Seus escritos foram influenciados
por algumas teorias às quais chamaram de “utópicas”. O termo utópico advém da
obra de Thomas More (Morus – latinizado), um filósofo, advogado, escritor e
estadista inglês que viveu entre 1478 e 1535 e escreveu o que talvez seja a
primeira obra escrita do ocidente a tratar de uma forma de coletivização ou
comunismo, na modernidade: A Utopia.
Na obra, More relata a visita de
um europeu à fictícia nação de Utopia, onde o soberano Utopus governava com
serenidade e sabedoria e todas as coisas pertenciam a todos e ninguém era dono
de nada.
Os relatos de More, sobre a tal terra fictícia envolvia não só a defesa do desapego de bens materiais, mas invadia o terreno da liberdade religiosa. Morus terminou enforcado e decapitado, por defender a Igreja Católica, contra a revolução anglicana, de Henrique VIII.
Apesar de parecer avançado, este conceito se aproximava tanto da noção
de que a terra era de Deus, ideia já presente na filosofia medieval, assim como
já vista no Livro Bíblico “Atos dos Apóstolos”. Este último, inclusive apontado
com um dos primeiros relatos utópicos pelos autores marxistas.
Em “Atos” podemos ler a afirmação,
que diz:
“Todos os fiéis viviam unidos e
tinham tudo em comum” – Atos 2-44 (bíblia online – versão católica).
Antes deles, porém, segundo
alguns historiadores e estudiosos do judaísmo, um grupo de judeus radical vivia
fora das cidades, em cavernas e não possuíam bens materiais e viviam de estudar
a Torá e aguardar a chegada do Messias. Esse grupo era conhecido como
“Essênios” e, para alguns estudiosos, desta seita é que teria saído João
Batista.
Outras tribos primitivas tanto na
América, quanto na África, na Ásia e na Oceania permaneceram por muitos séculos
em estado primitivo, vivendo sem a existência da sociedade privada, embora a
associação com alguma forma de comunismo possa ser considerada um tanto
forçada.
No século XIX outras teorias
socialistas surgiram na Europa. Na maior parte, essas ideias eram originadas no
humanismo, no iluminismo e no liberalismo, sendo derivações naturais desta
última, principalmente.
Claude-Henri Rouvroy, mais
conhecido como Conde de Saint-Simon criou uma ideologia política, que ficou
conhecida como sansimonismo. Segundo esta doutrina, todas as pessoas envolvidas
no processo produtivo deveriam compor uma classe industrial deveriam ter suas
necessidades reconhecidas e satisfeitas para que houvesse uma economia
eficiente.
Defendia assim, um socialismo
tecnocrático em contraposição aos que chamava de “parasitas” da sociedade,
pessoas que se recusavam a trabalhar e produzir. Essa doutrina surge com força
em oposição ao processo de restauração europeia, um movimento através do qual
as monarquias tentavam recuperar o poder perdido após a expansão do Império
Napoleônico.
François Marie Charles Fourier
propôs a criação de unidades de produção e consumo independentes, às quais
chamou de “Falanstérios”, ou falanges. Essas unidades se organizavam na forma
de cooperativas auto suficientes. Também defendia a liberdade individual e a
igualdade entre os gêneros masculino e feminino, ao mesmo tempo em que
criticava a civilização urbana, o matrimônio, a monogamia e o liberalismo.
Considerado um sátiro, Fourier costumeiramente transcendia o caráter
economicista dos demais socialistas.
Louis Jean Joseph Charles Blanc,
mais conhecido como Louis Blanc defendera a criação de associações
profissionais de trabalhadores de um mesmo ramo e de Oficinas nacionais,
financiadas pelo Estado, nas quais os lucros deveriam ser divididos entre
trabalhadores e o Estado.
Defendeu a República contra a
Monarquia, participando ativamente da Revolução de 1848 e teve suas ideias
postas em prática na França. Sua jornada no socialismo começara após a
Revolução de 1830, que fez a sua família ficar falida.
Robert Owen, industrial inglês
que propôs a organização dos trabalhadores em cooperativas é considerado o pai
do termo socialismo. Primeiramente defensor do utilitarismo e do liberalismo,
seu trabalho na indústria o fez se aproximar do socialismo e, para muitos é o
criador da teoria. Além disso, apoiava enormemente a educação e a reforma do
trabalho.
Para ele ninguém era responsável
por sua vontade. O ser humano é fruto de sua genética e do meio em que vive.
Dizia também que toda religião se baseia na ideia de que o homem é um animal
fraco, imbecil e fanático, por isso se manteve afastados delas. Até que aos 83
anos se converteu ao Espiritualismo e defendeu que a humanidade deveria se
preparar para a paz universal e difundir o espírito do amor, da caridade e da
tolerância.
