segunda-feira, 4 de agosto de 2025

Principais diferenças entre Ceticimso Grego Antigo e Ceticismo Moderno Pós-Renascentista

 

Preparamos o quadro a seguir apresentando as diferenças:

CaracterísticaCeticismo Grego AntigoCeticismo Moderno
Objetivo FinalTranquilidade da alma (ataraxia) e paz interior.Fundamentação do conhecimento, rigor intelectual, crítica racional, avanço científico.
Foco PrincipalÉtica, existência, ausência de dogmas para a vida.Epistemologia (natureza do conhecimento), metodologia científica, razão e evidência.
Atitude em Relação ao ConhecimentoSuspender o juízo porque a verdade é incognoscível ou igualmente debatível.Exigir evidência e razão rigorosas; construir conhecimento baseado em bases sólidas (ou reconhecer os limites).
MetodologiaEquipolência, suspensão do juízo (epoché).Dúvida metódica, empirismo, lógica, verificabilidade/falsificabilidade.
Resultado EsperadoLibertação da perturbação mental, vida conforme as aparências.Conhecimento mais seguro (se possível), progresso científico, desmascaramento de falsidades.

sexta-feira, 18 de julho de 2025

Como Parmênides explica a inexistência do movimento?

Depois que os primeiros filósofos jônios mudaram o foco da explicação do mundo e da realidade do mito abstrato para a realidade objetiva, muito outros pensadores surgiram na Grécia e no Mundo Helênico



Por volta do ano 500 a.C. , surgiu em Eleia, uma cidade grega um pensador revolucionário que escrevia em versos suas ideias sobre o Ser.

Parmênides tem só um trabalho conhecido, que seria o livro escrito em versos "Sobre a Natureza" do qual sobreviveram alguns fragmentos. 

Nele e nos relatos a respeito, o filósofo desenvolve a complexa e fundamental reflexão sobre o Ser e o Não-Ser.

O livro é dividido em duas partes:  o Caminho da Verdade e o Caminho da Opinião.

Segundo o autor, o Caminho da Verdade apresenta a realidade do Ser, que é o que existe, é eterno e imutável. 

Dessa maneira, tudo o que existe está contido no "Ser". Dá a afirmação que "O Ser é (e só o Ser pode ser)".

Assim como o "Não-Ser não é e nem pode ser pensado". 

Isso significa que o Ser sempre existiu e continuará existindo, pois se existe veio de algo que existe e não de algo que não exista (o Não-Ser).

Tudo o que existe, para Parmênides faz parte de uma mesma natureza que sempre existiu e existe em todas as partes do Cosmos. 

Não é banhada, circundada ou cercada por nada que são seja ela mesma, pois o Não-Ser não existe. 

Logo, não existiria nada que não fizesse parte do nosso Universo (por assim dizer), pois tudo o que existe "É", logo faz parte do "Ser".

Não existe, portanto, nada fora deste "Ser" , que é compreendido como eterno e imutável, pois se não fosse eterno, acabaria e se transformaria em sua antítese, o Não-Ser. 

Da mesma forma que, se mudasse, se transformaria em algo que não é, logo deixaria se ser o "Ser". 

O Ser também é uno e indivisível. 

Se houvesse multiplicidade, seria porque uma parte do Ser estaria separada da outra por algo que não é Ser (o vazio ou não-ser), o que é impossível. 

Portanto, a realidade é um todo contínuo e homogêneo.

Em consequência disso, o movimento não existe na realidade do Ser.

 O movimento implicaria que o Ser se move para um lugar onde antes não estava (ou seja, para o não-ser) ou que partes do Ser se separam, o que contradiz a unidade.

Já a segunda parte é onde apresenta o Caminho da Opinião (doxa), onde apresenta aquilo que chamamos de movimento como uma ilusão dos sentidos.

Parmênides reconhece que nossa experiência sensorial nos mostra um mundo de mudança, multiplicidade e movimento. 

No entanto, ele argumenta que essa percepção é enganosa e pertence ao "Caminho da Opinião".

Segundo o filósofo de Eleia, apenas a razão (logos) pode nos levar ao "Caminho da Verdade" e à compreensão do Ser como ele realmente é. 

Os sentidos nos iludem, enquanto o intelecto, por outro lado nos revela a verdade da realidade.

quinta-feira, 10 de julho de 2025

O que é Filosofia (enquanto disciplina)

Filosofia é um termo amplo e, muitas vezes entendido de forma genérica, que associa-se tanto a uma linha de pensamento, quanto a uma normativa ética e, ao mesmo tempo também a uma conduta de vida e doutrina religiosa, política, educacional etc.



Mas no campo da disciplina que conhecemos como filosofia, que fundamentou suas bases a partir dos pensadores helênicos que iniciaram suas elucubrações por volta do século VI a.C. temos que considerar um diferenciação acentuada no entendimento do termo.

O que chamamos de filosofia, no sentido disciplinar, refere-se ao pensamento crítico-racional e fora de fato iniciado na Grécia, provavelmente por Tales, em Mileto. 

Essa disciplina busca explicações racionais e empíricas, baseadas na realidade sensível e na razão, sem a recorrência a mitos e explicações sobrenaturais. 

Esta é a grande diferença, o pulo do gato, em relação às filosofias orientais, africanas e ameríndias. O foco na razão e no mundo sensível, para gerar as explicações. 

Isso não significa ateísmo, uma vez que as explicações racionais se dão a despeito da existência ou não de deuses ou entidades sobre-humanas.

Vemos que, mesmo os filósofos associados à uma igreja, como os católicos medievais, buscam explicações racionais e bases filosóficas para questões de fé, o que é o diferencial da disciplina em questão. 

O outro aspecto que advém do primeiro é o uso do caráter crítico do pensamento, se afastando dos dogmas e valorizando a contestação, ao contrário do que as teorias filosóficas calcadas em instituições religiosas preconiza. 

Dessa maneira fica fácil percebermos a diferença do sentido do termo, quando se trata de forma genérica e quando se trata da disciplina especificamente. 

Nesta o carácter crítico e a liberdade para raciocinar superam os dogmas, enquanto naquela o dogma sobressai sobre qualquer outro caráter. 


quarta-feira, 2 de julho de 2025

O Primeiro Filósofo

 Naquele tempo, cada povo tinha sua própria explicação para o surgimento do mundo e da vida. Cada deus nacional tinha criado o mundo e inserido a vida nele. 

Mas isso não poderia ser verdade, pois só há um mundo e, aparentemente para um jovem comerciante grego do século VI a.C. todos os povos pareciam ser compostos por gente, por seres humanos, apesar de marcantes diferenças físicas. 

Todos falavam, andavam, comiam, dormiam, construíam, se reproduziam, ou seja, eram todos muito similares. Como um poderia ter sido criado de uma forma por um deus e outro de outra, por outro deus diferente, de um panteão de deuses tão diferentes e com tantas capacidades sobre humanas. 

Não será que se tratam do mesmo deus? Ou será que a explicação não é plausível?

Pensando nisso, um comerciante da cidade de Mileto, na costa da Jônia, onde hoje está localizada a Turquia passou a refletir sobre o surgimento do Universo. 

Em suas reflexões, considerou a possibilidade de tudo advir de um único elemento, que passou a chamar de "Elemento Primordial" , ou "Arché" , a causa de tudo o que existe. 