Pierre-Joseph Proudhon foi o primeiro
a se autoproclamar anarquista. Proudhon teve célebres debates com Marx, por quem fora chamado de utópico. Escreveu "A Filosofia da Miséria" , sua obra mais importante que recebeu duras críticas de seu adversário comunista. Assim, Marx o rebateu escrevendo "A Miséria da Filosofia", onde criticou a falta de ação dos anarquistas.
É curioso perceber que também o termos anarquia e anarquismo sofrem com as deturpações contemporâneas. Primeiramente apresentados no meio dos operários, o termo, hoje foi adotado como uma criação ideológica para defender grandes capitalistas, contra a ação tributária Estatal.
Há ainda o socialismo Fabiano, concebido
pela Sociedade Fabiana, que se propõe a preparar a classe operária para chegar
ao poder. Diferentemente dos Marxistas, os Fabianos são contra a revolução e
acreditam na gradual evolução social. Seu símbolo é uma tartaruga.
De certa forma, os comunistas e
socialistas conseguiram chegar o poder em alguns lugares. A evolução do que se
chamou “Social-Democracia” fez surgir um entendimento de assistencialismo
estatal, que estaria necessariamente ligado ao termo socialismo, o que não é
completamente correto, como apontamos no relato.
Por outro lado, os marxistas
revolucionários conseguiram chegar ao poder, primeiramente na Rússia, em 1917,
suplantando a revolução liberal-democrata, que acontecera meses antes, no mesmo
ano.
Os marxistas já tinham se
organizado duas vezes no que se chamou de Internacional Comunista, ou
Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT). A primeira foi em 1876 e
contou com a presença de Marx e Engels, além de anarquistas, reformistas e
defensores das diversas correntes de ideias do movimento operário. A segunda em
1889, foi organizada por Engels.
A terceira acontece em 1919, já
na União Soviética, o primeiro Estado a se assumir marxista, propriamente dito.
Após a escalada de Stalin ao poder, essa associação passa a defender que os partidos
comunistas e trabalhistas no mundo inteiro adiram às causas das minorias, para
que, no somatório se tornassem numerosos em adeptos, pois entendiam que a
maioria é a soma das minorias.
O resultado da União Soviética
foi uma generalização das teorias anteriores amalgamadas de forma abrupta em um
modelo que ficou conhecido como “Socialismo de Estado”, o qual acabou sendo
chamado por socialistas e comunistas que lhe eram contrários de Capitalismo de
Estado. Nele, o Estado é o único com autoridade para empreender e toda
iniciativa econômica depende dele, sendo ao mesmo tempo assistencialista e
taxador de tributos, excessivamente.
O Estado Soviético se torna forte
e intervencionista nas mínimas coisas, ficando tão opulento quanto o Império
Russo Czarista, o qual Lênin tratou de derrubar. Da mesma forma, os movimentos
sociais ligados à AIT, agora sob o comando dos soviéticos passa a defender
igualdade entre os gêneros e os direitos dos homossexuais.
O curioso é que, durante o século
XIX, os movimentos operários consideraram uma vitória o fim da obrigação do
trabalho feminino nas indústrias, enquanto o do século XX defendia a
oportunidade de trabalho para a mulher.
Assim como Marx pautou toda sua
obra na visão de que o trabalhador não tendo propriedades materiais teria como
único bem a sua capacidade de reprodução. Por isso deu à essa classe o nome de
proletariado, exatamente porque sua única fonte de riqueza era gerar
descendentes que faziam com que a classe se tornasse numerosa e por isso
guardaria em seu interior o futuro do mundo, tendo a força necessária para
fazer a revolução.
Exatamente nesse ponto vem o contrassenso do esquerdismo atual, que defende exatamente o aborto e outras formas de planejamento familiar a fim de ajudar num controle populacional. Mar provavelmente não gostaria muito dessa defesa.
O esquerdismo, por sua vez é geralmente associado ao socialismo e ao comunismo. Entretanto, principalmente no Brasil e nos Estados Unidos, hoje, o que se chama de esquerda política tem muito mais relação com o desenvolvimento da ala social do liberalismo do que com alguma proposta marxista, comunista ou socialista.
Uma das confusões que normalmente aparecem é em relação à presença e atuação do Estado. Marx e Engels pressupunham que o Estado é um instrumento dos capitalistas para controlar a sociedade e manter a ordem econômica nela inscrita.
A esquerda política, em geral defende um Estado forte e atuante, além de assistencialista, se afastando amplamente dos conceitos originários que foram primeiramente associados ao comunismo e ao socialismo.
Em sua história, o
comunismo/socialismo nasce liberal-anarquista, evolui para o reformismo e
termina em um estatismo imperialista.