A noção de Arché propõe que deste elemento original tudo mais se derivou.

Todo o Universo e tudo o que está dele teria surgido desta causa primeira, deste elemento.



O primeiro a propor tal reflexão foi Tales de Mileto, um comerciante, político, astrônomo da antiga Jônia. 

Segundo o grego Aristóteles, ele teria sido o primeiro a quem podemos considerar filósofo, na tradição racionalista ocidental. 

Através da sua proposição de elemento primordial, ele afastou a explicação do surgimento do Universo e da criação do mundo da esfera mitológica e aproximou do racionalismo. 

Tales propusera que a água poderia ter sido este princípio fundamental. Porém, sua consciência de limitação da sua inteligência não fez desta proposição um dogma irrefutável. 

Ao contrário, seus discípulos e sucessores propuseram outras substâncias primordiais, outras causas universais e, assim deu início a uma tradição racional e crítica das explicações do mundo e das ciências. 

Anaximandro de Mileto, seu primeiro discípulo importante propôs o A-peiron, enquanto Anaxímenes, também de Mileto, sugeriu o Ar, como substância primordial.

E assim, a filosofia ocidental, racional e empirista se desenvolveu de forma crítica, buscando sempre refutações plausíveis, racionais e fundamentadas para as teorias propostas. 

A partir desses conceitos, a ciência surge com base na prova prática empírica para teorias racionalmente propostas e sempre buscando explicações para todas as propostas e para as próprias explicações. 

Assim nasceu a Escola de Mileto, a primeira corrente da Escola Jônica, a original da filosofia grega. 


sábado, 28 de junho de 2025

Comunismo Platônico ( Platão era Comunista? )

 Algumas pessoas têm confundido um pouco as ideias de Platão com as ideais marxistas. 

Por este motivo, trouxemos esta tabela apresentando as principais diferenças entre as ideias platônicas contidas em "A República" e as ideias marxistas, que melhor representam a teoria do comunismo contemporâneo.


Característica

Ideias de Platão (em "A República")

Comunismo Moderno (Marxista)

Contexto Histórico

Grécia Antiga (século IV a.C.), sociedade agrária, escravista, preocupação com a polis ideal.

Revolução Industrial (século XIX), sociedade capitalista, crítica à exploração e desigualdade.

Escopo da "Comunidade"

Aplicada apenas às classes dominantes (Filósofos-Reis e Guardiões); as demais classes mantinham propriedade privada.

Aplicada a toda a sociedade, com a abolição universal da propriedade privada dos meios de produção.

Objetivo Principal

Moral e Político: Garantir a justiça, a estabilidade e a não corrupção dos governantes para um Estado ideal.

Econômico e Social: Abolir a exploração, a luta de classes e a alienação, buscando a igualdade e a abundância para todos.

Natureza da Propriedade Comum

Propriedade pessoal (bens, esposas, filhos) para a elite, visando eliminar laços pessoais e fortalecer a lealdade ao Estado.

Propriedade dos meios de produção (fábricas, terras, recursos), visando a controle coletivo da economia e a distribuição equitativa.

Estrutura Social

Hierárquica e Estratificada: Baseada em aptidões inatas, com classes distintas e sem mobilidade social significativa.

Sem Classes: Busca a eliminação de todas as classes sociais, resultando em uma sociedade igualitária.

Meio de Mudança

Proposta filosófica para um modelo ideal, a ser implementado por governantes sábios. Não há conceito de revolução popular.

Revolução do proletariado, impulsionada pela luta de classes e a contradição do capitalismo.

Papel do Estado

Essencial e Permanente: O Estado ideal é central, governado por uma elite sábia para manter a ordem e a justiça.

Temporário (transição): O Estado (ditadura do proletariado) é uma ferramenta para a socialização, destinada a "definhar" em uma sociedade comunista plena.

As ideias de Platão sobre a propriedade comum para os guardiões eram uma solução para um problema moral e político específico dentro de uma hierarquia social pré-existente, focada na estabilidade de uma elite governante. 

Já o comunismo moderno é uma teoria revolucionária socioeconômica que busca a transformação radical de toda a sociedade, a abolição das classes sociais e da exploração através da socialização dos meios de produção.

Apesar de uma aparente similaridade na "ausência de propriedade privada", os fundamentos, a abrangência e os objetivos dessas duas filosofias são amplamente divergentes.


sexta-feira, 27 de setembro de 2024

Nietzsche: Deus Morreu

Então chegamos à grande questão que a filosofia tem se debruçado há séculos: existe algo além do material?

Foi esta questão que incentivou os pré-socráticos a buscar uma resposta para as diferentes respostas acerca da criação do mundo e os fez criar o elemento primordial. 

Afinal, se a resposta fosse simples, não seriam criadas tantas alternativas diferentes.



E foi exatamente pela falta de respostas, que Friedrich Nietzsche ressuscitou os Pré-Socráticos a fim de remontar as teorias que tratam do materialismo filosófico. 

Este materialismo que ficou tão em voga no século XIX, e nos trouxe a dialética materialista de Karl Marx e o Positivismo de Auguste Comte, mas também elucidou a vontade de potência trazida por Nietzsche.


Afinal, se não existe a transcendência, para que nos serve o moralismo? Para que nos serve a religião e os bons costumes? A não ser para servir ao fraco de prisão do mais forte....?

Então, se algo existe para além da matéria serve para nos prender ou para nos libertar?

Bem, para Nietzsche nada existe para além deste mundo, orientado pelo caos. E o filósofo que busca compreender os valores se envereda contra a própria filosofia, pois desta forma busca algum amparo às suas ilusões metafísicas em detrimento do conhecimento verdadeiro. 

Dessa forma, Nietzsche tenta nos mostrar que somos produtos do nosso tempo, históricos, datados, constantemente influenciados por nossas subjetividades.

Assim sendo, afirma que não existem regras universais e verdades absolutas, se afastando da modernidade que o antecede. 

Desta forma, Nietzsche se afasta de qualquer forma de divindade, seja religiosa, seja científica, afinal, para ele a ordem científica também era um divindade, ainda que buscasse se afastar da religiosidade. 

A única ordem no Universo é o caos absoluto....



sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Tales de Mileto é o Primeiro Filósofo, para Nietzsche, mas...

Era por volta do ano 585 a.C., quando Tales, considerado o primeiro físico grego florescia em sua filosofia. Sua escola de pensamento começava a ganhar notoriedade. 

Ele inaugurou a a linha de pensamento crítico ocidental, que buscava explicação racional e com base na natureza para a explicação do surgimento do Universo. 

A Escola Jônica foi a primeira a buscar explicações racionais par ao mundo, logo seguida pela Eleata e pela Pitagórica, as principais correntes filosóficas consideradas pré-socráticas.

Os pré-socráticos são os filósofos gregos que aparecera antes de Sócrates, considerado um divisor de águas na história da filosofia. Isso porque o ateniense foi o primeiro a buscar trazer reflexões sobre a ética e a sociedade e não só apenas buscar explicações para fenômenos fisiocráticos. 

Por sua vez, os Pré-Socráticos foram considerados filósofos fisiocráticos exatamente porque se concentravam principalmente em explicações para o mundo físico e metafísico.