Na próxima semana falaremos mais
a fundo sobre Anarquismo.
Qual a relação entre o território e a guerra? Só existem guerras pelo território? Não! Mas certamente, a terra e seus frutos foram decisivamente os fatores mais importantes e recorrentes para conflitos humanos, ao longo de toda a história.
Seja bem-vindo ao Semanário
do Pensamento. Nesta semana, estaremos falando um pouco sobre o Território e a Guerra.
O homem era nômade, quando apareceu neste mundo. Esta visão é compartilhada pelos diferentes ramos da ciência que estudam a humanidade, desde o seu surgimento.
Mas após
descobrir como cultivar plantas e domesticar animais o homem começou a se
estabelecer em determinadas porções de terras. Essas porções se tornaram seu
território.
Na natureza a noção que envolve o
termo é comum a diversas espécies animais que demarcam suas posses usando seus
excrementos ou usando restos encontrados na natureza.
A humanidade teve então que
aprender a criar o seu território com o passar dos tempos. Antes, viviam de
terra em terra buscando alimentos que extraída da natureza bruta. A partir do
momento em que se fixou em um lugar específico, o homem, mais do que se
alimentar bem, passou a desenvolver tecnologia.
A tecnologia surge com o avanço da compreensão sobre a
natureza, o que permitiu melhores técnicas na agricultura e pecuária, assim
como dominar melhor o fogo e canalizar a água. Foi dessa maneira que a humanidade pode estabelecer colônias e assentamentos por todo o Globo Terrestre.
Porém, nem todos os homens existentes habitavam juntos e nem todos abandonaram
o nomadismo ao mesmo tempo. Enquanto uns começaram a cultivar o solo, outros se
mantinham em estado de natureza selvagem e coletora. Ao encontrar os que aravam
o solo, o combate tinha início.
Essa relação pode ter existido até por
volta da Idade Média, na Europa, por exemplo. Mesmo com a
formação de grandes Estados e Impérios ainda haviam homens sem território, até
recentemente, em termos históricos.
Várias tribos europeias permaneceram buscando e conquistando territórios na base da força, Idade Média adentro, como povos de origens góticas e visigóticas, dentre outros.
Não é o caso de confundir com
tribos que se estabeleceram em determinadas áreas especificamente, que em geral tinham seus territórios e terras sagradas.
Com a consolidação dos
assentamentos, a humanidade criou uma relação bem próxima com a terra em que
vivia, uma vez que dela ele tirava seu alimento e até sua segurança. Sabia que
nem todas as terras pelas quais passara poderiam apresentar os mesmos
resultados, tanto em relação ao cultivo do solo, quando à criação de animais.
Esse apego de uns, conflitando
com o nomadismo e posteriormente com a insegurança, a ganância, o primitivismo
e o expansionismo de outros criou um conflito complexo entre grupamentos
humanos, o que chamamos de Guerra.
No princípio, a guerra era uma
busca tanto pela conquista da terra, quanto dos frutos dela gerado, ou mesmo
pela tentativa de dominação de outros povos e sua opressão em troca de tributos. A defesa da liberdade ou a pressuposição de futuras invasões também levou diversos povos a 'pegarem em armas'!
A complexidade e periculosidade desses conflitos amplia-se ainda mais, à medida em que a relação com a terra e com os convivas cria no ser
humano sentimentos ainda mais rebuscados como os relacionados ao nacionalismo,
à identidade do grupo e mesmo à religiosidade, muitas vezes associada a uma
necessidade de se estabelecer ou conquistar uma região específica.
Com o tempo e o desenvolvimento
da tecnologia, a guerra evoluiu ao ponto de ser perigosa até mesmo para a
existência humana no Planeta Terra.
Ao mesmo tempo que a tecnologia
evoluiu, a mentalidade humana se manteve a mesma. Pouco temos hoje de
diferente, em relação àqueles homens das cavernas nômades que se enfrentavam
com tacapes e pedras. Mesmo com tanta evolução tecnológica, com tantas obras de
artes e pensamentos filosóficos evoluídos.
A guerra pela posse ou
propriedade do território continua a se fazer presente, mesmo com toda a
informação disponível. Pelo visto, a humanidade vai conviver com isso, para
sempre!!!
Na próxima semana falaremos mais
a fundo sobre Socialismo e Comunismo.
Olá! Seja bem-vindo ao Semanário
do Pensamento. Nesta semana, estaremos falando um pouco sobre o Liberalismo.
“Todo o ser humano tem direito natural à vida, à liberdade e
à propriedade”! Esta frase foi dita por John Locke, o qual muitos historiadores
e filósofos consideram como o pai do Liberalismo.
Locke afirmara, que o liberalismo deve se pautar pelo
Contrato Social. Sendo assim os governos não poderiam ter poder absoluto sobre
o povo, mas ao contrário, deveriam garantir a seus cidadãos os direitos
anteriormente citados.
O Liberalismo é uma corrente filosófica, econômica e social
que preconiza a defesa da liberdade e da garantia dos direitos individuais. Ele
surge num contexto de transformações na Europa do século XVII e vai servir de
parâmetro para as revoluções que se seguirão nos séculos XVIII e XIX.
Esta corrente surge contestando muitas normas sociais que predominavam
no Velho Continente, com o direito divino das monarquias, o absolutismo e o
Estado teocrático, confessional.
Assim, se torna a filosofia da burguesia e é por muitos
considerada a ideologia da sociedade atual, advinda da era mercantilista e consolidada
após as revoluções Industrial, Inglesa, Francesa e Americana.
No campo econômico, os liberais defendem a livre iniciativa,
o livre comércio, o livre mercado e no início, foram importantes para desmontar
grandes redes monopolistas instituídas pelos Reinos e Estados europeus daqueles
tempos.
No campo social, mais uma vez preconiza a liberdade
individual, a liberdade de credo, de orientação política, a liberdade de
expressão e a igualdade de direitos, de gêneros e étnica.
No campo político, o Liberalismo defende sobretudo a
Democracia e a igualdade de direitos, considerando que esta igualdade entre
todos, no campo jurídico e social é o que possibilita a liberdade. O termo
ganhou contornos benevolentes com o Iluminismo.
Não podemos confundir o conceito com os relativos à
libertinagem, um termo pejorativo associado à indiscrição e imoralidade.
Como podemos constatar, o Liberalismo é extremamente
predominante na sociedade atual. Nada mais justo, dado que vivemos em uma
sociedade derivada da consolidação da burguesia europeia como dominante. Assim,
sua ideologia passou a predominar em praticamente todo o mundo chamado de
civilizado, salvos exceções dos países chamados de “comunistas” e nos países
cujos governos são ligados à seitas religiosas.
No ocidente, em todos os Estados democráticos, as ideologias
dominantes têm raízes liberais, apesar de uma certa dicotomia ter sido criada
no interior da sociedade. Questões políticas e eleitorais aproximam alguns
grupos do socialismo, outros do anarquismo e outros do fascismo.
Como podemos entender essa situação?
Muito simples. Alguns grupos focam na questão econômica.
Esses se dizem “liberais na economia e conservadores nos costumes”! Este é um
uso oportunista do termo, uma vez que é usado pela conveniência, dado que os
propagadores dessa ideia geralmente são pessoas associadas ao Mercado de
Capitais e ao mundo dos negócios.
Assim bradam a não intervenção estatal, a parte do
Liberalismo que lhes interessa, enquanto mantêm alguma aproximação dos costumes
conservadores, a fim de ganhar a adesão de grupos religiosos e de pessoas com
baixo nível de escolaridade. Apoiam um Estado policial severo, pois o único
direito dos defendidos por Locke que lhes é importante é o da propriedade. E só
a deles.
Conseguem se entender como liberais e patriotas ao mesmo
tempo, algo que historicamente faz pouco ou nenhum sentido. Dessa forma, acabam
se aproximando mais de regimes autoritários, como fascista.
Do outro lado, não menos enganado está o que se chama de
esquerda hoje. Essa é a parte dos liberais que continuou se chamando de
“esquerda”, uma vez que eram assim vistos os primeiros defensores dessa
ideologia, na Inglaterra e na França da Idade Moderna.
Esses focam nas liberdades individuais e nos direitos a
respeito da igualdade de gênero, de etnias e no internacionalismo. Muitos
desses grupos se apresentam como socialistas e usam conceitos marxistas para
propagar suas ideias. Na prática, são a parcela reformista dos liberais.
E há um grupo mais radical, que defende boa parte das duas
ideias, tanto em relação às liberdades econômicas quanto às liberdades
individuais. Uma boa parte deles defende a manutenção do sistema econômico,
porém com a completa inexistência do Estado. Esses são chamados de
Anarcocapitalistas. Porém, sua participação no cenário político ainda é
restrita e não formam um partido ou um grupo de partidos considerável. Até
porque são anarquistas e não apreciam esse tipo de organização.
No campo econômico, o Liberalismo Clássico, também chamado
de Tradicional ou Laissez-Faire foi defendido por economistas como Adam Smith,
Thomas Malthus e David Ricardo. A ideia central dessa doutrina econômica é a
livre iniciativa e a liberdade individual, com a limitação do poder do Estado
pelo que se chamou de império das leis.