Tales de Mileto foi o primeiro a propor este tipo de explicação. Utilizando-se do senso crítico e da razão propôs o conceito de elemento primordial, do qual derivariam todos os outros elementos e objetos existente em nossa realidade. 




O fundador da Escola Jônica não pretendia ser dogmático e propôs, talvez até mesmo tenha incentivado seus discípulos a contestar sua proposição de forma crítica e embasada. 

Além de físico, Tales também foi astrônomo, político, comerciante e chegou a ser considerado um dos 7 sábios da Grécia Antiga.

Esses filósofos Pré-Socráticos poucos escritos deixaram e pouquíssimos fragmentos e citações chegaram até nossos dias. 

As maiores fontes de referência a seus pensamentos advém de relatos de historiadores e citações de outros filósofos, como Aristóteles, Platão e Simplício.

Mas o que torna Tales tão diferente que o faz ser considerado o primeiro filósofo da história ocidental?

Antes de responder à pergunta é preciso considerar os estudiosos que remontaram a importância dos primeiros pensadores críticos da Grécia.

Na modernidade Georg Wilhelm Friedrich Hegel e Friedrich Nietzsche foram 2 filósofos que buscaram nos primeiros pensadores gregos referências para suas análises e reflexões. 

Nietzsche foi, inclusive, um dos principais utilizadores das referências dos Pré-Socráticos e ajudou a dar mais visibilidade aos pensamentos e teoria dos fisiocratas de outrora. E é exatamente o radical filósofo alemão que tenta dar essa complexa explicação. 

Segundo afirmou Nietzsche, existem 3 razões para considerar a importância do pensamento filosófico iniciado por Tales em Mileto como o primeiro passível de ser chamado de filosófico.

A primeira refere-se ao fato de de enunciar algo sobre a origem das coisas, embora essa parte ainda mantenha de certa forma próximo dos místicos e religiosos. Mas por si mesma já demonstra uma certa capacidade racional, pelo simples fato de entender que as coisas que existem nem sempre existiram como são hoje. 

A segunda a separa do grupo dos supersticiosos e míticos por buscar essa explicação inicial sem o uso de fábulas, mitos e alegorias. 

A terceira é a que faz a diferença. Segundo Nietzsche, embora incipiente está contido o pensamento "Tudo é um", para ele, um postulado metafísico baseado na intuição mística do primeiro filósofo, que gerou uma "tirana" generalização.

Apesar da apreciação apresentada, Nietzsche usa sua argumentação para traçar uma crítica profunda à constituição da filosofia com base em algo que considerou uma contemplação movida por uma crença ilógica, fantasiosa e indemonstrável. 

O filósofo alemão propôs uma revolução na visão da filosofia ocidental, libertando o pensamento de mundos ideais, criticando o moralismo religioso, o niilismo existencialista e o racionalismo filosófico. 

sexta-feira, 13 de setembro de 2024

O Surgimento da Filosofia Grega

Pelas cristalinas águas azuis dos mares Mediterrâneo, Grego e Jônico, comerciantes do sul da Europa, do Norte da África e do Oriente Médio navegavam buscando riqueza e prosperidade, no século VI a.C.. Muitos tornaram-se proeminentes no comércio e foram bem abastados por muitos anos. 

Porém, poucos tiveram a relevância e mantiveram seu nome vivo por tantos séculos quanto um mercador de ascendência fenícia, de família nobre que saíra da cidade de Mileto, onde hoje é a atual Turquia e singrou os mares fazendo comércio e aprendendo ciências. 

Seu nome era Tales e ele se tornou importante e renomado em diversas áreas. Era de fato um Homem Universal.



Saindo de sua terra natal, Tales conheceu o Antigo Egito e aprendeu matemática e astronomia. Aplicando seus conhecimentos na prática, inclusive comercial, tornou-se consideravelmente rico. 

Mas para ele não bastava apenas o sucesso material. Ele tinha algo que o impelia a querer mais. E assim, trouxe para o mundo grego, que em sua época era uma grande metrópole, em função da sua posição geográfica, uma gama de novos conhecimentos que inspiraram uma radical mudança no modo de pensar o mundo, posteriormente. 

Esta mudança foi a passagem do pensamento mítico-religioso para o pensamento filosófico-científico, que foi proporcionado pela criação da sua escola: a Escola Jônica.

Ao observar que cada povo tinha uma explicação mítica para o surgimento do mundo, da vida e do homem, Tales pensou que, provavelmente, não poderiam estar todos certos. Afinal, o mundo era o mesmo e as explicações eram diversas.

A lógica aflorou em seu pensamento e então ele concluiu que a causa do surgimento do mundo não estava nas explicações mitológicas, mas sim, na própria natureza que nos cerca. 

Dessa forma, propôs que a origem de tudo vinha de alguma coisa natural e específica e que de alguma forma, esta coisa sofreu alterações que transformou-a em uma multiplicidade de seres e objetos.

Essa coisa que teria gerado todas as outras recebeu o nome de "Elemento Primordial" ou "Arché". Este elemento, para Tales era a água.

A água era assim a "Physis" do Universo, que no idioma persa antigo significava tanto que era  a fonte originária quanto processo de surgimento. 

Mas Tales era contra o dogmatismo e, ao contrário dos religiosos que ditavam as regras do surgimento do Mundo e que não admitiam o contraditório, Tales propôs que seu novo sistema fosse sempre encarado de forma crítica e, assim também pudesse ser revisto e aceitasse novas proposições.

Assim, seus discípulos propuseram novos elementos primordiais, novas Archés e novas Physis, buscando sempre apresentar razões críticas e com base na observação do mundo natural.

Essa nova forma de pensar o mundo se chamou filosofia e foi a base para o desenvolvimento científico do ocidente. 

Tales iniciou a corrente filosófica grega, que diferia das filosofias orientais por seu caráter crítico, sua proposição por frequentes revisões, por sua sistemática e continuidade com base na crítica dos pensadores anteriores.

Sua escola foi chamada e Escola Jônica e foi uma corrente de pensamento fisiocrática que buscava explicar a existência do Universo através de causas naturais e não explicações supersticiosas e sobrenaturais que não pudessem ser observadas.

Devido a esta iniciativa, temos hoje a filosofia e a ciência que nos proporcionam a capacidade e entender e interagir com a natureza deste e de outros mundos. 

E a continuidade do trabalho de Tales, vamos ver na próxima postagem! 

Se mantenham pensantes! 




Alípio de Araújo Neto

sexta-feira, 30 de agosto de 2024

Política: Existem regras gerais ou cada povo tem a sua própria maneira de formular leis?

Nesta semana publicamos dois vídeos trazendo passagens emblemáticas de dois importantes pensadores pós-medievais.

Numa, tivemos Maquiavel e noutra Rousseau.

São dois pensadores bem divergentes em termos de pensamentos, mas que trazem similaridades intrínsecas entre si.



São dois pensadores modernos que trouxeram reflexões importantes sobre a política europeia pós-renascentista. 

No caso de Maquiavel, escritor e político italiano do século XVI, este buscou formular uma teoria política universal, que seria acessível a qualquer um em qualquer momento em qualquer situação. 

Daí sua visão de que a ideia de castigo exemplar seria o suficiente para doutrinar toda uma sociedade.

Por outro lado, a visão de Jean-Jacques Rousseau, genebrino pensador do século XVIII idealizava o homem natural.