Segundo Adam Smith, em seu célebre livro “A Riqueza das
Nações” as interações entre indivíduos obedeceriam a uma determinada ordem e
uma espécie de “Mão Invisível” orientaria a economia beneficiando toda a
sociedade.
Por fim é importante que falemos do termo neoliberalismo. Ao
contrário dos partidários do liberalismo tradicional, os neoliberais se
concentram na questão econômica, exclusivamente. Defendem reformas políticas e
econômicas que reduzam o papel do Estado na economia e sua moral social está
voltada para uma suposta meritocracia, segundo a qual a propriedade e o retorno
financeiro do indivíduo estariam associados ao mérito, que teve na conquista de
seus objetivos.
Entretanto, esta definição de mérito não é bem clara e,
muitas vezes envolve ações antiéticas, imorais e até mesmo contravenções.
Há também os Libertários, uma ramificação do Liberalismo,
também associada ao Anarquismo, que defende a liberdade absoluta,
compartilhando um alto grau de ceticismo em relação ao Estado, porém com muita
divergência sobre o sistema político o qual defendem.
Enfim, o Liberalismo é a ideologia predominante, às qual
muitos confundem com o termo Capitalismo, considerados por alguns uma pecha
pejorativa criada pelos comunistas e socialistas. Entretanto, todos os três
conceitos são derivados da consolidação da sociedade Liberal – Burguesa, que é
onde vivemos hoje e deve continuar assim por muitos anos.
Na próxima semana falaremos mais
a fundo sobre Território e Guerra.
Olá! Seja bem-vindo ao Semanário
do Pensamento. Nesta semana, estaremos falando um pouco sobre a Monarquia e o
Imperialismo.
O governo de um só! Assim o termo
"Monarquia" foi definido por Aristóteles, na antiguidade. A Monarquia
é um dos sistemas de governo mais antigos tendo sido empregado desde o Antigo
Egito e até os dias de hoje é recorrente.
Uma monarquia pode ser absoluta,
na qual o monarca tem poderes absolutos e, além de governar, pode julgar os
cidadãos e tomar para si as leis. Também podemos verificar a existência de
Monarquias constitucionais, mais comuns em ambientes democráticos e
contemporâneos, na qual mesmo o rei deve se submeter a certas leis e seus atos
são limitados pela Constituição. É o caso das monarquias parlamentaristas
que têm grande influência do Contratualismo e se iniciou na Era Moderna a
partir dos escritos de Thomas Hobbes.
Há que se diferenciar também as
monarquias quanto à forma como o monarca chega ao poder, podendo ser de forma
hereditária (quando um rei morre assume seu herdeiro na linha de sucessão,
geralmente sanguínea) ou eletiva, que eleva ao poder um soberano eleito pelo
voto de um colegiado, como acontece no Vaticano e na Malásia.
A constitucionalização das
monarquias busca manter a liberdade do povo e suscitam valores democráticos uma
vez que tentam evitar que o regime descambe para a tirania, uma situação na
qual o monarca tome a lei para si e faça o que bem entender colocando em risco
a segurança e o bem estar do povo, ao mesmo tempo que corre o risco de
sedimentar insurreições.
Não podemos confundir o conceito
de Monarquia com o de autocracia, ou ditadura. Na ditadura, um grupo impõe seu
governo à força das armas ou de uma manobra constitucional, seja através de um
colegiado, ou de um ditador individual. Nela há apenas uma instância do poder
que reúne para si o executivo, o legislativo e o judiciário, como na monarquia
absolutista.
A grande diferença entre uma
ditadura e uma monarquia absolutista é que a primeira advém de um ambiente
republicano ou proto-republicano e deriva para a ditadura devido a
instabilidade política em um determinado país, ou Estado.
Na autocracia, o poder está nas
mãos de uma entidade apenas, seja um partido, um comitê ou mesmo um indivíduo
que governa sem que haja concordância da população.
Nesses casos, na autocracia, na
ditadura e na tirania, regimes chamados de totalitários, os governantes devem
dispor de poder para impor sua opressão ao povo. No caso do despotismo,
acontece algo similar, porém em geral se considera que o déspota age de forma
totalitária, sem regras pela fragilidade do povo em se autogovernar e exigir
uma contrapartida do governante.
O despotismo foi muito comum
nas monarquias absolutistas da Idade Moderna, na Europa. Os exageros dos
déspotas e seus maus tratos com seus respectivos povos é considerado por muitos
historiadores como o principal motivo para as revoluções que se abateram sobre
a Europa no final do século XVIII e início do Século XIX, provocando grandes
transformações no continente e nas suas colônias, o que gerou a hegemonização
do liberalismo burguês sobre o mundo.