Dessa forma, propunha que as leis observassem as disposições naturais de cada homem em cada situação natural e, que em cada situação específica uma lei específica deveria ser formulada.

De fato,  existem situações  em que regras gerais podem ser observadas em sociedades humanas, mas em geral as especificidades são determinantes para as formulações de leis especificas.

Não podemos afirmar que exista uma regra geral ou específica para a ação humana em sociedade. Ao contrário, isso ainda é tema de muitos debates e discussões das maiores e melhores mentes da atualidade.



Mas as dicotômicas visões destes dois grandes pensadores de outrora nos trazem este importante debate acerca da teoria política.

Afinal, podemos ter regras gerais na política, ou devemos observar as singularidades de cada povo para a formulação de leis específicas?

Fica aqui o nosso debate.

sexta-feira, 23 de agosto de 2024

O Paradoxo do Conhecimento

 A busca pelo conhecimento pode nos levar ao encontro com a muralha que chamamos de "paradoxo". O conceito vem de Górgias, sofista de Leontinos, na antiga Grécia, que é reconhecido pelas contribuições que fizera ao uso da retórica e da argumentação. 

Para o filósofo, mais importante do que ser verdadeiro, o conhecimento deveria ser passível de ser provado ou defendido. Isto porque, para ele, não seria possível acessar o conhecimento de fato.

Para Górgias, não é possível encontrar o conhecimento no sentido estático e definitivo. Afirmou nada existe que possa ser conhecido, se puder ser conhecido não poderia ser comunicado, se pudesse ser comunicado não poderia ser compreendido.

Dessa forma, o exacerbado ceticismo sofista, que nos leva à retórica pura e a não-verdade de fato encontra na lógica sensorial o seu respaldo. Os sofistas tinham a visão de que o conhecimento verdadeiro não pode ser adquirido e interpretações pessoais da realidade são o que temos a partir do uso dos sentidos.

Se cada pessoa tem seus próprios órgãos sensitivos e cada órgão gera uma resposta pessoal e dentro do cérebro de cada pessoa há todo um conjunto de formas de interpretações, sejam elas geneticamente programadas, sejam culturalmente assimiladas, um mesmo fenômeno ou acontecimento pode ser visto de inúmeras formas diferentes por inúmeros indivíduos diferentes.

É neste ponto que se torna genérico e plausível a visão argumentativa de Pródicos, contemporâneo sofista de Górgias que afirmou que "o homem é a medida de todas as coisas", frase que se tornou célebre no Renascimento e se tornou um dos principais lemas do Humanismo pós-medieval. 



A visão cética vai influenciar o pensamento de Sócrates, que afirmara que conhecia de fato sua ignorância por mais que buscasse saber e por mais que de fato fosse encontrando novos conhecimentos. 

A ciência e suas descobertas reafirmam tal noção à mediada que vamos descobrindo novos horizontes e novas explicações vão substituindo as antigas, como no caso da gravidade. Para Isaac Newton tratava-se de uma força. Para Albert Einstein trata-se de uma distorção no Espaço-Tempo. Já para alguns religiosos judeus e cristãos ocidentais trata-se de da imposição da Mão Divina que segura as pessoas na Terra.

O que de fato é aquilo que chamamos de gravidade depende obviamente da interpretação dos sentidos de cada um e de seu arcabouço cultural. A própria noção da sua existência depende da própria capacidade do indivíduo em entender que existe a atração ou de mesmo se interessar por este entendimento.

Se não há interesse e nem entendimento, se não há a percepção do fenômeno, a própria noção do seu acontecimento é desconhecida. Dessa forma o conhecimento ficaria assim incomunicável e incompreendido, como dissera Górgias, milênios atrás. 

E assim nasce a retórica do que é provável. E o que é provável depende do contexto do que se considera prova, o que está diretamente ligado à convenção social do meio em que os interlocutores estarão envolvidos. 

Podemos entender que o que se pode comunicar depende diretamente dos indivíduos entre os quais se dará a comunicação. 

Se existe de fato um conhecimento verdadeiro, fixo, estável e imutável, seríamos possível a nós, o compreendermos através dos nossos sentidos?

Nem Descartes convenceu os céticos, com seu argumento do cogito, pelo qual argumenta que o fato de pensar garante a sua existência. Afinal, nossos sentidos podem perceber que estamos pensando, mas essa percepção pode ser enganosa, como as demais que nos são transmitidas por nossos sentidos.

E enfim chegamos ao eterno paradoxo do conhecimento, que nos diz que quanto mais descobrimos, mais sabemos que não sabemos de nada. 

sexta-feira, 16 de agosto de 2024

A Elite [#Part 2 ] Eram os deuses terrestres?

Mitos e lendas de povos antigos relatam feitos heroicos e sobre humanos protagonizados por indivíduos com capacidades superiores às dos seres humanos comuns. A essas entidades foram dados nomes genéricos de "deuses", "semideuses" ou "heróis" (em algumas culturas são espíritos ou simplesmente entidades.

Apesar de no meio científico pouca ou nenhuma relevância é dispensada a relatos mitológicos do passado, estudiosos independentes e "crentes" do meio popular ainda buscam suscitar o debate sobre a veracidade acerca dos textos e tradições mitológicos de civilizações antigas.

Há uma corrente ainda não considerada científica, mas ainda racionalista que aceita a explicação das ocorrências dos relatos mitológicos como evidência factual do contato dos seres humanos terrestres do passado com povos extraterrestres, certificando assim a existência de vida inteligente e altamente tecnológica em outros planetas.

Não viemos aqui buscar uma resposta definitiva, mas propor um debate pouco usual, considerando o tema em questão. É importante, aqui, aceitar a consideração de que as leis da física são comuns a todos os lugares do Universo conhecido e, ao mesmo tempo, desde o (suposto) "Big Bang" elas também se mantêm as mesmas ao longo do tempo. 

Se as leis da física são as mesmas e os componentes presentes em nosso Planeta se mantiveram em sua maioria e de forma geral os mesmo, é bem possível que, num passado remoto, o ser humano (ou possivelmente outra espécie racional) possa ter desenvolvido a mesma tecnologia que temos hoje, ou mesmo algo mais avançado.

Hoje, temos apenas uma raça humana, a dos homo sapiens. Gorilas, chimpanzés e orangotangos são considerados hominídeos contemporâneos de outros gêneros. No passado tivemos outras raças e mesmo outras espécies do gênero homo habitando a Terra e, até mesmo coexistindo. 



De forma análoga ao desenvolvimento do Homo Sapiens, outras sub famílias de hominídeos conseguiram se desenvolver e prosperar por muito tempo, na Terra. Descobrimos seus fósseis e fizemos testes genéticos que nos dão relativa margem de segurança para afirmar sua existência no passado.

Se as condições físicas, químicas e elementais da Terra são as mesmas há milênios e a presença de indivíduos racionais pode ser mais antiga do que conhecemos, seria impossível imaginar que uma espécie de primata antiga pudesse desenvolver tecnologia antes de nós e no passado ter chegado à conquistas que estamos conseguindo hoje?

Vejamos o Mahabharata, épico sânscrito da antiga Índia que é considerado o poema mais longo já escrito. Ele narra uma guerra entre divindades e as consequências para o mundo desse confronto. 