Por fim é importante diferenciar
o reino do Império. Enquanto um reino é uma monarquia que exerce poder sobre
uma população delimitado em um território específico, podendo este ser um
Estado ou meramente um país assim dito Reino, principado, ducado ou condado, o
Império é um reino, ou mesmo um Estado ou uma república que domina um vasto
território composto por povos e nações diferentes.
Dessa forma podemos entender que,
mesmo aparentemente vivendo em um ocidente democrático o imperialismo pode sim
ser notado, uma vez que um país pode ter domínio sobre outros, seja militar ou
economicamente, mesmo que não seja anexado ao seu território.
Difere da colonização no sentido
em que a colônia é diretamente administrada pela metrópole que a coloniza,
enquanto no imperialismo um país ou reino domina o outro apenas cobrando
tributos ou cerceando a sua liberdade comercial, por exemplo. Pode assim,
existir diversas relações que podem ser consideradas imperialistas, ainda que
guardem diferenças práticas entre si, como uma comunidade internacional submetida
à autoridade de um monarca, ou um país com poder de intervenção militar sobre
outros.
O mais famoso império que
conhecemos foi o Império Romano, que nos deixou de herança os conceitos de leis
e as estratégias militares bem-sucedidas. Dentre outros Impérios famosos
na história podemos citar o Persa, o Austríaco, o Mongol, o Etíope, o Asteca, o
Egípcio, o Chinês, o Japonês, o Inca, o Britânico, o Napoleônico, o Russo, o
Otomano e até o Brasileiro. O Brasil foi considerado um Império, durante o
período monárquico, pois dominava diversos povos indígenas e terras divididas
com os colonos espanhóis, inclusive a tão
concorrida província Cisplatina, que hoje é o Uruguai.
Na próxima semana falaremos mais
a fundo sobre o Liberalismo.
Olá! Seja bem-vindo ao Semanário
do Pensamento. Nesta semana, estaremos falando um pouco sobre o Estado, sua
história, sua definição e sua função na sociedade.
Um Estado pode ser definido como
um conjunto de instituições políticas e administrativas, assim como técnicas e
burocráticas que se organizam em um espaço definido e exerce poder sobre um
povo, uma nação ou um país.
Para que haja um Estado, é
preciso que haja um povo e que este habite um território definido, possua um
governo estabelecido, que exerça poder sobre o povo, além de administrar as
relações sociais e econômicas oferecendo aos cidadãos uma convivência
relativamente pacífica e estruturada, com leis definidas e sua autoridade
reconhecida pelo seu povo e por outros Estados.
Alguns autores como o historiador
de sociedades antigas, Eduard Meyer consideram que o Estado é comum a todas as
sociedades humanas, sendo um princípio organizador e unificador, sempre
presente em agrupamentos humanos.
Esta visão é um pouco simplista e
não carrega os fundamentos do conceito etnológico que separa o Estado de uma
tribo, por exemplo. Estes conceitos são diferentes e para a grande maioria dos
estudiosos entende que o a sociedade humana viveu por muito tempo sem nenhuma
organização ou sem um Estado, propriamente dito.
Aqui, consideramos a terceira via
de pensamento que considera que a definição de Estado atende a características
muito bem definidas, com um grau de especificidade mais delimitador.
Assim, acreditamos que podemos
ter uma definição mais clara do conceito acerca do termo, facilitando a
diferenciação, inclusive em relação a outros termos correlatos, mas que guardam
diferenças bem explícitas, como nação, povo, território, tribo, império, reino
etc.
Entre essas características
podemos assinalar os fins e objetivos do Estado, como a organização legal e a
administração pública, assim como a defesa do território. Dessa maneira, tem
como função a organização, administração e proteção do povo e do território
sobre o qual aqueles ocupam.
Embora o termo Estado tenha
começado a ser usado após o fim da Idade Média e se refere aos escritos de
Maquiavel em sua obra “O Príncipe” e seu uso começou pela Itália, a partir do
termo Status, que em latim significa “estar firme”, formações sociais anteriores
já poderiam ser vistas como sendo exemplos ou pelo menos protótipos do que o
termo significa, hoje.
Na antiga Grécia os primeiros
desses “protótipos” seriam as Cidades-Estados, chamadas de “polis”, estas
cidades tinham independência entre si e formas de organizações próprias, embora
fossem povoadas por uma população de mesma origem étnica.
Roma também pode ser considerada
uma dessas cidades-estados, embora sua forma de organização e extensão
territorial tenha variado bastante ao longo de sua existência.
Atualmente, o tipo mais comum de
Estado é o chamado “Estado de direito”, no qual os cidadãos que nele são
inscritos possuem direitos e deveres objetivados pelas leis estatais sob as
quais os indivíduos são submetidos.