As armas e artefatos usados pelos "deuses" descritos neste poema se assemelham muito a aparelhos tecnológicos que desenvolvemos hoje, visão compartilhada tanto pelos defensores da teoria dos antigos astronautas, como por muitos estudiosos dos hinduísmo.

E é nesse ponto que a reflexão se faz necessária. Se é possível criar tecnologia hoje, foi igualmente possível tê-la criado há 10 mil anos atrás.

É verdade que, hoje temos um conhecimento acumulado de mais de 5 mil anos, desde que a escrita foi inventada, segundo a antropologia e história convencionais. Entretanto, não é porque não temos prova material de que algo aconteceu que este algo de fato não aconteceu. 

Pode ser que ainda não tenhamos tais provas e que essas apareçam em um momento futuro. No ano 1000 d.C. não haviam esqueletos de dinossauros nos museus. Hoje há! 

Então, seria impossível que uma espécie, uma raça ou mesmo apenas uma tribo diferente e excludente de hominídeos da pré-história tivesse desenvolvido (na Terra mesmo e não fora dela) tecnologia tão avançada que os fez serem vistos pelos que estavam de fora como seres sobrenaturais e divinos?

Seria impossível mesmo que humanos ou hominídeos com uma coeficiente intelectual superior ao do homo sapiens atual tenha chegado a um nível tão elevado de conhecimento que possa ter desenvolvido armas, computadores e fórmulas medicinais superiores às que temos hoje a ponto de não serem resumidamente compreendidas pelos outros homens, da mesma forma que a nossa tecnologia não é compreendida pelos primatas que habitam a Terra nos tempos atuais?

E a parte aterrorizante é que podemos estar vendo isso acontecer atualmente. Como falamos na semana anterior, apesar do acesso fácil à tecnologia, a segregação econômica e social criam uma disparidade muito grande entre a qualidade e a quantidade (ao menos simultânea) da tecnologia acessada. 

Sendo assim, podemos estar criando as condições para a bifurcação da estrada da nossa espécie na Terra. Os caminhos podem vir a diferenciar-se entre o daqueles que tem o acesso ao controle da tecnologia e sua programação e o daqueles que apenas fazem uso e acabam sendo dependentes do que a tecnologia os oferece. 

Não é difícil ou ficcional hoje imaginarmos a separação da humanidade em uma elite biocibernética e uma plebe excluída digitalmente. 

A diferença que a tecnologia propicia é tamanha que impossibilitaria a plebe de sequer perceber a dimensão do poder e da superioridade da elite, tornando a reconciliação improvável pelo resto da história. 


sexta-feira, 9 de agosto de 2024

A Elite [#Parte 1] A Desigualdade

As diferenças são características imanentes em todas as espécies, por mais que pareçam não existir, em alguns casos. Mesmos populações de seres unicelulares possuem algum grau de diferenciação entre seus indivíduos.

E é exatamente essa diferenciação individual que permite a evolução da espécie, conforme afirma Charles Darwin. As diferenças genotípicas propiciam a possibilidade de adaptação a novos ambientes, possibilitando a sobrevivência da espécie. 

Essa diferenciação é inseparável da natureza da vida e, por ela temos tanta riqueza biológica, em nosso planeta e, acredito que seja bom que isso aconteça. Não podemos imaginar a falta da diferença em populações de espécies, sejam animais, vegetais, fungos, bactérias e outros seres considerados vivos. 

A natureza estipula essa diferença e ela é, de certo modo responsável pela evolução das espécies e, concomitantemente pela manutenção da vida, ao menos em nossa biosfera.

Porém, enquanto seres racionais, podemos conjecturar possibilidades não naturais e propor soluções artificiais em ambientes não naturais. E essa possibilidade é, para nossa espécie humana uma diferenciação evolutiva importantíssima e decisiva em nosso modo de vida.

Ao criar ambientes artificiais e soluções igualmente não naturais, o ser-humano deixa de ser um agente passivo na natureza e na escala evolutiva e passa a ser co-criador da sua realidade, como nos aponta a Bíblia Judaico-Cristã.

E assim, podemos pensar a nossa formação social de forma racional e não necessariamente natural, ou naturalista, ou de forma animalesca. Podemos, ao menos propor uma sociedade ideal.

No entanto, esta proposição esbarra nas vontades e perspectivas individuais. Indivíduos em posição hierárquica ou social superior, em geral não estão dispostos a abrir mão de seus privilégios em prol de um ideal ou algum projeto coletivo de grandes proporções.

Dessa forma cria-se a ideologia da desigualdade e se buscam argumentações, não para entendê-la e interpretá-la, mas para defendê-la contra outras proposições.



A desigualdade, como dissemos acima, é uma característica inerente do ser vivo e é provável que se perpetue, pois ela é uma característica decisiva para a perpetuação da própria existência da vida.

Todavia, defender o desigualitarismo acaba se tornando uma bandeira levantada pelas classes dominantes em razão de seus privilégios sociais e não uma análise racional da natureza que constitui nossa espécie. 

E é aí que precisamos diferenciar igualdade como meio e igualdade como fim, até para podermos traçar os parâmetros dos méritos, para podermos conceber uma suposta meritocracia. 

Não podemos considerar mérito, quando a desigualdade entre os indivíduos analisados é consideravelmente grande. 

Como exemplo do que estamos apresentando, podemos apontar uma corrida. Como podemos avaliar o mérito de dois corredores, se um começa a corrida a 100 metros da chegada, enquanto o seu concorrente começa a 1.200 metros?

É preciso haver um mínimo de equidade para podermos comparar e julgar o mérito e, quando não existe um mínimo de proporcionalidade e aproximação, a meritocracia deve ser desconsiderada.

Essa é a questão que apresentamos da igualdade como fim x igualdade como meio. A igualdade não pode ser vista como uma finalidade social, mas sim como um meio, ou mesmo um ponto de partida para que o mérito possa ser qualificado. 

Mas, com o nível de sofisticação que a nossa sociedade se apresenta, hoje, é improvável regressar a um ponto em que possamos igualar os indivíduos e permitir que partam do zero e, de forma racional e organizada demonstrem os méritos para conseguir o que precisam.

Ao longo da história, a humanidade se desenvolveu como se desenvolveu. E muito do que chamamos de injusto e desonesto está contido no arcabouço teórico do mérito material da elite constituída. Mas não há como pedir um "reset" da humanidade.

Precisamos pensar o futuro com base no presente e não num passado pressuposto, abstrato, do qual ninguém hoje vivo teve acesso ou provas.

Devemos partir da sociedade que temos e conhecemos. E essa noção de buscar aas respostas para o futuro com base no presente balizou profundamente os movimentos operários europeus dos séculos XIX e XX. 

Estes que defendiam a organização dos operários e camponeses visando a instituição de uma nova sociedade, de um novo "Estado", do ponto de vista de organização social, seja com bases na proposta anarquista, seja com a orientação "socialista utópica", seja defendendo a teoria comunista marxista. 

E para eles, é imprescindível que demos duas notícias, uma boa e uma má.

A boa é que a luta deles está perto do fim, uma vez que sempre criticaram e enfrentaram a exploração do homem pelo homem e propuseram o fim desta situação, com ideias de sociedades inovadoras, sejam extremamente igualitárias, seja comandadas pelos outrora comandados.

A má notícia é que este fim se dá não pela consecução dos objetivos originais do movimento em  utilizar a nova tecnologia em desenvolvimento para o bem comum e em prol da coletividade, mas porque o homem está cada dia mais perto de se tornar obsoleto e desnecessário. 