Por toda a história, a
centralização política sempre esteve associada à centralização econômica.
Porém, nos último dois séculos, com a consolidação da sociedade
liberal-burguesa um fenômeno peculiar tem se mostrado mais comum, que é a ideia
de dissociação do Estado e da economia.
Para muitos, a centralização
estatal deve ser mais densa nas relações sociais e mais tênue no tocante às
relações econômicas. Essa máxima do liberalismo repaginada pelo neoliberalismo
é conhecida pelo “grito de guerra” “ESTADO MÍNIMO!”
Nesse conceito, o Estado funcionaria
mais como uma polícia, buscando apenas manter o status-quo garantindo a
segurança aos proprietários e sem compromisso social.
Obviamente este amálgama subverte
o conceito estudado, uma vez que, nessa situação, alguns indivíduos ou grupos
teriam (e têm) poder sobre o Estado. Sendo assim, então o que se poderia chamar
de Estado seriam esses mesmos indivíduos ou grupos que o dominam.
Pode ser que este novo conceito
ganhe um novo nome, assim com o diferenciamos o Estado do Reino Medieval e da
Tribo pré-histórica. Porém, até o momento só há um jogo de palavras.
Por fim, devemos abordar os
conceito anti-estatais, que são em geral classificados como anarquistas, ou
seja, contestam todo o tipo de hierarquia e organização social estruturada.
Existem muitas correntes diferentes de anarquistas, sendo as mais comuns as
associadas aos movimentos operários do século XIX.
Da mesma forma, associados aos
mesmos movimentos emergiu a teórica marxista que propõe também a abolição do
Estado e a criação de uma nova sociedade sem classes. Para os marxistas, o
Estado é um instrumento de dominação que age no sentido de ajudar a acumulação
de capital pelo capitalista e a expropriação e alienação do operariado,
ampliando as desigualdades sociais.
Há ainda a visão anarco-capitalista,
que ao contrário da marxista, considera que o Estado é um instrumento de
dominação socialista e que oprime o produtor através da tributação e sustenta
uma parasitária classe burocrática que na produz além de desincentivar o
trabalho, através de ajudas financeiras a desempregados e aposentados.
A questão do Estado é bastante
polêmica e vai continuar sendo base para muitos debates, na maioria
infrutífero, uma vez que seus interlocutores têm cada vez mais sido movidos
pela paixão e abandonam a razão em prol de interesses imediatos, inclusive.
Gostando ou não,
anarco-capitalista ou anarco-comunista, temos que aceitar que ainda não foi
criado nenhum sistema mais eficiente e seguro que o Estado e vamos ter que
conviver com ele por muito tempo, quem saber até o fim de nossas vidas.
Na próxima semana falaremos mais
a fundo sobre a Monarquia e o Imperialismo.
Olá! Seja bem-vindo ao Semanário
do Pensamento. Nesta semana, estaremos falando um pouco sobre a Democracia,
segundo as principais correntes filosóficas que abordam o tema.
A grande maioria dos
historiadores consentem que a Democracia surgira na Grécia, mais precisamente
na Cidade-Estado de Atenas. Suas origens remontam as assembleias dos
guerreiros, uma espécie de reunião, mesa redonda, na qual os soldados após
regressarem vitoriosos de uma batalha decidiam sobre a destinação dos espólios,
objetos saqueados nos confrontos contra os adversários.
Nessas assembleias, os guerreiros
eram vistos como iguais e deveriam discursar diante dos demais para convencer a
seus companheiros sobre a posse de alguma peça, ou qualquer coisa que o grupo
tenha conquistado, seja por sua participação direta na batalha ou importância
dentro do grupo. Destacavam-se os que tinham melhor oratória e essa iniciativa
acabou sendo disseminada na região grega daquele tempo.
Em 510 a.C. Clístenes comanda uma
revolução que derruba o governo de Hípias, o último tirano de Atenas. Nos anos
seguintes, ele institui o que é considerado como o primeiro governo
democrático, na história do Ocidente.
Com esse novo modelo, os cidadãos
passaram a interferir diretamente das decisões políticas, participando das
assembleias. Por isso o nome do sistema é Democracia, já que em grego antigo
“Demos” significa povo e “Kratos” (radical da palavra da qual deriva o sufixo
“cracia”) significa governo. Assim nasceu o “Governo do Povo”. Todo cidadão
ateniense tinha direito a voz e voto, nas assembleias.
Um detalhe é que, naquele tempo
mulheres, escravos, estrangeiros e pessoas sem propriedades não eram
considerados cidadãos e, por isso, não participavam das assembleias. Dessa
forma, o número de participantes não chegava a 30% da população local.
Mas o sistema acabou sendo
aplicado em outras épocas e em outros lugares. O próprio Império Romano
replicou em certo grau o modelo, durante o período no qual Roma foi uma
República. Embora não fosse exatamente uma democracia, guardou diversas
similaridades com o modelo grego.
Depois dos avanços imperiais, dos
helenos e dos romanos, a Democracia volta a ser pauta política somente no final
do período medieval. Somente com o advento do pensamento republicano na Europa
pode-se dizer que ideais democráticos reapareceram, no Velho Continente, de
forma abrangente.
Primeiro, com a Confederação
Helvética, uma união livre de municípios da Europa Central que resultou no
surgimento da Suíça. Depois disso, a influência do Renascimento, da Reforma
Protestante, do Liberalismo e do Contratualismo fizeram reflorescer a busca por
ideais democráticos no Mundo Ocidental.
O termo passou a ser buscado a
partir da Idade Contemporânea e se consolidou após as importantes revoluções do
século XVIII e a crise social da Europa, no século XIX.
A independência dos Estados
Unidos e a Revolução Francesa colocaram a busca pela democracia como uma pauta
a ser debatida, embora muitos revolucionários contestassem a sua
institucionalização de forma ferrenha.
Mas a democracia Jeffesoniana,
inspirada em Thomas Jefferson, um dos autores da carta de independência
americana e um dos “Pais da Nação” que primeiro defendeu o direito de voto a
homens brancos sem posses, dando o primeiro passo para a instituição do
Sufrágio Universal, na América.
Embora sejam vistas no sentido
contrário, em decorrência de fatos históricos excepcionais, as correntes
socialistas e comunistas, assim com as anarquistas foram fundamentais no
desenvolvimento e na busca pela democracia.
Algumas das correntes socialistas
pré-Marx, as quais foram consideradas utópicas defendiam a criação de novas
sociedades nas quais os indivíduos seriam plenamente livres e viveriam em
comunidades sem propriedade.
Na compreensão do comunismo
marxista, chamado de científico a verdadeira democracia só seria alcançada
quando o proletariado derrubasse o Estado e instituísse a Ditadura do
Proletariado. Assim haveria o governo das massas e todos deveriam ter o direito
de decidir, ao mesmo tempo que tivessem o dever de trabalhar.
Aos nossos dias chegou o conceito
de democracia liberal. Hoje o mais comum é vermos o sistema conhecido como
Democracia Representativa, na qual os cidadãos elegem seus representantes por
um período determinado de tempo, através do voto.
A origem do uso do voto remete à
Esparta, por volta do ano 700 a.C. Este pode ser hoje direto, elegendo
diretamente o representante, como acontece no Brasil, ou indireto, elegendo um intermediário
que elegerá o representante, com o acontece nos EUA.
Esse regime não é exclusivamente
republicano e pode coexistir com Monarquias, geralmente chamadas de Monarquia
Parlamentarista, onde o Monarca é o chefe de Estado e o Primeiro Ministro, eleito
indiretamente, é o chefe do governo.
Para alguns teóricos, a
democracia é apenas uma ilusão e que a separação entre elite e plebe é parte da
natureza social humana. O jurista Italiano Gaetano Mosca e Vilfredo Pareto são
defensores dessa ideia.
Uma curiosidade: Aristóteles, em
“A Política” definiu três formas de governo, compartilhada por Políbio. Segundo
o clássico filósofo grego, existiriam três formas de se governar: a Monarquia –
O governo de um; a Aristocracia – O governo dos melhores; e a República – o
governo de muitos.
O filósofo atentava para o que se
poderia chamar de deturpações dessas ideias, quando não fossem moderados os
governos e que não buscassem ser bons. Para Aristóteles, o bom governo deveria
se pautar pela conquista do “bem comum”.
Se afastando dessa ideia e focando em interesses pessoais, as formas de
governo poderiam se degradar em Tirania, Oligarquia e Democracia,
respectivamente.
Já Políbio diferia no tratamento
dos termos apenas quando afirmara que a Democracia seria a versão boa e a sua
degradação seria a Oclocracia, na qual o governo enfrentaria uma situação
crítica e as decisões políticas se dariam pelo jugo das multidões e sua
irracionalidade, afastando-se do direito, algo bem próximo do que podemos ver
no julgamento de Jesus Cristo e o que observamos no Brasil de hoje.
Enfim, a Democracia é
historicamente definida como um sistema, uma forma de organização social na
qual os indivíduos gozam de liberdade e tem participação em maior ou menor
escala no governo de sua cidade, Estado, nação, país, república ou qualquer
outra forma de governo.
Na próxima semana falaremos mais
a fundo sobre a formação do Estado, como surgiu, qual é a sua definição e o que
se pensa sobre este conceito e o que se entende da sua função, hoje.