E é neste momento que precisamos pensar o que será de nós. 

Se as massas permaneceram existindo nos últimos 200 anos foi, não porque as elites são misericordiosas e humanistas, mas porque o operário era necessário para aumentar o lucro do industrial.

Hoje, com o advento da Inteligência Artificial, o desenvolvimento de androides e drones, a necessidade do fator humano é a cada dia diminuída. 

Se os pobres, operários e camponeses não são mais necessários, por que devem continuar existindo?

Este é o ponto de partida para o debate acerca do futuro da humanidade em um mundo cada vez mais tecnológico, no qual as funções sociais e operacionais necessitam cada vez menos do ser humano para acontecer. 

O primeiro fator a analisar é que, apesar da democratização do acesso mínimo aos avanços tecnológicos, a desigualdade social propicia uma diferença exorbitante na quantidade e qualidade da tecnologia às quais as diferentes classes sociais acessam.

E esta é a base do que vamos apreciar na continuação deste texto, na próxima semana.

Como a tecnologia pode nos levar a uma segregação ainda mais extrema a ponto de separar a raça humana em duas ou mais sub raças. Como as mitologias e religiões podem nos ajudar a compreender o momento pelo qual passamos?


sexta-feira, 2 de agosto de 2024

O Elemento Primordial e A Origem de Tudo Que Existe

Já acreditamos que o Universo fosse infinito e eterno. Porém nossa visão e nossa crença sobre a origem e as características do nosso Universo mudaram ao longo dos tempos, com base nas pesquisas, observações e cálculos matemáticos, além da inseparável lógica.

Os cálculos atuais dos cosmólogos apontam que o Universo tenha cerca de 13,8 bilhões de anos de existência. Nesse longo período, além da formação de estrelas, planetas, galáxias o pudemos observar que há uma espécie de expansão do Cosmo.

No início, toda a massa do Universo se concentrava em um ponto ínfimo do espaço, o qual é chamado de "Singularidade", ou para alguns o "Átomo Primordial".

Na concepção cosmológica atual, o termo "singularidade" aponta uma região do Universo na qual as leis da física não podem ser observada, não funcionam como no resto do Espaço.

Dessa singularidade original, emergiu todo o Universo que conhecemos (e o que não conhecemos, mas sabemos que está lá).

Esse emersão é chamada de "Big-Bang" (O Grande Estrondo), que já foi chamada de explosão, mas hoje é reconhecida como um processo de macro expansão, no qual as grandes unidades celestiais, como galáxias vão se afastando uma das outras, dando continuidade ao que começou após a Singularidade Inicial.

Curioso é observar que, segundo os cosmólogos, essa expansão não funciona preenchendo espaços vazios com matéria, mas é ela quem cria espaços onde antes não havia nada. 



Essa observação gera mais perguntas do que resposta, como " o que existia onde o espaço está sendo criado?" ou "qual a direção da expansão?" ou ainda "qual é o formato do Universo?"

Mas para nós, meros especuladores da razão e estudiosos da história do pensamento humano, a grande questão é acerca da lógica original que impulsionou o surgimento da ciência ocidental.

Depois de séculos especulando e observando a realidade, chegamos a um ponto em que podemos religar a ciência contemporânea com a questão original da filosofia. 

Tales de Mileto é considerado como o primeiro filósofo racionalista da cultura ocidental. Nascido em 625 a.C. , em Mileto, na Jônia, Grécia, Tales propôs que tudo o que existia ao nosso redor teria vindo de um elemento primordial.

Seus discípulos, que formavam a "Escola Jônica" propuseram diferentes modelos e tipos de Elemento Primordial (Arché). Este elemento deveria estar presente em todas as coisas em todas as coisas. 

Para Tales, este elemento seria a água. Para Heráclito, era o fogo. Para Demócrito, o átomo.

E aí chegamos a um ponto em que podemos aproximar a teoria da lógica original à ciência contemporânea. Aquele elemento original singular que tudo continha não seria o elemento primordial e que hoje está contido em tudo o que existe?

Nos resta continuar pesquisando buscando entender o que era esta singularidade e de que tudo é feito, já que nomeamos erroneamente particulares elementares constituintes de elementos como átomos e não conseguimos eliminar de vez a proposição inicial de Tales. 

Mas já podemos estimar com alguma segurança, que tudo veio de um único ponto, onde tudo estava junto em um só lugar. 

Observação: Singularidades ainda podem ser observadas no Universo. São os chamados "Buracos Negros", onde as leis da física não funcionam. 

sexta-feira, 21 de junho de 2024

PARTE DO UNIVERSO PODE FICAR FORA DO NOSSO ALCANCE PARA SEMPRE

Sócrates foi um filósofo grego que viveu em Atenas no Século IV a.C. e ficou conhecido por ter a noção de sua ignorância. Ele costumava a dizer a frase: "Só sei que nada sei", para expressar que o conhecimento era algo ao qual deveria se buscado de forma continuada. 

Na atualidade vivemos em um mundo com um avançado conhecimento das ciências naturais, o que nos possibilita ter acesso a tecnologias avançadas que respondem a muitas questões e nos auxiliam em diversos setores de nossa vida cotidiana.




Mas estamos longe de saber de tudo. O Universo é uma fronteira da qual estamos longe de ultrapassar.

Uma noção bem clara do nosso desconhecimento é que sabemos que há mais Universo do que podemos observar com toda a nossa tecnologia. Essa parte que conseguimos ver chamamos de Universo Observável.

Significa que há uma parte do Universo que sequer podemos ver, que é inobservável. E isso assusta, ao mesmo tempo que instiga.

Assusta porque, além de termos uma parte do Cosmo que sequer conhecemos, ela ainda está ficando distante de nós. 

Como o físico Edwin Hubble [1889-1953] descobriu, o Universo se expande e hoje temos a velocidade de 70 km/ segundo por megasperc (Brian Schimidt - Nobel de Física 2011). 

Isso pode significar que boa parte deste conhecimento escondido ficará fora de nosso alcance para sempre. 

Mesmo o que se conhece do Universo Observável é pouco, se comparado ao que se desconhece.

Apenas desta parte do Cosmo é 5% de matéria conhecida. 25% é constituído pela chamada "Matéria Escura" da qual os cientistas sabem muito pouco ou quase nada. 

Os outros 70% são de "Energia Escura", da qual os cientistas sabem menos ainda. 

Essa é a parte boa, pois ainda temos 95% de Universo Observável para estudar quase que a partir do zero e isto é um campo muito amplo para ser explorado nos próximos anos pelas ciências, pela arte e pela filosofia. 

Araújo Neto


segunda-feira, 31 de julho de 2023

Novo Renascimento

Em determinado momento, a Europa se encontrava sob as trevas da opressão e a ignorância era incentivada para a manutenção das estruturas socioeconômicas. 


A religião era uma máscara para a opulência do poder secular que escravizava toda uma sociedade de proporções continentais. 

Apesar de todo o poderio físico, psicológico e social da oligarquia medieval composta por nobres e pelos monges de alto escalão, pensadores independentes buscaram a liberdade e a criatividade e foram armados de pensamento crítico e do espírito desbravador para retomar as rédeas da própria razão!


Munidos da mais mordaz curiosidade e protegidos pela metodologia científica, esses bravos pensadores se permitiram pensar com suas próprias cabeças e, por conseguinte, redescobriram as ciências e as artes.

Como resultado, eles conseguiram tirar sua sociedade de um centenário atraso que tinham em relação às sociedades mais próximas, como a chinesa e a turca e redescobriram o Mundo. 

Com seus barcos, singraram os oceanos e dominaram todos os povos. 

Agora, quando todos os povos são apenas um, parecemos precisar de novos bravos pensadores, que desafiem as autoridades das inteligências artificiais e busquem desbravar um novo oceano, agora bloqueado pela bestialidade cotidiana do ser-humano contemporâneo. 

O sábio que nada sabe, mas que opina sobre tudo é o novo guardião das trevas, o monge medieval travestido de indivíduo contemporâneo, com sua função de julgar e condenar à fogueira qualquer um que ouse utilizar de um telescópio.



A ignorância do povo protege os poderosos, enquanto açoita o próprio povo. 

Precisamos de um novo renascimento, mas não da técnica, não apenas do saber, mas principalmente, da busca pelos porquês. 

De que vale toda a tecnologia e não existe motivação? 

De que vale toda a inteligência artificial disponível, se as pessoas que deveriam ser beneficiadas por ela buscam o fim de suas próprias existências por não encontrarem motivos e nem meios para persistirem?

Chegou a hora... passou da hora de renascermos enquanto sociedade, enquanto espécie, enquanto o mundo. Enquanto podemos ....

terça-feira, 18 de julho de 2023

Gosto se Discute, ou Não?

Volta e meia nos deparamos com situações que não estão previstas em cursos e manuais, que não são usuais e cotidianas. Essas circunstâncias, para as quais não temos macetes e posturas pré-estabelecidas nos colocam em uma situação na qual temos que decidir de forma ponderada, muitas das vezes sem a devida experiência e vivência para se ter uma segurança, uma firmeza sobre o que será decidido. 

Para momentos como estes, o senso comum, ou a forma convencional compartilhada pela maioria de uma sociedade, costumeiramente apresenta a solução a qual chamamos de "Bom Senso". Esta é uma sentença irmã da sentença do "Bom Gosto".

A verdade é que tanto o gosto, quanto o senso podem e variam de indivíduo para indivíduo e são diferentes em diferentes locais, em diferentes tempos e mesmo em diferentes grupos, de forma que é até mesmo complexo classificá-lo de forma qualitativa. 

A tomada de decisão baseada no senso pode levar diversas variáveis em consideração, aumentando a complexidade da reflexão do indivíduo. O equilíbrio, a sensatez, a razoabilidade são qualidades adquiridas com o tempo e podem sofrer alterações qualitativas à medida que o ambiente é alterado. 

Um exemplo claro é relativo a investimento em propaganda e escolha de mídia. Em qual momento, exatamente, o mais prudente deixou de ser investir em propaganda em um jornal impresso de grande circulação e passou a ser investir no portal de notícias da mesma empresa?

Essa noção de bom senso não é universal, nem ao longo do tempo e nem do espaço. Dessa forma, envolve um conjunto amplo e complexo de variáveis que são afetadas pelo ambiente, pelo histórico do indivíduo e por suas paixões. 

Outra questão envolvendo o senso é em relação à resposta do outro. O cerne do senso, em muitos casos seria exatamente este. Assim, a noção de senso se torna ainda mais complicada, já que devo entender o outro para considerar como boa ou má a minha atitude. 

Embora possa parecer óbvia em muitos casos, a decisão baseada no senso pode ser muito mais complicada à medida que o individualismo permite uma diferenciação ampla nas atitudes e nas recepções dos outros em relação ao comportamento de um indivíduo. 

A arte abstrata é uma prova da variação de aceitação individual no que diz respeito ao gosto!



Porém, o senso ainda busca seguir o estabelecido pela lógica. Mais complexo é o gosto. E é exatamente ele, o gosto que torna ainda mais complexa a análise do senso.

Existe, obviamente o gosto natural do ser humano, como existe  gosto comum, que é compartilhado pelos indivíduos. Existe também o gosto que ajuda a sociedade a prosperar e a continuar existindo, o que poderíamos considerar como o gosto ideal. E não podemos ignorar o gosto diferente e o gosto contraproducente.

O gosto comum, podemos classificar como padrão, aquele que é compartilhado pela sociedade, que é culturalmente aceito. Como o gosto do brasileiro pelo futebol. Existem brasileiros que não gostam de futebol, o que é normal, comum. Porém não é o padrão. O que não chega a poder classificar como um mau gosto. 

Podemos classificar um outro grupo de gosto como o Ético, ou aquele que promove o bem-estar para uma comunidade, ou ajuda a sociedade a progredir ou se manter viva. Este seria o ideal e se aproximaria a ser considerado, de fato o "Bom Gosto". Como exemplo para o "Gosto Ético" podemos citar o prazer em ajudar os outros, ou em fazer trabalhos voluntários ou até em jogar o lixo na lixeira. 

Na outra ponta, estaria o "Mau Gosto" , no qual poderíamos classificar aquilo que é do gosto de alguém, mas que prejudica a sociedade, como o gosto de ver outros sofrerem, o gosto por sujar as ruas, etc. 

De forma bem clara, podemos ver que existe a possibilidade de classificar um gosto como "Bom" e outro como "Mau". Porém, essa classificação em nada deve obedecer a padrões estéticos. Estes são individualizáveis e devem obedecer aos anseios do próprio indivíduo ou do grupo. 

A questão meramente estética se afasta da ética e se aproxima do padrão. Aqui, devemos também considerar a influência de classes dominantes e suas imposições estéticas. Assim, não há plausibilidade em classificar qualitativamente a estética, que varia em relação ao espaço e ao tempo. 

Se na África estampas coloridas satisfazem as tribos, no Japão roupas brancas nada chamativas são as preferidas. Não há melhor ou pior, nesse caso! São apenas tradições culturais que influenciam os gostos da comunidade e esses gostos sofrem considerável resistência a mudanças em termos coletivos, ainda que, individualmente possam oferecer a possibilidade ao indivíduo de fugir dos padrões sociais impostos. 




Por outro lado, questões com base na ética podem gerar mensurabilidade qualitativa. Desse modo, nesse ponto podemos falar em "Bom" e "Mau" gosto. Entendemos que isso não tem diretamente a ver com a moral, a qual é mãe do padrão e não da ética. 

Ao contrário da ética, a moral pode escamotear a imposição elitista e assumir a função muito mais estética do que ética (e muitas vezes assim procede).

Portanto, o conceito de "Bom" e "Mau" gosto devem ser norteados pela ética que cercam o gosto em si e não pela moral ou pela estética, uma vez que ambas costumam estar associadas. Se o "Mau" gosto pode ser identificado, por exemplo, em uma piada que agride e ofende gratuitamente um indivíduo ou um grupo (o que é notoriamente antiético) por outro, o "Bom" gosto deve ser o seu contrário (ou o que é ético) e não o similar ao gostar do mais caro, o que seria moral e baseado em uma estética de uma elite, que pode ser imposta por razões sociais e econômicas. 

Por fim, vamos encerrar com a afirmação de que o Bom Gosto é o gosto que atende às diretrizes éticas, enquanto o Mau Gosto é aquele que as agride. 

Alípio de Araújo Neto.

segunda-feira, 3 de julho de 2023

Filosofia não é Copywriting

Vejo que é muito comum as pessoas associarem o estudo da Filosofia com "viagens" mentais insanas, elucubrações abstratas vazia, niilismo absoluto e falta de sentido prático do pensamento. 

Muitas pessoas cotidianamente associam o sentido de Filosofia a um conjunto de preceitos de trabalho, o que até tem mais a ver, mas também não seria o sentido mais profundo que o termo pode significar. 

Mas aqui nos importa diferenciar o que é de fato a Filosofia, ou seja a busca da razão e das explicações através da reflexão crítica, racional e independente. 

Pensando desta forma, devermos afastar o que significa Filosofia, dos que defendem pseudociências sem reflexão severamente crítica ou os que atacam cientistas que fazem reflexão crítica e, inclusive autocrítica para formular explicações plausíveis e verificáveis acerca do mundo natural.



Não é porque a disciplina em questão se debruça sobre temas, que muitas das vezes são indemonstráveis ou inverificáveis, como a metafísica, por exemplo, que podemos considerar como ramos ou matéria dela quaisquer afirmações abstrata sobre a criação do universo e o modus operandi do cosmo. 

Atacar a ciência por puro desolamento intelectual, por solidão social ou por desilusão política não faz com que o autor dos ataques seja filósofo.

A Filosofia não é a pura abstração sem explicação, mas o contrário, é a abstração que busca a explicação racional e o conhecimento através da crítica construtiva. 

E por Crítica se entende a análise com base em critérios e não a sua ausência. 

Dessa maneira, é fácil notar que temos muitos falsos filósofos no nosso mundo contemporâneo. Aproveitadores e charlatães que fazem uso de técnicas de vendas vãs e banais e convencem alguns solitários desesperados a se unirem a sua luta quixotesca contra moinhos de ventos sociais. 



Os falsos intelectuais conquistam outros falsos intelectuais, em geral são apenas defensores de algum interesse material ou social evidente, se escondendo sobre o escudo da falsa metafísica e de uma abstração sem critério. 

Não deixemos nossas mentes serem trituradas nesses liquidificadores de interesses. Filosofia não é delírio e também não é copywriting.






sábado, 9 de julho de 2022

React é conteúdo?

O "react" é uma forma de gerar conteúdo, principalmente para vídeos, rápida e simples. Ela consiste em um apresentador, ou youtuber que assiste a um vídeo ou ouve uma música e expõe suas expressões e reações ao fazê-lo. 



Essa fórmula se popularizou na última década no youtube, principalmente. Isso se deve em grande parte ao fato de a plataforma restringir ou não permitir monetização para vídeos repetidos sem nenhum conteúdo adicional. 

Para tentar continuar recebendo algum pagamento da empresa sem precisar criar algo essencialmente novo, alguns "produtores de conteúdo" apelam para o modelo, uma vez que não precisariam estar criando nada e só expor publicamente algo que fazem no particular. 

O curioso é que muitas vezes, o vídeo reagido tem mais acessos do que o próprio vídeo original, o que em grande parte é devido pelo tamanho do "produtor" que reage.

Um dos grandes nomes dessa onda, Casimiro Miguel, ou apenas Casimiro, ou mesmo Casé afirmou que "muita gente quer apenas uma companhia para assistir a um vídeo", uma declaração que preocupa para o futuro da humanidade e faz crer ser real a visão mais distópica sobre a inserção da tecnologia na sociedade. 

Mas, ao menos para nós, a grande questão acerca da prática do react é se ela de fato agrega algum conteúdo ou é apenas uma forma esperta e malandreada de enganar os algoritmos do Youtube e outras plataformas de vídeo para gerar monetização (pagamentos) sem precisar se criar conteúdo de fato?

Sendo assim, o quanto pode ser considerado conteúdo novo e o quanto pode ser conteúdo repetitivo em uma produção de reação e, principalmente, até quando as plataformas vão tolerar este tipo de prática e continuar remunerando esses produtores?




Araújo Neto


sexta-feira, 1 de julho de 2022

Como Nasce a Moral

Em um terreno baldio, inabitado, um conjunto de indivíduos chega e aos poucos levanta algumas construções. A partir de certo ponto, tendo se fixado naquela região, o grupo cria regras específicas de acordo com seu modo de vida. 

Moradores de rua aguardam a realização do seu direito à propriedade.


Este modo de vida é orientado pelas condições de subsistência, as condições de produção e relações econômicas e comerciais do povo que se instala em um local específico. 

A partir do momento em que outros indivíduos busquem se instalar naquele local, deverão seguir a cartilha de conceitos e leis determinadas por aquele povo. 

Quando se pensa em sociedades primitivas, essa situação acima destacada parece-nos óbvia e ululante. Entretanto, ela também pode ser percebida nas relações sociais em comunidades e países contemporâneos e exclui inclusive indivíduos pertencentes ao mesmo contexto social.

Isso é notório tanto no ordenamento urbano de uma cidade quanto na distribuição fundiária do campo. O indivíduo que busca ascender por iniciativa própria tende a ter cada vez mais dificuldade em buscar um espaço, seja na busca por sua propriedade seja na instituição de um negócio. 

Ele estará sempre sujeito às vagas disponibilizadas pelos que chegaram primeiro ao lugar, ou herdaram suas vagas de antepassados. 

Ainda que muitos desses donos das vagas gritem que defendam a liberdade de iniciativa, mentem, pois defendem apenas a sua própria iniciativa e sempre se propõem a sacrificar as dos menos privilegiados. 

Dizem defender a propriedade, mas defendem apenas as suas próprias, ignorando solenemente o Artigo 17 da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, que diz que todo ser humano teria direito à propriedade. 

Talvez por isso muitos deles odeiem tanto o termo "direitos humanos", pois querem os direitos apenas que lhes pertençam, afinal, humanidade pouco têm em seus corações. 

E é dessa elite pioneira é que nasce a moral e os tais "bons costumes" que não são outros se não os costumes daqueles que têm poder social em uma circunscrição geográfica.

Obviamente, nem sempre os pioneiros conseguem manter o seu poder por muito tempo. Mas este só troca de mãos a partir de uma ou várias crises de grandes proporções, sejam econômicas ou políticas.

Ou mesmo a partir de uma revolução organizada, que foi a forma como a elite econômica mundial atual chegou ao poder. E por isso, eles parecem tanto odiar o termo. Afinal, ele sabem o que faz as coisas mudar e, quem está no poder detesta mudanças.

Por fim, o poder econômico é tão determinante na vida das pessoas, aprisionadas por suas necessidades materiais, assim como vícios e fetiches muitas vezes desnecessários a ponto de que essas três coisas mantenham a mente das pessoas fixadas nesse ideal moral.

A ideia de ser rico, ou ser o mais rico é muito mais aceita moralmente por uma sociedade dominada por indivíduos ricos, do que a ideia de satisfazer ainda que minimamente as necessidades de todos os indivíduos, dentre os quais muitos são incapazes física ou mentalmente. 

Por isso mesmo, o livre pensador é Amoral! Ou seja, ele não vai nem contra ou a favor de uma moral. Apenas não liga para essa sandice! 

E Se Mantenha Pensante! 


Araújo Neto